História Como cão e gato - Capítulo 02 - Ele é uma naja

Como cão e gato

ChanYeol já estava com fome, assim como BaekHyun.

JoonMyeon não gostava nenhum pouquinho quando iam na cozinha, porque da última vez que foram, o gato derrubou todo o leite pelo chão da cozinha e o cachorro derrubou a caixa de cereais também e como já tinham leite e cereal, resolveram comer do chão mesmo.E quem ficou com dor de barriga durante dois dias seguidos? Eles mesmos.

E desde então,  a cozinha era completamente proibida.

Mas o humano estava demorando muito! Baekkie estava entretido demais com aquela maldita bola cor-de-rosa que fazia um barulhinho irritante para reclamar de fome. E sua animação o irritava!

O cachorro ficava para cá e para lá, correndo atrás da bola, mordendo e babando por todo o lado. Nojento. E pior, ainda ficava falando com a maldita da bola.

Ele não calava a boca.

Então, quando já ia xingar o cachorro de todos os nomes feios que conhecia, Joon abrira a porta da sala, com os braços cheios de sacolas. E não só com sacolas. Ele carregava mais um hibrido consigo.

O mundo do gato desmoronou de novo. Seria mais alguém para dividir a atenção do humano consigo.

BaekHyun fora correndo cumprimentar seu dono com muitos beijinhos e abraços, e ficara extremamente contente pelo novo amigo. Ele parecia ser mais novo, porque tinha cara de bebê, mesmo que não tivesse expressões.  E ele era muito branco. Muito mesmo. E tinha olhos com pupilas estranhas. E os seus dedinhos das mãos, exceto os indicadores e polegares, eram todinhos grudados e esverdeados.

Ele tinha escamas.

“Eu demorei um pouquinho, mas foi por uma boa causa, crianças.” Colocara o menininho no chão, que sentara desajeitado sobre o tapete, ficando bem a fronte do gato. “Este aqui é o SeHun, ele tem treze anos, hn? Ele ainda é bem novinho, então, como vocês são mais velhos, precisam cuidar dele. SeHun vai ficar conosco por uns dias, no máximo uma semana, para se habituar ao ambiente doméstico."

“Oh, ele é tão fofo, Hyung-nim! Mas não é justo que ele tenha treze aninhos e seja mais alto do que eu!” BaekHyun fizera um biquinho, aproximando-se do novato, encarando-o de cima a baixo. “Eu já tenho dezessete! Eu deveria ser mais alto!”

“Você tem dezesseis e o crescimento é diferente  para cada um.” O homem dera as costas, seguindo para cozinha. Ainda tinha que dar o jantar dos mais novos.

“Hnn... Você é um cachorro? Como eu?” O garoto baixinho indagara curiosamente, mas de SeHun nada obteve. “Eu acho que não... Miau, o SeHunnie não pode ser um cachorro, ele tem cheiro de alface fresquinha. O que acha que ele é?”

“Ora, mas é claro que ele não é um cachorro, ele nem orelhas tem.” ChanYeol dera de ombros, fazendo pouco caso do loirinho de dedos colados. “Ele é esquisito.”

“Não fale assim do SeHuunie! Ele não é esquisito! Ele é lindo, tem cara de bebê bonito e cheiro de alface fresquinha!” O doginho ficara em fronte o loiro, como se estivesse o protegendo dos insultos afiados daquele bichano. E tentava.

“Hmf.” O moreno alto dera de ombros, levantando dali e indo atrás de seu servo de casta inferior. “JoonMyeon!”

E nisso, os mais novos ficaram ali, sozinhos, encarando um ao outro. O cachorro não sabia dizer ao certo o que passava-se na cabeça do amiguinho, nem as sobrancelhas dele mexiam-se!

“SeHunnie, você não vai falar comigo? Eu sou chato? Miau disse que eu sou chato.”

O maior continuara com aquela sua mesma face, mas resolvera tomar ação. Porque achava que ele merecia um abraço. JoonMyeon-ssi havia ensinou-lhe que ao gostar de alguém, é bom transmitir.

Mas o abraço de SeHun era forte demais. E BaekHyun quase ficara sem ar, mas era gostoso, porque o loiro tinha a pele  geladinha e macia, mesmo com aquelas escaminhas espalhadas por ai.

“Você vai me enforcar, Hunnie!” O mais velho gargalhara, correspondendo aos atos, mesmo que já estivesse começando a ficar vermelho. “Você é muito forte para alguém com a sua idade, né?”

“Hey, vocês dois! SeHun, já pode soltar, querido, se não você vai quebrar o BaekHyun no meio.” Joon aparecera, e finalmente o cachorro fora solto, ficando extremamente feliz por ter ganho um abraço tão apertado. “Cachorros são molinhos” clara mentira “você sabe, né?”

“Eu não sou molinho, Miau é molinho, as costelas dele entram para dentro.” Cruzara os dedos, querendo demonstrar como as costelas de ChanYeol se mexiam e como ele as achava estranhas.

“Você é molinho.” Contrariara o menor. “E você vem comigo jantar.” Joon puxara o loirinho, o tomando no colo novamente. SeHun não era lá muito fã de se mover. E se dependesse dele, não iria levantar-se de modo algum. E o doginho os seguira.

ChanYeol já esperava na mesa, tomando um copo de leite, ele sabia que estava sentindo ciúme, mas seu orgulho era tão grande, que na brechinha que existia entre ele e a normalidade, suas costelas molinhas não conseguiam passar.

“Eu comprei pra gente. Carne de peixe e de porco, com KimChi e arroz frito.” Kim deixara SeHun em uma das cadeiras, para poder pegar as marmitas que comprara, colocando cada uma a frente de seu respectivo híbrido.

“Obrigado pela comida, Hyung-nim!” O cachorrinho agradecera, pegando o seu par de palitinhos, e os descolando para enfim poder comer. O humano sorrira, aquele doginho era adorável demais e que com certeza fora umas das melhores coisas que lhe acontecera. Não que o comparasse com ChanYeol, sabia que não era certo comparar, mas compreendia que seus dias ficaram um pouquinhozinho melhores do que eram antes.

Já o  bichano estava desconfiado. Ele resmungou algo baixinho, que o Kim quisera entender como agradecimento, e passara a comer, mas não concentrando-se exatamente no que fazia. Ele fitava de canto de olho o híbridozinho mais novo.

E quando dele abriu a boca... Chan viu!

ChanYeol vira todos os dentinhos afiados e curtinhos e a língua vermelha e bifurcada.

Era óbvio que SeHun não era um híbrido de cachorro, ele era estranho demais e não estúpido! E o gato sabia, porque sabia, que já tinha visto algo parecido nos livros sobre animais.

Escamas... Pupilas fininhas... Língua bifurcada....

Uma serpente!  

SeHun era uma serpente! Fazia muito sentido. E sabia que se deixasse BaekHyun perto dele poderia ser perigoso, porque serpentes eram muito perigosas. Elas eram... Elas poderiam comer o BaekHyun!

Inicialmente ele resolvera ficar calado, e quando aquelezinho resolvesse ficar perto do cachorro ele tomaria alguma ação. Só não achava que o bendito do cachorro fosse ficar de conversinha com o projeto de estátua, e que ele ia ficar respondendo a Baek. Não que ele falasse, porque SeHun não falava, mas respondia sempre com acenos de cabeça e gestos.

Oh, mas ChanYeol sentia que ele era traiçoeiro,

Claro que sim, ele era uma serpente afinal de contas.

“SeHunnie, você gosta de carne de porco frita? O Hyung-nim faz a melhor, o Hyung precisa fazer pra você comer. Você faz para o Hunnie, Hyung-nim?” O doginho pediu empolgado, e JoonMyeon cheio de arroz na boca limitou-se a apenas concordar com a cabeça e tentar sorrir, gostando de ver que seu menino estava gostando da presença de SeHun.

Bem ao contrário de ChanYeol. Ele conhecia muito bem aquele gato, e sabia que na cabecinha dele planos infalíveis para mandar o garoto embora eram moldados.  O bichano até mesmo fitava o mais novo de canto de olho com o desgosto na face.

Mas o Kim entendia seu gato, Chan era muito... Acomodado, ele gostava das coisas como eram sempre, e quando havia mudanças o mundo do gatinho desmoronava.

“JoonMyeon não precisa fazer carne de porco frita, porque provavelmente esse esquisito vai te enfiar na boca e te engolir. Fome ele não passa.” ChanYeol não sabia controlar a língua. E bom, SeHun ainda não entendia, então ainda continuava a comer, mas os outros dois olharam para o mais alto curiosos. Curioso mesmo só o cachorro porque o humano queria colocar o gato de castigo.

“Do que está falando, Miau?"  O doginho questionou confuso.

“Que ele come tudo. Porque serpentes são como pombos sem patas. Elas comem de tudo, não importa o quê. Principalmente criaturas pequenas feito você e gente frouxa feito o JoonMyeon.” ChanYeol, era tão venenoso quando uma serpente, e SeHun, ainda não entendendo nada, era o único que comia com naturalidade naquela mesa.

E o humano queria puxar a orelha daquele projeto de bichano mal intencionado e lhe dar uma coça, mentira, que ele não tinha coragem de bater no seu gato, mesmo que ele merecesse uns tapas pra deixar de ser ridículo.

“Mentira, mentira, mentira, Miau!” BaekHyun batera as mãos nas próprias coxas, achando aquilo um absurdo. Porque ele tinha certeza, que SeHun era um híbrido de alface. “SeHunnie é bonzinho, e a boca dele é muito pequenininha pra me comer...”

“Você é muito idiota mesmo...” ChanYeol resmungara com asco, voltando sua atenção para a comida e o copo de leite.   

“ChanYeol você está sendo mal educado.” Joon repreendera, mas o moreno revirara os olhos, pensando que o humano era como aquelas babás que não sabem como repreender as crianças e no final acabam carecas e azuis chorando no cantinho.

“Eu estou sendo direto. BaekHyun é um tonto que não percebe as coisas.”

“Não é assim que se fala com as pessoas.”

“É assim que se fala quando você não quer que o bendito do cachorro vire comida de cobra.”

“Olha, só, voc-“ O Kim fora interrompido pelo mais novo. Que, obviamente, nada falou, mas desceu de sua cadeira e a puxou para ainda mais perto de Baek, retornara a sentar-se. E ai, o loirinho pegou um pouquinho de arroz com os hachis e levou até a boca do amigo, que demorou a entender que o menino queria lhe alimentar.

 E nisso, Chan quase ficara vermelho de raiva. Aquilo não era justo, não era! Por que BaekHyun era burro daquele jeito? 

Então, JoonMyeon finalmente percebeu.  Que por mais que ChanYeol ignorasse Baek, ele gostava um pouquinho dele. Dessa vez ele iria deixar passar, mesmo que errado, cada um lidava com os sentimentos de forma diferente, e uma hora ou outra o bichano iria perceber também.

Até porque BaekHyun era um doginho amável demais para ser odiado com tanto fervor.