História Chamego - O calorzinho no peito e as borboletas no estômago

Os ponteiros do relógio marcando seis horas e trinta minutos da manhã de sexta-feira diziam a Yixing que ele precisava se apressar, ou então chegaria atrasado no escritório e o chinês tinha total consciência dos segundos correndo, de seus compromissos do dia e das responsabilidades que possuía. O grande problema era que havia Oh Sehun relaxado em sua cama, todo manhoso ao agarrar seu travesseiro e abrindo os olhinhos sonolentos para encará-lo como quem pedia um carinho ao mesmo tempo em que fazia um convite para que o mais velho se embolasse nos lençóis também e eles ficassem ali, agarradinhos, sem que qualquer outra coisa importasse.

E disso tudo vinha a vontade incontrolável que Yixing sentia de apertar Sehun em seus braços, enchê-lo de beijos e sussurrar o quanto estava completa e derradeiramente apaixonado. Porque o Zhang podia até ser um grande empresário da porta de seu apartamento para fora, mas ali dentro, na presença do namorado, ele se transformava no causador do jeitinho mimado do loiro por simplesmente não conseguir deixar de fazer cada uma das vontades do mais novo.

Quantas vezes Chanyeol já não brigara consigo por ter que lidar com o irmão mimado depois, tudo culpa de Yixing? Mesmo que o próprio Park fosse um bobão que também cedia a tudo que Sehun queria.

- Que horas são, hyung? – A voz rouquinha do loiro fez Yixing sorrir e sentar-se na beirada da cama, deixando seus dedos longos correrem pelos fios clarinhos do maior. E ouvi-lo ronronar, enquanto praticamente esfregava a cabeça em sua mão buscando por mais daquele carinho, era sempre adorável demais. Sehun era quase como um gatinho carente.

- É cedo, ainda, Sehunnie. Volta a dormir, você precisa aproveitar que não tem aula na faculdade para descansar. – Quem via o chinês falando manso daquela maneira, provavelmente não conseguia acreditar que ele e o diretor estressado e mandão eram a mesma pessoa.

O que só reiterava os efeitos de Oh Sehun sobre Zhang Yixing.

- Você já está saindo? – Sehun perguntou enquanto se arrastava pela cama para deitar com a cabeça no colo do mais velho, os braços envolvendo a cintura alheia ao que ele afundava o rosto no abdômen coberto pela camisa social do menor. E aquele maldito perfume amadeirado o fez suspirar, porque Yixing estava sempre tão irresistivelmente cheiroso.

- Já sim, tenho reunião daqui a pouco.

- Hmm...

Ficaram naquele silêncio, um ouvindo a respiração do outro. Yixing mantendo o carinho de seus dedos nos cabelos do mais novo, e Sehun ronronando baixinho, se agarrando mais ao namorado, naquele chamego que ele adorava compartilhar todas as manhãs. Ambos gostavam de como as coisas eram entre si. De alguma maneira, desconhecida até para eles mesmos, o loiro conseguia derreter o jeito sério e profissional do chinês; conseguia tirar dele todo o estresse e transformá-lo em alguém calmo e passional só de sorrir daquele jeitinho meigo ou chamá-lo naquele tom de voz amoroso. Da mesma forma, o Zhang era o melhor em lidar com a personalidade levemente introvertida e altamente tímida de Sehun, sendo capaz de arrancar do mais novo os mais largos sorrisos e de fazê-lo se comunicar um pouco mais com as pessoas ao redor, simplesmente por transmitir um sentimento de proteção e segurança do qual Sehun jamais abriria mão.

Pouco a pouco, um ganhava cada vez mais espaço na vida do outro, tornando suas presenças quase indispensáveis. Ao ponto de Sehun já ser, praticamente, um morador a mais no apartamento grande de Yixing. Porque já havia um espaço com suas coisas no closet do mais velho, as escovas de dente já estavam juntas no banheiro e o loiro sequer se lembrava quando fora a última vez que dormira na casa de seu irmão, Chanyeol, onde passara a residir quando começara a faculdade.

E todas as manhãs eram daquela maneira: um Yixing carinhoso dando atenção a um Sehun altamente manhoso e carente, capaz de reduzir a já rasa vontade do menor de ir ao trabalho por somente querer ficar ali, naquela bagunça de lençóis, curtindo o namorado.

- Tomou café da manhã? – O maior quase cedia ao sono novamente, culpa do cafuné que o chinês ainda fazia, e só precisava saber daquela informação para tornar a apagar. Não importava que fosse mais novo, ele gostava de cuidar das pessoas que eram importantes para si e o Zhang praticamente liderava essa lista.

Yixing hesitou, fechando os olhos e encolhendo os ombros antes de responder. Precisava se preparar psicologicamente para ter Sehun brigando consigo àquela hora da manhã. Mesmo que fosse realmente maravilhoso ter o coreano cuidando de si daquele jeitinho tão atencioso e preocupado, acabava não sendo nada legal quando o mesmo se irritava ao ver que o moreno não cuidava muito de si mesmo. 

- Não...

- Yixing! O que eu já falei com você sobre isso? – E lá estava o Sehun de 19 anos agindo como o belo adulto que era, apesar da pouca idade. Se, para o Zhang, seu namorado era excepcionalmente lindo com a carinha amassada pelo sono, sério daquela maneira ele se tornava ainda mais irresistível. Ajoelhado no colchão, o maior tinha os braços cruzados na altura do peito, as sobracelhas arqueadas e uma expressão nada feliz no rosto bonito.

- Eu vou comprar alguma coisa no caminho! – Tentou se defender, mas o mais novo já tinha todos os contra-argumentos prontos, sempre eficazes em reafirmarem a razão que Sehun possuía naquela discussão.

- Você sabe muito bem que não vai, Yixing! Com certeza o Yifan vai te ligar para resolver alguma das merdas que ele já vai ter feito, você vai se estressar, vai esquecer de parar para comprar seu café da manhã e aí vai ficar até o horário de almoço sem se alimentar. Isso se você for almoçar, o que eu duvido muito!

O mais velho arregalou os olhos, suspirando pesadamente e resmungando alguma coisa em mandarim que o coreano não entendeu, mas ele provavelmente estava praguejando por saber que o maior estava certo e odiando o fato de ter de admitir isso.

Sehun sorriu largo ao vê-lo dar de ombros e ceder, surpreendendo Yixing ao puxá-lo pela gravata para colarem os lábios. Deslizando a língua habilidosa para dentro da boca do chinês, o mais novo beijou-o lentamente, suspirando quando teve a cintura agarrada pelas mãos fortes que traziam-no para mais perto, a fim de terem mais daquele contato gostoso. Os dedos do coreano foram rápidos em bagunçarem o penteado perfeito do mais velho quando se embrenharam nos fios alinhados, na mesma proporção em que os lábios do chinês foram exímios em roubarem todo o ar dos pulmões do loiro e deixarem-no de pernas bambas, todo derretido entre os braços que o envolviam. 

Não importava quanto tempo passasse, o beijo de Yixing ainda deixava Sehun completamente aéreo.

- Eu juro que te recompenso se você me deixar fazer um café da manhã reforçado pra você, Xing... – Um Sehun ofegante sussurrou contra os lábios inchados do menor, mordiscando os mesmos e arranhando de leve a nuca alheia com suas unhas curtas. Sorriu de canto ao sentir Yixing estremecer e apertar um pouco mais sua cintura.

- Vou me atrasar, Hunnie.

- Você é o diretor daquela joça, chega sempre cedo e sai tarde. Tenho certeza que eles não vão nem ousar falar nada se você se atrasar, nem que seja meia hora. – O mais novo resmungou, deixando um biquinho manhoso tomar forma em seus lábios e fazendo Yixing suspirar antes de afundar o rosto na curva de seu pescoço. – Por favor, hyung... – Apelou um pouco mais, sabendo que não demoraria muito para o moreno ceder, já que ele nunca resistia a sua manha.

Com um suspiro, Yixing apertou um pouquinho mais o loiro em seus braços, depositando alguns selares na pele exposta do pescoço branquinho antes de soltá-lo, em um claro sinal de rendição.

- O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando? – E talvez valesse à pena se atrasar alguns minutos para receber em troca o sorriso largo de Sehun e os beijos carinhosos que ele depositara em seu rosto antes de sair correndo para a cozinha.

_xx_

- Hunnie, eu preciso ir... – Yixing sussurrou, sabendo que precisava se afastar, ou acabaria se atrasando ainda mais. No entanto, seu corpo parecia querer o contrário, já que ele não conseguia tirar as mãos de Sehun, que rebolava devagarinho em seu colo.

Fazia um bom tempo desde que se alimentara com a refeição que o loiro havia preparado, com algumas frutas, um café reforçado e até mesmo algumas panquecas. Conversaram um pouco sobre as banalidades da vida e o chinês chegara a ajudar o mais novo com toda aquela louça.

Yixing só não sabia como, mas acabaram indo para no sofá, aos beijos, com o coreano puxando-o pela gravata e querendo arrancar suas roupas sociais fora. E era meio óbvio que o Zhang se deixaria levar, afinal, quem era ele para resistir aos lábios insanos de Sehun quando ele o beijava com toda aquela vontade?

- Você não parece muito disposto a ir, hyung. – Rebateu o maior, rindo baixinho enquanto mordiscava o lóbulo da orelha do chinês, só para ouvi-lo suspirar conforme apertava mais os dedos em sua cintura. E, decidido a provocá-lo um pouco mais, Sehun deixou a língua áspera deslizar pela pele macia, antes de assoprar sobre a região.

- Hunnie, isso é golpe baixo... – O mais velho praticamente rosnou, jogando o mais, que gargalhava, no sofá. O loiro trouxe o chinês para mais perto ao enrolar as pernas longas na cintura alheia e não demorou muito para que ambos estivessem, novamente, envolvidos em um beijo vagaroso, que Yixing tentava dominar para deixar mais devagar, na tentativa de conter aquele desejo que começava a queimar em seu baixo ventre. Se as coisas continuassem daquela maneira, ele logo estaria fodendo o namorado ali mesmo. – Eu preciso mesmo ir, amor. – Sussurrou, ofegante, e sugou o lábio inferior de um Sehun manhoso e contrariado antes de se afastar, tentando ajeitar as próprias roupas.

E sorriu agradecido quando o coreano se levantou, rearrumando seus cabelos e alinhando a roupa que saíra do lugar no meio da agitação.

- Escovou os dentes? – O Oh perguntou, roçando bem de levinho os lábios finos nos de Yixing, sorrindo meio bobo quando estes foram selados demoradamente pelo mais velho. – Pegou a carteira? Passou perfume?

- Sim, mãe. – Brincou, tendo que fugir do tapa irritado de Sehun. – Se arruma mais tarde, quero te levar pra sair... – O chinês afastou-se apenas para vestir o paletó, entrelaçando os dedos aos do mais novo quando se dirigiu à porta de casa. Sehun brincava com os dígitos unidos, sentindo aquele calorzinho gostoso no peito, porque ele simplesmente gostava demais de como tudo entre eles parecia se encaixar perfeitamente.

- Vamos para onde, posso saber?

- Surpresa, amor. – Yixing puxou-o pela cintura, roçando os narizes em um carinho que ele sabia fazer o mais novo se derreter, para então selar os lábios algumas vezes e finalmente abrir a porta. – Esteja pronto às seis. Eu te amo.

Sehun só conseguiu ficar encostado à porta, encarando Yixing acenar para si até as portas do elevador se fecharem e deixarem-no com aquele sentimento de saudade já tão latente.

E ele permaneceu ali, os lábios formigando, o coração acelerado e as pernas bambas, porque talvez Oh Sehun nunca superaria os efeitos devastadores que Zhang Yixing tinha sobre isso. Talvez fosse por ser sua primeira paixão, já que gostava do mais velho desde muito novo; talvez fosse porque tudo com o chinês era muito mais intenso do que com qualquer outra pessoa que já tivesse passado por sua vida. O loiro não sabia e nem importava de fato, porque ele gostava do calorzinho no peito e das borboletas no estômago que só o sorriso de covinhas de Yixing era capaz de causar.

- Está atrasado. – Foi a primeira coisa que Yixing ouviu quando adentrou a própria sala, 30 minutos depois do horário em que já deveria estar ali. Encarou Chanyeol com as sobrancelhas arqueadas e se recusou a responder, jogando sua pasta sobre a mesa e começando a separar a papelada da reunião que começaria em poucos minutos. – Não preciso nem perguntar pra saber que foi o Sehun quem te atrasou.

- E eu também não preciso nem perguntar pra saber que foi o Kyungsoo que deixou esse chupão no seu pescoço. – Rebateu o menor, sorrindo debochado quando o Park revirou os olhos e resmungou algo em voz baixa, irritado.

- Touché.