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História Código Ômega - XIII-A batalha final


Escrita por: Jay_Maronese

Notas do Autor


Então... o próximo capítulo será o último.
Mas esse aqui tá um filezinho(espero).

Capítulo 13 - XIII-A batalha final


Fanfic / Fanfiction Código Ômega - XIII-A batalha final

Dilma estava sentada no chão em posição fetal, entediada e com medo. Ela bateu de leve na porta da sala onde estava e esperou.

-O que foi? - perguntou uma voz feminina, em tom impaciente.

-O que é um pontinho preto no avião?

-Não sei.

-Uma aeromosca.

A guarda deu uma risada nasal e disse, num tom suave.

-A senhora me lembra minha mãe, sabia?

-Verdade? Como ela é?

-Ela é linda e meiga. E faz um bolo de milho delicioso.

-Ah, bolo de milho... é bom, não é?

-É a melhor sobremesa do mundo. Sabe...

Mas ela não terminou a frase. Dilma ouviu grunhidos e o barulho de um corpo caindo no chão. Logo depois, a porta se abriu, e Scarlett apareceu, arfando.

-Você matou ela? - gritou Dilma. 

Scarlett fez um sinal para que ela se calasse.

-Ela não está morta, só inconsciente. Espero - disse ela, num sussurro. - Agora levante-se e venha comigo!

As duas saíram, e Dilma viu que Hamilton, Luciana e Marina também estavam lá. No fim do corredor, se encontraram com Michel e Xi Jinping.

-Estão todos aqui? - perguntou Temer.

-Sim, vamos!

Todos correram e desceram as escadarias, até chegarem à saída principal. Porém, já na soleira da porta perceberam que estavam presos. Centenas de oficiais e criminosos formavam um cordão de quatro camadas em volta do Congresso, encabeçados por Zé Onça e Jair Bolsonaro, que havia sido promovido a general. Ele caminhou lentamente em direção ao grupo, sorrindo cinicamente.

-Ora, ora, ora, parece que os senhores e as senhoras caíram como patinhos. Vejam, tudo isso foi planejado especialmente para os senhores, não se sentem lisonjeados?

-Lisonja de cu é rola. E pare de palhaçada, Bolsonaro, não há nenhum "senhor" aqui.

-Ah, então vamos ser sinceros, Temer? Muito bem; saiba que estou deliciado por poder ver o majestoso presidente Michel Temer e seus amiguinhos comunistas sendo capturados e recebendo o que merecem.

-"Recebendo o que merecem"? Você está ao lado de um traficante renomado e não faz nada!

-Ossos do ofício. Mas temo que não tenhamos mais tempo para papo furado. Prendam-nos.

Mas ninguém fez nada. Um ronco ensurdecedor de motocicletas ecoou, e cinco delas apareceram no horizonte. Um zunido foi ouvido de repente, e só foi possível ver um dardo cheio de tranquilizantes para cavalo encravado no pescoço de Cunha, que veio ao chão. Quando o choque passou, os motociclistas já haviam descido de suas motos, e, vendo quem eles eram, tanto os oficiais quanto os criminosos saíram correndo. Todos trajavam roupas pretas coladas e seguravam seus capacetes debaixo do braço. O líder do grupo, Barack Obama, deu um passo à frente e perguntou:

-Which one of you motherfuckers is the boss?

Hamilton e os políticos apenas encararam o presidente dos EUA confusos, pois não falavam inglês. Dilma pigarreou e disse, com seu adorável sotaque brasileiro:

-If you speak slowly, I understand very well.

Vendo que eles não seriam capazes de se virar, Scarlett foi ter com seu presidente.

-Iae, Obama?

-Bom dia, senhorita...

-Scarlett Chainsaw.

-Espere... você não é aquela...?

-Sou sim, mas não temos tempo pra isso. Aliás, por que vocês vieram para cá?

-Como todos bem sabem, os EUA defendem a democracia, e não poderíamos deixar que...

-A Luciana me disse que a ditadura militar no Brasil foi apoiada e financiada pelos EUA.

-Quanto a isso... vocês não querem conhecer o pessoal aqui?

Os outros quatro motoqueiros deram um passo à frente, e Obama iniciou as apresentações.

-Esse é Donald Trump, candidato à presidência do nosso belíssimo país.

-Não quis dizer futuro presidente?

-Não, quis dizer candidato. God bless America. Aqui temos Angela Merkel, chanceler alemã.

-Chucrute.

-Esse é o Príncipe William, herdeiro da Coroa britânica.

-Good Morning - ele disse, com seu sotaque pomposo.

-E por último, mas não menos importante, Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá.

Scarlett interrompeu:

-Lindo, maravilhoso, mas como é que vocês pretendem salvar o país?

-Com nossos poderes.

-Que poderes?

-Trump tem uma peruca mágica, que lhe permite gerenciar hotéis, demitir pessoas e construir muros. Angela tem o poder do alemão, sendo capaz de ensurdecer seus oponentes com palavras compridas e erres fortes. O Príncipe William, como muitos já sabem, é o Anticristo, e seu poder dispensa explicações. Justin conquistou muitas moças e moços com sua boa aparência, e tem o poder de criar um exército de lenhadores, policiais montados e estrelas pop perdidamente apaixonados por ele.

-Mas e ti?

-Eu sou reptiliano, não lê revistas?

-Muito bem então... acham que o poder de vocês é suficiente para parar Cunha, o míssil e Persorai?

-Erm... na verdade, só sabíamos do Cunha.

-Tá de sacanagem? Ah, quer saber? Vai ter que dar certo. Venham para organizarmos um plano.

Depois de meia hora de muita discussão e sotaque, os papéis de cada um foram estabelecidos: Temer, Marina, Trump, William, Merkel e Trudeau, que tinham poderes, formariam a divisão ofensiva. Scarlett, que tinha habilidades extremamente avançadas, trabalharia na surdina, coletando informações valiosas e auxiliando os outros membros da equipe. Hamilton seria o piloto de fuga oficial, já que, além de helicópteros, também pilotava aviões, barcos motorizados, carros, motos, caminhões e baleias assassinas. Luciana, Xi e Dilma formavam o esquadrão de inteligência, orientação e reconhecimento, ou, como eles gostavam de ser chamados, Exército Vermelho 2.0. Obama, por ser poderoso e pertencer a uma raça superior, seria o líder da equipe, posto para o qual ele foi eleito com relutância por seus colegas.

Trump sugeriu que ele construísse um hotel para que eles se escondessem, porém Scarlett ressaltou que isso chamaria muita atenção. Ao invés disso, eles montaram seu quartel general na casa de Dona Iraci, que tinha quartos o suficiente para que todos se acomodassem.

A TV passava o Jornal do Brasil, controlado pelo Governo. A âncora falava, com um sorriso falso e uma postura tensa, sobre todas as melhoras que Cunha havia realizado na educação, na saúde e nos transportes. A uma certa altura, ela ordenou que encerrassem a transmissão e foi beber água. No entanto, o cameraman estava tão estressado com seu novo estagiário que deixou o programa rodando, e um funcionário do jornal apareceu gritando para que outro se aproximasse.

-Clóvis!

-O que foi?

-Me abraça!

-O quê?

-Eu tô com medo. Enviaram um relatório e... ele diz que um míssil nuclear vai atingir Brasília daqui a menos de 20 minutos.

-Não se preocupa com isso, Rafael, deve ser algum engraçadinho por aí.

Mas eles sabiam que não era.

-20 minutos?! - gritou Temer.

-Como assim? - perguntou Trudeau, em pânico. - Esse negócio não iria cair só daqui a umas cinco horas?

-Eu disse! Não sei o que aconteceu. Não sei...

-Chega! - gritou Obama. - Se agora são 20 minutos, que sejam 20 minutos. Temos que parar esse negócio.

Eles saíram correndo da casa de Dona Iraci. Obama, Trump, William, Merkel e Trudeau montaram em suas motos, e Temer, Dilma, Marina, Luciana e Xi foram na garupa. Scarlett e Hamilton roubaram um caminhão pipa da rua a la GTA e foram atrás. Dentro de algum tempo, todos estavam na Praça dos Três Poderes. O sol já se punha no horizonte, e uma brisa gelada passava pela região para aliviar o calor. Por causa da notícia vazada no jornal, praticamente toda a população de Brasília havia saído de suas casas. Várias senhoras idosas faziam uma vigília pelas ruas, rezando o terço e carregando velas. Por causa da confusão daquela tarde, vários prisioneiros haviam fugido do Congresso e do STF, e arriscavam voltar para a Praça por causa dos eventos recentes. Havia uma multidão absurdamente heterogênea em frente ao Palácio do Planalto: homens e mulheres, jovens e idosos, moradores de rua com vestes esfarrapadas e ricaços de terno e gravata. Trump olhou para seu relógio de pulso de ouro 22 quilates e informou:

-Faltam só quinze minutos.

Hamilton informou que ficaria no caminhão para organizar uma fuga de emergência; afinal, era seu trabalho.Trudeau e Xi saltaram da moto e correram para a entrada, afastando as pessoas de maneira pouco educada. Porém, logo tiveram de voltar. Um homem de terno cinza e altura mediana caminhou para fora, ainda meio zonzo. Com uma ordem sua, Justin e Jinping foram cercados por soldados. Obama entrou em pânico.

-Cunha? Mas eu prendi ele!

-Você não prendeu ele, você o sedou! - disse Temer, que já estava aprendendo a se comunicar em inglês.

-Mas eu não o prendi depois?

-Não!

-Mas que porra!

Uma trombeta soou no horizonte, e todos se viraram para ver o que estava acontecendo. Justin Trudeau sorriu, triunfante. Haviam centenas de policiais montados, estrelas pop e lenhadores se aproximando, todos carregando fuzis e canhões de xarope de bordo. Liderando a legião, estava Justin Bieber, que armou um palco improvisado na frente do STF e começou a cantar alguns de seus maiores sucessos. Com um oitavo dos oficiais parando para ver o show e três oitavos ensurdecidos pela melodia, as Forças Armadas estavam reduzidas. Trump esperou que todos chegassem ao Palácio do Planalto e construiu um muro em volta dele, isolando-o do resto da cidade. Era agora ou nunca. Marina, William, Angela e Justin Trudeau ficaram no primeiro andar, atrasando os militares que ainda estavam dentro do prédio. Scarlett separou-se dos outros e foi até a sala de controle geral, para ver o que poderia fazer. Os outros correram pelas escadas até chegarem ao telhado. Lá, quase borraram as calças. Persorai apareceu, e, com um só movimento de suas patas, aniquilou Luciana, Xi, Dilma e Obama. Trump virou-se para Temer e disse:

-Temos só dez minutos, você precisa parar o míssil.

-Está louco? Esse bicho vai te matar!

-Se eu morrer hoje, morro como um homem bom.

Michel pensou em argumentar, mas o olhar de Donald deixava claro que ele não iria recuar. O ex-presidente saiu, e Trump percebeu que não sabia o que fazer. Foi quando Persorai começou a sibilar e a sacudir sua cabeça freneticamente. Trump podia ser meio burro, mas sabia o que era aquilo. Na sala de controle, Scarlett havia ligado os alarmes no volume máximo, a uma frequência que só Persorai poderia captar. Lá embaixo, Hamilton também havia feito sua parte, jogando o caminhão pipa contra o muro e contra Persorai, que acabou com um arranhão na cauda. Donald olhou nos olhos da besta, e percebeu que ela realmente não estava bem. Subitamente, uma dor fulminante atingiu suas têmporas, e Trump pôde ouvir a voz de Dona Iraci em sua mente.

-Persorai está enfraquecido, pois não teve tempo de se recuperar. É a sua chance de derrotá-lo!

-O que eu faço?

-Tente demiti-lo. Você faz isso, não é?

-Não acho que seja o suficiente!

Nesse momento, um belíssimo ser humano de cabelos grisalhos e sorriso cativante apareceu ao lado de Trump.

-Precisa de ajuda?

-Quem... quem é você?

-Meu nome é Roberto Justus, apresentador da versão brasileira do programa O Aprendiz.

-Muito prazer.

-Venha, vamos demitir esse carinha aí!

Ambos olharam para Persorai e gritaram com toda a força de seus pulmões.

-Ei, feioso!

Ele se virou, intrigado.

-Você está demitido!

Persorai emitiu um urro altíssimo, mas continuou em pé.

-Não é o suficiente! - gritou Trump.

-Tem que ser! - gritou Justus, mais alto ainda.

Ele segurou os ombros de sua contraparte americana e fundiu-se com ela, criando o Super Donerto Trustus Mecha 8000, que deu um poderoso soco de demissão em Persorai, fazendo com que a colossal besta explodisse em mil pedaços. Roberto e Donald se separaram novamente, deitando esgotados no chão.

-Conseguimos.

-É.

Temer suspirou aliviado ao ver a cena, mas ainda não era o fim. Àquela altura, já era possível ver o míssil no céu; uma linda estrela assassina. Mas ele não perderia as esperanças. Os que haviam ficado no térreo provavelmente não conseguiriam chegar a tempo, então ele teria que resolver aquilo sozinho. Mas como? Olhando para baixo por um instante, ele viu uma densa fumaça vermelha, que chegava à altura de seus calcanhares. Logo, ela começou a subir, até que uma figura esguia surgiu, com seu sorriso cínico e seu terno de risca de giz.

-Ora, mas vejam só...

-Mas... como?

Então, Temer percebeu. Com a morte de Persorai, Satã havia se recuperado, e Cunha conseguira seus poderes de volta.

-Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece... - disse Michel.

-Não diga uma coisa dessas, te faz parecer ainda mais velho.

Ele levantou as mãos e murmurou palavras em línguas desconhecidas. No mesmo instante, treze raios de luz amarela vieram de todas as direções, encontrando-se e adentrando o corpo de Cunha, que começou a emitir luz por todos os seus poros. Ele riu com satisfação enquanto observava Temer boquiaberto à sua frente.

-Não é possível, Persorai está morto!

-Sim, ele está, mas seu poder continua vivo, e precisa de um novo receptáculo. Aproveite enquanto pode, pois você estará morto daqui a pouco tempo. Agora, se me der licença, preciso salvar minha própria pele.

Ele olhou para o míssil e soltou uma enorme rajada de poder amarelo, mas ele não pareceu desviar-se da rota nem por um milímetro. Confuso, ele parou e lançou outra rajada, e outra, e mais outra. Nada aconteceu. Agora, faltava menos de um minuto para que o míssil atingisse o Planalto. Cunha revirou os cabelos com as mãos e limpou os óculos freneticamente.

Em meio a todo aquele estresse, Temer pensou em algo. Lembrou-se da visão que teve na Suazilândia dos dois raios cruzando o céu. E, naquele momento, ele percebeu o que precisava ser feito. Deus e Lúcifer unindo-se para aprisionar Persorai. Os EUA e a URSS unindo forças para derrotar os nazistas. Zuma oferecendo-se para ajudá-lo a derrotar Cunha e parar o míssil.

É isso. 

Por toda a história do mundo, foi necessária a união para impedir tragédias. Indivíduos e forças completamente diferentes juntos em busca de um objetivo comum. Não importava o quanto Cunha fosse poderoso; ele jamais pararia o míssil sem o equilíbrio proveniente da magia verde de Temer, e vice-versa. Olhou para Eduardo. Ele ajeitou os óculos e veio para cima de Temer.

-Você! É culpa sua! É tudo culpa sua!

-Como isso pode ser culpa minha? 

-Você vai morrer!

Temer agarrou os pulsos de Cunha, que se debatia como um cão raivoso.

-Me solte!

-Escute! Queira você ou não, precisamos um do outro para acabar com tudo isso. O míssil nunca vai parar se você não permitir que eu te auxilie!

-Mentiras, mentiras e mais mentiras! Pare de tentar prolongar sua vida com essas bobagens! Por que você não morre logo?

30 segundos.

-Cunha, você viu o que aconteceu. Sem energia benigna, você não pode tirar esse míssil do caminho! Não peço que você goste de mim, nem que me poupe, só peço que me deixe ajudá-lo antes de me matar!

-Está duvidando de minha capacidade?

20 segundos.

-É claro que não, só estou dizendo que precisamos tanto da energia amarela quanto da verde para parar o míssil! Isso é diversidade, é força! Ouça, sei que nossas relações estão fragilizadas e que você provavelmente me odeia a essa altura, mas diga-me qual é o problema e consertá-lo-ei. Deixe que eu te ajude!

10 segundos.

Cunha chorava copiosamente. Ele ergueu a cabeça e olhou dentro dos olhos de Temer.

5 segundos.

-Está bem.

E então, aconteceu. A multidão na Praça dos Três Poderes observou embasbacada enquanto um raio amarelo e um verde de energia cruzaram o céu noturno e atingiram o míssil em cheio, fazendo com que ele virasse e disparasse para fora da atmosfera terrestre. Temer e Cunha, ambos ofegantes, se olharam, como que parabenizando um ao outro. Depois, olharam para baixo. A multidão irrompeu em palmas e assobios. Casais de namorados, pais, filhos e amigos se abraçavam forte, e muitas pessoas já haviam arrancado as roupas e começavam a correr peladas pelas ruas, embebedadas de felicidade. Parado próximo ao buraco feito por Hamilton no muro que cercava o Planalto, Marco Feliciano não pôde evitar derramar uma lágrima, que foi rapidamente enxugada na manga de sua camisa. Sem pensar no que estava fazendo, abraçou a primeira pessoa que viu a seu lado. O homem, assustado pelo contato físico repentino, agarrou os pulsos de Feliciano e afastou-o de si. Voltando à realidade, o pastor parou para observá-lo pela primeira vez.

Era Jair Bolsonaro.

-O que pensa que está fazendo?

-Meu Deus... me perdoe, eu não...

Feliciano abaixou a cabeça e começou a tremer. Bolsonaro suspirou e disse:

-Acalme-se, não é como se eu fosse te bater.

Marco levantou a cabeça e olhou o homem à sua frente nos olhos. Depois, seu olhar desceu um pouco, e ele umedeceu os lábios com a língua. Bolsonaro imaginou se não estaria com uma mancha de alguma coisa no queixo, mas, depois de alguns segundos constrangedores, ele percebeu.

Feliciano estava olhando para sua boca.

As mãos de Bolsonaro desceram dos pulsos para as mãos de seu amigo, fazendo com que ambos se aproximassem mais ainda.

E então, aconteceu. Eles finalmente assumiram o amor que tiveram que esconder durante todos aqueles anos de sessões da Câmara, compromissos formais, discursos de ódio e esbarrões acidentais pelos corredores do Congresso, enquanto Jean Wyllys observava tudo com um sorriso sincero no rosto.

                       ..... 

Temer apoiou-se em um joelho. À sua frente, os corpos sem vida de Luciana, Dilma, Obama e Xi. Marina, William, Angela e Trudeau chegaram, arfando pelo esforço da batalha. Marina aproximou-se e tocou o ombro de Michel afetuosamente.

-Aquilo foi incrível.

-E de que adianta? Quatro pessoas morreram.

-E milhões de outras foram poupadas.

Temer apenas chorou. Marina, para a surpresa geral, também se emocionou. Ela disse, em uma voz embargada:

-Há uma alternativa.

-Sou todo ouvidos. - disse Temer, sem tirar os olhos do chão.

-Você pode revivê-los, mas isso significaria perder todo o seu poder.

-E como eu faço isso?

-Não sei se você está me ouvindo direito...

-Eu estou ouvindo, e estou disposto a fazer isso.

-Não diga que eu não avisei.

Marina colocou suas mãos sobre as de Temer, e uma luz verde começou a sair delas. Michel apenas fechou os olhos e concentrou-se. Logo, os quatro esbugalharam os olhos e sentaram-se, demonstrando tontura e olhando para os próprios dedos. Michel abriu os olhos e sorriu. Dilma sorriu de volta. E, num instante, quaisquer arrependimentos que Temer poderia ter tido se dissiparam, e ele viu que tudo valera a pena. Mas então, o rosto de Dilma ficou sombrio, e ela encarou Temer com medo.

-Eu deveria estar morta. O que você fez, Michel?

-Aquilo- disse Marina.

-Não... mas... seus poderes!

-Dilma, eu não me importo. Sabe, discordamos em muita coisa, mas... mas você é a melhor companheira de chapa que eu poderia ter.

Ela deu um sorriso frouxo e aproximou-se para abraçar seu vice.

-Obrigada.

Ele apenas sorriu e quebrou o abraço. Depois, olhou para Luciana Genro, que assistia emocionada.

-Luciana, eu te conheço há pouco tempo, mas queria agradecer por tudo que você fez por mim durante a viagem e... aqui. Você é uma boa mulher.

Ela deu um sorriso largo e ajeitou o cabelo.

-Xi Jinping... confesso que não gosto do senhor, mas a Dilma gosta, e é o que importa para mim. Felicidades ao casal.

Ele apenas acenou com a cabeça.

-E, Obama...

Barack observou com atenção.

-Tire as suas tropas de Israel, sim? Ninguém quer vocês ali.

Ele apenas colocou a mão no queixo e agradeceu pelo conselho.

-Acho que precisamos descer agora. - ressaltou Marina.

-Sim, claro. O Hamilton está nos esperando, não está?

-Sim.

-Então vamos.

Descendo, encontraram Hamilton e Scarlett já devidamente acomodados no caminhão pipa, atrás das cinco motos maneiríssimas.

-Está todo mundo aqui? - perguntou Trudeau. - Barack? Angela? Donald? William?

-Ja. - disse Merkel.

-Eu, a Marina, a Dilma e o Michel também. - disse Luciana. - Os meninos... é, vamos.

-Esperem!

Cunha apareceu. Ele suava muito, seu cabelo estava bagunçado e sua gravata, frouxa. Ele estendeu a palma da mão em direção ao grupo, enquanto falava ofegante:

-Espero que possam me perdoar. Eu não quero mais liderar. Não mesmo. Me prendam.

-O que aconteceu contigo?

-Ele só está emocionado - disse Marina. - Daqui a alguns dias estará tentando usurpar a presidência novamente.

-Não... não é verdade. Eu... machuquei muita gente. Meu Deus, olhem para essa cidade, como ela está feia... era um paraíso arquitetônico e... não... não posso.

-Sabe que não podemos confiar em você.

-Tudo bem, não esperava mesmo que confiassem...

Cunha tirou uma pistola do bolso e atirou em sua própria cabeça, caindo duro e manchando o chão da Praça de sangue. Todos ficaram paralisados. Temer inspirou fundo e se aproximou. Os olhos de Eduardo estavam fechados e em paz, mas as marcas de suas lágrimas continuavam lá. Michel apoiou uma mão no braço de Cunha e sussurrou:

-Eu te perdoo.

Depois, levantou-se lentamente e virou-se para o grupo.

-Vamos.

Todos entraram em seus veículos, fazendo o trajeto de volta à casa de Dona Iraci sem falar uma palavra.

                           .....

Haviam doze copos intocados de limonada na bandeja. Dona Iraci observava tristemente da cozinha enquanto algumas das pessoas mais influentes do mundo observavam cabisbaixas o chão de sua sala de estar. Ela foi para perto deles, arrastando seu vestido longo pelo chão, e disse:

-Sei que vocês estão tristes, mas o Brasil precisa de um novo líder.

-Só de pensar em organizar novas eleições já fico com dor de cabeça. - disse Temer.

-Mas ela tem razão, Michel. - disse Luciana. - Precisamos de novas eleições e de um governo interino.

-Não quero que briguemos pela presidência de novo.

O rosto de Dilma se iluminou.

-Não precisamos!

-Como assim?

-Vejam bem: eu ainda sou popular, o Michel também. É, um pouquinho.

-Aonde você quer chegar?

-A Marina e a Lu também têm seus seguidores. Nossa popularidade pode até ser baixa, mas se juntarmos os índices de aprovação de todo mundo dá um número bem grande.

-Está sugerindo um conselho de líderes? Isso nunca foi feito no Brasil!

-Mais uma coisa que não foi feita em 516 anos. Não acham que está na hora de inovar?

-Acho que isso é inconstitucional. - disse Luciana.

-Cunha revogou a constituição, - disse Marina. - então é a vontade dele que conta.

-Até onde eu sei, -disse Temer- Cunha não apontou um sucessor, mas o mais próximo dele era Jair Bolsonaro.

-Está querendo que ele entre para o nosso conselho? - gritou Dilma.

-Ninguém vai me obrigar a conviver com aquele saco de adubo artificial e opressor! - disse Marina.

-Eu também não gosto dele, mas é necessário. Se ele entrar, podemos dar um jeitinho de incluir o Lula também, e o Aécio para que não reclamem tanto do Lula.

-Hmm... tudo bem então.

-Países de terceiro mundo... - disse Angela Merkel.

-Tsc, tsc... é mesmo deprimente - acrescentaram Obama, William e Trudeau.

-É isso que eu sempre digo, esses latinos não fazem nada direito - disse Trump.

-Não é ideal, mas parece ser o que mais agradará ao povo - disse Temer. - Todos de acordo? Sim? Então está decidido.

O governo interino, formado por Michel Temer, Dilma Rousseff, Marina Silva, Luciana Genro, Jair Bolsonaro, Luís Inácio Lula da Silva e Aécio Neves, entrou em vigor no dia seguinte para governar o país até o final do ano. Investimentos pesados em educação, saúde, transporte e conservação do meio ambiente, além da privatização da Petrobras, tornaram o Brasil a maior potência do mundo, fazendo com que os EUA, como diriam os antigos, ficassem a ver navios. As terras tupiniquins também foram as primeiras a legalizar a cocaína e a maconha, além de legalizar a tortura e a pena de morte e conceder isenção de impostos para cultos satânicos. Mais ainda: os gays ganharam uma penca de direitos, o que acabou sendo bom para todo mundo. Com todas essas mudanças, as eleições foram canceladas por escolha unânime por meio de um plebiscito, e o grupo continuou no poder por muitos e muitos anos, fazendo com que nosso país aproveitasse todo o potencial que sempre soubemos que ele tinha.   


Notas Finais


Ok... o próximo será só um epílogo, ou seja: a história ficou com 13 capítulos, que, além de ser o número do azar, também é mais do que a porcentagem de aprovação do governo Temer.


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