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História Como (não) ser popular - (Não) seja flagrado


Escrita por: inosukie

Notas do Autor


Sim povo, é atualização antes da data prevista.

Gente eu to morrendo de insegurança quanto a esse cap, por favor, me digam o que acharam se possível

Tenho umas coisinhas básica para falar, mas antes eu quero agradecer a Linnie-chan por ter betado o capitulo, já que é graças a ela que estou postando agora.

Muito obrigada sua linda s2 (leiam as Fanfics dela, são boas).

Também quero falar sobre as categorias da Fanfic, bem, ela é crossover e tem EXO e GOT7 nela, recebi algumas reclamações por ter eles nas categorias sendo que a participação é mínima por assim dizer.

Então vocês acham que eu devo manter os grupos na Fanfic? Ou transformar os personagens que aparecem em originais?

Me ajudem a decidir isso

Capítulo 13 - (Não) seja flagrado


Fanfic / Fanfiction Como (não) ser popular - (Não) seja flagrado

30 de abril de 2016

Depois da festa

07:32

A verdade é que eu não consegui dormir e estou neste exato momento com uma garrafa térmica cheia de café entre as minhas pernas. Como se não bastasse isso, eu ainda estou usando a dita garrafa como suporte para escrever isso no meu pequeno bloco de notas. Uma tentativa bem esforçada de não cair no sono dentro do ônibus que está me levando para o ponto mais próximo da loja do meu pai, onde, como já devemos imaginar, irei ver Hoseok depois daquilo tudo.

Eu tinha beijado Hoseok.

Hoseok me beijou.

Conseguem entender essa informação?

Eu também não, por isso passei as três horas de sono, que eu poderia ter gastado dormindo, processando esses acontecimentos bizarros. Agora eu estou acabado e sendo obrigado a ir trabalhar.

A gente sempre se odiou desde que o mundo é mundo, e o Namjoon passou a ser um idiota, ou seja, nasceu. Eu nunca tive nenhum tipo de alergia ou intolerância a alguma substância, mas Hoseok era definitivamente algo que me causava irritações. Primeiro que ele era um babaca, sempre se achando melhor que os outros — ou pelo menos era o que eu imaginava ao ver ele tratando as pessoas como se fossem fãs dele. Segundo, ele sempre me encarava com cara de morte, e isso me causava repulsa.

Estou considerando estar vivendo em uma realidade alternativa criada a partir de muitas alterações no tempo, estilo aquelas paradas que aconteceu em Life is Strange e Donnie Darko. Seja lá, essa pessoa que está brincando com o tempo, já está na bela hora de parar, porque daqui a pouco eu e Namjoon estaremos completando três anos de casados com um filho chamado Albert Einstein.

Mas resumindo isso tudo, eu e Hoseok nunca iriamos acontecer. É que nem tentar misturar óleo com água, e Namjoon com compaixão. São coisas que não se juntam.

Eu odeio Jung Hoseok.

Jung Hoseok odeia Min Yoongi.

Isso já deveria até ser uma lei.

E agora como vai ser? Outra boa parte do resto da noite que eu tinha, fiquei me remoendo e pensando nisso. Ok, a gente se beijou em dois momentos, o que já é bastante bizarro. E se esses dois momentos não forem os únicos? E se a gente for daqueles tipos de casais que se vê em alguns filmes de comedia romântica estilo do Adam Sandler, em que os dois se odeiam, mas no fundo nutrem uma paixão orgulhosa demais para admitir, e que na verdade aquilo não é ódio e sim amor encubado?

Entenderam onde eu quero chegar? Será que sou eu que tenho que pedir ele em namoro?

Eu estou desesperado.

E a cada minuto que passa eu estou mais perto de ter que olhar para o meu inimigo. Devo ainda chamar ele de inimigo? Tipo, inimigos não se beijam, ou se beijam? Se não posso mais chamar ele de inimigo, vou chamar ele do que? Só Hoseok? O cara que eu beijei em duas festas? Meu ficante?

Eu vou surtar.

07:40

Quando o ônibus para, eu quase fico imóvel lá no banco de tão cansado que estou, mas com a última gota de energia que me resta consigo me levantar e ir para a loja. Quase esqueço a garrafa térmica com o meu café que vai me ajudar a sobreviver durante as horas de tortura trabalhando em plena manhã de sábado, ao lado de Hoseok.

Levo cinco minutos para sair do ponto de ônibus e andar duas esquinas até chegar à loja. Sei que Hoseok já deve estar lá porque ele não estava no ônibus dessa vez, e ele nunca falta, provavelmente foi mais cedo para a loja e deve estar me esperando na frente, já que sou eu que estou com as chaves.

Decido escutar música durante o caminho até lá. Mas, na verdade, eu não estou escutando nada, é que ficar com fones de ouvido fingindo que estou escutando é uma estratégia para fugir de qualquer conversa com Hoseok.

E ele está lá, deitado em um banco que fica na frente da loja com uma roupa de educação física e uma bolsa de esportista, o braço dele está em cima da testa em uma tentativa de proteger os olhos da luz do Sol, e ele também está com fones de ouvido que quase nem percebe quando eu me aproximo, e só se dá conta disso quando já estou abrindo a porta.

Ele se levanta tão rápido que parece até um gato quando vê que vai tomar banho. 

— Yoongi... — ele fala nervoso, isso faz meu estomago se revirar. — Precisamos conversar.

— Ok. — Eu sei que sou um idiota. — Faz quanto tempo que você está aqui?

— Acho que uma hora. — Ele parece se perder do assunto. — Eu não consegui dormir, então quando deu umas cinco da manhã, tomei café e decidi vir para cá correndo. E você?

— Ah eu dormi bem. — Porque eu menti?

— Então pra que essa garrafa de café?

Ele é bom.

— Não te interessa.

Eu absolutamente não deveria estar fazendo isso e tratando ele assim, mas será que ele não percebeu que eu estava usando fones de ouvido porque eu simplesmente não queria assunto agora? Além disso, essas coisas de conversar me dá aflição, não sei para que criar uma tempestade em cima de algo que a gente pode colocar uma pedra em cima e fingir que não existe.

Precisamos mesmo conversar sobre relacionamentos, não é mais fácil só ignorar tudo e continuar agindo normalmente?

Porra, como eu odeio essas merdas, relacionamentos são complicados.

Mas dessa vez, se eu quero que dê certo, vou precisar me esforçar e conseguir responder às expectativas de Hoseok, porque eu sei que ele, muito provavelmente, vai esperar isso de mim. Então, se eu continuar agindo como um cavalo e ficar dando coice nele só porque sou orgulhoso demais para admitir que estou sentindo algo de verdade,  mesmo eu querendo que tudo dê certo, vou acabar sendo o responsável por estragar o que mal começou. E isso, definitivamente, é algo que eu não quero.

E eu não acredito que acabei de assumir isso.

— Hum — ele respondeu, o que me fez considerar que eu já tinha estragado tudo.

Fui acender as luzes da loja enquanto Hoseok tirava o moletom dele. O dia estava bem escuro e, enquanto eu ia para loja, consegui ver algumas nuvens carregadas, o que indicava que choveria e, obviamente, nossas tarefas na loja se resumiriam à faxina. já que raramente aparecem clientes quando está chovendo. E esse não é o único problema por trás disso, eu vou ter que passar o tempo todo lidando com a aura nervosa de Hoseok, porque não vai ter ninguém aqui para quebrar o clima, e nos obrigar a sermos simpáticos e felizes. 

Eu tenho que arrumar isso.

— Você já fez o trabalho de historia? — É a única coisa que consigo pensar para tentar aliviar a tensão, talvez ele se distraía e comece a falar sem parar como sempre.

— Não te interessa — ele responde. 

Merda.

Aprendam crianças, vocês não podem tratar mal o amigo achando que eles não irão reagir a isso ou vão ficar calados fingindo que nada aconteceu. Porque isso é conto de fadas; essas coisas só acontecem em desenhos, onde o personagem faz várias merdas, mas, no fim, ele se arrepende e todo mundo perdoa ele.

Se você socar a cara de uma pessoa, ela vai tentar socar a tua de volta.

E depois dessa vitória triunfante do Hoseok, eu decido não fazer nada. Digo, eu já dei a chance da gente se resolver (dei mesmo?), se ele não entendeu e não aproveitou ela (tinha como entender?), o problema é dele. Pelo menos eu tentei, agora ele que corra atrás.

A minha sorte (ou a ilusão dela) é que a loja está uma zona, meu pai provavelmente sabe que Hoseok tem mania de limpeza, e então deu uma de espertinho. Ele deixa toda a bagunça ir acumulando, porque no final de semana Hoseok vai limpar tudo e ainda me colocar para ajudar, o que me faz pensar se meu pai não me odeia, que tipo de pai faz isso com os filhos?

Pelo menos essa bagunça vai ajudar a me concentrar em outra coisa, e me distrair da culpa de ter tratado Hoseok mal. Porque eu não sei lidar com relacionamentos da maneira correta. Na verdade, eu nunca estive em um para ter alguma experiência para comparar.

 

08:27

Eu estou bebendo café compulsoriamente e me sinto em um filme de terror daqueles macabros que as pessoas são possuídas por demônios e nos olham com aquele olhar de dar medo. Hoseok é a pessoa possuída.

Não basta apenas os olhares de quem me mataria na minha primeira piscada — motivo este que me faz tomar café a cada minuto — ele ainda está silencioso como uma pedra. Hoseok só fica assim quando está muito chateado, ou muito irritado, só que dessa vez não acho que seja nenhum dos dois casos, dessa vez acredito que ele esteja planejando um homicídio, e eu sou o alvo.

— A loja está uma bagunça — ele diz. Posso ver no tom de sua voz que isso foi difícil, porque ele ainda está com raiva.

Fui até o balcão para ficar contando o dinheiro do caixa, pois era o único trabalho que eu não precisava levantar para fazer. O café não estava fazendo efeito nenhum e a caneca era tão vagabunda que meu café ficou gelado que nem o coração do meu pai quando pedi para ele para faltar no serviço hoje de manhã. Ele disse para eu tomar vergonha cara.

— Você trocou a água dos aquários hoje? — Hoseok perguntou depois de olhar para dentro do aquário de Newton, nosso peixe azul.

— Não.

— Coitado do Niltinho — ele murmurou sozinho e foi pegar as luvas.

— É Newton. Eu odeio quando você coloca o nome dos peixes no diminutivo, é broxante.

Newton é um peixe estranho que meu pai trouxe em uma das suas viagens para o interior. Ele tinha subido com o carro no meio fio e o aquário que estava com o Newton caiu e quebrou. Aí ele colocou o peixe dentro da garrafa de água e achou que seria bacana colocar o nome de algum físico no peixe.

Nem tentem entender.

Voltei minha atenção para o dinheiro, e Hoseok foi trocar a água do peixe. Fiquei com vontade de rir, mas ia piorar ainda mais a situação. Decidi ficar só ali no caixa não existindo por um bom tempo, mas uma coisa que nunca muda é o instinto de praga que Hoseok tem de nunca me deixar em paz.

— Você organizou as varas naquela ordem que o seu pai sempre pede?

— Não.

— E o estoque de alimento?

— Também não. — Bufei, preferia ele calado.

— Você fez alguma coisa hoje? — Ele ficou me encarando com ódio e, insistentemente, quando percebeu que eu estava fazendo corpo mole, arfou indignado. — Olha, a maioria dos móveis aqui estão cobertos de poeira porque seu pai não deve ter limpado durante a semana...

Como eu disse.

— Vai chover e não vamos ter muitos clientes hoje, bora fazer uma faxina tirando a poeira nesse período e vamos para nosso horário de almoço assim que terminamos. — Ele é bom com isso de organização e limpeza. — Eu limpo as estantes, e você limpa o balcão.

— Como vamos fazer isso se só tem um pano para limpar tudo? — resmunguei, demostrando pouco interesse.

E parece que eu e o Hoseok pensamos na mesma coisa no mesmo segundo em que eu falei aquilo: quem pegasse o pano antes ia conseguir sair mais cedo.

Parecia até o primeiro dia de aula quando eu e ele disputamos os lugares na sala, começamos a correr o mais rápido que podíamos até o banheiro, onde ficava os produtos de limpeza e o único pano para limpar tudo.

Ele estava mais rápido do que eu, e juro que queria socar a cara dele quando entrou na minha frente e me impediu de entrar no banheiro, e então foi pegar o desgraçado do pano. No entanto, eu não ia deixar isso tão fácil, então assim que as mãos dele triscaram no pano, as minhas também estavam lá.

É claro que a gente começou a terceira guerra mundial pelo pano.

— Solta! — Hoseok falou um pouco ameaçador, mas ele não ia fazer nada, uma vez que ele poupou a vida de uma lesma que o Seokjin queria tacar sal em cima, levando a lesma para o mato. — Eu peguei primeiro!

— E daí?

Ele deu um puxão no pano, por sorte eu já estava esperando isso e puxei de volta. A lógica obviamente estava dizendo que esse pano rasgaria se a gente continuasse assim, mas nosso orgulho e raiva eram mais importantes naquele momento.

— Solta, porra! — Hoseok estava mesmo irritado. — Vai rasgar!

— Então solta você, desgraça!

Ele não soltou, mas começou a usar só uma mão para puxar o pano e com a mão que ele deixou livre, colocou em páatica a ideia mais brilhante que ele poderia ter naquele momento: fazer cócegas em mim.

Não funcionou tão bem porque eu comecei a fazer o mesmo e, quando nos demos conta, estávamos rindo segurando o pano quase sem força e nos sentando no chão perto da privada cor de rosa — não me perguntem o porquê da privada é dessa cor, mas ela é assim desde que esse banheiro é banheiro.

Já que cocegas não fez ele soltar o pano, pensei em molhar ele com água da torneira, mas assim que eu abri a torneira, ele percebeu o que eu estava fazendo e mal deu tempo de sequer jogar água nele quando ele começou a me puxar para o box e abriu o chuveiro.

— Você não é nem doido. — Juro que eu estava tão desesperado que nem tinha mais argumentos, Hoseok já estava me arrastando para debaixo do chuveiro, ele nem segurava mais o pano e sim minha mão, a única coisa que me impedia de me molhar todo era o vidro do box onde usei minha mão livre para me segurar. — Hoseok, para! Isso não tem graça.

— Não tem? Então porque eu estou me divertindo tanto? — Ele soltou o meu braço quando viu que não era muito favorável, eu aproveitei esses segundos para tentar sair correndo dali, mas quando eu estava conseguindo sair de dentro da área do chuveiro, ele começou a me puxar pela cintura.

— Vai molhar minha roupa e meu celular! Para, não tem graça!

— Então tira ela...

Minhas bochechas ficaram da cor de um camarão. Senti meu corpo inteiro se esquentar quando ele disse isso. E foi nesse exato momento, onde oscilei e me virei para ele, que a gente caiu com tudo embaixo do chuveiro. Felizmente eu por cima dele, enquanto ele, por outro lado, caiu de bunda no chão e ainda com meus joelhos bem na coxa dele. Mas molhei minhas costas na queda, que droga!

Eu achei que nesse momento Hoseok fosse tentar me matar, mas quando ele me olhou naquela situação toda, riu e penteou para o lado alguns fios de cabelo que tinham grudado na minha testa.

Aquilo era demais para mim.

— Você está rosa igual um algodão doce. — Ele segurou minha blusa quando eu dei indícios de que ia levantar.

— A gente está se molhando. — Tentei me levantar de novo.

— Yoongi... — Fui puxado para mais perto dele.

Pelo tom de voz dele, Hoseok só poderia estar querendo duas coisas: conversar ou me beijar. E eu também sabia que eu precisava mais rápido do que nunca sair correndo dali.

Eu percebi que gostar de Hoseok estava me dando enjoos, não sei se essas são as famosas borboletas no estômago, mas se fosse possível, eu cagaria todas elas para deixar de sentir isso, será que nas farmácias vendem remédios específicos para isso? E também me dei conta do quanto isso estava me afetando, se até o jeito e o tom de voz que ele usava para falar comigo me deixava rosa igual a um “algodão doce”, imagina quando a gente fosse fazer outras coisas? Eu ia ficar de que cor? Azul?

— Que porra vocês dois estão fazendo? — Algum anjo abençoado estava parado na porta do banheiro e veio me salvar? — Espero que isso seja um homicídio, porque se vocês dois estiverem pensando em transar, eu juro que vou colocar ácido nos meus olhos.

Eu disse anjo? Retiro o que disse, era Namjoon, o próprio diabo em pessoa ali na porta, em um momento tão conveniente. Acho que em todos os nossos anos de amizade, essa foi uma das únicas vezes — além das outras em que ele fez trabalho de química ou biologia para mim — que ele tinha sido tão útil.

Aproveitei a deixa para levantar dali e deixar Hoseok tomando um banho, já que ele estava precisando mesmo depois de correr até a loja. E fui ver o que Namjoon queria me enrolar na única toalha que tinha no estabelecimento.

— O que você quer? — Perguntei tentando me aquecer, minha blusa já estava toda encharcada e seria mais prático se eu a tirasse, só que não me arriscaria a fazer isso com Hoseok no mesmo local que eu.

Ele também se levantou, tão molhado quanto eu, ainda com a mesma expressão que ele estava embaixo do chuveiro.

— Assim que o Namjoon for embora, a gente vai terminar isso lá do banheiro.

Eu entendi o que ele quis dizer com “isso”.

— Se for um homicídio que vocês dois estão planejando, sinto muito em acabar com as esperanças de vocês, mas ninguém se afoga em baixo de um chuveiro, usem a privada para isso. — Amigo da onça está sendo uma expressão fraca para representar o meu relacionamento com Namjoon. — Aliás, se você morrer, me dá sua conta na STEAM? Espero que você tenha comprado Life is Strange.

Eu ia dar uma voadora no Namjoon, juro, mas Hoseok estava lá e se tornaria uma testemunha ocular, então deixei isso baixo e me limitei a rebater essas provocações no mesmo nível.

— Aqui não tem ração para seu namorado não, se quer comida para jumento, vai no pasto — disse para tentar aliviar a situação e o clima.

— Vim aqui porque vocês dois fizeram merda, mas ainda assim estão caindo nas minhas costas, então eu vou fazer questão de jogar essa merda em vocês — Namjoon disse.

Bom, o que poderia ser pior para mim que gostar de Hoseok?

— O que a gente fez? — Hoseok perguntou enquanto começava a limpar as estantes com o maldito pano.

— Além de terem nascido? Bem, vocês dois ficaram na festa ontem e praticamente todo mundo da escola já está sabendo, isso porque tiraram foto de vocês dois se beijando e postaram em um grupo, e assim foi...

— Cadê? — Eu e Hoseok perguntamos quase no mesmo segundo.

Namjoon já estava com o celular na mão e nos mostrou a foto, era a gente, não tinha nem como negar. Minhas pernas ficaram tão moles quanto uma gelatina, vi Hoseok ficar tão branco quanto um papel.

— Merda! — Ele jogou o pano para longe, quase pegou no aquário do Newton. — Quem foi que fez isso?

Vi que ele estava quase chorando. Eu não estava nesse ponto ainda, mas meu cu estava tão trancado que se algum átomo conseguisse passar por ele, ia ser um milagre e digno de estudo.

— Vai saber — Namjoon falou.

— O Hugo? — Hoseok estava fazendo a única coisa que poderia fazer nesse momento, mexendo no celular e verificando as redes sociais.

— O Hugo quer saber quem fez isso tanto quanto vocês — Namjoon respondeu. — Mas importa quem fez isso? O negócio é que o Taehyung já está sabendo.

Aí o Hoseok se desesperou mais ainda. Tanto, que até largou o celular dele e foi para fora da loja para tentar respirar ou se acalmar, o negócio é que ele estava perdido. Agora nem eu e nem Namjoon estávamos entendendo o que estava acontecendo ali. Fui atrás dele.

Ele estava sentado no banco apoiando a testa na mão e os cotovelos no joelho, vi que ele estava chorando logo de cara e eu não sabia nem o que falar, Namjoon veio logo atrás, acabamos sentando ao seu lado.

  Então eu tive uma vaga noção do que estava incomodando tanto Hoseok.

— Seus pais não sabem que você também fica com garotos, né? — Namjoon perguntou.

Acho que bastava só isso para cair minha ficha também, se essa foto chegasse até as mãos do meus pais — porque ela chegaria uma hora ou outra — eu estava muito ferrado também. Eu nunca tinha considerado a possibilidade de conversar sobre isso com meus pais, até porque, na minha cabeça, eu já ia estar morando fora quando eu começasse meu primeiro namoro, ou seja, eu não iria dever explicação nenhuma para eles.

Agora, vendo isso por outra perspectiva, eu começava a sentir o peso. Não acho que meus pais me matariam ou me expulsariam de casa por algo assim, mas sinto que eles não vão receber isso de boas logo de cara.

Já vi algumas pessoas comentando o quanto o pai de Hoseok era rígido e carrancudo. E para ser sincero, eu estava começando a ter mais medo do pai de Hoseok do que dos meus próprios pais. 

— Bom, se eles te amam, vão te aceitar do jeito que você for — Namjoon comentou sem muita emoção na voz, mas ele sabia muito bem o que era isso, ele já tinha passado dessa etapa já que assumiu o namoro dele com Seokjin para a mãe dele não muito tempo atrás.

Hoseok suspirou forte e parou de apoiar a testa na mão, ele enxugou algumas lagrimas com o punho e deu o melhor sorriso que ele conseguia.

— É melhor eu contar para eles, antes que eles descubram... — ele disse, e apesar do sorriso, estava bem na cara que ele estava com medo.

 — Olha, eu acho que o problema no final não vai ser nem você gostar de garotos, e sim ter beijado essa desgraça. — Namjoon olhou para mim. — Tanta coisa melhor para você pegar no mundo, e vem pegar logo o Yoongi.

Hoseok acabou rindo, mas o Namjoon não riu porque ele estava falando sério, eu queria poder matar ele.

— O Taehyung falou algo?  — Hoseok perguntou preocupado.

Eu já tinha sido torturado muito por um dia só, mas pior do que ter que resolver meu relacionamento com Hoseok, ter que me assumir para meus pais, ter a escola toda sabendo que eu sou gay, pior do que tudo isso... Era saber que Hoseok ainda gostava de Taehyung.

E era isso que me incomodava mais do que as borboletinhas no estomago e minhas bochechas ficando rosa. Era isso que me fazia ficar com medo de assumir algo para Hoseok. A possibilidade de assumir meus sentimentos para ele e então ele voltar para Taehyung me imobilizava.

— Falou, só não falou mais do que chorou — Namjoon explicou. — E se o Jin ainda não se afogou no mar de lágrimas que o Taehyung está fazendo lá na casa dele, uma hora ele vai se afogar por culpa de vocês dois. Então eu acho melhor vocês se resolverem logo, para o Taehyung não ficar enchendo o saco do Jimin, Jungkook, Jin, ou seja lá quem for, por coisa que vocês dois fizeram.

Isso me deixou com raiva. Taehyung tinha ficado com outro, mas Hoseok não podia fazer isso? Eles nem namoravam mais, qual é.

— Hoseok não deve nada para o Taehyung, eles não são mais namorados, e se não me engano, ontem ele também ficou com um cara de fora lá na festa — argumentei.

Namjoon claramente concordava com isso, então ele balançou a cabeça positivamente e deu duas batidinhas no ombro do Hoseok e se levantou.

— Sim, de fato, mas ele ainda está lá chorando porque gosta do Hoseok... E isso não me interessa, só não quero ele abraçado com meu Jin — ele concluiu. — Agora vou indo. Se resolvam logo.

Esperei Namjoon sumir de vista para encarar Hoseok.

Se meu desespero tinha dado trégua por alguns segundos, quando vi aquela cara de cachorrinho sem dono do Hoseok, eu voltei a me desesperar.

— A gente tá fodido! — Hoseok falou — Parece que desde que comecei a andar com você, eu só tomo no cu.

Não sei se a ciência já é capaz de explicar isso, mas meu azar parece passar para as pessoas que se aproximam muito de mim, então ele, de certa forma, está muito certo.

— Mas sobre o Taehyung, você vai voltar com ele? — eu precisava perguntar isso, então deixei de lado a provocação idiota dele.

— Era sobre isso que eu queria conversar... — Ele me olhou. — Yoongi, o que você acha da gente tentar ter algo?

— Você e o Taehyung? Fica à vontade... — eu tinha entendido que ele estava se referindo a nós dois, mas queria ter certeza.

— Eu estou falando da gente, eu, você, nós dois, Yoongi e Hoseok... — Se eu pudesse, tinha gravado isso para ficar dando replay o resto do dia, mas para mim já era o suficiente naquele momento. — Eu sei que pode ser muito cedo para isso... E não vou te negar que ainda sinto algo pelo Taehyung aqui dentro, mas quando eu estou perto de você, eu me sinto mais livre. É claro que você é um idiota, chato, arrogante, metido, maquiavélico, tentou me foder desde o começo do ano, mas sabe, se for para você me foder, que seja no sentido literal da palavra… Então…

— Ok. A gente pode tentar — resolvi responder logo porque daqui a pouco ele ia estar discursando mais que candidato à presidência.

Ele revirou os olhos, mas voltou a sorrir.

— Então, antes de a gente morrer pelas mãos dos nossos pais e do Taehyung, que tal a gente terminar de se matar lá no banheiro? — Droga eu tinha esquecido disso.

— Já estou todo molhado mesmo... O que é um exame de próstata para quem já deu o cu? — murmurei e me levantei.

— Ah, eu jurava que você era virgem.

— Hey, aquilo só tinha sido uma expressão. — Admiro minha capacidade de sempre conseguir achar um jeito de pisar na bosta outra vez.

— Então você é virgem? — Hoseok perguntou em sussurro, não sei se é porque a gente já tinha chegado no banheiro ou porque ele estava levando a conversa para um nível mais baixo.

Eu não precisava nem responder em palavras para ele saber disso, bastou ele me empurrar na parede e começar a beijar meu pescoço para perceber o quão nervoso eu estava com aquilo tudo, ele acabou rindo e me deu um selinho.

O que esse desgraçado está fazendo comigo? Quero socar ele, mas antes eu quero beijá-lo. E quando ele roubou a toalha de mim e saiu do banheiro com um sorriso vitorioso, eu quis pular a parte do soco direto para uma voadora.

 

12:17

Foi uma tortura passar o resto do expediente sozinho com Hoseok. Como eu tinha previsto, choveu, e muito. Só tivemos que receber um cliente e eu tive que esperar pacientemente ele limpar as estantes enquanto eu ficava me remoendo pensando em tudo que estava acontecendo com a gente, o que não era pouca coisa.

Acabei fazendo uma lista que mostra como eu estou mais na merda do que no começo do ano, e aí vai:

1. Eu estou apaixonado por Hoseok.

2. A escola toda sabe disso.

3. Tem uma foto da gente se beijando circulando por todos os lugares.

4. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, não é mesmo?

5. Eu vou ter que conversar com meus pais.

6. Namjoon existe.

7. E, novamente, eu aceitei tentar namorar com ele.

Bom a parte do Namjoon não é necessariamente tão importante para essa lista, mas de fato, ele existe e isso é bastante irritante.

Viram que Hoseok é o primeiro item da lista, acho que esse item também é o pior de todos. Queria muito voltar a ser como eu era uns dois atrás, nerd, rockeiro e sem coração. Naquela época, mesmo que eu tentasse, nunca conseguia gostar de ningué,. Nayeon falava que eu tinha uma pedra no lugar do coração.

Eu estou com medo do futuro, de verdade. Não consegui deixar de pensar como vai ser depois disso tudo, como vai ser entrar na escola e todo mundo ficar nos encarando por causa da foto. Olhar para meus pais depois de me assumir. E, principalmente, o que me deixa mais amedrontado é namorar com Hoseok, porque eu não sei se ele pode ou não voltar com Taehyung.

Por mais que ele diga que vai ficar comigo, eu ainda não posso ter certeza disso, e estou arriscando demais. Mas lá dentro eu estou confiando em Hoseok porque acho que namoros são isso, né? Confiar um no outro. Apesar de tudo, apontar para Hoseok e dizer que ele é um idiotinha que traiu o ex para ficar comigo, e ainda iniciar um novo relacionamento, era mentira. E não importava o que os outros especulassem, eu tinha que me manter firme nas palavras de Hoseok, mesmo eu já tendo a grande certeza que isso vai ser uma tarefa um pouco complicada. Aquele medo de estar sendo usado para fazer com que ele esquecesse o outro, me angustiava. Mas era só lembrar dos nossos beijos que minha mente se tranquilizava e tudo fazia sentido, e isso, por si só, não fazia sentido algum.

— Desculpa interromper seu sonho aí, mas a gente precisar ir almoçar — Hoseok murmurou.

A gente combinou de almoçar em um restaurante que ficava perto da loja, a chuva agora estava fraca, mas Hoseok sugeriu da gente passar em uma loja que tem por perto também, e comprar capas de chuva.

Me levanto da cadeira que fica perto do balcão contra minha vontade, sentindo meu corpo responder a todo o cansaço físico, sendo este o e resultado da madrugada e noite mal dormida. Hoseok percebe isso e acaba rindo.

— Vai se foder. — Meu mal humor também vem junto com o cansaço.

— Você podia tentar ser menos cavalo às vezes — ele sugere ainda rindo.

Ignoro ele e começo a me dirigir para a saída da loja e, quando ele sai também, tranco as portas e percebo que já estou morrendo de fome, pois minhas mãos estão quase tremendo.

— Hey, aquele não é o Douglas? — Hoseok fala quando estamos saindo da varandinha da loja.

— Que Douglas? — Tento seguir o olhar dele.

Ele não precisa nem responder, quando olho para a direção que ele está olhando, vejo o cara que a gente roubou as caixas durante a madrugada, ele está sentado na varanda de uma sorveteria que está fechada, provavelmente tentando fugir da chuva.

— É ele sim — confirmo.

 Hoseok ri, e eu acabo rindo também, mas deixamos isso de lado e vamos até a loja que fica há alguns passos da onde estávamos para comprar as capas. Ainda mais depois de termos conseguido secar nossas roupas revezando a toalha, só meu cabelo que ainda estava um pouco úmido e consideravelmente bagunçado.

Uma garota com mais ou menos a nossa idade vem atender a gente e Hoseok diz que estamos procurando capas, ela nos leva até uma sessão onde tem algumas capas de chuva e Hoseok pede para experimentar umas, acabo fazendo o mesmo e em dez minutos já estamos pagando por elas.

— Olha, eu pago as capas e você paga o almoço que tal? — Hoseok sugere.

O almoço com certeza vai sair mais barato, então eu aceito.

A gente está parecendo o E.T. com as capas de chuvas quando saímos da loja, mas é melhor isso do que nos molharmos de novo.

E não basta só isso para deixar tudo bizarro, Hoseok ainda segura minha mão e começa a me puxar até a lanchonete. Quando a gente chega lá, somos alvo de alguns olhares curiosos, mas Hoseok parece não se importar nem um pouco com isso, e vai até uma mesa.

 Dessa vez quem vem atender a gente é um garoto da escola, quando a gente tira a capa, ele nos reconhece imediatamente e nos olha de um jeito estranho que indica que a foto já chegou até as mãos dele também.

— Hum, é Hoseok e Yoongi, né? — ele pergunta. — Já sabem o que vão pedir?

Hoseok pede dois hambúrgueres tradicionais e coca-cola, e eu acabo pedindo o mesmo. Quando o menino se afasta, Hoseok chuta meu pé por debaixo da mesa.

— Ele já sabe também.

— A pergunta agora é, quem não sabe né? — Apoio meu cotovelo na mesa e minha bochecha na mão.

— Eu estou rezando para que meus pais não saibam...

— Pretende contar para eles quando?

— Amanhã de tarde, meu pai vai estar em casa. — Hoseok parece ficar nervoso novamente quando cita o pai dele. — E você?

— Faz assim, quando você for contar, me dá um toque que eu aproveito e conto ao mesmo momento.

— Fechado.

Se for para a gente morrer, nada mais romântico que morrermos quase na mesma hora né?

 

13:28

Eu estou passando mal de tanto que comi, Hoseok não conseguiu comer direito porque estava realmente nervoso e acabou deixando um hambúrguer, e a gente resolveu embalar ele e levar para o Douglas, já que nós estávamos em dívida com ele por termos destruído as caixas dele.

Não está mais chovendo tanto, na verdade, não dá nem para chamar de chuva, é mais um sereno, então eu e Hoseok estamos com o capuz das capas de chuvas abaixados. Ele está segurando uma garrafa com suco de laranja e outra de água que a gente decidiu comprar para Douglas na hora de pagar a conta no caixa — acabei levando a pior porque saiu mais caro que as capas — e chupando um pirulito de limão que ele me fez comprar para ele. E eu só estou levando o hambúrguer.

Douglas reconhece a gente imediatamente assim que nos aproximamos dele.

— Ah, são os meninos de ontem né? Os da tarifa do ônibus...

— Sim — Hoseok responde e se senta do lado dele. — Eu sou o Hoseok e ele é o Yoongi. A gente foi lanchar aqui perto, e como te vimos aqui, decidimos comprar isso para você, ainda mais depois de eu ter destruído suas caixas.

— Não precisava... — Douglas fala isso, mas eu consigo ver o quanto ele parece aliviado.

Entrego o hambúrguer para ele, e Hoseok entrega as garrafinhas, ele nos agradece e não demora para começar a comer.

— Enfim, a gente tem que voltar para o trabalho. — Hoseok se levanta e tira a capa dele. — Fica com ela pelas caixas.

Ele entrega a capa para Douglas, que o agradece novamente.

E enquanto voltamos para loja, sei que posso estar inseguro sobre ele ser fiel, mas nunca vou poder ter dúvidas sobre Hoseok ser uma boa pessoa. De alguma forma isso me tranquiliza e me faz ter mais confiança de que fiz a escolha certa em aceitar dar uma chance para ele.


Notas Finais


Gente vocês querem que em CNSP tenha lemon ou não?

Acho legal vocês responderem porque ai eu fico com uma noção do que fazer já que lemon vai ser quase um especial da fic, não é algo que quero chamar de canon heuheuhe

Então o que a maioria decidir vai ser a decisão final.
#TeamComLemon ou #TeamSemLemon?


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