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História Common Denominator - The truth


Escrita por: SahKatrina

Notas do Autor


Bom, mais uma vez estou voltando dentro do prazo, hein? Dessa vez com um capítulo menor, mas ainda assim, com aquele momento tenso que todos estavam esperando! Admito que tive um enorme bloqueio com esse capítulo, pois foi muito complicado pensar em como seria a reação de cada pessoa envolvida, sabe? Eu não sei se consegui passar o que eu queria, mas eu espero que vocês gostem e leiam com carinho! Mesmo que muitas pessoas estejam deixando de ler, e que a 99% nem mesmo dê sinal de que está lendo mesmo, eu espero que vocês estejam se satisfazendo e aproveitando o máximo de Common Denominator!

Em fim, eu corrigi, mas sempre passam erros despercebidos, relevem, por favor!
Espero que a raiva que estão sentindo por mim tenha passado e boa leitura, pessoal!

*sem capinha de capítulo porque estou sem computador!

Capítulo 42 - The truth


Allyson Mallette Point Of View

Pi...pi...pi...

Minha cabeça doía devido àquele som repetitivo e estridente, bem próximo aos meus ouvidos. Todo o meu corpo parecia moído e meus olhos não abriam. Coloquei meus esforços em tentar abri-los, ou simplesmente entender o que aquelas vozes ruidosas ao meu redor pareciam querer dizer, mas tudo o que eu podia escutar era aquele barulho irritante que estava conseguindo me irritar.

Não demorou para que eu votasse a inconsciência.


Despertei novamente, algum tempo depois. Meu corpo parecia melhor. As dores haviam diminuído, mas o barulho ainda era irritante e próximo. Mais uma vez, tentei abrir meus olhos para enxergar o que acontecia ao meu redor, que parecia bastante silencioso. Surpreendi-me ao conseguir. Pisquei algumas vezes, tentando me acostumar com a claridade singela que banhava o que parecia ser um quarto. Um quarto de hospital.

E em uma fração de segundos, as memórias daquele dia voltaram de uma vez. Arquejei baixinho de dor, quando uma pontada aguda tomou minha cabeça, junto dos acontecimentos. Aquele meu ato pareceu chamar a atenção de quem estava no quarto.

— Allyson, você está bem? — A voz preocupada de Jazmyn atingiu meus ouvidos, fazendo-me procurar por ela. Contudo, encontrei Justin em seu lugar.

Meus olhos pareceram grudar aos seus. Ele estava cansado. Mais magro. Tinha expressões duras, como nos primeiros meses em que nos conhecemos. Permaneci quieta, observando-o minuciosamente, sentindo algo dentro de mim se agitar.

— Ally... Você me escuta? — Jazmyn repetiu, sua mão agora segurava a minha e aquilo foi o suficiente para me fazer olhar em seu rosto pela primeira vez. — Você está bem?

Abri a boca para responder, no entanto, minha garganta estava seca demais para que eu pudesse pronunciar qualquer coisa que fosse. Acabei por tossir, sentindo-a arder devido ao esforço.

— Água, Chaz! — A voz de Justin se fez presente e eu franzi o cenho, tentando procurar por Chaz naquele quarto. O enxerguei pouco depois, quando o mesmo veio me entregar um copo d’água. Senti um tremendo alívio assim que aquele líquido desceu por minha garganta, causando-me uma sensação de bem estar.

— O que faz aqui? — Consegui sussurrar momentos após, direcionando meu olhar a Charles, que agora estava aos pés da cama, me observando atento.

— Como assim? Nem acordou e está me expulsando? — Fingiu-se ofendido e eu franzi o nariz, lembrando que ele provavelmente estava ali por causa de Matthew. Eu precisava avisar a Justin sobre seu primo.

— Matthew! Matthew... Foi ele, Justin... — Murmurei, minha garganta ainda sensível.

— Shiii! Eu sei, não se preocupe. — Pediu, sorrindo pequeno e um pouco triste, enquanto acariciava meus cabelos.

Olhei desesperada para Jazzy, lembrando-me do fato mais importante no meio de toda aquela merda: meus filhos. Eu precisava saber se eles estavam bem, mas não podia perguntar na frente de Justin. Eu não podia arriscar que ele me obrigasse a abortar, ou que todos ali soubessem da verdade.

— Por que não me contou, Allyson? — O tom de voz de Justin me deixou curiosa para saber exatamente do que ele estava falando. Parecia magoado, cansado. Ele parecia exausto em um todo. Aquilo me fez desconfiar do porquê.

— Te contar...? Justin...

— Que estava grávida — Esclareceu. Droga, era óbvio que ele já sabia! Mas aquilo não era o que havia chamado minha atenção. — Eu teria te protegido mais; eu teria ficado ao seu lado, Allyson. Eu não acredito que não me contou que...

— Estava...? — Murmurei, focando-me apenas naquela palavra. — O que isso...

O olhar dos três presentes ali, foi o suficiente para responder àquela questão silenciosa. Não! Não! Ele não podia ter feito aquilo comigo. Matthew não podia ter conseguido tirar tudo o que mais me importava naquele momento. Ele não... Meus filhos!

A dor que me dilacerava de dentro para fora era indescritível. Eu não sabia explicar como aquilo doía. Meu coração parecia estar sendo arrancado de meu peito aos poucos. Senti o ar ficar rarefeito, e todo o oxigênio que meus pulmões conseguia não parecia suficiente. Minha mente estava vazia. Lembrei-me do som dos coraçõezinhos batendo dentro de mim, das inúmeras vezes em que eles se mexeram, agitados.. As sensações que eu senti em cada um desses momentos.

— Calma! — A voz de Justin adentrou meus ouvidos de forma sussurrada, e seus braços me rodearam. — Eu sinto muito por isso, Allyson. Eu sinto muito por não ter te protegido.

— Eu... E-eu achei... Que fosse... Que fosse pedir que eu abortasse! — Murmurei entrei soluços e lágrimas, agarrando-me mais a ele. Puxei sua camiseta, enfiando meu rosto em seu peito, enquanto soluçava e chorava ruidosamente.

— Eu sei que não sou a melhor pessoa do mundo, mas nunca te pediria algo assim, Allyson! — Seu tom de voz indicava que estava magoado com minhas suposições, mas eu não podia fazer muito por ele naquele instante. Eu só conseguia me enterrar em minha própria dor, e buscar em seus braços um conforto mínimo que fosse.

Por alguns minutos, eu sentia como se estivesse de volta a casa de Justin, como se nunca tivéssemos estado separados um do outro. Suas mãos acariciavam meus cabelos e minhas costas, trazendo-me um conforto que, infelizmente, eu sabia que não poderia encontrar em mais ninguém. Justin era meu irmão, mas naquele momento, ele era apenas meu parceiro. Era apenas o pai de meus filhos, que também sofria com a perda de suas crianças. Crianças que eu havia omitido a existência. Com aquilo pesando também em meu coração, senti meu choro se intensificar e minhas mãos doerem devido a força que aplicava ao agarrar o tecido da roupa de Justin.

Eu tentava ignorar a dor que tomava conta de meu abdômen, subindo por cada um de meus nervos, atingindo todo o meu corpo. Buscava no corpo grande e quente ao meu lado, todo o apoio que necessitava.

Provavelmente, longos minutos haviam se passado para que eu me acalmasse. Eu sentia um vazio enorme dentro de mim, e não queria me afastar de Justin, mesmo que minhas lágrimas já não caíssem mais por meu rosto. Eu queria ter ele perto de mim, sem me importar com como aquilo poderia parecer.

— Está mais calma? — Sussurrou baixinho em meu ouvido, seus dedos ainda embrenhados em meus cabelos enquanto sua outra mão acariciava minhas costas em pequenos círculos calmantes.

— Eu sinto muito! — Falei em resposta, sem a coragem de encarar suas orbes carameladas que sempre foram minha fraqueza.

— Pelo que? — Sua voz saiu um pouco mais alta dessa vez. Eu queria ter certeza de que estávamos sozinhos no quarto, mas não conseguia simplesmente me afastar. Eu não me importava se alguém ouvisse também. Não me importava com mais nada naquele momento.

— Por ter escondido a gravidez de você. — Respondi, permitindo que um de meus braços abraçasse sua cintura. Era incrível como eu só percebi naquele instante como sentia falta de seu corpo próximo ao meu. — Mas... Tudo estava tão confuso. E Tom cada vez mais te cercava... Eu fiquei com medo da sua reação também. — Admiti. Mais alguns soluços escapavam por meus lábios, enquanto eu murmurava baixinho.

— Eu poderia ter te protegido, babe!

— Eu também fugi para me encontrar com Matthew. — Neste momento, Justin pareceu ter se chocado e tentou se afastar de mim, mas eu o abracei mais forte, voltando a choramingar baixo. — Eu sei! A culpa é minha! Eu não deveria... Eu fui com ele e nos entreguei de bandeja.

— Você foi muito estúpida, Allyson! Droga, você sabe como colocar aquele monte de seguranças atrás de vocês foi difícil? Caralho! — Parecia realmente irritado, e seus carinhos em meu corpo cessaram. Aquilo foi ainda mais doloroso para mim.

— Desculpe! Desculpe! — Eu sussurrava desesperada, sentindo-me tremer contra seu corpo. Minha mente parecia estar entrando em choque ou algo do tipo. Aos poucos, sentia meu corpo desfalecendo. Enquanto murmurava baixinho pedindo por perdão, senti minha mente apagar completamente.


Justin Drew Bieber Point of View.

— Allyson! Allyson! — Chamei preocupado, afastando-me de seu corpo frágil quando suas mãos soltaram-me. Mordi o lábio inferior em apreensão. — Chaz, chame o médico, acho que ela desmaiou. — Pedi afoitamente, assim que vi seus olhos fechados e seu corpo não respondendo aos meus chamados.

Ele assentiu, correndo até a porta para gritar por alguém, enquanto eu me afastava do corpo alheio que parecia ainda menor e frágil. Allyson estava pálida, seu rosto estava inchado. Eu me sentia um lixo por deixá-la passar por algo como aquilo. Eu deveria protegê-la, não fazer com que passasse por aquilo. Eu deveria ter cuidado mais de si.

Suspirei cansado e frustrado, enquanto observava uma enfermeira aplicava algo no soro de Allyson. Pattie estava em um canto do quarto, olhando para a cena apreensiva, seus lábios avermelhados e deus olhos inchados. Ela estava preocupada com a filha.

— Justin...? — Voltei meus olhos para Jazmyn, curioso sobre o motivo de seu chamado. Ela estava quieta até então, apenas analisando o ambiente minuciosamente. Eu podia sentir seus olhos sobre mim, mas minha cabeça não parecia querer de importar realmente com algo que não fosse a morena sobre a cama daquele quarto sem graça. — Será que poderíamos conversar?

E sem esperar por uma resposta, ela deixou o quarto silenciosamente, esperando que eu a seguisse. Não demorei muito para fazê-lo, encontrando-a escorada contra uma das paredes do corredor, um pouco afastada da porta do quarto. Analisei toda a extensão do corredor, vendo seguranças meus nas duas extremidades, o armamento pesado sendo ostentado em suas mãos. Tom teria trabalho para chegar até Allyson, caso tentasse.

— O que quer? — Indaguei, sem me importar realmente. Eu só queria voltar para dentro daquele quarto.

— Conte-me toda a verdade. — Pediu e eu bufei, irritado.

— Do que está falando, Jazmyn? Se for alguma infantilidade sua, saiba que não tenho tempo para isso! — Rebati irritado, pronto para voltar para o quarto de Allyson.

— Os filhos eram seus, não eram? — Meus movimentos cessaram no mesmo instante, e eu senti meu sangue gelar. Porém, negar nem mesmo passou por minha cabeça.

— Eram — Concordei simplesmente, vendo-a assentir.

— Eu quero saber de tudo... Como se conheceram? Por que se aproximaram? Allyson realmente... Foi sequestrada? — Resmungou baixinho, suspirando no final ao ter seus orbes focados aos meus. Soltei o ar pesadamente.

— Eu sou parte disso, e você não precisa saber mais do que isso. Quando Allyson estiver melhor, ela mesma irá te contar, eu sei que vai. Só não fale nada com Pattie sobre isso.

— Eu não irei falar, não se preocupe. Eu sei que a história deve ser muito maior por trás disso. — Assenti. — Nós teremos mesmo que ficar todos em sua casa, sob sua proteção?

— Sim. Até que eu tenha certeza do que nos rodeia, vocês irão morar comigo.

Sem deixar espaço para que ela questionasse mais, apenas lhe dei as costas, voltando para perto de Allyson.

Allyson Mallette's Point of View

Aquele quarto de hospital era sufocante. Eu sentia-me presa entre aquelas quatro paredes, com pares de olhos observando cada movimento meu como se esperassem alguma coisa, e eles realmente esperavam. Mamãe esperava que eu lhe explicasse muitas coisas, e um delas era a minha gravidez; Jazmyn queria entender o porquê da minha fuga, e como eu acabei parando ali naquela cama de hospital, sem meus filhos; Christian queria entender o porquê de eu não ter lhe contado sobre tudo, o porquê de não ter confiado o suficiente em si; Ryan só tinha preocupação e um pouco de pena em seu olhar, assim como Charles. Até mesmo Ellen estava ali, e ela parecia esperar o momento em que eu a agradeceria por ter salvo a minha vida, mas eu ainda não podia saber se me sentia realmente grata a ela por isso.

Havia muita gente ali, aguardando por algo, ansiando por uma palavra se quer. Eu podia sentir os sentimentos confusos, agitados, perdidos. Todos ali tinham apenas metade da história. De um lado, alguns sabiam de minha história com Justin, meu sequestro e sobre Tom; do outro, havia Jazmyn, que sabia de minha gravidez e acompanhara de perto cada passo meu nos últimos meses. E, então, havia minha mãe: ela não sabia do sequestro, muito menos da gravidez. Ela apenas estava ali, perdida e implorando por explicações, com aqueles belos olhos azuis que pareciam brilhar e se destacar ainda mais por conta das lágrimas e da vermelhidão.

Apesar de tudo, o olhar mais profundo e que mais me machucava e perturbava, era aquele belo par de olhos âmbar, antes tão cheios de mistério, agora carregados em algo muito mais profundo. Era mais intenso e mais dolorido. Eu não podia aguentar o peso que aquele olhar banhado em dor e culpa de Justin mostravam. Eu me sentia a pior pessoa do mundo. Eu havia perdido meus filhos e toda a alegria que eles me proporcionavam mesmo que da barriga, mas Justin ao menos tivera a oportunidade de saber que seria pai, antes de que Tom arrancasse isso de nós dois. Antes de eu ser estúpida o suficiente para confiar cegamente em alguém que eu não conhecia de verdade. Alguém que eu julguei ser uma das melhores pessoas do mundo, mas que no final, só queria a minha dor e a daqueles que eu amo.

Suspirei baixinho, buscando no lugar mais fundo de mim a coragem para me pronunciar sobre algo. Sobre qualquer coisa. Eu só não podia chorar novamente, não podia ser fraca diante de todas àquelas pessoas. Eu os conhecia, mas naquele instante, era como se eu pudesse desconfiar de tudo e de todos. Eu já havia sido traída, e aquilo acarretara em problemas que nunca seriam solucionados. Em lacunas enormes dentro do meu peito. Eu só queria ficar sozinha, mas ninguém entenderia aquilo. Naquele momento, não. Eu devia explicações, sabia disso. Só não sabia como dá-las.

— Eu acho que não é permitido tanta gente em um quarto — Murmurei baixinho, mordendo meu lábio inferior fortemente. Eles estavam ressecados e rachados. Uma pequena pontada de dor, e o gosto do sangue foram o suficiente para me fazer querer chorar novamente, mas eu me mantive firme, precisando abaixar a cabeça pra disfarçar meus olhos lagrimejarem.

Todos pareceram se agitar por um segundo, antes de que Ryan tomasse a frente, pois ninguém ali parecia apto ou corajoso o suficiente para falar algo.

— Quer que saíamos? Podemos ficar no corredor... — Balbuciou, sua voz firme chegando aos meus ouvidos de modo mais familiar do que eu poderia esperar.

— Eu quero falar com a minha mãe e Jazmyn, se não se importarem — Pedi, tentando sorrir, minimamente que fosse. Falhei.

— Claro! Acho que vocês têm muito o que conversar — Chris assentiu, sorrindo pequeno para mim. Mesmo que eu o visse frequentemente, ele ainda parecia mais bonito e sua imagem parecia me trazer ainda mais conforto naquele momento. Eu queria abraçá-lo.

Assenti, devolvendo seu sorriso da melhor forma que pude, enquanto observava todos saírem em silêncio do cômodo. Ri fraco ao receber um pequeno sorriso e aceno tímido de Chaz, nem um pouco comum a sua personalidade animada e feliz. Justin ficou por último, pronto para sair e fechar a porta, mas eu o chamei. Ele tinha de estar ali comigo. Ele tinha de estar ao meu lado quando eu contasse tudo. Eu não conseguiria passar por aquilo sozinha. Não naquele momento.

Os olhos de Pattie passaram em uma fração de segundos de Justin para a minha figura moribunda na cama, e repetiu o ato algumas vezes, antes de exigir que eu lhe explicasse logo toda a situação.

— Okay... Bom... Eu não sei por onde começar, na verdade... Eu...

— Que tal começar pelo fato de que você estava grávida? Grávida, Allyson! E pior, de algum homem nojento que te sequestrou e fez não sei o que mais contigo! — Pontuou irritada, voltando a derramar algumas lágrimas.

— Tia, calma... — Jazmyn pediu, tocando o ombro de minha mãe, enquanto tentava me passar força com o olhar.

— Tudo bem... — Murmurei, respirando fundo, e a mão de Justin segurou a minha, apertando-a com confiança. — Bom, as coisas são bem mais complexas que isso...

— Acho que eu preciso explicar algo antes de que Allyson conte todo o resto. — Justin se pronunciou, finalmente fazendo com que os olhares das duas se voltassem para si e, consequentemente, para nossas mãos unidas. Jazmyn assentiu, sorrindo discretamente para nós.

Naquela altura, eu já sabia que todos os tipos de coisas de passavam pela mente de minha mãe. Ela desconfiava de tudo, principalmente das nossas mãos unidas ali, sobre o cobertor fino daquele hospital, que parecia não ajudar em nada aquele frio na espinha que se apossava de mim. Droga, aquela era a hora! Tudo seria revelado e eu sabia que a reação de ambas não seriam boas. Eu fui egoísta e infantil, trocando minha vida e família por alguém que havia me sequestrado, estuprado e batido. Eu era a pior pessoa do mundo.

— Por todo esse tempo, eu menti para vocês — Justin anunciou sem delongas, direto como sempre, mas sua mão tremia e suava contra a minha. Eu acabei por ficar surpresa diante a sua insegurança, era algo inédito para mim, portanto, apenas acariciei sua mão levemente, tentando ser discreta, mas aquilo não pareceu funcionar, já que os olhos de águia de mamãe concentraram-se naquilo rapidamente. — Eu não sou um universitário, nem sou alguém bom como vocês julgam e esse é o inicio para tudo.

— Você seguiu pelos mesmos caminhos que seu pai, não foi? — Pattie indagou decepcionada, como se já imaginasse aquilo. Justin apenas assentiu, apertando mais meus dedos que estavam entrelaçados aos seus.

— Eu fui o responsável pelo sequestro de Allyson — Continuou sério, sem demonstrar em seu rosto o quão nervoso estava. — E eu fui responsável por tudo de ruim que aconteceu na vida de vocês, eu sinto muito por isso.

— Você... — Os olhos de nossa mãe se encheram de lágrimas, e eu nunca pensei vê-la tão magoada como naquele momento. Eu sentia meu peito doer em vê-la daquele modo. E ela nem sabia do resto.

— A senhora realmente quer que eu conte tudo? — Perguntei, vendo que ela simplesmente estava muda diante daquela informação. Seu filho havia sido responsável pelo sequestro de sua outra filha...

— Eu quero saber de cada detalhe.

— Oh, isso não vai ser muito agradável... Nem rápido. — Justin comenta um tanto quanto debochado e eu só queria que ele calasse a boca a partir dali, porque nossa situação há era ruim, vergonhosa demais e desesperadora para um caralho.

— Tudo bem... Eu posso fazer isso — Anuo, respirando fundo.

Em minha mente, eu não achava palavras para narrar todos aqueles meses presa na casa de Justin, nem mesmo para explicar tudo o que ocorrera ali dentro. Então, optei por ser o mais sincera possível, enquanto omitia algumas partes que poderiam tornar tudo aquilo ainda pior. Eu via as expressões horrorizadas da minha mãe a cada fato que eu contava e aquilo me fazia querer me encolher sob o cobertor e não sair. Eu sentia vergonha por tudo o que fiz, sentia-me humilhada por contar tudo a qual fui submetida, e pior, com consentimento. Enquanto eu vivia aquilo, eu não conseguia pensar em tudo o que estava conseguindo pensar naquele momento. Expor tudo fora a coisa mais difícil que eu já havia feito na minha vida, e eu já havia agido contra Tom pessoalmente, até mesmo enfrentado Justin em seus piores momentos.

Quando eu finalmente finalizei, contando sobre meus dias sob a proteção de Christian, minha mãe se encontrava em lágrimas, e seus olhos pareciam não suportar me olhar por muito tempo. Ela não conseguia me olhar nos olhos, parecia decepcionada e eu sei que realmente estava. Eu nunca me senti tão mal.

— Me desculpe... — Murmurei, sentindo que segurar o choro se tornaria impossível. Eu não conseguia aguentar a aquilo. Eu me sentia sem ar, e meu cérebro parecia querer se desligar daquele momento, mas eu não podia fazer aquilo. — Me desculpa, mamãe! Por favor... Eu sinto muito! Eu...

Sem palavras, eu apenas tentei me conter, respirando fundo e buscando em Justin um apoio, porque, naquele momento, eu me sentia um lixo. Eu não tinha meus filhos, eu não tinha uma estabilidade na vida, e perdera a pessoa que eu mais amava no mundo, a única que poderia me manter de pé nos eixos.

— Vocês dois... Eu não consigo entender. Allyson... Como pôde se submeter a algo assim? Eu sei que não fui a melhor mãe do mundo. Eu fui ausente em muitas partes, mas eu sei... Eu sei que não faltei em amor e carinho. Eu prezei sua educação, e sei que não faltei quanto a isso, mas... Eu não lhe dei amor e carinho o suficiente? Você precisou buscar em alguém que lhe maltratou desse modo por amor e carinho? Eu sinceramente não consigo entender! — Pediu desesperada, deixando que suas lágrimas grossas descessem por seu rosto, evidenciando todo o seu desapontamento... Se é que podíamos chamar de um simples desapontamento. — Eu não posso dizer nada sobre Justin, além de que eu esperava que você fosse diferente. Eu sonhei por todos esses anos, que você seria diferente dele. E quando você apareceu em minha porta, tão bonito, com todas aquelas palavras bonitas e com todas aquelas mentiras, eu sabia que não podia ser verdade, mas eu quis me agarrar àquilo. Eu queria que aquilo fosse verdade e que o meu bebezinho não tivesse sido exposto a uma vida tão cruel como a que Jeremy levava; que toda a maldade que existia naquele homem, não pudesse ter sido passada para aquela criança adorável que foi parte de mim por todos os anos.

— Justin não é assim! — Neguei sobre os soluços. — Ele não é como o pai dele, mãe.

— Eu não acredito no que estou ouvindo! — Um riso incrédulo pode ser ouvido e eu me encolhi, sentindo Justin rir ao meu lado.

— Allyson, vamos lá! Nós já estamos bem fodidos para você querer me defender agora, tudo bem?

— Escute... Eu sei que encontrar sua mãe foi o seu maior sonho e não adianta negar. Eu estive lá por todos esses meses, e eu sei o quanto você mudou após começar a ver nossa mãe. E eu também sei o quanto você mudou por mim. Eu posso estar sendo muito inocente ao pensar assim, mas... Você me ama e isso o tornou alguém melhor. Eu acredito nisso. — Falei convicta de minhas palavras. Justin não era alguém ruim. Ele definitivamente não era como o pai dele. Jeremy era cruel, gostava de ver o sofrimento alheio, eu sabia disso apenas por conversar com Rose.

— Isso não existe, Allyson! As pessoas não mudam por amor, ou por qualquer outra coisa. Acredite, eu já estive em sua posição. Eu acreditava que Jeremy seria um homem melhor, principalmente após o nascimento de Justin. Porém, eu precisei me esconder para que ele não matasse meu filho.

— Justin não é assim! — Reafirmei.

— Se ele não é assim, porque omitiu sua gravidez dele? Eu pude ver que ele não sabia disso quando Jazmyn nos contou.

Quanto aquilo, eu não tinha o que argumentar. Eu havia ficado amedrontada com a possibilidade de que Justin simplesmente me obrigasse a matar nossos filhos. Eu não sabia o que ele podia fazer, não sabia o que ele podia sentir. Justin sempre fora uma incógnita para mim, e eu tinha meus motivos para desconfiar de suas reações.

— Viu? Você ainda é jovem, Allyson! Não sabe nada da vida. Deus! Como eu pude permitir algo assim?

— A culpa não foi sua, mamãe. Eu sinto muito.

A verdade era que, estranhamente, eu me sentia mais leve. Eu havia contado o meu maior e, provavelmente, único segredo de meus poucos anos de vida. Eu não precisava mais fingir que não existia nada entre Justin e eu. Nós nos conhecíamos e tínhamos uma história, por mais maluca que ela fosse, e eu não precisava mentir sobre isso. Aquilo havia tirado um peso enorme de meus ombros.

— Com licença — Todos nós tivemos nossa atenção chamada para a porta, onde um médico adentrava o quarto vagarosamente. — Eu preciso checar a paciente.

— Claro! — Jazmyn concordou, falando pela primeira vez, e só então eu me virei para ela. Minha amiga sorria pequeno para mim, reconfortando-me. Senti meu peito aliviar um pouco da culpa. — Eu acho que precisamos de um pouco de ar, tia Patricia. — E Jazmyn simplesmente conseguiu levar o corpo inerte de minha mãe para fora do quarto.

— Você está se sentindo bem? — O médico indagou, checando o soro ai meu lado, só então me fazendo perceber aquela agulha enorme em meu braço. Fiz careta, levando-o a rir. — A maioria não é muito fã de agulhas — Contou, rindo levemente.

— Eu sinto um pouco de dor de cabeça. — Falei baixo, vendo-o checar sua prancheta.

— Um pouco mais de sono, e ela irá embora. Muitas emoções, certo? — Assenti, suspirando alto. — Veja, eu sei que perder um filho é triste. Eu vi muitas mulheres aqui sofrerem por isso e eu não sei explicar o quanto me magoa ver vocês passando por algo assim. Mas você é jovem, querida. Você poderá tentar novamente. — Sorriu amigável, acariciando meus cabelos levemente. — Tudo o que precisa fazer agora, é descansar, tudo bem?

— Okay. Obrigada. — Ele sorriu gentil, balançando a cabeça levemente para Justin, que permanecia parado ao lado da minha cama, antes de deixar o quarto. Voltei minha atenção ao loiro ao meu lado, e suspirei. — Eu devo tantas desculpas a você também. Nós passamos por tantas coisas e ainda assim, eu tive muitas duvidas sobre tudo o que poderia acontecer se eu te contasse a verdade.

— Você teve medo por nossos filhos, eu entendi isso. — Deu de ombros, sua voz suavemente demonstrando que ele havia ficado magoado com a minha insegurança em si. — Mas eu juro que cada um daqueles que estavam envolvidos com isso, pagará um preço muito alto, Allyson.

— Justin... Eu também estou com ódio. Você não pode imaginar o quanto, mas... Esse guerra com Tom... Isso não está na hora de acabar? Você viu o quanto isso nos machucou. O quanto está tirando de nós! Eu perdi meus filhos Justin e não quero perder mais ninguém!

— Não se preocupe com isso, Allyson. Você precisa se recuperar agora. Eu cuidarei de tudo. Essa guerra vai acabar, e não será eu ou um dos que ama que ira morrer.

— Droga, Justin! Por favor, pare com isso! — Somente em vislumbrar o brilho mórbido em seus orbes, eu sabia que aquilo acabaria em sangue. Era óbvio que terminaria em morte, e Justin não deixaria barato. Ao mesmo tempo que eu podia ter aquele sentimento de vingança por ter perdido meus filhos, eu sentia uma angústia sem igual. Eu tinha medo por minha família, por mim e por Justin. Eu só queria que as coisas pudessem acabar de uma forma melhor. Aquele mundo cruel só conseguia me destruir aos poucos por dentro.

  — No final, eu sou como o meu pai e não posso negar isso, Allyson.


Notas Finais


Estou me tremendo! Na verdade, acho que estou sempre tremendo de nervoso quando vou postar um novo capítulo de Common! Eu ando tão receosa com essa fanfic e com o que vocês podem achar!! Vocês não me deixam saber o que estão pensando sobre esses novos caminhos e essa nova fase, então, eu fico bastante perdida!

De qualquer jeito, espero que tenham tido uma boa leitura! E, mais uma vez, antes de partir, deixo aqui panfletado mais um pouquinho minhas outras fanfics bem chuchuzinhas:
Complete: https://spiritfanfics.com/historia/complete-5844307
Instintos: https://spiritfanfics.com/historia/instintos-8213397
.tranquilus: https://spiritfanfics.com/historia/tranquilus-8961164
O Crush da Cafeteria: https://spiritfanfics.com/historia/o-crush-da-cafeteria-6947401

Bom, agora sim, ATÉ MÊS QUE VEM! AMO VOCÊS!


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