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História Código Ômega - V


Escrita por: Jay_Maronese

Notas do Autor


Sumi por estar de luto pelo Fidel. Espero que ele esteja sentado bem confortavelmente no colinho de Satanás.

Capítulo 5 - V


Fanfic / Fanfiction Código Ômega - V

Cunha foi enfiado em um helicóptero e levado até a Praça dos Três Poderes. Já no chão, ele olhou em volta, recordando-se do lugar. Do ponto onde estava, podia ver o Congresso, o Palácio do Planalto e - um calafrio passou por sua espinha - o Supremo Tribunal Federal. Também viu que, próximo aos Candangos, havia um homem baixo, engravatado e barbudo, acompanhado de dois homens de farda. O trio caminhou até Cunha, que cumprimentou-o com cordiais apertos de mão. 

-Ora, Lula, então o Exército veio fazer o que o Moro não conseguiu? 

-Se está pensando que fui preso, não, não é meu estilo. Muito pelo contrário, minha situação está muito boa no momento. Esses são o Sargento Soares e o Cabo Alvarez, meus subordinados. 

Cunha não pôde conter sua surpresa, encarando Lula por alguns segundos como que buscando explicações. 

-É isso aí, companheiro, agora eu comando todos os oficiais das Forças Armadas. E o destino guarda algo muito maior para você. 

-Lula, alguém colocou alguma coisa estranha na sua cachaça hoje. Está se sentindo bem? 

-Não estou louco, não, companheiro. Conte para ele, Soares. 

Soares deu um passo à frente e começou a falar com sua voz de barítono. 

-O senhor Luís Inácio é nosso comandante agora, e temos ordens dele para auxiliar o senhor em seu golpe. 

-Golpe? Que golpe? 

-O golpe ao golpe.

                                   .....

    Scarlett Chainsaw, dos EUA, e Fritz Schadenfreude, da Áustria, esperavam em seu jipe preto fodão com porta-copos, teto solar e sonzera no porta malas. Eles eram os mercenários mais procurados de seus respectivos países, e haviam sido contratados por um homem misterioso para executar aquela que seria a maior missão de suas carreiras: assassinar Michel Temer, o presidente do Brasil. Não que eles gostassem um do outro; na verdade, palavras como "asshat" e "Backpfeifengesicht" eram dirigidas por ambos à pessoa ao seu lado, às vezes em voz alta, geralmente em sussurros. Mas, querendo ou não, eles estavam nessa juntos. Os cabelos crespos de Scarlett roçavam sua pele cor de café, e cobriam seus olhos grandes e castanhos. Já o pouco de cabelo que Fritz ainda tinha era loiro e puxado para trás com uma quantidade grande demais de gel, deixando suas madeixas gosmentas. Ele era impaciente, e seus músculos imploravam por ação. Trabalhara em uma enorme corporação em Viena em sua juventude, mas, todos os dias, ele tinha vontade de escrever infinitos palavrões nas divisórias brancas de seu cubículo e de se jogar do prédio de 80 andares logo depois. Depois de usar sua própria gravata para estrangular o chefe em um dia particularmente estressante de trabalho, Schadenfreude descobriu sua verdadeira vocação, e partiu de Viena para nunca mais voltar. 

Já Scarlett tinha problemas maiores do que alguns relatórios com palavras esquisitas. Filha ilegítima de um ricaço de Wall Street, teve de se prostituir por três anos para pagar as sessões de quimioterapia da mãe, que acabou por morrer com um tumor do tamanho de uma bola de baseball no útero apesar de todos os seus esforços. Daquele episódio, ela tirou o que seria seu lema pessoal para o resto da vida: "Amar é a melhor maneira de desperdiçar seu tempo.". Sem família e sem dinheiro, aperfeiçoou suas técnicas com um ex-soldado cubano fugido de seu país, com quem manteve um relacionamento carnal por alguns anos. Depois que ele levou dois tiros no peito por ser considerado "suspeito" por um policial um pouco acima do peso, Chainsaw foi à pequena casa de madeira que ele habitava e ateou fogo a tudo. O que restou do soldado foi seu velho quepe verde dos tempos do Exército, que Scarlett nunca mais tirou da cabeça. 

-"Tô" entediado, não dá pra botar um funk não? - disse Fritz à mulher sentada a seu lado. 

-Estamos em serviço, Hitler. - disse ela, sem tirar os olhos do enorme complexo hoteleiro onde a cúpula dos BRICS havia sido realizada. 

-Não gosto de piadas com Hitler. 

-É por isso mesmo que eu fiz a piada, ou você acha que eu tenho cara de palhaça? 

-Vadia... uma sonzera tão bonita lá atrás... 

Scarlett agarrou o pulso de Fritz e girou-o a um ângulo de 180 graus, arrancando um grunhido de dor do austríaco. 

-Do que é que você me chamou? 

-Chamei de vadia, é surda? 

Ela girou o pulso de seu colega de trabalho ainda mais, fazendo com que os grunhidos virassem verdadeiros gritos de dor. 

-O que é que você quer de mim? 

-Eu vou falar o que eu quero. Vou torcer essa mãozinha linda aqui até você me pedir desculpas. Se você não ceder, passo para os dedos. 

-Espere sentada então. 

Dessa vez, ela puxou Fritz para perto de seu peito, aplicando-lhe um apertado mata-leão. Lentamente, a fúria em seus olhos cor de gelo se transformou em temor, e ele começou a murmurar pedidos de desculpas até esgotar todo o oxigênio de seu corpo. 

Nesse momento, Scarlett soltou-o e observou o homem enquanto ele arfava e enxugava as lágrimas de seu rosto. 

-Such a little pussy- murmurou, com desdém- Recomponha-se e, por favor, pare de gritar, estamos tentando não ser detectados.

Um telefone celular posicionado em cima do painel do carro começou a tocar. Scarlett apanhou-o e atendeu.

-Alô, chefe. Não, não podemos entrar, parece que o edifício está em quarentena. É óbvio que eu vou dar um jeito. É claro. 

-O que ele queria? - perguntou Fritz. 

-O que você acha? "Andem logo, eu preciso que vocês façam o serviço rápido". Eu vou matar uma pessoa, não passar no drive-thru do McDonald's. 

Fritz esboçou um sorriso, tentando imaginar Scarlett em um drive-thru. Depois, perguntou algo que já estava em sua cabeça há bastante tempo. 

-Qual é a desse boné? 

-Não é um boné, é um quepe militar. 

-E? 

-Pertenceu a um homem bom. 

-Seu pai? 

Scarlett não pôde deixar de rir. Se aquele idiota soubesse... 

-Meu pai era muito rico, sabia? - disse ela. - Um perfeito cretino também. Sempre que vejo um coroa de terno na rua, tiro minha faca da bainha para o caso de ser ele. Então, não, não pertencia ao meu pai. 

Fritz achou melhor não perguntar mais nada. Ficariam vigiando até de manhã, e depois entrariam de qualquer maneira. Ele se ofereceria para vigiar primeiro, mas seus olhos já não conseguiam ficar abertos. Além disso, mesmo que não gostasse de Scarlett, confiava nela.

                                    .....

      Marco Feliciano estava em seu quarto com uma calculadora sobre seu pijama de coelhinhos estendido na cama. 

-Vamos ver... - disse ele, coçando a barba. - Aqui, com mais cinquenta... isso dá mil e quinhentos reais de dízimo. É, hoje não foi um dia muito bom para os negócios. Os fiéis estão pagando cada vez menos dízimo. Tudo culpa desses malditos gays. 

Um IPhone branco com capinha de Jesus apitou em cima do criado mudo. Feliciano apanhou seu celular e decepcionou-se ao saber que era uma mensagem da TIM Serviços oferecendo dicas de culinária por SMS. Antes de desligar seu celular e ir tomar uma ducha relaxante, Marco admirou seu wallpaper por alguns segundos. Era a famosa foto do deputado Jair Bolsonaro segurando um grandessíssimo peixe, trajando apenas um calção verde de banho, que contrastava com a vermelhidão sadia de seu belo rosto de galã de novela da Globo e de seu abdômen sarado. 

Observando tal imagem, o pastor sentiu um calor estranho em seu corpo, mais precisamente em suas calças. Com vergonha, ele correu para o banheiro e trancou a porta. 

Depois de tomar um belo banho, já deitado e vestindo seu pijama, Feliciano resolveu ler trechos da Bíblia. Abriu no segundo livro de Coríntios e começou a ler.
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza, ou por necessidade..."

-Ah, não, essa parte é muito chata. Deixa eu voltar um pouco. Ah, aqui sim. 

Empolgado com o versículo que encontrou, Marco endireitou a coluna, pigarreou e começou a declamar:

-"Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.". Esse é meu versículo favorito, já li um montão de vezes. Acho que vou fazer um quadro com ele, vou pendurar naquela parede ali, e... 

Nesse momento, ele ouviu uma forte batida na porta, seguida de três toques de campainha. Murmurando um palavrão e, logo em seguida, pedindo perdão por isso, ele enfiou os pés em suas pantufas de unicórnio que brilhavam no escuro e desceu. 

Ao abrir a porta, ele quase pulou para trás. Eduardo Cunha, um homem que estava preso há meses, estava em sua porta, vestindo um terno de risca de giz e trazendo uma rosa branca na mão direita. 

-Boa noite, deputado. - disse Cunha. 

-B-boa noite... 

-Posso entrar? 

-Ah, sim, é claro. - disse Feliciano, se recompondo- Onde estão meus modos? 

-Posso ver que você está surpreso, e tem razão para estar, afinal, eu estava preso. Mas posso explicar tudo depois. Agora, eu gostaria de agradecer. 

-Pelo quê? 

-Na votação do meu impeachment, você estava lá, deputado. E, mesmo com todos aqueles votos contra mim, você me mostrou que eu ainda era amado antes de ir preso, e isso me ajudou a passar meus dias naquele inferno de penitenciária. Então, meu mais sincero obrigado.

-Ah, o que é isso, eu só... 

Feliciano arrepiou-se. A mão gelada de Cunha estava envolta em suas mãos hidratadas com creme Natura Ekos de cacau e acostumadas a desdobrar notas de dinheiro. Olhando para cima, pôde ver selvageria nos olhos fuzilantes do ex-presidente da Câmara. 

-Eduardo-senpai, eu... 

-Shh, não diga nada. 

-E-eu não posso... 

Mas Cunha ignorava as palavras do pastor, passando uma mão por sua nuca e a outra por sua coxa. 

-Deputado- disse Marco- saia, por favor.  

Cunha se afastou, o desejo em seu olhar se transformando em ódio puro. 

-Qual é o seu problema?

-Eu estou consciente de suas intenções comigo, mas não posso aceitar algo assim. Meu coração pertence a outra pessoa. 

-Do que você está falando, Marquinhos? - disse ele, recobrando seu tom suave depois de saber que havia uma linda história de amor se desenrolando diante de seus olhos. 

-Pois mais que eu queira te satisfazer, Eduardo-senpai, meu coração pertence a Bolsonaro-kun. 

Cunha entrou em choque e começou a chorar. 

-Eu sinto muito mesmo, Dudu. 

-Não sinta- disse ele, se acalmando. -Ninguém pode parar o amor. Desejo que você seja muito feliz. 

-Espero que você ache a pessoa certa um dia. 

Eduardo não respondeu, apenas saiu e voltou com um jovem soldado para o Palácio do Planalto. Amanhã seria um grande dia, e ele precisava estar preparado.

                                       .....

         No quartinho, Temer, Putin, Modi e Xi já estavam dormindo. Zuma, pelo contrário, estava plenamente acordado, tentando passar uma fase difícil de Candy Crush, a temível Fase 1. Um homem ruivo de barba e monóculo lhe diz para empurrar o doce para a esquerda para combiná-lo com outros dois. Antes que Jacob pudesse fazer isso, ele recebeu mais uma chamada de seu segundo em comando. 

-Alô. - diz com má vontade. 

-Senhor Presidente, a situação é gravíssima! O povo está protestando contra o senhor nas ruas! 

-Mete bala de borracha nesses maconheiros então! 

-É diferente, senhor. Aquele tal de Trevor Noah já falou muito sobre o senhor no programa dele, e dessa vez dizem que... que Nelson Mandela voltou dos mortos! 

-O quê? Mas isso é um absurdo! Só mete bala de borracha e taca gás lacrimogêneo, quando eu chegar essa galera acalma o ânus. 

-Tudo bem, senhor, tenha uma boa noite. 

Mas Zuma não estava tão relaxado quanto parecia. E, por causa daquela ligação, passou a noite em claro. 


Notas Finais


Glossário.

Chainsaw-serra elétrica.
Asshat-babaca, metido a besta.
Schadenfreude-sentimento de prazer vindo do sofrimento alheio.
Backpfeifengesicht-um rosto que você tem vontade de bater.
Trevor Noah-um comediante sul-africano que atualmente apresenta o The Daily Show na TV americana. Ele já falou de Jacob Zuma em seus programas, o comparando a Donald Trump(gosto muito desse cara, então não resisti).

É isso aí, já enchi demais o saco por um dia.


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