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História Common Denominator - Verdades


Escrita por: SahKatrina

Notas do Autor


É dia 13, então, cá estou eu (quase fora do prazo, mas cheguei)!
O capítulo foi escrito, praticamente, inteiro em uma única noite, porém, os últimos parágrafos me renderam algumas horas a mais pensando, para finalizá-lo hoje. Também enrolei porque queria fazer a capa do capítulo para entregar bonitinho pra vocês, mesmo que ela não tenha ficado lá essas coisas. Obrigada por cada comentário no capítulo passado e por cada novo favorito!
Em fim, esse capítulo pode parecer parado (e enorme), mas é necessário! A ideia veio junto do último comentário da @itstomlinson!
Espero que aproveitem, boa leitura!

PS.: Revisei por cima, então, pode conter erros de digitação, escrita, entre outros. Perdoa nois!

Capítulo 43 - Verdades


Fanfic / Fanfiction Common Denominator - Verdades

Justin Drew Bieber Point of View

— Você tem certeza disso? Dois meses? Eu não acredito! Eu quero agilidade, cacete! — Gritei irritado, batendo contra o tampo de vidro da mesa, fazendo Ryan bufar.

  — Se quer agilidade, coloca um foguete no cu e vá você mesmo voando até a Alemanha e pegue as armas, caralho! — Retrucou. — Eu falei que a porra do superintendente que cuida das fronteiras marítimas foi trocado! O babaca que cuidava disso saiu e agora não temos aliados para aliviar a barra. O trajeto mais seguro e garantido demora um pouco mais, eu não posso agilizar isso! A menos que queira perder toda a carga e ainda ter seu nome na boca daqueles merdas do exército — Deu de ombros, observando-me calmamente.

  — Esse tempo vai ser bom, Bieber. — Christian se pronunciou, levantando-se do sofá em que se encontrava e vindo para perto de minha mesa. — Sua casa está cheia, Allyson está saindo do hospital hoje e Chaz está quase entrando no sistema do Walker. Nós precisamos planejar tudo com calma e paciência, e não cagar tudo com pressa e colocar em risco todos que você ama. Porra, tem uma criança na sua casa! Tem sua irmã, a mãe dela e a sua mãe... Eu sei que você não quer colocar a vida de nenhuma delas em risco, assim como sei que também não quer colocar a vida de Allyson em risco. Então, apaga esse fogo todo ai, e coloca esse cérebro para funcionar. Eu não estou afim de morrer porque você foi um idiota sem noção!

Respirei fundo, deixando que todas aquelas palavras da minha consciência, vulgo Christian Beadles, adentrassem meu cérebro impaciente e cego por vingança. Eu queria ver sangue, eu queria que Tom pagasse por tudo aquilo que fez, mas eu não podia fazer aquilo descuidadamente. Eu sabia disso! Só me sentia cada vez mais ansioso e inquieto. Não conseguia nem mesmo comer direito, pois ter a casa cheia com aquelas pessoas que nem mesmo deveriam desconfiar de toda a merda que acontecia ao meu redor, tendo que me policiar sobre tudo o que fazia ou falava dentro de minha própria casa, era um inferno cansativo ‘pra caralho! Eu não tinha a privacidade da qual estava acostumado, precisava sempre estar lidando com os questionários curiosos de Jazmyn, os olhares decepcionados e o silencio inquietante de Pattie, Jaxon correndo pela casa, querem do conhecer cada canto que eu dizia ser proibido, enquanto Erin estava em seu encalço, pedindo-lhe que se comportasse. Era muito para a cabeça de qualquer um que não tivesse uma cidade para comandar, imagine para mim.

  — Allyson vai na recebeu alta, e você já deveria estar no hospital — Chaz avisou, fechando o notebook que carregava consigo para todo canto. Ele havia entrado no sistema do hospital para se manter atualizado sobre Allyson, e eu apenas agradeci silenciosamente, pois iria pedir aquilo mesmo que ele não o fizesse.

Allyson já estava há quinze dias internada, pois havia passado por algum tipo de procedimento por conta dos bebês, e precisou esperar que não sei que sangramento parasse. Eu não lembrava de tudo o que o médico me dissera há dias atrás, mas sabia que sua situação física já estava melhor — melhor que a emocional e psicológica, pelo menos —, e ela estava pronta para vir para casa. Isso era ótimo, porque eu não aguentava mais dormir em uma poltrona desconfortável todas as noites, acordando sempre que uma enfermeira adentrava o quarto para checar Allyson. Era desconfortável e eu odiava o cheiro de hospital, por mais que já tivesse me acostumado com o mesmo.

  — Eu vou ir buscá-la. Por ora, acho que não temos muito o que fazer. — Avisei, levantando-me. — Na verdade, Chaz tem. Você não pode dormir, beber ou comer enquanto não conseguir invadir as câmeras da casa daquele bosta! Ellen já fez a pior parte, agora é contigo. — Informei, fazendo-o rir desdenhoso.

  — Pior parte... Entrar naquela casa e instalar meu dispositivo na sala de Tom é fácil, eu mesmo teria feito! Por que não manda ela vir aqui tentar invadir essa porra que parece ter sido feita por alguém do Pentágono! — Reclamou como uma criança, fazendo todos nós rirmos.

Deixei eles na minha sala, saindo da mesma para subir até o quarto em que minha mãe estava ficando. Ela não havia direcionado uma única palavra a mim por todas as duas semanas que passou morando nessa casa. Por vezes, ela apenas vagava pela casa como um fantasma dia e noite, os olhos parecendo perdidos e pensativos, enquanto direcionava olhares decepcionados e julgadores para mim sempre que nos cruzávamos. Ela estava sempre por perto quando alguém chegava, prestando atenção em tudo, porque, sim, eu sabia que ela estava prestando atenção em tudo o que era falado. Ela parecia longe, mas na verdade ela estava tentando entender tudo o que acontecia enquanto me matava mentalmente. Eu sentia um arrepio estranho na espinha sempre que pensava nisso. Minha mãe me odiava agora e isso... Porra, era uma sensação horrível! Eu me sentia um merda por tudo o que tinha acontecido.

  — Posso entrar? — Indaguei mansamente após deixar batidas na porta do que antes era o quarto de Allyson. Ela apenas murmurou em resposta, dando-me permissão. — Estou indo buscar Allyson — Informei, esperando que ela se levantasse e dissesse que ia junto, porém, ela apenas permaneceu sentada em uma cadeira na varanda do quarto pouco iluminado, olhando para mim. — Você não vai ir? Não foi visita-la por todos esses dias, e não vai ir buscá-la também? — Suspirei frustrado ao não receber nada mais do que aquele olhar desgostoso sobre mim. — Eu sei que me odeia, tudo bem? Mas não faça isso com ela. — Pedi, deixando que minha pose de macho alfa ou qualquer merda daquela fosse ralo abaixo. — Ela não merece isso. Allyson acabou de perder os filhos e está se culpando por isso de forma cruel por todos esses dias! Ela tem se sentido sozinha, e tem tido pesadelos todas as noites, enquanto pede desculpas aos filhos e a você. Eu sei que nós erramos... Eu errei. Mas tudo o que ela mais precisa agora é de cuidados. Eu tenho medo do que Allyson possa fazer consigo mesma caso você a rejeite ou a julgue. Por favor, tente passar por cima de tudo, por mais difícil que possa ser. — Ela permaneceu do mesmo modo, o que me fez assentir enquanto deixava um riso desacreditado sair por meus lábios. — Ótimo! Bom, pense nisso de qualquer jeito.

Deixei o quarto enquanto batia a porta do mesmo com força, e desci as escadas rapidamente. Não precisei nem chamar Jazmyn, pois ela parecia já saber onde eu estava indo, e sem uma palavra me seguiu até o carro. O caminho para o hospital ocorreu sob uma conversa calma e descontraída sobre como ela sentia falta de Allyson, e em como ela achava que a amiga iria amar o quarto que havíamos montado. Por ter passado por uma curetagem, Allyson precisaria ficar quarenta dias em repouso total — ou seja, mais vinte e cinco dias sem se estressar ou fazer qualquer esforço que fosse —, então, eu achei melhor montar um quarto no andar inferior, próximo ao meu escritório. Ela não teria que subir escadas, e eu estaria por perto sempre que necessário. Eu sentia meu senso protetor com Allyson ainda mais forte depois de tudo o que acontecera.

Ela havia sido uma garota irresponsável e burra, acreditando em tudo o que o babaca do Matthew — que o diabo esteja cuidando muito bem dele! — falava, e era a pessoa que mais sofria com tudo aquilo. Eu também havia perdido meus filhos e me sentia impotente por não ter feito mais para protegê-los, no entanto, Allyson havia fugido e ajudado para que tudo aquilo acontecesse. Ela sentia uma culpa surreal com tudo aquilo e era deplorável vê-la passando por tudo aquilo. Os gritos desesperados durante a madrugada, os resmungos pedindo perdão durante o sono... Eu não conseguia ver tudo aquilo. Era horrível.

 

  — Pronta para ir embora? — Jazmyn tentou parecer animada, todavia, a expressão apática no rosto de Allyson não ajudava muito. Ela tinha olheiras e seus olhos estava inchados, pois ela havia passado a noite em claro, aos prantos enquanto me pedia um milhão de desculpas por sua irresponsabilidade. Eu havia conseguido acalma-la um pouco a ponto de dormir de cansaço antes de deixar o hospital na manhã daquele mesmo dia, mas ela não deve ter dormido muito mais do que alguns pares de horas.

  — Pattie não veio com vocês? — Indagou curiosa, olhando para a porta com esperança de que a qualquer momento ela fosse abrir e sua mãe pudesse adentrar o quarto com um sorriso. Isso não aconteceria e eu não gostava nem um pouco de ver o brilho de decepção em sua face. — Ela me odeia, certo? — Suspirou, fungando.

  — Ela me odeia! — Retruquei, pegando a cadeira de rodas que a enfermeira havia deixado ali após uma série de instruções sobre como cuidar de Allyson, e de todas as consultas que ela teria dali em diante, do tempo que levaria até que não estivesse mais em resguardo, e os anti-inflamatórios que teria de tomar. — Ela apenas não sabe como agir com você. — Finalizei, pegando-a no colo com cuidado e uma delicadeza espantosa até mesmo para mim, para em fim colocá-la na cadeira.

  — Parem de ser idiotas! Ela não odeia ninguém! — Jazmyn exclamou irritada, porém, parou logo em seguida, parecendo pensar. — Bom, ela provavelmente odeia meu pai, mas isso não vem ao caso. — Deu de ombros, fazendo-me rir. — De qualquer forma, ela é mãe de vocês dois e os ama acima de tudo. Apenas está um tanto chocada demais. Ela me perguntou sobre como estavam por todos esses dias! Deem tempo a ela, assim como a vocês também! Parem de culpar a si mesmos, hm? Ninguém teve culpa do que aconteceu. — Olhei para ela desacreditado, fazendo-a bufar. — Okay, talvez vocês tenham alguma culpa. Você por ser influenciável demais, e você, Justin, por levar essa porra de vida fodida, mas não é como se vocês pudessem mudar o destino. Aconteceu, não podemos mudar isso! Precisamos aprender a como lidar com isso a partir de agora, e levar as coisas até que tudo se resolva, tudo bem? Ninguém odeia ninguém aqui!

Sorri minimamente para ela, acariciando seus cabelos lisos e castanhos como os meus, enquanto anuía para suas palavras. Jazmyn e Christian tinham um dom para dizer a coisa certa e de modo tão sincero que eu só podia ser grato por tê-los perto de Allyson naquele momento. Eu era desastrado demais com as palavras e sabia que não poderia oferecer um terço do conforto que eles conseguiriam. Tanto Pattie, quanto Allyson e eu estávamos fodidos demais para proporcionar conforto ou qualquer outra coisa para nós mesmos e para os outros.

Allyson Mallette Point of View

Justin me colocou deitada sobre a cama macia daquele quarto todo iluminado e em cores vivas e coloridas, enquanto Chaz deixava minha mala sobre uma poltrona ao canto do quarto, ao lado da poeta da sacada. Observei tudo ao meu redor, e por um instante eu pude esquecer que aquela casa era a mesma em que passei meses presa. O clima naquele quarto parecia diferente de qualquer outro canto da casa, tinha uma aura mais leve.

  — Vou pedir para que Rose prepare algo para você, tudo bem? Você está tão magra que eu posso apostar o quão ruim era a comida do hospital! — Chris brincou, fazendo-me sorrir minimamente e concordar. A comida era realmente sem graça e eu sentia falta da comida de Rose. Ele deixou o quarto após deixar um beijo em minha testa, e somente Justin permaneceu ali comigo.

  — Foi estranho entrar aqui de novo? — Perguntou repentinamente, sentando-se aos meus pés na cama. — Quer dizer... Essa casa deve te trazer muitas memórias ruins. — Apenas assenti, sem saber como explicar como me senti. Eu não sentia horror àquela casa, e eu não havia relembrado de nada exato quando adentrei aquelas portas em uma cadeira de rodas. Eu só parecia familiarizada demais com aquele lugar. E não sentia nada em particular. — Eu fico curioso sobre algo — Comentou, olhando-me com ansiedade. Fiz sinal para que ele continuasse. — Os surtos que tinha... Por conta daquilo... Que eu fiz... Continuam? — Indagou um tanto acanhado, e eu assenti, um pouco intrigada com o fato de achar aquele Justin, totalmente desarmado e aberto a minha frente, alguém instigante.

Precisei de alguns instantes para pensar sobre aquilo. Eu não havia sofrido com surtos ou qualquer outra coisa desde que voltara para casa. Na verdade, desde que Justin presenciara aquele momento, eu não havia sofrido com aquilo uma vez mais. Neguei calmamente com a cabeça, vendo-o assentir. Ele parecia satisfeito com isso.

  — Eu acho que nunca cheguei a conversar propriamente com você sobre aquilo, não foi? — Continuei o observando. Por mais acanhado e desconfortável que ele parecesse com o assunto, ele me olhava nos olhos fielmente. Seus olhos âmbar, como duas poças de ouro derretido, recordaram-me de tudo o que havia vindo em minha mente quando Matthew atirara contra mim. Seus olhos estavam gravados em minha mente de forma tão nítida, mesmo perto da morte, eu podia me recordar deles perfeitamente. — Quando você chegou em casa, junto daquelas meninas, eu estava na minha pior fase — Começou, levando-me de volta àquele momento. Quando eu adentrara a casa pela primeira vez. Um frio ruim passou por meu estômago. — Eu não costumava usar nada daquilo que fornecia. Eu nunca gostei de como meu pai se transformava enquanto drogado, e gostava menos ainda de como eu ficava. Mas... Eu nunca me arrependia de nada que pudesse ter feito sobre os efeitos daquilo, sabe? Eu não estava em mim quando fiz aquilo tudo contigo, e nem mesmo consigo me recordar. Contudo, eu sei que que você ainda mantém isso em mente. Eu sei que isso virou um trauma que eu não posso apagar, e eu sinto muito por isso. Se eu pudesse voltar no tempo, eu não teria mandado que pegassem mais garotas naquele mês, nem mesmo teria continuado com algo que meu pai iniciou. Não teria permitido que me conhecer, nem teria lhe feito passar por tudo o que passou. — Seus olhos estavam lacrimejados, e eu não consegui conter um soluço que deixou meus lábios naquele momento. — Hoje, eu não me arrependo de ter te conhecido, mas me arrependo de você ter me conhecido. Você foi a melhor coisa que aconteceu comigo, e eu nunca me arrependeria por ter me apaixonado por você, por mais estranho e repentino que isso possa soar vindo de mim, eu realmente te amo. Eu aprendi isso com você. Aprendi a te respeitar e a expressar isso, mesmo que tarde demais. Eu sinto muito por tudo o que causei na sua vida, Allyson. Sinto muito por ter tocado em você sem sua permissão, por ter forçado coisas que você não queria, e por não ter respeitado seu tempo, seu corpo e você. Aquilo era algo que meu pai fazia a todo o tempo, e que no meu mundo podia parecer comum e certo, mas eu não posso usar como uma desculpa, eu sei.

Eu não sabia como responder àquilo. Eu estava surpresa, chocada. Por dias eu só pude chorar enquanto me lembrava daquilo, passei por surtos que eu mesma não podia entender, e desejei com todas as minhas forças que Justin um dia se arrependesse de tudo o que havia causado a mim e a todas as outras garotas que eram trancafiadas naquela casa, obrigadas a passar por coisas horríveis por um simples capricho de alguém que não tinha alma. Mas ali estava ele, destruindo todos os preceitos que eu tinha no passado e reforçando a imagem que eu havia criado nos meus últimos meses naquela casa. Justin Bieber era um ser humano como qualquer outro. Ele tinha coração e tinha uma moral — mesmo que esta estivesse sempre pendida para o lado ruim e maldoso das coisas. Ele tinha uma criação distinta de qualquer outro cara da sua idade. Justin crescera em um lar sem amor, sem compaixão, e conhecia apenas uma realidade. E essa realidade era cruel, fria e desalmada. Jeremy era um ser humano ruim e maldoso, que criara um filho para ser frio e calculista como si, que conhecia a morte e o mundo do crime como a única saída para tudo. Justin, no entanto, estava me mostrando que tinha muito mais de Pattie do que apenas os traços físicos.

  — Por meses, eu tive uma imagem tão ruim de você, Justin — Sussurrei, respirando fundo para conseguir falar algo que não fosse apenas sussurros e murmúrios. — Por meses, eu esperei ouvir isso. Eu esperei que se arrependesse, que sentisse tudo aquilo que conseguiu me fazer sentir por ti igualmente. Eu só sinto muito que sua mente tenha mudado agora. — Sorri pequeno. No fundo, eu realmente gostava dele. Eu havia me apaixonado pelo meu irmão, e, talvez, não tivesse superado tudo como gostaria. — Obrigada por isso, de todo jeito. Suas palavras conseguiram tirar um peso que eu carregava comigo desde aquele dia. Eu te perdoo. — Um sorriso sincero se desenhou em seus lábios, e eu sorri igualmente, limpando meu rosto. — Na verdade, acho que te perdoei há muito tempo, quando disse que me amava naquela piscina, lembra-se? Seus olhos tinham um brilho bonito e verdadeiro, mesmo que suas palavras mostrassem incerteza. Eu senti como se você estivesse se desculpando por tudo o que tinha acontecido. — Ele ficou em silencio, mas o sorriso continuava ali. — Eu sei que fui irresponsável e burra por todos os meses que passei aqui, mas... Isso vai parecer estranho, mas eu nunca me senti errada. — Confidenciei, após minutos em silêncio, apenas observando sua feição, como eu costumava fazer quando dormíamos juntos, após termos transado, e ele dormia profundamente. Por vezes, ele tinha o cenho franzido enquanto seu sono era inquieto e assim eu sabia que seu dia havia sido cheio e cansativo; quando ele passava o dia dentro de casa, ele parecia ansioso e resmungava ordens enquanto dormia, isso me fazia pensar que ele gostava de estar no comando das coisas, mas me preocupava também; e tinha vezes em que ele apenas estava sereno como naquele momento. Eram nas noites em que nossas transas pareciam as mais intensas e ao mesmo tempo as mais carinhosas. Seu coração estava calmo e, mesmo que por poucos instantes, sem preocupações. Eu gostava de como ele era naqueles momentos.

Quando meus pensamentos se perdiam em Justin, como naquele momento, eu não conseguia sentir culpa pelo que tínhamos vivido. Não pelos momentos bons. Eles não aconteciam sempre, mas eu havia aprendido a apreciar cada pequeno momento que eu tinha ao lado de Justin. Durante todos aqueles meses, a saudade de casa era quase insuportável; era horrível me sentir sozinha e angustiada. Mas eu acabava por me apegar aos pequenos momentos em que Justin estava ao meu lado, fazendo com que eu me encantasse com cada uma de suas facetas.

  — Sabe, Chaz uma vez me disse que irmãos que nasceram e cresceram separados tendem a se sentir muito mais atraídos do que um casal normal. — Comentou, rindo levemente. — Tem algo a ver com genética, mas eu nunca prestei muita atenção nessas aulas, então, não posso te explicar.

Eu ri com suas palavras e antes que pudesse responder, Rose bateu na porta, chamando minha atenção para a mesma que estava entreaberta. Senti meu coração gritar o quanto havia sentido saudades daquele rostinho redondo e rosado da mulher que havia cuidado de mim por todo o tempo que fiquei ali.

  — Rose! — Exclamei feliz, esticando meus braços como uma criança, pedindo um abraço, e ela sorriu ao deixar a bandeja sobre uma mesa ao lado da cama e me abraçar apertado.

  — Fico tão feliz em vê-la bem, menina! — Murmurou, deixando um beijinho em meus cabelos. — Justin ficou tão perdido sem você por aqui! — Comentou risonha, fazendo o outro negar com a cabeça.

  — Parece que é só ter Allyson de volta que os empregados se sentem a vontade para me afrontar! Tsc, tsc! Isso tudo é influência sua, pirralha! — Acusou, apontando o dedo para mim, que apenas ri apertando ainda mais a cintura da mais velha, que nos olhava com carinho. Era estranho como as coisas pareciam certas naquele momento. Não deveria ser daquele jeito. Nesse mesmo instante Jazmyn adentrou o quarto, sorrindo. O clima ali parecia realmente mais leve, e era porque Justin estava diferente.

Por toda a tarde, eu não passei nem mesmo um minuto sozinha, pois tinha Jazmyn, Rose, tia Erin e Jaxon o tempo todo ao meu lado. Até mesmo Chaz apareceu por alguns minutos, apenas para reclamar de como estava difícil fazer não-sei-o-quê que ele tinha que fazer — ele havia feito tanto suspense sobre o que era, que eu só consegui a ter certeza de que tinha algo haver com Tom e a vingança que Justin estava certo de conseguir —, e ser um pouco paparicado por Rose e Jazmyn. O que me lembrava de que minha amiga parecia realmente a vontade com os meninos. Ninguém podia resistir aos encantos daqueles caras!

Por todo o dia, eu consegui me sentir cuidada e protegida, e por alguns instantes, esquecer de como tudo estava virado dos avessos. Porém, quando a noite caiu, quando todos há havia ido dormir, eu senti que todos aqueles sentimentos ruins que eu tinha antes de cair no sono, no quarto vazio e solitário do hospital, estavam voltando com tudo. Arrependi-me amargamente de ter pedido que Jazmyn dormisse em seu próprio quarto, e senti uma falta imensa de ter minha mãe por perto. Ela havia ignorado minha volta por todo o dia. Mesmo que Jazmyn tivesse me dito que havia virado uma “traficante de informações dos filhos de Dona Pattie”, como ela mesmo descrevera, eu me sentia culpada pelo fato de que, pelo que eu conseguia deduzir, olhar para mim era tão difícil ao ponto de que ela preferia não o fazer. Sua decepção havia sido tamanha, que apenas ficar junto de mim deveria ser um martírio, e só aquela suposição já fazia com que o choro viesse desenfreado.

Eu não queria perder minha mãe. Eu podia não me arrepender de tudo que havia passado, mas eu também não a amava menos ou havia deixado de amá-la por isso. Pelo contrário. Eu só queria poder abraçá-la e cair no sono enquanto sentia seus carinhos em meus cabelos, como sempre fora.

  — Allyson... — Escutei meu nome ser chamado baixinho da porta, e me assustei ao ver Justin adentrando o quarto silenciosamente. — O que houve? Teve algum pesadelo? — Fiquei em silêncio e apenas neguei, tentando parar de chorar para não preocupá-lo ainda mais. — Então o que aconteceu? — Indagou impaciente.

  — Não é nada! Vá dormir, okay?

  — Eu estou sem sono. — Deu de ombros, adentrando de vez o quarto e acendendo a luz. — Vai me dizer o que houve? — Indagou novamente, caminhando até a cama e se sentando ao meu lado. — Durante essas semanas, as vezes que te vi chorando durante a madrugada...

  — Todos os dias, você quer dizer — Murmurei, fungando, enquanto ele me puxava pelo ombro e me fazia deitar a cabeça em seu ombro, seu braço envolvendo meus ombros em um abraço de lado.

  — Bom, sim... Em fim, todos esses dias eram porque você estava se sentindo culpada. Se o motive continua sendo esse, eu acho que você devia acreditar um pouco mais nas palavras de Jazmyn. No fim, será que poderíamos mesmo ter evitado o que aconteceu? Será que somos inteiramente culpados? — Levantei minha cabeça, intrigada com suas palavras, e vi em sua expressão que ele mesmo não acreditava no que falava.

  — Isso não funciona com você Justin. Seu cenho está franzido e seus olhos estão inquietos — Apontei. — Nem você mesmo acredita nisso.

  — Eu acho que esse lance de destino pode funcionar, sim! — Rebateu. — Estou tentando mudar, você sabe. Acreditar nisso parece uma boa.

  — Você realmente não tem culpa sobre o que aconteceu, Justin. Não tinha como prever o que aconteceria. Já eu... Eu segui Matthew e fiz exatamente o que ele queria! Eu fui estúpida! Coloquei tudo a perder e nem mesmo sei que necessidade tinha para fazer tudo aquilo. Eu podia só ter ficado quieta. — Suspirei. Pelo menos havia parado de chorar.

  — Se eu tivesse suspeitado de Matthew desde o início e colocado uma escuta ou qualquer coisa que fosse em suas coisas, se eu tivesse o monitorado só mais um pouco...

  — Se, se, se! Isso não muda nada! Você não teve culpa!

  — Escute a si mesma, e use essas palavras como um mantra, okay? — Piscou, brincando, e eu ri. Ele havia conseguido mudar o clima e eu estava realmente surpresa com aquilo.

  — Deixe isso pra lá! Eu nem mesmo estava pensando sobre isso dessa vez — Resmunguei, voltando a deitar minha cabeça em seu ombro. Só era natural agir daquele jeito perto de Justin. Pelo menos, depois de tudo o que acontecera. Eu me sentia próxima dele novamente. Era confuso...

  — E sobre o que era? — Encostou seu corpo na cabeceira da cama, e eu me ajeitei melhor junto consigo.

  — Pattie não desceu aqui nem mesmo uma vez. — Falei rapidamente. — Por quinze dias, ela nem mesmo apareceu no hospital. Eu não a culpo ou exijo tê-la por perto, eu entendo. Só é muito doloroso saber que ela, provavelmente, não está nem mesmo conseguindo olhar na minha cara depois de tudo, sabe? Eu não quero perder minha mãe, Justin... Ela é a única pessoa que eu tenho. — Sussurrei a última frase baixinho, pois era assustador saber que eu estava perdendo a única pessoa que eu tinha comigo. A minha única família.

  — Não pense nisso agora, Allyson. Todos precisamos de espaço para pensar, e com ela não é diferente. Não é porque ela é mais velha e é mãe que é imune a estar confusa e assustada. — Assenti, tentando manter aquilo que Justin dissera em minha mente. Só porque ela parecia a Mulher Maravilha, não queria dizer que ela não sentisse medo e confusão. Ele estava certo. — Eu estava pensando... — Ele se interrompeu antes que eu pudesse falar algo, olhando-me de soslaio. — Não faça essa piada, ela é clichê até mesmo para você e não se encaixa em uma pessoa tão incrível como eu! — Ri, assentindo e esperando que ele continuasse. — Em fim, eu não acho que seja bom para você que passe por toda essa situação sozinha, Allyson. Seu cerebrozinho é fraco e confuso, e acho que seria bom que um profissional te assistisse por algum tempo.

  — Profissional? Tipo um psicólogo? — Assentiu. — E você pensou nisso? Parece mais com algo que Christian proporia. — Brinquei, mas no fim, ele se entregou.

  — Ele deu a ideia, mas quem vai pagar sou eu, então... — Deu de ombros. — O que acha? Posso procurar alguém?

Não precisei pensar muito para lhe dar sinal verde para procurar por um psicólogo. Eu não estava em condições, e sabia disso.

 

Após quinze dias, eu vi que a ideia de Justin/Christian havia sido a melhor ideia possível. Eu passei a ter duas consultas por semanas, e continuaria por tempo indeterminado, até que o psicólogo pudesse ter certeza de que eu estava com todas as minhas condições psicológicas. Era bom poder falar com alguém que estivesse fora de toda a bagunça e que não tivesse um lado para o qual pender. O Dr. Watson havia me aconselhado de diversas formas e a principal delas naquele instante, era a de ter uma conversa franca com mamãe. Eu precisava lhe expor tudo o que havia conseguido organizar durante meus horários de terapia. Talvez eu não pudesse me entender melhor em tão pouco tempo, mas eu havia conseguido entender coisas que antes era uma bola de neve em minha mente, e eu precisava expressá-las a minha mãe. Eu precisava de uma conversa verdadeira. Precisava entender seus motivos também.

  — Hoje é a consulta final? — Justin indagou, ajudando-me a sair do carro no estacionamento do hospital. Eu não precisava realmente de sua ajuda, mas ele só havia se acostumado em estar por perto e eu não achava de todo ruim. Assenti a sua pergunta.

  — Já se passou um mês e meio, estou perfeitamente boa. — Afirmei, assim que me sentei sem mais problemas para esperar ser chamada para a sala do médico.

  — Se você diz — Deu de ombros, puxando o celular do bolso.

  — O que você e os meninos andam planejando? Você está de olho em Tom? — Perguntei curiosa, pois sabia que algo estava acontecendo, já que ele parecia realmente empenhado em digitar furiosamente. — Algo está errado?

  — Não se mete, hm? Não é assunto seu. — Resmungou, e eu bufei. Justin no fim era Justin, certo? Sua essência ainda estava ali.

 

  — Eu preciso conversar com minha mãe. — Informei assim que entramos na mansão. Ele assentiu. — Em que quarto ela está?

  — Naquele em que você costumava ficar. — Assenti, seguindo até as escadas. — Não precisa mesmo de ajuda?

  — Não se preocupe. Eu estou realmente bem. — Frisei, rindo levemente de sua preocupação.

Subi as escadas calmamente, um pouco receosa com o que poderia estar por vir. Eu queria conversar e explicar tudo a mamãe, mas tinha medo do que ela poderia dizer. Tinha medo de que me rejeitasse, ou de que dissesse que nunca mais poderia olhar para mim. Mil e uma possibilidades pareciam aparecer em minha mente, aturdindo-me o suficiente para que eu não tivesse quaisquer sentimentos de nostalgia ao adentrar aquele corredor pela primeira vez desde que voltara àquela casa.

Bati na porta com o meu estomago parecendo uma máquina de lavar, girando e girando, e meu coração na garganta. Eu nunca havia me sentido tão ansiosa. Assim que ela me permitiu entrar, puxei a porta para abri-la, e respirei fundo ao adentrar aquele quarto. Ele estava com todas as luzes acesas e parecia mais claro e arejado do que eu podia me lembrar. Percorri o cômodo com meus olhos rapidamente, registrando cada mudança que ela parecia ter feito ali. Móveis haviam sumido, a decoração havia mudado, “minhas” coisas não estavam mais lá e a cama parecia bem mais confortável do que a que eu dormia antigamente.

  — Você mudou tudo por aqui. — Comentei, sem saber realmente como poderia começar a falar com a mulher que estava em frente ao notebook em uma escrivaninha mais ao canto do quarto, próximo ao closet. O móvel parecia mais sai mesa de trabalho, cheia de papéis espalhados e ela estava concentrada.

  — Não se preocupe, suas coisas estão todas no quarto do casal — Comentou ácida, virando-se para mim. Encolhi meus ombros como um filhote que havia acabado de ser chutado. Eu estava com medo de que exatamente aquilo acontecesse. A frieza.

Mamãe não era fria, pelo contrário. Ela era calorosa, amável. Ela sorria e era como se todo o mundo se iluminasse, assim como seus olhos. Seus abraços transmitiam conforto e carinho, assim como suas expressões amorosas e pacíficas. Pattie Mallette era muito diferente daquilo. E a culpada por sua mudança era eu.

  — Aquelas não eram minhas coisas — Murmurei sem jeito, agradecendo por não ter gaguejado. Eu nunca havia me sentido tão amedrontada de frente àqueles olhos. Ela suspirou, parecendo exausta.

  — Desculpe... — Murmurou baixinho e eu não pude entender sobre o que era aquele pedido de desculpas, mas assenti. Ela se levantou da cadeira que parecia muito confortável, e se direcionou até a varanda, pedindo que eu a seguisse.

  — Você está trabalhando? — Apontei para a estação de trabalho no quarto, enquanto me sentava em uma das duas cadeiras que havia ali, posicionada para o enorme lago que beirava um dos lados da mansão.

  — Pedi a Justin que conseguisse isso para mim. Eu não posso ficar muito tempo parada. — Assenti. — Aquele amigo dele, Charles, providenciou um notebook em que eu pudesse usar a internet livremente, sem que quem quer que possa estar nos ameaçando me rastreie. Ele é uma criança inteligente. — Concordei. Chaz era incrível mesmo. — Você está magra... — Murmurou despretensiosamente, o que me fez levar aquilo como uma pergunta indireta sobre minha alimentação.

  — Eu estou me alimentando bem. Era esperado que eu perdesse muito peso depois de tudo, mas Rose está cuidando bem de mim. — Ela assentiu. — Justin contratou um psicólogo para mim — Informei.

  — Jazmyn mencionou. Você está confortável com isso?

  — Foi provavelmente a melhor coisa que Justin já fez por mim — Assenti, meus olhos presos em meus dedos que se entrelaçavam nervosamente. — Ele me aconselhou a conversar com a senhora. — Ela resmungou para que eu continuasse. — Você não apareceu... Por um mês e meio. — Eu tentei não demonstrar mágoa ou simplesmente não parecer estar a acusando, mas foi inevitável. — Eu... Eu não quero te perder. — Fui sincera, olhando-a rapidamente, mas quando vi seus olhos sobre mim, voltei a fitar minhas mãos.

  — Você e Justin... Depois de tudo o que me contaram, só é complicado ver vocês dois no mesmo ambiente. Eu tentei, mas... Vocês dois juntos... Eu não pude suportar. Eu não consigo entender ainda, Allyson. Eu não consigo aceitar. Eu sinto muito. — Sua fala continha pausas e ela parava em alguns instantes para fungar, indicando seu choro. Mordi o lábio inferior, pois não queria chorar antes de dizer tudo o que precisava.

  — No hospital, quando você me perguntou sobre não ter contado nada a Justin... Naquele momento, eu estava realmente confusa com tudo o que estava acontecendo e não conseguia explicar meus motivos. Na verdade, acho que nem eu mesma sabia com clareza. Estive tão confusa por todo aquele tempo. — Foz uma pausa, respirando fundo antes de continuar — Logo que cheguei aqui, senti-me confusa, assustada, perdida... Aquele foi o momento em que mais senti falta de tudo o que eu tinha fora daqui. Senti falta de Jazmyn, e até mesmo da escola, mas, acima de tudo, senti falta da senhora. Dos nossos momentos em seus dias de folga, das noites em que eu podia correr para o seu quarto e dormir agarrada em você como uma criança, enquanto afagava meus cabelos. Eu senti falta do carinho que recebia, da atenção... Nas primeiras semanas, eu simplesmente não podia entender o porquê de cada uma daquelas garotas que era chamadas por Justin, simplesmente se sentirem bem com aquilo. Eu realmente não podia compreender o porquê dos sorrisos, da felicidade momentânea e de estarem se gabando umas para as outras sobre uma transa qualquer. Até que aquilo começara a acontecer comigo, era quase como um espelho daquelas garotas. E hoje eu consigo entender aquilo de outra forma. Todas nós tínhamos uma família. Todas tínhamos amigos, namorados, carreira... Todas eram amadas antes de ir parar ali. Depois de alguns dias presa em um quartinho escondido, tomando banho frio e sendo tratadas como lixo por todos aqueles seguranças e capangas de Justin, você perde suas esperanças. Parece não ter saída... E os únicos momentos em que saíamos dali era para encontrar com ele. Justin era como o Oasis no meio do deserto árido, mas também era o motivo de estarmos ali. De qualquer forma, ele era lindo, charmoso e estava ali, oferecendo alguns momentos de algo que para pessoas desesperançadas e carentes de qualquer afeto, era maravilhoso. Por alguns instantes, você podia se sentir desejada, ter contato humano... — Suspirei, sentindo minha garganta queimar com as lagrimas que eu segurava. — Então, ele começou a me deixar ficar por toda uma noite ao seu lado e aquilo... Aquilo era uma coisa inédita! Justin nunca deixava ninguém ficar. Quando ele me pediu para passar a noite com ele, apenas para dormir ao seu lado após se ferir em uma noite qualquer, eu me senti especial de alguma forma. E aos poucos nós fomos avançando. Até mesmo assistimos a um jogo da NBA juntos, enquanto comíamos pizza! Nós nos entendíamos e ele não parecia tão ruim depois de um tempo. Cair de amores por ele parecia inevitável. Eu comecei a acreditar que se eu ficasse mais um pouco, as coisas poderiam dar certo. Justin era uma boa pessoa bem no fundo e eu gostava de estar próximo dele. Eu gostava de ver suas feições estressadas quando algo não dava certo, ou como ele se irritava com alguma coisa boba que eu falava, mas eu simplesmente era viciada em observá-lo enquanto dormia. Era sempre algo incrível poder ver suas expressões sonolentas. Ele parecia alguém completamente diferente, desarmado... No fim, eu acabei encontrando em Justin algo que só existia em filmes. Tínhamos ação, aventura, sexo e eu acreditava que não demoraria até termos amor. E isso realmente aconteceu. Quando ele se declarou para mim, foi o momento mais incrível da minha vida. Quer dizer, eu era uma adolescente normal, que mal ia a festas, e de repente, tenho o típico badboy de filmes dizendo que achava que me amava, com os olhos brilhando. Naquele momento, eu realmente achei que tudo daria certo e que eu conseguiria ter toda a minha vida de volta, mas com Justin ali. — Parei por alguns instantes, dando tempo a ela de ingerir tudo o que eu estava contando. Eu estava sendo completamente sincera com tudo o que dizia. — Bem, as coisas não saíram como nos filmes — Ri amargamente. — A verdade é que, depois de sair dessa casa e voltar a ter tudo o que eu sempre tive, eu não contava com a gravidez. Justin e eu nunca havíamos nos protegido, mas não era algo que eu se quer me lembrava. Quando aquele teste seu positivo, quando a ginecologista me conformou aquilo... Eu fiquei realmente assustada. Justin sempre teve uma vida desestruturada e um bebê não caberia naquilo, e ainda tem Tom, sempre atrás de uma brecha... Eu nunca tive dúvidas quanto a Justin ser uma boa pessoa, mas eu também não podia confiar cegamente que poderia ter esses filhos. Justin sempre fora uma incógnita para mim, e eu sabia que ele poderia ser o melhor pai do mundo, ao passo que ele poderia não ser. Naquele momento, guardar segredo me pareceu a melhor opção. Quando minha barriga começasse a aparecer eu pensaria melhor no que fazer. Só sei que aconteceu exatamente o que eu temia. Eu fiz tudo errado...

Parei de falar após colocar tudo sobre a mesa. Eu havia exposto cada um dos meus sentimentos, por mais complicado que fosse entender. Tudo o que me restava era esperar por uma reação sua. E eu esperei. Esperei por longos minutos em um silêncio assustador.

  — Você ainda o ama? Sinceramente falando.

  — Sim. — Concordei, sendo completamente sincera. Eu não precisava pensar sobre aquilo ou reconsiderar qualquer coisa que fosse, eu continuava a amá-lo e isso havia ficado claro assim que pisei dentro dessa casa e voltei a ter uma rotina em que Justin estava mais do que incluso.  

  — Eu não vou te abandonar, Allyson. Eu não quero me afastar, porque eu te amo. Você é minha menininha e eu não conseguiria me afastar nem se quisesse. Mas eu preciso de um tempo. Eu preciso organizar meus sentimentos e todas as informações que você me deu. — Assenti ansiosamente, podendo encará-la finalmente. — Só espero que vocês não prossigam com isso, tudo bem? Eu não vou fazer nenhum discurso dizendo o quanto isso é errado, ou como esse sentimento não deveria existir, mas espero que não volte a acontecer.

Eu hesitei. Eu visivelmente hesitei assim que ouvi seu pedido e me senti péssima por aquilo, pois sua expressão era de profunda decepção. Eu não podia esperar que eu e Justin ainda fossemos ter algo, certo? Quer dizer, nós continuávamos a ser irmãos, nos amando de outra forma ou não, ainda éramos irmãos, e aquilo não iria mudar. Um relacionamento não era plausível. Por que eu hesitava, quando estava ciente de todas aquelas coisas? Com um suspiro, assenti. Eu não poderia seguir em frente com sentimentos como aqueles. Eu iria superar, definitivamente. Assim que tudo acabasse... Eu superaria Justin.  

Após eu concordar com seu pedido, Pattie sorriu minimamente e acariciou meus cabelos, porém, não demorou para que voltasse a seu notebook e me pedisse para deixar o quarto. Eu a entendia, mas ainda estava decepcionada. Fechei a porta, sentindo minha respiração um pouco acelerada, e tratei de me acalmar. A pior parte tinha acabado. Eu havia sido sincera e lhe contado tudo, enquanto ela havia dito seus motivos e me pedido para aguardar por mais algum tempo. Eu podia aguardar. Tudo iria entrar nos eixos, eu acreditava nisso com todas as minhas forças.

  — Eu consegui, Justin! Eu consegui! — Arqueei uma de minhas sobrancelhas em confusão, parando meus passos no meio da escada, ao ver Chaz empolgado como uma criança, sorrindo enquanto distribuía socos fracos contra um Justin tão confuso quanto eu. — Eu sou incrível, caralho, eu te disse!

  — Charles! Chega, chega! — Justin se esquivou dos socos, chamando a atenção do outro, que ainda sorria e parecia eufórico. Eles estavam aprontando algo, era óbvio — O que você conseguiu, idiota?

  — Eu consegui. Invadi o sistema de proteção da casa de Tom. — Explicou animado, e eu arregalei meus olhos. Eu sabia que eles estavam planejando algo!

  — Isso quer dizer que nós estamos dentro? — Justin indagou, parecendo tão animado quanto o próprio Chaz após entender do que o mesmo falava.

  — Nós estamos dentro, Bieber! Estamos dentro!


Notas Finais


E então? O que acharam? Acho que foi necessário um capítulo assim, certo? Justin precisava ter a oportunidade de mostrar o quanto aprendeu e como está se esforçando para mudar e se conscientizar de suas atitudes passadas.
Eu ainda não comecei a escrever o próximo capítulo, mas tenho um esquema do que espero para ele. Não sei se posso dizer que estamos na reta final da fanfic (finamente, Deus!), mas posso chutar que ainda temos uns 5 capítulos pela frente, no máximo! Em fim, agora, eu queria conversar aqui com vocês sobre algo importante!
Eu acho que poucos vão realmente ler o que estou escrevendo, mas é algo que quero comentar mesmo assim.
Essa semana, no meu facebook, vi uma postagem de uma garota X, que é Belieber. E essa postagem dela, apenas me manteve ainda mais alerta a algo que tenho visto MUITO nesses últimos meses! Eu sei que a maioria que ainda lê CD, é Belieber e fã de mais algum cantor de APOP, e não gostam de KPOP. E, sabe, eu não acho isso ruim, ou repudio quem não goste, afinal, o "gostar" é algo pessoal! E, atualmente, com a crescente popularidade do gênero, e com a grande evidência que o BTS vem ganhando, vejo que muitos destes que não gostam, estão mandando tanto hate e desmerecendo tanto o talento dos meninos... Que me sinto triste! Eu sou Belieber, gente, mas também sou Kpopper. Sou uma ARMY também, e fico muito chateada vendo o como meus meninos estão sendo atacados. E eu não estou sendo hipócrita vindo aqui e dizendo para pararem com isso, ou qualquer coisa do tipo. Estou vindo aqui, como alguém que, em meados de 2012, quando conheci o KPOP pela primeira vez, também zombou e achou tudo aquilo "ridículo". Eu não gostei daquilo de primeira, e não entendia como minha melhor amiga podia gostar de pessoas de olho puxado, que falavam um língua muito diferente de tudo o que eu estava acostumada. Portanto, eu só peço que, antes que despejem palavras como "Não têm talento", "Artista X faz mil vezes melhor do que eles", "Eles não cantam bem, nem são bons artistas, nem são bonitos" e coisas do tipo, pensem um pouco mais. São palavras muito duras, que eu sei que nenhuma de vocês gostaria que fossem direcionadas a seus artistas preferidos. São palavras que desmerecem tudo pelo qual esses artistas lutam e trabalham duro para conseguir. BTS não apareceu na mídia de uma hora para a outra, e não ganhou aquele prêmio no BMAs sem esforço ou, simplesmente, porque o Justin não compareceu. Os integrantes do grupo têm lutado e se esforçado tanto para cada novo álbum, cada novo MV, cada nova coreografia. Eles se machucam, eles se esgotam e eles dão o sangue para que tudo aconteça, porque, assim como o Justin, eles também escrevem a própria letra, produzem a própria música e também são artistas admiráveis. Lembrem-se de como tudo aconteceu quando o Justin estava começando, e reflitam sobre as palavras pessimistas e desagradáveis que podem vir a despejar. Desmerecer o trabalho alheio não é bonito e não orgulharia nossos idolos, certo? Certo! Hoje eu me arrependo de tudo o que disse e todos os pré-julgamentos que fiz, sem saber o quão duro cada um desses k-idols treinam e se dedicam para ter a chance de estrear e, na maioria da vezes, nem conseguir o sucesso tão sonhado, pois o mercado do KPOP é saturado demais para tanto talento.

Em fim, eu falei bastante, mas espero ter exposto o que penso. Vamos todos apreciar boa música e não ficar rotulando ou nos importando com a língua, com a etnia...! Desculpem trazer isso em um capítulo de CD, mas eu senti que precisava dizer algo, mesmo que muitos não deem a devida atenção e se mantenham odiando algo, simplesmente, por ser diferente do que estamos acostumados. O diferente é bom, gente, acreditem! Deem uma chance ao KPOP, ou não, mas respeitem, acima de tudo, okay?

Até o próximo capítulo de Common Denominator, EU AMO VOCÊS, MEUS CHUCHUS!


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