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História Código Ômega - VIII


Escrita por: Jay_Maronese

Notas do Autor


Olar

Capítulo 8 - VIII


Fanfic / Fanfiction Código Ômega - VIII

O helicóptero se aproximava da costa da África. Depois de uma parada rápida para deixar o gordo em uma ilha tropical cheia de garotas lindas de biquíni, os tripulantes já estavam mais tranquilos, e começavam a se cumprimentar devidamente. Michel não havia encontrado uma razão plausível para que Xi Jinping estivesse ali, mas ele e Dilma estavam mais próximos do que nunca, e se olhavam como um casalzinho de adolescentes. Mesmo sendo frio como uma pedra e sabendo que os dois o odiavam, não pôde deixar de achar aquilo muito fofo. Hamilton estava focado, e pilotava como o ás da aviação que sempre fora, enquanto Luciana e Marina conversavam sobre indígenas e sobre as provas de que o aquecimento global estava acontecendo. Porém, havia Scarlett. Ela ainda estava inconsciente, e a ferida em sua testa não parava de sangrar. Temer tomou uma decisão perigosa: usaria seus poderes satânicos para curá-la. Colocou sua mão esquerda sobre ela e pronunciou alguns mantras capirotescos, mas nada acontecia. Tentou de novo e de novo. Dilma, vendo aquilo, não pôde deixar de notar o desespero de seu antigo parceiro, e perguntou se estava tudo bem. Mas Michel nunca mostraria sinais de fraqueza, nem para Dilma nem para ninguém. Quando ele já havia pronunciado seus mantras tantas vezes que estava salivando, uma fumaça vermelha saiu do piso da máquina e subiu cada vez mais, se transformando em um homem-bode de barbicha de carne e osso. Vendo aquilo, todos começaram a gritar feito garotinhas, menos Hamilton, que pilotava com maestria mesmo tendo um novo passageiro, e Temer, que estava agachado no chão fazendo sinais de reverência. 

-Lorde Satã, eu... - disse ele. 

-Oh, Temer, por que me invocaste? 

-Preciso salvar esta jovem. 

-Sinto informar-lhe de que isso não será possível. Você foi demitido. 

-O-o quê? Mas... 

-Nada de "mas"! - esbravejou Satã - Por todos esses anos, você nunca me deu mais do que migalhas! E, quando a hora de comandar o Brasil finalmente chega, você perde o posto para um ex-deputado! Já fechei negócios com Cunha, e fique muito grato por eu ter devolvido a sua alma. Não me incomode mais! 

E ele desapareceu, deixando Temer no chão, chorando. 

-Não! Volte, por favor! 

Luciana Genro olhou para Temer com pena, algo que ela nunca pensou que faria, e viu mais do que lágrimas nos olhos dele. Ao invés do completo vazio e da opacidade, que lhes renderam a característica de "olhos de peixe morto", havia agora um brilho no olhar de Temer, o brilho de sua alma, que havia sido devolvida depois de tantos anos. E, mesmo com tudo que acontecera, ela sorriu. Sorriu porque aquela casca de pele humana era agora um homem completo, sensível, livre. Aquilo explicava tudo, inclusive a súbita afeição que Temer sentira pela garota que ele trouxera a bordo. E, agora, ela precisava ajudá-lo. Tocou no ombro de Marina e sussurou algo em seu ouvido. Depois, apenas aguardou. 

-Michel, - disse Marina - dê-me a garota.  

Lembrando-se de Scarlett, ele a empurrou com cuidado na direção de Marina, que repousou suas duas mãos na cabeça da moça. Uma luz verde saiu do local, e, logo, a ferida estava totalmente curada. O presidente, perplexo, olhava para Marina como se ela fosse um OVNI ou um cara pelado correndo pela 25 de março. 

-Como você fez isso? 

-Não fui eu, foi a Mãe Natureza. Vou te ensinar algumas coisinhas sobre magia verde. 

Temer apenas endireitou-se e ouviu com atenção. 


                                   .....

       Cunha estava no banheiro, brincando com seus novos poderes. Ele já havia feito um necromante sair do vaso sanitário, e agora estava escrevendo "666" com batom no espelho sobre a pia para ver o que acontecia. 

-Oh, Cunha, por que me invocaste, filho da puta? Já tive problemas demais hoje. 

Ouvindo aquela voz poderosa, Eduardo quase teve um ataque cardíaco. Virando-se lentamente, viu Satã parado ao lado de sua cama, e se curvou perante ele. 

-Você está brincando com os meus poderes, seu idiota? - gritou o demônio. 

-Não, senhor. 

-Está sim, e vai pagar o preço se não focar no que é realmente necessário! 

-Perdoe-me, senhor. - disse Cunha em uma voz trêmula e mais fina que o normal. 

Satã apenas desapareceu. Eduardo ainda ficou curvado no chão por vários minutos, com medo de que seu mestre voltasse.

                                       .....

     Uma multidão de políticos em trajes elegantes deixava o prédio do Congresso. Todos observavam, horrorizados, as paredes externas do prédio, cobertas de cartazes gigantes com o rosto de Eduardo Cunha. A situação era igual por toda a cidade de Brasília, e também em algumas capitais brasileiras. Nesse grupo heterogêneo de deputados e senadores chorando a morte da democracia e a perda de seus salários exorbitantes, um homem sorria, olhando para o céu. Jair Bolsonaro quase não podia acreditar que aquilo estava acontecendo: uma nova ditadura militar, que prometia matar ao invés de torturar e garantiria o poder da direita conservadora no país. Chorando de alegria, ele abraçou Marco Feliciano, que estava a seu lado, sem perceber que aquilo era extremamente gay. O deputado evangélico, porém, estava dividido: mesmo eufórico pelo contato com Jair, ele se preocupava com o que Cunha faria como líder. O casamento gay era legalizado agora, mas e se deixasse de ser? Marco nem sabia por que estava pensando naquilo; Bolsonaro era um bom homem, heterossexual e temente a Deus, não um ser pecaminoso como ele. Seu colega jamais aceitaria todos os absurdos em que ele estava pensando agora, pois era um homem direito. Deus amava Bolsonaro, mas não amava Feliciano. O pastor estava condenado a passar a eternidade sofrendo no fogo do Inferno, junto com Jean Wyllys e outros pecadores, enquanto Jair gozaria do amor eterno para sempre, correndo pelos jardins do Paraíso. Sua única chance de salvação era fugir daquilo naquele exato momento, repudiando seus desejos pecaminosos e pedindo a proteção do Senhor e de Seu filho, Jesus Cristo, e foi pensando naquilo que Marco empurrou Bolsonaro para longe e correu para um canto isolado para rezar, deixando o outro deputado desorientado. 

Não se importando com o que aquilo poderia acarretar, Jair correu em direção a seu amigo, encontrando-o em posição fetal com o rosto encharcado de lágrimas e murmurando o Pai-Nosso, depressa e engolindo várias palavras. 

-Deputado Feliciano, o que... 

-Saia de perto de mim!

-Só estou tentando ajudar. 

-O senhor não pode ajudar, deputado. 

-Um homem desse tamanho chorando...- disse Bolsonaro, abandonando o tom bondoso de antes. 

-E o quê você tem a ver com isso? 

-Eu, nada, mas isso não muda o fato de que você parece uma mulherzinha chorona! 

-Eu posso até estar triste, mas minha rola continua maior que a sua! 

-Como você sabe? Me viu tomando banho, por acaso? Você gosta de olhar a rola dos outros, não é, seu viadinho? 

Feliciano levantou-se rapidamente e deu um forte soco no peito de Bolsonaro, fazendo com que ele caísse ao chão. 

-Eu não sou viado! 

Jair levantou-se e espanou a poeira de seu terno. 

-Meu Deus, qual é o seu problema?

Marco não respondeu, apenas se afastou.

                                      .....

        Kim Jong-un, agora devidamente vestido, observava a Coreia do Norte de sua janela. Ele adorava fazer isso, porque as pessoas nas ruas pareciam formiguinhas em uma daquelas fazendinhas de formigas de filmes americanos. Kim se divertiu com o pensamento, lembrando-se de que ele podia sacudir aquela fazendinha a qualquer momento, como uma criança ranhenta, e fazer todas as formiguinhas implorarem por misericórdia. Suas analogias com fazendas de formigas foram interrompidas pelo tamborilar incessante das unhas de Jacob Zuma em uma pesada mesa de mogno. 

-Argh, pare, você está me dando nos nervos! 

-Desculpe, senhor, mas não deveríamos estar fazendo alguma coisa? 

-Eu estava atirando bombas nucleares até que você chegou e tirou minha concentração! 

-O senhor sempre atira bombas pelado? 

Kim direcionou-lhe um olhar assassino. 

-Desculpe. 

-Você é um bosta. 

-Eu sei. 

Zuma viu um porta retrato em uma estante. Nele, havia uma foto de uma moça muito bonita, jovem e de cabelos negros presos em um coque. 

-Quem é a moça na foto? 

-Aquela? Ri Sol-Ju, minha esposa. Já matei faz um tempão, mas ninguém sabe. 

Jacob ficou horrorizado. O homem havia matado sua esposa, e falava disso como se fala do aumento no preço da gasolina. Imediatamente, pensou em suas quatro mulheres e seus quinze filhos. Zuma podia ter muitos defeitos, mas não era um assassino. Ele imaginou se eles também haviam sido expulsos da África. Não, Nelson Mandela nunca faria uma coisa daquelas. Mesmo que não concordassem com seus ideais, todos que o conheciam sabiam que ele era um homem bom, e nunca faria mal a uma pessoa de bem. Por um momento, ele imaginou se não seria melhor deixar o país nas mãos de Mandela; o povo o amava, não a Zuma, e ele reconhecia isso. Talvez fosse melhor apenas focar em jogar bombas nucleares em lugares junto com Kim       Jong-un. 

-O senhor está com vontade de jogar algumas bombas? 

Kim, que havia passado o tempo encarando uma fotografia de seu avô, sorriu como uma criança. 

-É claro, por que não? Mande o Jung Ji-hun trazer bolinho de queijo, vamos nos divertir pra caramba. 

Zuma não sabia quem era Jung Ji-hun, apenas pediu bolinho de queijo para o guarda ao lado da porta, que mandou um sujeitinho de óculos e touca na cabeça ir pegar alguns na cozinha. 

-Já devem estar chegando- disse Jacob. 

-Ótimo; enquanto isso, vamos aquecer. 

E assim, três pequenas ilhas do Pacífico foram pelos ares. 


                                        ..... 

Marcela Temer desceu do avião na Inglaterra. Eles desembarcariam ali e aguardariam o voo até o Brasil, dali a meia hora. Mas ela tinha outros planos. Usando o Kit Disfarce da Celebridade, que consistia de um boné, um moletom cinza com capuz e óculos escuros, ela saiu sucintamente do aeroporto e correu para o cartório mais próximo. Ela precisava fazer aquilo antes que sentissem sua falta, ou sua chance estaria perdida para sempre. 

Entrando afobada no cartório, viu uma mulher ligeiramente acima do peso e com óculos com um fio de plástico preso nas perninhas, que carimbava papéis distraidamente. Ela se aproximou da mesa da mulher e disse:

-Quero trocar meu nome. 

A mulher tirou os óculos, deixando-os pendurados no pescoço, e ouviu atentamente. Depois de perguntar se Marcela realmente queria trocar seu nome e avisando que ela era uma imigrante ilegal, a mulher finalmente organizou a papelada necessária.
-Qual é seu novo nome, moça? 

-Ashna MacIntosh. 

-Ashna? Não é um nome hindu? 

-Minha avó é indiana. 

-Tudo bem então. Mas e o MacIntosh? 

-Meu avô era escocês. 

-Essa sua família é bem esquisita, loirinha. Daqui a pouco você diz até que seu marido é brasileiro ou coisa do gênero. 

"Ah, se ela soubesse", pensou Marcela rindo por dentro. 

Depois de assinar cerca de 120 páginas cheias de palavras difíceis, ela se virou para sair. 

-Se um oficial do governo passar por aqui eu posso te denunciar, sabia? 

Marcela ligou seu IPhone 15 e entrou no grupo do Whatsapp "Amigaaans S2 S2 S2". Depois de enviar uma mensagem dizendo "eu odeio todas vocês", ela tirou o chip do celular e jogou o aparelho na direção da mulher do cartório, que resolveu que um modelo de IPhone que ainda nem havia sido lançado era o suficiente para manter sua boca calada. 

Já fora do cartório, Marcela foi a um barbeiro bem machão e mandou que ele cortasse seu cabelo bem curto e pintasse de rosa, como ela sempre havia sonhado mas nunca tivera coragem de fazer. Agora, Marcela Temer estava morta, e Ashna MacIntosh era a nova rainha de Londres. 


                                  .....

         A porta do quarto abriu de supetão. Dois homenzarrões entraram e arrastaram Gloria Ngema da cama, levando-a sem nenhum tipo de delicadeza a um carro preto, que saiu cantando pneus. Depois de cerca de 20 minutos, o motorista desceu e abriu a porta, para que os homens agarrassem os braços de Gloria. 

-Me soltem, eu sei andar sozinha! 

Eles, porém, fingiram não ouvir, e apenas agarram-na com ainda mais força. 

Subindo uma enorme escadaria, a mulher viu onde estava. Era uma praça histórica de Pretória, cercada por uma densa multidão. No meio da praça, ela pôde ver as outras três mulheres de Zuma, sobre um palanque com um arco de madeira, no qual estavam presas quatro cordas com laços. 

Eram quatro forcas. 

O fantasma de Nelson Mandela surgiu, fazendo com que os homens largassem Gloria e fizessem uma reverência a seu presidente.

-Onde a colocamos, senhor? 

-Junto com as outras, no palanque. 

-Mas e o Tubarão? 

-O Tubarão é para o peixe grande, ela vai com as outras. 

Gloria só conseguiu se soltar dos homens ao subir no palanque. Olhando para o lado, pôde ver lágrimas nos olhos de Gertrude, a primeira mulher de Jacob. Quatro homens subiram com capuzes de saco de batata nas mãos. Cada um parou em frente a uma mulher e ergueu as mãos para colocar o capuz em sua cabeça. Mandela, que estava sentado até o momento, levantou-se e disse:

-Sem capuz. Quero ver os olhos delas esbugalharem.

Os homens baixaram os capuzes, enrolaram os laços nos pescoços das quatro mulheres e se retiraram. Elas encaravam Nelson com medo e confusão. Como poderia um homem tão bom, uma inspiração para todo o mundo, enforcar quatro mulheres em praça pública pelos crimes de seu marido? Elas olharam para a frente e caíram. Logo, pararam de se debater, enquanto gritos de alegria irrompiam da multidão. 


                                      .....

      Um homem e uma mulher estavam parados em frente ao Tubarão, admirando sua complexidade. Era uma torre de dois metros de altura, com enormes lâminas afiadas a cada 20cm, que deslizavam para os lados. Eles conheciam o funcionamento daquela máquina: o executado parava em frente à torre e as lâminas deslizavam, cortando o corpo em pedacinhos. Havia sido projetado especialmente para Jacob Zuma, que seria executado publicamente assim que voltasse da cúpula dos BRICS. Porém, ele não havia sido mais visto. Mercedes olhou para Junior e perguntou:

-Por onde será que anda o Zuma? 

Junior hesitou por um momento, e a encarou seriamente. 

-Você sabe guardar segredo, Mercedes? 

-Sei, por quê? 

-O Zuma não vai voltar. 

-Como assim? 

-Eu liguei para ele enquanto ele estava no avião. Disse que ele havia sido exilado. 

-Por que você fez isso, Júnior? 

-Ele é um péssimo homem, mas não merece morrer, principalmente de uma maneira bárbara como essa. Eu não vou permitir que o Tubarão seja usado. Nunca. 

Mercedes concordou com a cabeça. 

-Muito bem, garoto. 

Ele apenas sorriu.

                                     .....

         Mandela entrou em seu quarto e trancou a porta. O dia fora muito proveitoso. Quatro mulheres enforcadas, com a pele azul e os olhos quase saltando para fora das órbitas. Ele só lamentava não tê-las executado com as próprias mãos. Olhou seu reflexo no espelho. Seu corpo, que parecia de carne e osso, era velho e enrugado, e suas costas doíam regularmente. Aquilo era muito real, como aquele bando de tontos conseguiu acreditar que ele era um fantasma? Ele precisava admitir que tomar a aparência de Nelson Mandela havia sido uma das melhores ideias que ele tivera na vida. Ele uniu as palmas das mãos. Depois começou a separá-las devagar, começando pelos dedos. Depois, rapidamente fechou as mãos em forma de concha e puxou-as para o lado. Uma luz amarela começou a sair de seu corpo. Logo, não era mais Nelson Mandela que aparecia no espelho, mas Fritz Schadenfreude. Satisfeito com o que viu, Fritz apanhou uma toalha e foi tomar banho. 


Notas Finais


A história vai ficar mais séria por um tempinho agora, mas não há motivo para pânico.


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