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História Common Denominator - I can defend myself!


Escrita por: SahKatrina

Notas do Autor


AAAAAAAAAHHH EU ME ATRASEI, DESCULPEM!
PESSOAL, POR FAVOR, LEIAM O QUE VOU POSTAR NO FINAL, PORQUE É MUITO IMPORTANTE (EU NÃO ESTARIA GRITANDO AQUI NAS NOTAS INICIAIS SE NÃO FOSSE, EU JURO)!

Sem mais delongas e enrolações, vamos para o capítulo, que mais uma vez ficou enorme!
Boa leitura, chuchus!

Capítulo 44 - I can defend myself!


Fanfic / Fanfiction Common Denominator - I can defend myself!

Allyson Mallette’s Point of View

  — O clima está pesado, você sente? — Jazmyn sussurrou, adentrando meu quarto com rapidez, enquanto eu passava creme em minhas pernas, após um longo banho. — Aqueles amigos do Justin... Eles estão por aqui 24 horas. A comoção entre eles também é quase palpável. — Comentou, sentando-se em meu colchão. — Você sabe de algo? Quer dizer, você sempre soube mais do que qualquer um aqui. Inclusive, quem matou seus filhos, não?

Suspirei, ignorando-a por alguns minutos, enquanto vestia minha calça e blusa, simplesmente tentando fugir daquele assunto.

  — Eu não sei muito mais que você. Justin não me conta, Christian muito menos. Eu sei um nome, e isso é tudo. — Dei de ombros, penteando meus cabelos. — Mas você também acha que eles estão armando algo, certo?

  — Definitivamente!

Apenas concordei, mordendo meu lábio inferior. Justin estava planejando ir contra Tom, era óbvio. Chaz havia sido claro quanto a ter entrado no sistema alguns dias atrás. Ele e Justin estavam radiantes quanto a isso, e eu sabia o quão importante aquele passo deveria ser para o que quer que fosse o que eles estivessem tramando. Eu só odiava ter todas aquelas pontas soltas, sem saber o que me rodeava e o que estava por vir. Eu me sentia acanhada sob aquele suspense, aquele clima pesado e rarefeito que rodeava toda a mansão. Algo ruim iria acontecer, era certo, e a sensação de não saber nem mesmo um mínimo de algo que parecia tão grande, era de pura impotência. Eu não gostava daquilo.

  — Rose comentou que existe uma passagem secreta pela casa. Você sabe onde é? — Jazzy indagou mais uma vez, tirando-me de meus próprios pensamentos.

  — Hm, sabe aquele quadro enorme, no meio da sala de estar, na parede mais afastada? — Ela assentiu — Lá. Mas só entram com as digitais cadastradas. A minha não está. — Dei de ombros.

  — Ah, sim... E o que se escondem naquelas paredes?

  — As garotas sequestrados ficavam lá, quando eu era uma delas. Christian me contou que Justin as mandou embora alguns dias antes de eu mesma deixar a casa. — Contei. — Mas, haviam várias saletas e quartinhos escondidos, que eu nunca pude explorar. Era uma parte proibida, você sabe...

Lembrar daquele corredor trazia-me lembranças desconfortáveis e cruéis, que eu queria ter o poder para poder manter apenas lá, no fundo da minha mente. Não era apenas eu a passar por maus bocados naquele lugar. Haviam muitas outras garotas, nenhuma tão nova quanto, mas garotas com famílias, amigos, carreiras. E eu havia me sentido tocada quando Christian me contara, poucos dias atrás, que Justin havia mandado todas aquelas garotas embora, sem que eu soubesse. E ele ainda havia feito questão de seguir um plano junto de Christian e Chaz, para que minhas amigas pudessem retomar a vida delas junto de seus filhos, maridos e tudo mais. A historia inventada era um tanto egoísta e as faziam parecer algum tipo de mãe insensível, preocupadas demais com o dinheiro para buscá-lo em outro estado, abandonando tudo. Devia ter sido pesado para elas, eu imaginava, porém, saber que, ao menos, puderam abraçar suas filhas e vê-las uma vez mais, deixava meu coração mais calmo.

 

Por dias, toda aquela movimentação na casa só conseguia me deixar ansiosa. Sentia-me aflita. Algo iria acontecer e eu não podia ficar parada enquanto Justin podia estar entrando em algo perigoso, que levaria todos naquela casa junto. Eu confiava em Justin, mas minha experiência com esse meio me permitia desconfiar de todo aquele ambiente. Eu não podia simplesmente ficar parada, observando tudo acontece sob meus olhos, correndo perigo de perder mais alguém. Eu não tinha psicológico para perder mais um daqueles que eu amo.

Meu corpo parecia querer agir por conta própria. Enquanto meus pés caminhavam de um lado para o outro, meu cérebro tentava me impedir de deixar o quarto para que cometesse algo imprudente. Eu sabia que o que eu queria pedir a Justin não tinha o mínimo sentido. Quer dizer, eu não poderia exigir que ele me mantivesse a par da situação, pois ele odiava que eu me envolvesse em seus assuntos. Era uma combinação que já tinha dado muita merda, e eu entendia sua hesitação sobre tal. Porém, era também a minha família, as pessoas  importantes para mim.

Em um impulso, deixei o quarto, seguindo direto para onde eu sabia que encontraria Justin. Não foi preciso andar muito, pois meu quarto era logo ao lado do escritório do Bieber, e eu não sabia dizer se essa pouca distancia era boa, ou ruim, visto que eu não tive tempo algum para reconsiderar meus atos, e quando me dei por mim, já havia invadido a sala repentinamente, e estava parada no meio da mesma, com quatro pares de olhos atentos a pessoa que acabara de invadir o cômodo. Mordi o lábio apreensivamente, olhando para cada um deles.

  — Allyson...? Aconteceu alguma coisa? — Justin indagou, suas sobrancelhas grandiosas em confusão, após alguns segundos silencio, aguardando por algo vindo de mim.

  — Eu... — Assenti levemente com a cabeça, voltando a olhar para os outros três caras me olhando. — Quero falar contigo.

  — Eu estou ocupado, Allyson. Podemos conversar mais tarde, tudo bem? — Pediu, mas eu neguei. Eu precisava ser direta.

  — Vocês estão planejando algo, e eu quero saber. — Tentei manter o tom de voz sério e firme, porém, eu sabia que mais parecia uma garota assustada e incerta. Droga, eu precisava passar confiança para Justin. Continuei rapidamente, sem dar tempo de ele rir da minha cara e me mandar a merda. — Eu não quero que me jogue novamente no meio disso tudo, sem saber o que está acontecendo. Eu não quero meus olhos vendados, enquanto eu tenho que seguir no escuro. Isso sempre deu errado, Justin, e você sabe!

  — Você quer que eu te conte o que estamos planejando? — Arqueou uma de suas sobrancelhas, parecendo um tanto debochado. Eu nem mesmo me atrevi a olhar para os demais na sala.

  — Eu só não quero ser um peso morto, Justin!

  — Você não é um peso morto, Allyson! — Rebateu, passando as mãos pelo rosto com certa força, parecia frustrado e estressado. Por um momento, senti-me culpada por jogar mais coisas em suas costas, porém, eu não podia mais ficar parada e ver tudo acontecer por entrelinhas e ser a vítima mais uma vez. Eu precisava ser útil, precisava saber que seria capaz se algo acontecesse. — Escute... Eu estou cuidado de tudo. As coisas vão acontecer tão rápido que você nem mesmo irá perceber, tudo bem? Vocês estarão protegidos, eu juro. Só não se envolva mais nisso, okay?

  — O problema é justamente esse: eu não perceber! Eu estou cansada disso! Por favor, deixe-me saber. Não me faça ser apenas uma das peças do seu tabuleiro. — Pedi, tentando soar o mais lúcida possível. Eu sabia que todos eles ali, não podiam entender o que eu sentia. Eles não podiam entender meu sentimento de inutilidade.

  — Allyson, por favor... Não complique mais as coisas ‘pro meu lado! Volte para o seu quarto, e não volte a encher meu saco. — Pediu irritado e eu neguei. Eu já estava ali, não desistiria tão fácil.

  — Você se lembra do dia em que invadiram a casa, certo? Todos vocês se lembram! — Exclamei, finalmente permitindo que meu olhar passasse por cada um ali, tentando ao máximo ser confiante em cada um de meus movimentos. — Se eu soubesse o mínimo de qualquer coisa que fosse, eu poderia me proteger, Justin. Eu não preciso ser a vítima indefesa, que precisa que você apareça para me salvar em qualquer situação.

  — O que quer com isso? Uma arma? — Indagou debochado.

  — Não exatamente, mas se for necessário — Dei de ombros, ouvindo-o rir brevemente de minhas palavras.

  — Eu estou ocupado, Allyson. Todos nós estamos ocupados aqui, caso não tenha percebido. Eu entendo que se sinta insegura, mas eu já te prometi que a sua segurança, como a de cada um que está dentro dessa casa, é minha prioridade. Eu estou pensando em tudo nos mínimos detalhes, e não vou permitir que Tom chegue aqui dentro novamente, está me ouvindo?

O modo como Justin falava, dava a entender que estava falando com uma criança. Uma criança pequena, estúpida e incapaz de raciocinar por si só, ou compreender suas palavras. Aqui fez meu sangue ferver. Justin me via como uma simples criança e subestimava toda e qualquer forma em que eu pudesse ser útil. Ele simplesmente me queria trancada em uma casa, fingindo que aquele clima todo não estava pairando sobre nossas cabeças. Fingindo que eu não podia ver a movimentação e a agitação entre ele e seus homens. Por ora, entreguei aquela batalha a ele, permitindo-o se achar o vencedor. Sob os olhares atentos de seus amigos, o Bieber não daria o braço a torcer e eu sabia daquilo melhor do que ninguém. Todos naquela sala não passavam de idiotas prepotentes.

Sem mais uma palavra, deixei aquela sala saturada com testosterona e prepotência, enquanto seguia cegamente até a cozinha. No fim, aquele cômodo havia se tornado algum tipo de refúgio, onde eu podia conseguir uma boa conversa descontraída e divertida com Rose e Erin, que na maior parte das vezes passava seus dias ali, ajudando em qualquer coisa que lhe mantivesse ocupada; ou, simplesmente, podia pensar de modo mais efetivo do que trancada em meu quarto. No entanto, surpreendi-me ao encontrar Ellen ali, sentada em uma das cadeiras de uma pequena mesa que ficava mais ao canto da cozinha, sozinha. Seus lábios pareciam mexer em uma velocidade incrível, enquanto suas mãos descascavam uma mexerica com certa fúria.

Permiti-me analisa-la por alguns instantes, pois a mudança não apenas visual, como comportamental de sua parte, era absurda. Seus movimentos continuavam graciosos, como sempre foram, no entanto, demonstravam uma força, uma precisão, invejáveis. Ela só parecia uma pessoa completamente diferente. Suas roupas não eram curtas, provocativas e nem tentavam passar a imagem de alguém facilmente manipulável com um cartão de créditos sem limites em mãos; pelo contrário, Ellen tinha seu corpo trajado em roupas aparentemente muito caras, elegantes e que nos passava segurança e um tanto de prepotência — mas isso parecia um pré-requisito para se viver nesse meio. Ela estava pensativa, e isso era algo da qual a Ellen antiga não se daria ao luxo. Momentos reflexivos pareciam perca de tempo, antigamente. Mas eu capturava muitos desses momentos de silencio e reflexão depois de tudo o que aconteceu.

  — Vai continuar parada ai, me olhando? — Indagou após alguns minutos em que permaneci ali, sem nem mesmo se dar o luxo de virar sua cabeça em minha direção.

  — Rose não está. — Murmurei mais como uma afirmação, do que a perguntando, portanto, ela apenas concordou com um leve aceno. Ainda em silencio, segui até a geladeira, buscando por algo que pudesse hidratar minha boca seca por conta da raiva. — Você está sempre tão pensativa. — Comentei, olhando-a de esguio por sob meus ombros. Ellen deu de ombros, jogando um pedaço a mexerica na boca.

  — Tenho muito no que pensar — Anuiu, simplista. Assenti, fechando a geladeira com um gesto rude e mordi o lábio logo em seguida, repreendendo-me. Por mais alguns instantes, antes de abrir a garrafinha de suco que escolhera, permaneci a observando mais um pouco. Algo nela era tão instigante naquela nova fase. Ou sua fase definitiva, visto que a Ellen piranha era um personagem, pelo que pude deduzir. — Você parece estar querendo me perguntar algo.

  — Estou? — Murmurei, piscando rapidamente. Sim, eu acho que estava.

  — Pode ir em frente — Com um gesto de cabeça, apontou a cadeira a sua frente, indicando que eu poderia me sentar ali se quisesse. — Você deve estar muito confusa sobre mim, sobre Matthew, sobre Tom... — Seu tom parecia complacente, amigável, e aquilo era realmente novo vindo dela.

  — Você... Você está diferente do que quando te conheci. Quer dizer... Aquilo era uma personagem, certo? — Ela anuiu.

  — Eu não podia permitir que Jeremy ou Justin me visse como algo além de um pedaço de carne. — Explicou, e o ponto de interrogação em minha expressão a fez rir e continuar: — Jeremy destruiu minha família, assim como fazia com tudo o que se envolvia. Ele me usou como uma prostituta barata, sua escrava sexual. Acredite em mim, meu ódio por tudo isso aqui — gesticulou com os dedos, indicando a casa e todo aquele ambiente que nos rodeava — é muito maior do que você ou qualquer um pode imaginar. Eu quero acabar com tudo isso.

  — Oh — Uma exclamação surpresa foi tudo o que pude oferecer por alguns instantes, pois eu realmente estava surpresa. — Então, você não é leal a nenhum dos lados? Justin ou Tom.

  — Eu sou leal a mim e a minha família que morreu no meio de toda essa merda. Não devo lealdade a nenhum dos dois. — Deu de ombros. — Tom será o primeiro a cair, e preciso de Justin para isso.

  — E ele sabe? Dos seus planos, quero dizer.

  — Sim, eu fiz questão de deixar meus pensamentos claros para ele. E, desde que eu lhe conte tudo o que sei sobre Tom, no momento, para Justin está bom o suficiente. Ele está cego por vingança, e não quer pensar no fato de que é um de meus alvos também. — Comentou, rindo levemente. — Justin age demais com isso aqui — Tocou o próprio peito, rindo.

  — Então, você está ajudando-os! — Apontei, sentindo uma pontada de ciúmes por eles simplesmente poderem aceita-la, enquanto debochavam do meu desejo de ser útil. Com raiva, engoli um longo gole da bebida gelada, enquanto pensava em maneiras de convencer a Justin que algumas aulas de defesa pessoal não seriam o fim do mundo. Nem ocupariam seu precioso tempo. — Tenho inveja de você, no momento. — Comentei, sorrindo levemente, enquanto brincava com a garrafinha. A loira arqueou uma de suas sobrancelhas bem feitas e desenhadas com maquiagem. Okay, eu estava um bagaço frente a ela. Eu nunca havia parado para reparar no quão linda Ellen Perret era. Quase uma deusa. — Eu cansei de ser a vítima. Eu quero ser útil. Eu sei que não existe muito o que eu possa fazer para ajudar vocês, eu nem mesmo sei quais são os planos, mas eu não quero permanecer aqui como uma simples telespectadora. É cansativo e vergonhoso depender tanto de alguém.

  — Que bom que sabe —  Sussurrou em um tom bem audível, fazendo-me abrir a boca em descrença. —  Você disse, não eu!

  — Bem, o fato é que Justin me vê como uma criança. Uma criança inútil e irracional. — Conclui, suspirando e seguida.

  — Justin não te vê como uma criança. — Abanou as mãos, como se espantasse aquela ideia para longe. — Ele simplesmente lhe vê como uma mulher, com um belo par de seios e que fode bem. Esse é o problema desses caras. Por que acha que nunca sequer imaginaram que eu estava envolvida tanto com eles, quanto com Tom? Para pessoas como Justin, Tom, até mesmo aqueles outros quatro babacas, se você tem peitos, isso automaticamente lhe transforma em alguém sem cérebro. É muito para a mente pequena e retraída desses idiotas, pensar que somos tão boas quanto.

  — E é ai que eles cometem os maiores erros —Concordei, admirada com suas palavras. Desde quando eu admirava Ellen? Deus!

  — Exatamente. — Riu. — Mas, veja, se você realmente quer ser útil e saber ao menos se defender, eu posso te ajudar.

  — Você está sendo séria sobre isso?

  — Até que eles comecem a entrar em ação, eu não tenho muito o que fazer. — Concordou, dando e ombros. Abri a boca, surpresa e entusiasmada com suas palavras, enquanto assentia rapidamente com a cabeça, como uma criança feliz. — Podemos começar amanhã. Logo cedo.

Sorri animada, concordando com ela. Levamos mais alguns minutos ali, conversando sobre Justin e sua mudança. Ellen o conhecia desde pirralhos, e dizia que tudo aquilo era completamente inédito. Eu me sentia orgulhosa por ser responsável por, ao menos, o começo daquela mudança. Ver Justin mudando aos poucos fora, de certa forma, gratificante.

 

Na manhã do dia seguinte, despertei mais cedo do que o normal, e a movimentação entre os homens de Justin já era possível de ser ouvida, ainda dentro do quarto. Eu estava completamente disposta naquela manhã, e me arrumar foi uma tarefa rápida a ser realizada. Sai de meu quarto para tomar o café e me surpreendi com a movimentação mais intensa dentro da casa. Havia mais seguranças do o normal, e muitos deles pareciam desconhecidos a mim. Franzi o cenho, caminhando pelo corredor lentamente, observando atentamente cada um daqueles brutamontes. Okay, eles definitivamente não eram homens de Justin. Eram mais alinhados, tinham uma postura mais profissional do que ameaçadora como os aqueles que trabalhavam para o Bieber costumavam ter. Quem poderia estar no escritório com Justin, que carregava consigo tantos homens? Senti seus olhos observadores me acompanharem enquanto eu passava entre si, como se analisando o meu nível de periculosidade. E foi nesse momento que pude ouvir a porta do escritório, alguns passos atrás de mim, abrir-se. Minha curiosidade foi maior do que meu desconforto em estar entre toda aquela testosterona, virei-me em direção a mesma, observando um homem trajado em um terno visivelmente caro, sua postura ereta e uma aura arrogante emanando do mesmo. Arqueei uma de minhas sobrancelhas, tentando puxar em meu cérebro onde eu poderia já ter visto aquele rosto tão familiar.

  — Foi um prazer fazer negócio contigo, garoto. — Ele sorriu prepotente a Justin, que saiu logo atrás de si.

  — Espero que estejamos bem entendidos, Senador Jefferson. — O tom de voz de Justin continuava sério, sem brechas para qualquer tipo de amabilidade. O assunto deles havia terminado ali, e Justin deixava isso claro em sua expressão impassível. Eu não pude evitar imaginar como um acordo poderia acontecer entre duas pessoas tão orgulhosas.

  — Claro, Bieber. Você é um garoto muito generoso! Qualquer favor que precisar... — Franzi o cenho ao ouvir aquilo. Que tipos de negócios alguém como Justin poderia ter com um senador que vivia na TV, cheio de discursos mentirosos. Senti um arrepio percorrer cada pedacinho do meu corpo quando os olhos daquele senador chegaram a mim, parada ali no meio, curiosa sobre aquela cena um tanto quanto peculiar. Eles se fixaram em meu corpo de uma forma tão asquerosa, que eu não pude evitar a expressão desgostosa que surgiu em meu rosto. Ele nem mesmo se deu ao trabalho de perceber o quão desconfortável eu estava, era como se eu não tivesse nada além de coxas e peitos. — Oh, você também tem belas mulheres escondidas por aqui, garoto!

  — O que faz aqui, Allyson? — Justin parecia irritado com a minha presença ali, mas não era como se eu fosse a errada ali. Eu estava no corredor para o meu quarto, era obrigada a passar por ali.

  — Estava indo tomar café. — Expliquei, sem desviar os olhos daquele ser humano desprezível, que ainda me analisava com um sorriso malicioso nos lábios. Seus olhos nem mesmo se deram ao trabalho de subir ao meu rosto. — Meu rosto está aqui em cima, senhor! — Exclamei exasperada, gesticulando para que seus olhos subissem. Ele não pareceu gostar muito do meu tom petulante, pois sua expressão de desgosto ficara evidente.

  — Mas é muito petulante, mesmo! — Riu indignado, o que me fez franzir ainda mais meu cenho. Ele era totalmente desrespeitoso, e eu que era a petulante!

  — Eu acho que você já fez demais por aqui, Senador! — Justin interviu, antes que eu pudesse abrir minha boca para dizer o quão desrespeitoso aquele velho havia sido, e puxou-me pela mão, até que eu estivesse ao seu lado, seu braço ao redor de minha cintura. O homem me analisou mais uma vez, dos pés à cabeça, e isso pareceu pegar na veia do homem ao meu lado, pois senti seu braço um pouco mais firme contra minha cintura.

— Você deveria adestrar melhor suas vadias, garoto!

— Anda, vaza daqui antes que eu decida voltar atrás em nosso acordo e ainda resolva estourar sua cabeça! — O loiro ao meu lado explodiu, colocando todos aqueles homens, que agora eu sabia serem seguranças do senador, em postura de alerta. O senador, no entanto, apenas assentiu, rindo sarcasticamente. Com um aceno, o político se foi, levando consigo aquela leva de seguranças.

  — “Adestrar suas vadias” — Repeti sarcasticamente, estalando a língua no céu da boca. — Incrível como ainda existe pessoas tão limitadas nesse mundo.

  — Você não deveria estar aqui — Deu de ombros, soltando-me para voltar ao escritório. — Um corredor cheio de homens, e você no meio. — Demonstrou-se indignado.

  — Ah, Justin! Faça-me o favor, viu! — Exclamei irritada, deixando-o para trás, seguindo meu caminho para a cozinha.

 

  — Pronta para começarmos? — A voz de Ellen veio de minhas costas, enquanto eu terminava um copo de café.

  — Pronta — Concordei, pondo-me de pé no mesmo instante.

Ela seguiu em minha frente e eu aproveitei aquele momento para observá-la mais de perto. Ellen tinha uma postura impecável ao caminhar. Sua coluna se mantinha ereta, perfeitamente alinhada, assim como seus ombros. Sua cabeça estava sempre erguida e ela apenas a movimentava levemente ao passar por cada um dos seguranças, que ainda pareciam um tanto receosos em trata-la como uma igual. Acho que era um pouco normal estranhar toda aquela mudança, pois fora algo realmente drástico. Ellen era uma mulher forte, afinal, e não alguém superficial e cheio de arrogância. Quer dizer... A arrogância ainda permanecia ali, mas era como se aquele fosse um requisito para aquele meio.

Perret guiou-me até o jardim externo, nos fundos da casa, próximo a floresta que rodeava a mansão Bieber. Ali havia montado algo que lembrava uma academia improvisada. Tinha um daqueles manequins usados por lutadores, mas também havia cordas, pesos e luvas. Permaneci em silencio, aguardando por algo vindo dela.

  — Você sabe que precisa de um bom condicionamento físico também, certo? — Indagou, entregando-me uma das cordas. — Vamos começar por alguns exercícios básicos nessa primeira semana, até que eu sinta que você está preparada para se proteger. — Assenti.

  — Mas, você acha que eu estarei boa o suficiente até que seja lá o que Justin vá fazer, aconteça? — Perguntei incerta. Eu não sabia quando eles entrariam em ação, não sabia quanto tempo tinha antes que uma guerra explodisse. Eu poderia me dar ao luxo de esperar por um condicionamento físico melhor, até que começasse a aprender a me defender?

Ela suspirou, antes de assentir e me explicar:

  — Veja, eu vou te explicar algo, mas espero que fique quieta sobre isso, tudo bem? Justin me mataria se soubesse que estou te envolvendo nessa merda toda. — Assenti, ansiosa. — Justin sabe que não é algo simples derrubar Tom. Ele não é simplesmente um traficante, como o Bieber. Ele é cobra criada, sabe exatamente como se proteger, sabe com quem tratar para que as coisas aconteçam a seu favor. Ele tem deputados, senadores e pessoas de dentro do exército ao seu lado. Ele tem uma vida pública e se mantém sempre escondido das falcatruas. Tom tem medo de ser exposto e é exatamente isso que Justin fará. Ele começará com pequenos ataques as boates, desvios de cargas. Ele envolvera a polícia e a mídia, enquanto persuade os aliados de Tom dentro da política. — Explicou, fazendo com que as coisas começassem a fazer mais sentido em minha mente. A visita daquele senador... Tudo fazia parte do plano. — Levará mais algumas semanas até que ele realmente aja. Ainda há um carregamento de armas para chegar em poucos dias, e ele provavelmente cuidará pessoalmente de um treinamento mais intensivo de seus homens. Ele só irá agir quando tiver certeza de que tudo sairá de acordo com seus planos. Justin gosta de saber exatamente o que está por vir. Quer dizer, é como ele age agora.

  — Como ele age agora?

  — Ser imprudente nunca fora algo que o prejudicara, realmente. Ele sempre foi sozinho, então, sempre precisou pensar apenas em si. Agora ele tem todos vocês sob sua proteção, e precisa planejar tudo nos mínimos detalhes, pois um único deslize e a vida de qualquer um pode estar em perigo. Tem muito mais peso sobre seus ombros agora.

  — Por isso ele irá cuidar pessoalmente de cada detalhe? — Ela assentiu.

  — Justin é capaz disso, acredite! Não tem nada que ele não seja apto a fazer. Jeremy o treinou realmente bem. — Contou com um brilho de orgulho nos olhos. Ela tinha muito apreço por Justin e isso era visível. — Bom, agora, vamos iniciar logo esse treinamento!

 

E Ellen me fez ter um treinamento intensivo. Dizia que ainda estava pegando mais leve do que seu pai um dia fizera com ela, e contou-me que o homem fizera questão de treinar a filha por toda a infância, como se previsse que em pouco tempo não estaria mais por perto para protege-la. Fiz tudo que faria em uma academia comum, com uma treinadora mil vezes mais exigente, e uma carga horária muito maior, no entanto. Em dias que Ellen não podia vir até a mansão, fazia questão de me enviar instruções por mensagem, e fazer chamadas de vídeo para ter certeza de que eu não burlaria nenhum dia de treino. E assim se passaram duas semanas. Duas semanas em que eu treinei duro o suficiente para me igualar a qualquer maromba, e admito que o bem que aquilo fez ao meu corpo e ao meu organismo fora tão satisfatório quanto a endorfina liberada em meu cérebro. Podia sentir meu bumbum mais firme, assim como minhas coxas, e minha energia era admirável. No entanto, eu ainda não estava pronta para enfrentar ninguém, e aquilo me deixava um tanto quanto ansiosa demais.

  — Desde quando é tão próxima daquela mulher? — Jazmyn indagou emburrada, logo cedo pela manhã, enquanto eu terminava de comer os ovos que Rose preparara para mim. — E desde quando você malha? Você está muito diferente! E nem mesmo fala comigo direito!

  — Nós passamos a noite juntas, Jazzy! Assistimos a filmes e dormimos agarradinhas. Eu não estou diferente, apenas resolvi ser mais útil. — Dei de ombros, empurrando um pouco dos ovos em sua boca, alimentando-a. — Eu admito que a minha proximidade com Ellen também me surpreendeu um bocado. Se você visse como brigávamos antigamente! Mas, incrivelmente, eu passei a admirá-la muito nessa nova fase.

Ela fez um bico enciumado, o que me fez rir e beijar sua bochecha para tentar amenizar sua carranca. Terminamos nosso café e eu a encorajei a me seguir naquele dia. Eu finalmente iria sair dos treinamentos físicos e passar a minhas lições de autodefesa. Ellen não havia chegado, então, aproveitei o tempo para organizar as coisas de sempre, enquanto ouvia Jazmyn tagarelar o quão entediante era viver naquela mansão sem poder sair e ver mais pessoas além de aqueles seguranças carrancudos. Eu apenas ri, concordando. Por incrível que pareça, eu não me sentia tão presa quanto ela. Talvez por já ser uma situação conhecida por mim.

  — Oh, caiu da cama essa manhã, menina? — A voz de Ellen veio animada até nós, fazendo-me franzir o cenho, enquanto ria de sua imagem sorridente.

  — Alguém teve uma noite muito boa! — Cantarolei, observando-a atentamente. Suas bochechas coraram, e ela desviou o olhar. — Ah, eu sabia! Com quem você saiu ontem?

  — Vá para o inferno, Allyson! — Murmurou envergonhada.

  — Eu te vi saindo com Chaz daqui, ontem de noite. Já era bem tarde. — Apontou Jazmyn, deixando-me estática. Chaz?

  — Charles Somers? O nosso Chaz? — Indaguei curiosa e surpresa, vendo-a negar veemente.

  — Eu já disse, calem a boca! Mais uma dessas e eu realmente não te treino hoje!

Ainda muito surpresa com aquela novidade, apenas fiquei em silencio.

  — Ótimo, eu acho vocês realmente adoráveis quando estão de boca calada, crianças. — Debochou, pescando as luvas do chão gramado. — Bom, já que a senhorita Bieber resolveu aparecer por aqui hoje, vamos usá-la em nosso treinamento inicial.

  — Tem certeza? Eu sou uma florzinha — Brincou, piscando e mandando um beijinho para Ellen, que revirou os olhos, rindo da minha amiga.

  — Eu vou te ensinar as técnicas do Krav Maga. É algo mais básico e ideal para quem quer se defender. O ataque, no Krav Maga, é voltado para o que chamamos de “partes macias”, ou seja, áreas mais suscetíveis a dor. — Tanto eu quanto Jazmyn assentimos animadas, como se fossemos duas crianças. — A primeira coisa é básica: como fechar o punho. — Ellen veio até nós e nos indicou a posição exata em que posicionar nossos dedos, a altura da segunda articulação, e polegares. — Mantenha os pulsos retos, assim — indicou. — E quando for acertar o oponente, faça com os nós dos dedos indicadores e médios, e movimente a cintura no mesmo sentido do golpe. Isso vai permitir que o poder do soco seja maior. — Explicou, enquanto replicava o que dissera no boneco a nossa frente, fazendo o mesmo cair devido a força. Abri a boca, completamente surpresa. Ellen era realmente forte.

Ellen nos fez treinar assiduamente nossos socos por todo o dia. Ela dizia que quanto mais treinássemos, maior seria nossa força e preparo, e que aquela parte podia parecer pouca e simples, mas um bom soco era a base de todos os outros movimentos. E foram dois dias até que ela finalmente pudesse me liberar dos socos. Jazmyn desistira no mesmo dia, ao ter os braços completamente doloridos no fim do dia.

O próximo passo fora algo que eu julgava fácil ao ver ser efetuado em filmes e séries, o chute na virilha. Porém, Ellen era muito mais prática e também era uma ótima professora. Prezou por cada movimento que eu poderia fazer e fez questão de esgotar até minhas últimas forças para que os golpes saíssem perfeitos e potentes. E eu pude afirmar que estava fazendo um trabalho no mínimo satisfatório ao ter um dos seguranças de Justin aos meus pés, gemendo baixinho de dor por conta de um de meus chutes de teste. Ellen também parecia orgulhosa.

Eu conseguia avançar aos poucos, um pouco mais lentamente do que eu esperava, pois Ellen priorizava a execução perfeita de cada pequeno movimento. No entanto, os planos de Justin também aconteciam calmamente, e aparecia estar saindo do jeito que ele planejava. Por vezes, durante o café da manhã, eu podia ver em algum jornal matinal a noticia de que algum estabelecimento ia pelos ares ou que um grande carregamento de drogas era apreendido pela policia devido a denuncias anônimas ou pistas deixadas em delegacias da região. O fato é que em cada pequena notícia, eu podia ver o sorriso convencido e travesso adornar os lábios de Justin, em um claro sinal de que aquilo tudo era obra sua.

Ele queria provocar Tom, avisar que estava chegando.

Eu sentia meu coração apertar a cada nova notícia, pois sabia que o momento em que ele buscaria pelo confronto estava chegando e meu medo por todas as desgraças que poderiam vir a acontecer dali para frente só conseguia aumentar. Eu sabia que Justin era bom e estava dando tudo de si nessa vingança, mas ainda era impossível omitir a preocupação iminente que vinha junto da atual situação.

 

Quando quase dois meses do início de meu treinamento estava prestes a ser completados, eu pude ouvir o nome de Tom ser anunciado pela primeira vez em rede nacional, em um jornal da noite. Ele era um homem rico, um empresário, e eu não poderia imaginar toda a sua influência nem em um milhão de anos. Ele não era um simples traficante. Tom era uma organização. Ele era dono de hotéis e marcas renomadas regionalmente, e aquilo era uma grande surpresa. Seu poder e influência eram enormes, portanto, quando ouvi ser anunciado que provas fundamentadas e incontestáveis sobre lavagem de dinheiro e envolvimento com um dos maiores cartéis de Atlanta foram entregues ao FBI, um arrepio horrível passou por toda a minha coluna, e eu soube que o momento estava mais próximo do que nunca.

Justin estava sendo atrevido o suficiente para entregar a verdadeira identidade de Tom à mídia, e aquilo era a cartada final. O mais temido medo de Tom Walker estava se concretizando e as coisas não iriam terminar amigáveis.

Suspirei alto o suficiente para que o Bieber, que se encontrava de pé, próximo das escadas, ouvisse e tornasse sua atenção a mim. Levantei do sofá, deixando Erin e Pattie — que parecia começar a aceitar as coisas um pouco melhor — sozinhas, conversando sobre como àqueles que desfrutam do poder, não eram dignos de nossa confiança, seguindo ao meu quarto. Porém, senti meu braço ser puxado pouco antes que pudesse adentrar o comôdo.

  — O que quer? — Indaguei baixinho, virando-me para ele em seguida. Justin parecia perdido, sem uma resposta concreta, então, apenas acenou com a cabeça, pedindo-me para que o seguisse. Assim eu fiz, seguindo-o pelo corredor até a cozinha e, então, para o lado externo da casa. A noite não estava fria, mas a brisa um pouco mais forte foi o suficiente para me fazer arrepiar por conta do pijama fino que vestia meu corpo. Esperei que Justin dissesse algo, ou simplesmente me explicasse o que queria comigo, porém, ele permaneceu em silêncio. Eu apenas o acompanhei, deixando todos os meus pensamentos em um baú no fundo do meu cérebro, tentando ao máximo não enchê-lo de indagações cheias de confusões e apreensões.

Permanecemos ali por longos minutos, enquanto admirávamos o céu limpo que se estendia sobre nossas cabeças, e a paisagem bonita que aquela mansão tinha. Havia alguns postes de luz por toda a extensão da residência, que mais se parecia com uma fortaleza, e eles nos permitia observar melhor o jardim que se alongava até o enorme lago. Aquele lugar seria um perfeito refúgio se não fosse algo como uma fortaleza de combate em que Justin se escondia. Era calmo e bonito.

  — Eu sei que vem tendo aulas de auto defesa com Ellen. — O loiro murmurou baixinho, como se quisesse manter aquele silêncio intacto, sendo cuidadoso. Assenti calmamente, suspirando uma vez mais.

  — Eu imaginava. Não estava fazendo escondido, de qualquer forma.

  — Você sabe que eu tenho medo que se machuque, certo? — Assenti mais uma vez, porém, eu não entendia aquele receio. Eu não era uma pirralha. Eu já havia passado por coisas suficientes para que amadurecesse.

  — Eu irei me machucar se não souber como me defender. Isso já aconteceu antes, e talvez tivesse sido diferente ou tivesse menos traumas se eu soubesse como reagir ou como me proteger em momentos como aquele. — Relembrei o momento em que houve uma invasão e eu fora cruelmente espancada pelos homens de Tom, que buscavam por algo. Ao meu lado, Justin mordeu os lábio inferior, e eu soube que ele estava se martirizando internamente ao lembrar daquilo. — Você nem sempre poderá estar junto de mim ou de qualquer outro que queira proteger, Justin, e isso não lhe torna culpado. Você é um ser humano como qualquer outro, e não pode se responsabilizar por tantas pessoas. Nós precisamos aprender a nos defender, isso é importante. Eu sei que não sou tão útil quando eu queria para você, mas eu quero ser útil ao menos para mim. Eu também quero poder reagir caso algo aconteça a mim, a mamãe, a Jazzy...

  — Tudo bem — Seu corpo virou-se de frente para mim e um pequeno sorriso surgir em seus lábio, apesar de a preocupação ainda estar presente nos vincos em sua testa. Calmamente, elevei meu braço, até que meus dedos alcançassem sua testa e levemente desfiz aqueles vincos com as pontas de meus dedos.

  — Tudo vai dar certo. Nós vamos ficar bem e você vai conseguir concluir o que está planejando. — Sussurrei, sabendo que ele seria capaz de meu ouvir, pois a proximidade era o suficiente para isso. — Não se preocupe tanto. — Pedi, deixando que meus olhos automaticamente buscassem os seus e se perdessem nos mesmos.

  — Eu estou ansioso — Admitiu no mesmo tom que eu, porém parecia um pouco amedrontado, o que me fez sorrir levemente, enquanto meus dedos faziam um caminho por seu rosto, de sua testa até seu maxilar.

  — E isso é normal. Você só é um Deus dentro da sua mente, Justin. — Comentei, rindo levemente enquanto acariciava sua pele branquinha e macia. — Você não precisa aguentar tudo sozinho e não precisa esconder o que está sentindo o tempo todo. Sentir não faz de você menos incrível. — Ele sorriu, concordando.

  — Eu continuo sendo incrível para você — Observou em tom de provocação, o que me fez rir. — Isso é um bom sinal.

  — Claro que é! Toda irmã deve admirar o seu irmão. — Comentei de modo neutro. Ele, então, pareceu recordar-se daquilo e em um rompante se afastou.

  — Eu preciso resolver algumas coisas. Obrigada por... Você sabe... Pela conversa... Irmã. — Com uma careta confusa e decepcionada, ele me deixou sozinha naquela varanda.

Aquela maldita palavra parecia se repetir cada vez mais intensamente em minha mente, o que me deixava frustrada. Eu e Justin nunca conseguiríamos agir como irmãos. Era completamente desconfortável e desajustado aquele pensamento. Depois de tudo o que acontecera... Não era algo que pudéssemos simplesmente aceitar e se adaptar. Não iríamos conseguir conviver, sem que momentos íntimos como aquele que havíamos acabado de protagonizar acontecesse. Justin parecia flertar a cada palavra direcionada a mim, e eu nunca conseguiria deixar de corresponder àquilo, apenas porque parecia natural. Era divertido e fazia parte do que éramos. E irmãos, com certeza, não agiam daquela maneira.

Mesmo com a brisa gélida, permaneci naquela varanda por longos minutos. Ouvi mamãe e Erin irem dormir, Rose havia tirado o dia de folga e Jazmyn havia saído com Chris após muita insistência. Tudo estava silencioso e aquele parecia o melhor momento para se pensar. E minha cabeça parecia cheia de coisas para que eu considerasse, fantasiasse e organizasse. Eu estava curiosa sobre o rumo que tudo iria tomar. Tanto tempo se passara comigo ali parada para pensar, que quando eu finalmente adentrei a cozinha, mal sentia meus dedos. Na tentativa de tentar me esquentar, busquei pelo leite na geladeira e o coloquei em um copo, pronta para levá-lo ao microondas.

No entanto, antes que o fizesse, senti um braço rodear meus ombros enquanto uma mão tapava minha boca. A pessoa restringia meus movimentos, agarrando-me por trás e tornando praticamente impossível que eu gritasse por ajuda, ou simplesmente conseguisse me livrar daquilo.

— Quietinha ou eu posso te matar aqui mesmo. — O homem falou no pé de meu ouvido, e tudo o que eu fiz foi me debater desesperada, buscando me livrar de suas mãos. — Eu quero que me leve até Justin Bieber, está me ouvindo? Eu tenho uma mensagem para ele.

Meu coração estava acelerado e minha mente parecia em branco. Eu estava entrando em desespero. E em um rompante, meu cérebro pareceu resgatar todas as minhas aulas com Ellen, e sua voz veio clara em minha mente, auxiliando-me. Em movimentos rápidos e praticamente automáticos, afastei meus pés, e tentei agachar da melhor forma que pude para manter meu corpo no chão e dificultar o processo de andar que o invasor parecia querer iniciar comigo. Enquanto me debatia, achei uma posição que me permitisse atacar as bolas daquele filho da puta com a palma de minha mão com o máximo de força que consegui buscar em mim naquele momento, fazendo-o se surpreender e afrouxar seu braço ao redor de meus ombros, o que me permitiu me afastar o suficiente para deferir uma cotovelada que acertou em cheio suas costelas, causando um ruído de dor do mesmo. Sem pensar duas vezes, virei de frente ao homem, fechando meus punhos e lhe socando o nariz. Meu golpe não deveria ser tão forte quanto o que aquele homem parecia estar acostumado, porém, foi o suficiente para que ele desse dois passos em falso para trás e esbarrasse em uma porção de louças que havia sobre a bancada, derrubando-as no chão da cozinha. Com medo de que aquilo não fosse o suficiente para pará-lo por algum tempo, enquanto eu parecia ouvir a voz de Ellen me instruindo, posicionei-me e aproveitando de sua guarda baixa, chutei sua virilha com toda a força. O homem se curvou para frente, xingando palavrões e amaldiçoando-me.

Tudo havia acontecido em câmera lenta para mim, porém, não levara mais do que poucos segundos. E o cara, que só então pude perceber ser um garoto, provavelmente da minha idade, de cabelos escuros e pele morena, não teve tempo para se recuperar do chute nas partes baixas nem do sangramento nasal, pois Justin adentrou a cozinha logo em seguida. Olhei para ele assustada, o coração na boca e as mãos tremendo, finalmente me apoiando na pia. Seus olhos se semicerraram ao ver o garoto que ainda se encontrava um pouco curvado, e ele seguiu até o mesmo no mesmo instante, agarrando sua blusa e o elevando no ar com uma força surpreendente.

  — Quem é você? — Indagou raivoso, fazendo o menino recuperar seus sentidos no mesmo instante. Não foi preciso apresentações, ele soube que aquele era o Justin Bieber que procurava no mesmo momento em que pousou seus olhos na figura possessa que lhe prensava violentamente contra a parede.

  — A sua segurança é muito fraca, Bieber. — O garoto gabou-se, sorrindo presunçoso. — Tom mandou-me para lhe entregar uma mensagem.

Eu assistia a tudo boquiaberta, enquanto sentia todos aqueles sintomas de nervosismo e pânico tomarem conta do meu corpo e mente. Justin não precisou falar nada para que o menino continuasse:

  — “Você está brincando com a pessoa errada. Sou maior e mais inteligente, você não saí vivo dessa. O que quer que esteja planejando o levará pelo mesmo caminho que seus filhos.”.

Vi Justin ranger os dentes no mesmo instante que nossos filhos foram mencionados, e a cabeça do invasor se chocar fortemente contra a parede, em um baque alto e que reverberou por toda a cozinha. O mesmo pareceu ficar tonto, no entanto, aquele sorriso presunçoso não lhe deixava o rosto. Ele parecia saber que as coisas estavam acabadas ali, como se sair ileso não fosse uma opção desde o inicio. E eu senti um aperto no peito por saber que alguém tão novo, aparentava ter entregado sua lealdade, juventude e vida a alguém tão podre como Tom. Ele entrara ali, tendo consciência de que não sairia.

Quando Justin gritou por um segurança, que não levou nem dois segundos para aparecer, e entregou o menino ao mesmo, deixando-nos sozinhos naquele comôdo novamente, eu simplesmente escorreguei até estar sentada no chão, pois sabia que minhas pernas não poderiam aguentar por muito mais tempo.

  — Você está bem? O que houve? — Sua voz preocupada fez com que eu o olhasse.

  — Ele chegou por trás e me agarrou. Eu fiquei sem reação de inicio, mas a voz de Ellen pareceram gritar em minha mente, instruindo-me a me defender. — Expliquei, respirando fundo várias vezes logo após. — Eu achei que não fosse conseguir me livrar dele... — Murmurei enquanto sentia meu coração se acalmar aos poucos. — As coisas aconteceram tão rápido.

Ele permaneceu em silêncio e sentou-se ao meu lado, rindo um pouco alguns minutos depois.

  — Acho que você estava certa, Allyson. — Falou, chamando minha atenção. Franzi o cenho confusa com sua frase e sobre o que eu poderia estar certa. — Talvez você possa ser útil. — Concluiu em tom brincalhão, fazendo-me encará-lo indignada.

Porém, ao me dar conta de tudo o que havia acontecido naquela noite, não consegui evitar um sorriso grande e feliz de assumir lugar em meu rosto. Eu havia conseguido! Eu havia me defendido sozinha, e não havia sido a vitima. Eu me livrei daquele garoto sozinha e sem precisar que Justin me salvasse com sempre fora.

  — Seu idiota! — Xinguei, dando um soco em seu ombro, e resmungando de dor em seguida, ao perceber que minha mão e pulso estavam doloridos. — Ai! Acho que coloquei muita força naquele soco.

O Bieber riu, levantando-se e segurando em minha outra mão para que eu fizesse o mesmo. Antes de seguir até a geladeira, o mais velho me colocou sentada sobre a mesa — como se não houvesse cadeiras na cozinha. Voltou logo em seguida com uma bolsa de gelo em mãos e puxou minha mão para si, balançando a cabeça negativamente ao vê-la avermelhada, apontando um pouquinho para o roxo. Aquele hematoma me deixou orgulhosa e ele riu ao detectar meu sorriso.

  — Você é uma idiota. — Resmungou, pressionando mais o objeto em minha mão.

  — E você um grosso, seu babaca! — Reclamei, puxando minha mão de volta. Ele voltou a puxá-la, sendo mais delicado daquela vez.  — Saiba que eu fui incrível! Dei uma cotovelada, um soco lindo e depois esmaguei as bolas dele com um chute! — Vangloriei-me, fazendo-o rir alto.

  — Ah, eu realmente queria ver isso! — Murmurou.

Permanecemos em silêncio enquanto ele continuava a segurar a bolsa de gelo sobre minha mão, ás vezes, retirando-a e observando minha pele branca tomar pequenos tons arroxeados sobre os nós dos dedos indicador e médio. Os vincos em sua testa permaneciam ali, e aquilo me incomodava muito por saber que eu não podia ajudá-lo com suas preocupações, apenas tonava-as maiores.

  — O que Tom disse... — Comecei, porém ele me silenciou rapidamente.

  — Não ligue para aquilo. Ele está desesperado e acha que pode me assustar assim. Nada vai acontecer. — Anuí, descendo da mesa no momento em que ele se afastou para deixar a bolsa de gelo sobre a pia. — Como você disse, eu sou incrível, hm?! — Sorriu, piscando para mim.

  — Mas não é imbatível. — Rebati baixinho, deixando que meus olhos caíssem sobre minha mão machucada para disfarçar a apreensão em meus olhos.

  — Lá em cima, no banheiro do quarto, tem uma pomada para passar ai. Vá lá pegar e depois vá dormir. — Observou e eu apenas concordei. — Preciso resolver algumas coisas.

Antes de me deixar novamente sozinha ali, ele se aproximou rapidamente, e calmamente selou seus lábios aos meus cabeços, acariciando-os brevemente. Arregalei meus olhos em surpresa, levantando a cabeça rapidamente, porém, ele já havia ido. 

LEIAM AS NOTAS FINAIS, POR FAVOR!


Notas Finais


Hey, nenéns! Como vocês estão? E esse capítulo, como ficou? Espero que tenham gostado, porque eu demorei um século para conseguir fazer isso sair, mesmo que mais ou menos desse jeito, e só consegui terminá-lo ontem! Era para ter saído hoje assim que cheguei da faculdade, no entanto, engatei em revisar a matéria de hoje e acabei perdendo a noção do tempo! Em fim, o que eu tenho para conversar com vocês é realmente importante, e acredito que cada um de vocês irão querer minha cabeça em uma bandeja, mas espero que me entendam!

A questão é que: EU ARRUMEI UM EMPREGOOOOOO!!! Okay, e o que isso tem a ver com vocês? Para vocês, realmente, não tem nada de empolgante, eu sei! A coisa é que a partir de amanhã, todos os meus dias serão: trabalho, faculdade, casa; nessa ordem mesmo, t.o.d.o.s os dias! Portanto, terei meu tempo livre drasticamente reduzido, visto que meus finais de semana ficarão para adiantar matéria (porque essas matérias estão ficando cada vez pior e eu estou enlouquecendo ;.;), fazer trabalhos, realizar as leituras necessárias e, quem sabe, atualizar um dorama ou uma série. E eu obviamente irei encaixar minhas fanfics no meio disso, porque elas são muitas. Eu não estou dizendo que vou parar de escrever por conta de falta de tempo, de modo algum! Eu apenas vim aqui para propor um prazo maior às postagens, okay? Eu acredito que CD tenha mais três, quatro capítulos no máximo, e eu tenho esse final e a ideia básica em minha mente, porém, serão capítulos que exigirão de mim mais pesquisa e muito mais raciocínio, afinal, estamos em reta final. Terei que reler toda a história, pensar em pontas soltas e cuidar de cada um dos personagens que criei com tanto amor e carinho. Eu não posso só jogar alguma coisa aqui e pronto, fim! Esses capítulos finais irão exigir mais de mim, e para que eu consiga entregá-los a vocês de modo satisfatório, eu preciso de mais tempo, o que vai ser algo um tanto raro para mim de agora em diante.

Então, peço que entendam minha situação, e que não fiquem chateados nem desistam de mim! Eu darei o meu melhor para escrever algo de qualidade para vocês, mesmo que isso exija todos os meus momentos livres, porque eu não quero mais desapontá-los, tudo bem? Portanto, se no próximo mês não vier um capítulo novo no dia 13, nem nos cinco dias seguintes, estejam avisados de que eu não desisti, eu apenas preciso de um tempo para formular tudo certinho. De qualquer jeito, irei manter vocês todos atualizados em meu perfil, postando mensagens periódicas do andamento das coisas, okay?

Espero que me entendam e torçam por mim nesse novo desafio, porque é meu primeiro emprego e eu estou morrendo de medo, quase me engasgando em minha própria ansiedade! Eu tentarei fazer o melhor que puder para não desapontá-los, eu juro!

Obrigada por continuarem a aturar todos esses meus atrasos e todas as indecisões com Common Denominator, perdoem os erros do capítulo, porque eu não revisei, e continuem a torcer pela fanfic, porque ela, com certeza, terá um fim!

Até o próximo! EU AMO VOCÊS!


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