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História Como (não) ser popular - (Não) fique de castigo


Escrita por: inosukie

Notas do Autor


Amanda: Oi gente, quanto tempo né? :(

Não queria ter demorado tanto para postar o capítulo, ele já estava pronto há muito tempo, só que vem acontecendo tanta treta que minha atenção para fanfics ficou esgotada.

Mas antes, boa leitura.

Capítulo 7 - (Não) fique de castigo


Fanfic / Fanfiction Como (não) ser popular - (Não) fique de castigo

8 de fevereiro de 2016

Deu merda!

11:24

E já reparam que todas as vezes que eu falei que ia dar merda, acabou não dando em quase nada?

Todas as minhas previsões de consequências maiores que nunca aconteciam, por um incrível azar, decidiram acontecer justamente no dia em que inventamos de matar aula, por isso eu digo, jovens: Não matem aula. Não importa o motivo, não matem aula! Se você vai ter uma prova difícil, ou esqueceu de fazer um trabalho, vá mesmo assim, não tente fugir de seus compromissos e problemas dessa maneira.

Tá, eu pareci um tiozão falando isso.

Mas eu tô falando sério. Não façam isso.

Hoje é o meu dia do azar, obviamente não aconteceu nada de bom.

Motivos que tornam hoje oficialmente o pior dia desde que começou 2016.

1. Tive que acordar cedo. Aposto que esse já um ótimo motivo para te fazer desistir antes mesmo de levantar da cama.

2. Tive que ver a cara do Hoseok. Fala sério, ninguém ia gostar de ver Freddy Krueger, de A Hora do Pesadelo, logo pela manhã. Acabei de me dar conta de que eles se parecem mais do que eu imaginava. Já sei até mesmo como zoa-lo depois.

3. Tive que ver a cara do Hugo. Nada a declarar, já é autoexplicativo.

4. Tive que fugir de uma vaca, e não era da Regina.

5. Tive que passar um tempão com a presença desagradável dos três acima.

E por último, mas não menos importante, e não menos ruim;

6. Levei um fora.

Infelizmente a lista é maior, e um dos motivos dela me faz estar sentado em um ônibus nesse exato momento com o meu coração querendo saltar para fora, mas isso eu explicarei depois. Dramas a parte, mas eu to tremendo. Não sei se é por nervosismo ou por um sentimento ainda não nomeado por mim, mas, sim, eu estou tremendo.

Vocês ainda estão curiosos para saber o que aconteceu comigo e com o Jimin, certo?

09:35

As primeiras reações que eu tive quando Jimin me confessou que tinha sido ele que me beijou foram vergonha e timidez. Eu tentava abrir a boca para falar alguma coisa, mas a minha voz tinha sumido. Ele me encarava meio tristonho e isso me deixou mais mudo ainda, estava óbvio que aquela informação incomodava ele. E isso ainda não foi nada, os momentos depois foram piores.

— Eu sei que você gosta de mim — Ele dizia, mas não conseguia me olhar nos olhos, o que era um bom sinal porque eu obviamente estava da cor de um pimentão — Só que eu amo o Jungkook, e você deve saber disso.

Jimin tem uma forma muito peculiar de amar o Jungkook.

— Não crie nenhuma expectativa. — Ele continuou depois de não receber resposta de mim.

Vi toda aquela ideia do cachorro e dos filhos se desmanchando e esvaindo como areia entre os dedos. Eu já tinha criado expectativas, o que já era muito ruim, só que o pior foi eu ter criado expectativas com Park Jimin, um garoto que já tinha namorado, muito bonito por sinal, e era apaixonado e trouxa por ele.. E indo mais fundo nesse poço, eu mesmo me iludi, Jimin jamais tinha me dado esperanças de algo, isso definitivamente me dá meu certificado de otário, um imbecil que cria suas próprias ilusões.

Acho que seria mais aceitável se Jimin ou Jungkook tivessem culpa nisso, eu iria me sentir menos idiota, porém, eles não participaram desse jogo, até porque nunca nem sequer existiu um jogo entre eu, Jimin e Jungkook. Era só eu e a minha ilusão. Parabéns Min Yoongi, mais um item para a sua lista de grandes feitos como um idiota.

— Ah, que isso, eu não criei expectativas nenhuma, nem sabia que tinha sido você que me beijou. — Minha voz queria sair tremula.

As bochechas de Jimin que coraram dessa vez.

— E acho bom você trocar de informantes, porque eu não gosto de você, — Ele abaixou ainda mais o rosto, o suficiente para conseguir fitar os próprios pés — Era só isso, né? Então, até mais.

Eu me afastei dele, não queria nenhuma resposta, mais um segundo perto dele e aí sim ele poderia ter certeza absoluta de meus sentimentos. Por fora eu conseguia manter minha expressão neutra de sempre, por dentro eu estava em um oceano de confusão, vergonha e tristeza. Não me surpreenderia se começasse a tocar bem no meu subconsciente alguma daquelas músicas de corno que meu pai escutava durante as férias no final do ano.

A única vantagem nisso é que eu consigo esconder meus sentimentos, algumas vezes disfarça-los ou pelo menos deixar a pessoa na dúvida quanto suas certezas. Agora Jimin não pode provar e não pode afirmar por aí que eu estou afim dele, isso vai ser um prazer que não irei dar a ele e a ninguém. Ainda tenho uma porra de um orgulho para ser mantido.

— Está com cara de quem recebeu uma galhada. — Namjoon comentou quando me aproximei dele.

P.S: Namjoon tem um vocabulário de fazendeiro, não sei se já chegaram a reparar.

Mas, voltando… Merda! Esqueça esse papo de que eu consigo esconder meus sentimentos, isso vale para pessoas que obviamente não me conhecem bem, o desgraçado do Namjoon não está nessa lista. Mais um motivo para odiá-lo.

— Talvez eu tenha levado — Confessei —, mas você também não está longe disso.

SeokJin estava conversando com um garoto do segundo ano bem próximo à beira do lago que chamamos carinhosamente de Netuno, eles estavam sentados na grama e o garoto fitava a água enquanto brincava com os dedos pela grama, claramente nervoso por estar conversando com SeokJin. Resumindo, o garoto estava interessado nele, e pelo sorriso de SeokJin, o garoto parecia um enorme pudim delicioso pronto para ser devorado.

— Eu não gosto dele — Namjoon comentou.

— E eu falei alguma coisa?

Ele quis me matar, tenho certeza disso, ainda mais porque são raros esses momentos em que ele acaba caindo na minha armadilha. Namjoon é um maldito geniozinho com uma desgraçada de uma lábia armada com respostas na ponta da língua, e se acha por isso. É claro que usar essas mesmas cartas contra ele é uma grande ofensa.

Confesso que estava pronto para receber uma daquelas patadas horríveis, mas Namjoon ficou quieto, apenas me deu um olhar venenoso e se afastou de mim. Fiquei mais chocado que galinha rosa-choque.

Eu já estava começando a ficar irritado com esses abandonos dele, e acabei me esquecendo dessa raiva quando ele (in)discretamente se sentou ao lado de SeokJin, interrompendo a conversa do garoto. Depois pegou aquela bolsa velha que ele carrega sempre para todos os cantos, até para dormir na minha casa, e tirou de dentro dela um pacote de Cheetos. A princípio, pensei que seria uma boa ideia se ele tirasse uma vela de lá. Ia ser hilário.

Esse garoto não joga limpo.

Os olhos de SeokJin brilharam, e o coração dele já era do Namjoon.

— Quer? — Escutei Namjoon falar vitorioso.

O desgraçado me olhou mais uma vez e pareceu até aquelas cenas de desenhos animados, onde o personagem dá uma piscadinha e o olho dele brilha e faz um zunido por um segundo.

Jimin poderia ser assim, eu iria sempre dividir meu lanche com ele.

— Eu não gosto do seu amigo — A voz de Hoseok brotou do além atrás de mim, muito atrás, o suficiente para escutar a respiração dele.

— Que incrível coincidência. — Me inclinei mais para frente. — Eu também não gosto do seu

— Se ele fizer algo com o Jin, ele está ferrado — Ele sussurrou com um tom de ameaça?

— E o que isso te interessa? Aliás, o que eu tenho a ver com isso?  — Vai se foder Jung Hoseok!

— Não seja estúpido, eu conheço esse menino desde que eu era um pirralho, e você também conhece Namjoon, a única diferença é que você continua sendo um pirralho tampinha de jardim de infância dois.

Mas isso não significa nada para mim. Se ele tivesse feito algo com Namjoon, como por exemplo roubar as canetas mastigadas dele, ou roubar SeokJin, eu iria ficar agradecido, às vezes é bom ver Namjoon pagando pelo mal que anda plantando pelo mundo.

E qual é a de Hoseok? Eu duvido que ele se importe mesmo com a porra do namorinho do SeokJin com o Namjoon, isso de cara me cheirou apenas como desculpa para vir encher meu saco, até porque supostamente ainda tenho um vídeo dele se pegando com Taehyung. Tudo vai virar motivo para ele querer vir me perturbar, já estou vendo.

Me virei para ele e tentei encarar ele nos olhos, contudo, era algo difícil a diferença de altura me deixou constrangido, eu não iria conseguir intimida-lo.

Ele percebeu isso e o tom nada ameaçador, mas que ele jurava que era ameaçador oscilou com um sorriso zombador. Nem para fazer ameaças sem um celular eu presto! Desvantagens de não ter um físico muito bom, a única coisa que me deixa feliz é saber que eu consigo escalar árvores.

— Eu sei que você só está fazendo isso para implicar comigo. Vai chupar o pau do Taehyung e me deixa em paz — Eu sei que peguei pesado e isso deixou ele claramente constrangido. Ainda assim nada disso importou, porque o sorriso de Jimin me veio à mente.

— Eu não... Eu e ele... — Qualquer coisa que Hoseok tentava falar ele não conseguia terminar, fiquei esperando por uns segundos até ele decidir que não me interessava e sair de perto de mim. Eu quase explodi de tanto segurar a gargalhada.

E essa foi a última conversa que tive com alguém antes da sentença de morte.  

Uma conversa nada importante e que não mudou a minha vida em nada. Gostaria de ter passado os últimos momentos conversando sobre vida extraterrestre com Namjoon ou xingando o Hugo.

11:15

Nessa hora eu e o resto dos desafortunados que decidiram matar aula estão caminhando para as portas do inferno. Por um momento, eu jurei ter visto durante a trilha um grande arco com arquitetura grega por onde atravessamos e tinha escrito: Ó, vós que entrais, abandonai toda a esperança...

Já podemos chamar a trilha de Estige ou Aqueronte.

Quando chegamos no final dela, encontramos com o tal do Caronte, mais conhecido como Diretor Jefferson daquela escola que mais parece um sanatório onde os alunos vão para o abate como porcos todo os finais de bimestres. Caronte, ou melhor, Jefferson, estava com aqueles óculos escuro estilo delegado dessas séries de investigação criminal e falava no celular enquanto esfregava a testa com a mão livre.

Aí ele virou o rosto na nossa direção e deixou o celular de lado. Nisso os alunos estavam iguais eu quando a Teresa começou a sua caçada sangrenta, todo mundo paralisado com o coração apertado na garganta e prevendo apenas uma coisa: desastre.

Então, a gente começou a distinguir outras coisas no cenário além de Jefferson, mato, planta, inseto e mais planta e inseto. Vimos duas viaturas e um ônibus também da polícia.

Ou seja...

— Fodeu — Jackson falou por todo mundo.

Escutei algum aluno chorando e senti a mão de Namjoon envolver o meu punho.

— A gente vai morrer, meus pais vão me comer. — Alguém falou, provavelmente querendo dizer outra coisa na qual tinha saído. A galera zoaria ele, se não tivessem a um passo de entrar na própria cova.

Jefferson falou com um dos policiais que estava nos analisando enquanto Taehyung se aproximava de Jefferson, pedindo desculpas de modo totalmente desastrado. O policial olhou Taehyung dos pés à cabeça e falou algo para Jefferson, depois ele pediu para Taehyung se dirigir para o ônibus e veio até nós.

— Eu quero o Hoseok, Yoongi, Jackson, Jimin e Jungkook aqui na frente, agora.

Jackson foi todo mansinho com a cabeça baixa, depois Jimin e Jungkook se aproximaram. Aí Namjoon, filho da puta como sempre, me empurrou para frente e eu comecei a andar. Hoseok foi o último. Ele estava tão pálido que parecia estar até com o mesmo tom de pele que eu, os olhos dele pareciam cristais de tão mareados que estavam, e eu teria rido disso, se eu não estivesse tão igualmente ferrado.

— Vocês têm noção do que está acontecendo agora, né? — Jefferson perguntou com aquele tom automático e arrastado de quem já está acostumado a ver alunos fazendo merda. Isso deixou a gente com mais pânico ainda. Às vezes ele era gentil com a gente, mas hoje ele estava totalmente profissional.

— Nós vamos pra cadeia? — Jimin estava quase chorando, tinha a voz de um bebê manhoso e a mão dele a de Jungkook pareciam estar coladas.

Jackson arfou e com razão, a pergunta do Jimin beirou a idiotice.

Uma policial se aproximou dos alunos que tentava se encolher o máximo possível até não existirem mais. No meio deles, eu vi Namjoon, que só não estava rezando nesse momento porque era cético demais para acreditar que algum milagre iria salvar sua pele. Regina também estava chorando, o que era surpreendente, achei que cobras não chorassem, exalassem veneno. Até Hugo estava com uma expressão mais azeda do que o de costume, mas a maioria era desespero.

— Todos vocês irão para a delegacia agora. — A policial falou — Então, quero que todos se dirijam em fila para o ônibus, sem gracinhas, e se estiver faltando algum aluno, avisem.

Eles obedeceram, Jungkook e Jimin estavam indo para a fila também quando Jefferson falou que a gente ficava.

— Um aluno me informou o que vocês decidiram aprontar — Ele contou.

Um aluno? Ok, agora sim alguém está condenado para sempre.

— E também me contou que foram vocês cinco que organizaram isso tudo.

— Jefferson... — Hoseok tentou falar, mas Jefferson interrompeu.

— Cada um de vocês vai ter que depor daqui a pouco, e depois irei passar a punição para todo os alunos, mas a de vocês cinco vai ser pior. Agora vão para o ônibus, ainda temos muito para conversar.

Então ele caminhou na direção do ônibus, indicando para a gente seguir ele, se certificou de que cada um de nós entrasse lá, e depois entrou no ônibus e perguntou se a gente tinha certeza que não estava faltando nenhum aluno diversas vezes. Ele já estava se dando por vencido quando algum aluno abriu a boca e falou:

— A não ser que algum aluno tenha sumido naquela hora que a gente fugiu da vaca.

Ai mais uns quinze minutos de interrogatório para ter certeza de que não estava faltando ninguém, e outros cincos até outro tira aparecer e falar que não tinha encontrado nenhum aluno nas redondezas nem no lago.

E aí ele saiu do ônibus nos deixando com o motorista e a policial que tinha ordenado que os alunos entrassem no ônibus. Nesse tempo de ida até a delegacia, aproveitei para apreciar de verdade meus últimos segundos e escrever minhas lamentações no meu celular.

Eu estava tão distraído e triste com tudo isso que só fui perceber que Hoseok estava sentado do meu lado quando ele fungou.

— Não pode mexer no celular, você não escutou ela falando? — Ele exclamou baixinho.

— Acho que antes da gente morrer... — Comecei a falar.

Eu ia contar para ele sobre o vídeo.

— A gente não vai morrer. Ou vai? — Ele estava perturbado.

— Deixa eu falar! — Esperei um segundo para ver se ele iria me interromper — Sobre o vídeo, eu acabei apagando ele. Acho que você não precisa se preocupar mais com isso.

Hoseok me fitou para ver se eu estava falando sério, quando viu que eu não estava brincando me deu um tipo de sorriso amigável que em todos os anos desde que nos conhecemos ele nunca havia me dado.

Apesar de ter jogado toda minha vantagem e ponte para a popularidade fora, me senti aliviado. Eu ainda estava longe de estar bem, hora ou outra eu pensava em Jimin ali atrás abraçado com Jungkook, e nos meus pais me encarando com aquele olhar de decepção por eu ter feito alguma rebeldia. Só que ver Hoseok sorrir daquele jeito por eu ter apagado o vídeo fez eu me sentir uma pessoa mais boa e menos Jackson, Hugo e Namjoon.

— Obrigado. Apesar de eu já estar na merda, isso me deixou mais feliz. — Ele segurou a minha mão e deu duas batidinhas nela.

Imediatamente, tratei de tirar minha mão de perto da dele. E o resto do caminho não conversamos mais nada, ficamos quietos, pensativos olhando pela janela, e provavelmente pensando na reação de nossos responsáveis ao saber o que tinha acontecido, na punição que iríamos receber, e na cinta.

Só por um momento, no reflexo da janela, vi Hoseok me encarando, e logo depois virando o rosto outra vez, não sei se ele já estava no estado normal dele comigo ou ainda parecia amigável, ainda assim, não iria fazer nenhuma diferença.

11:50

Rolaram em torno de umas sete versões diferentes de como tudo isso de matar a aula aconteceu. Incrivelmente, algum aluno tinha fumado maconha e bebido cerveja durante o nosso passeio pelo lago e envolveu até mesmo duendes e Star Wars na história. Eu gostaria de ter visto a cara dos policiais ao escutar isso.

Alguns alunos rapidamente recuperaram o clima de adolescente na puberdade em plenos hormônios do século XXI e aproveitaram o momento para registrar esse acontecimento da vida deles em fotos. Vi umas meninas fazendo pose e sorrindo para foto depois comentando que iriam postar no Facebook. Hoseok até tirou uma foto com o Jackson e postou no Instaram dele e Regina falou que isso era babaquice.

SeokJin e Namjoon estavam conversando com uma das zeladoras da delegacia tentando descobrir onde tinha café e quando eles pareceram ter a resposta desapareceram de vista pelos corredores.

E outros alunos como Hugo, Tyler e Nathan estavam conversando sobre as outras vezes que se ferraram na vida por aprontar algo, como se isso os fizessem parecer mais maneiros.

Jefferson reuniu todos os alunos e falou que iria querer amanhã de manhã as 07:00 horas uma dissertação sobre jovens no crime e deixou claro que até os que tinham sido responsabilizados por isso também teriam de fazer, mesmo que depois fossem receber uma punição mais severa.

E por fim, falou que já tinham ligado para todos os pais e que eles já estavam vindo aqui para liberar a gente.

Eu e os demais que ficaram com a culpa disso tudo, ou seja, Hoseok, Jimin, Jungkook e Jackson fomos chamados até uma sala reservada onde ele pediu para a gente sentar em uns sofás de couro sintético que grudava na pele e te fazia transpirar.

Fiquei tanto tempo sentado naquela merda de sofá que cheguei a achar que havia mijado nas calças de tanto suor que ficou na minha bunda.

— Como eu falei, vocês irão ter castigos mais rígidos... — Ele começou, falou o porque da gente estar sendo punido daquela forma, falou o quão perigoso aquilo tinha sido e pediu para que nós imaginássemos se algo ruim tivesse acontecido, como algum aluno se perdido na mata ou se afogado no lago. Aí uma mulher interrompeu ele um segundo para informar que tanto meus pais, como de Hoseok e Jackson já estavam aqui, aí Jefferson falou que logo nós iríamos ser liberados.

  O logo dele demorou mais tempo do que prevíamos.

No final, ficou definido que eu e Hoseok iremos lavar o banheiro toda terça e quarta depois do sinal para ir embora. Jimin e Jungkook iriam lavar toda segunda e quarta. E Jackson iria ajudar as cozinheiras da escola no refeitório. O castigo de todos iria durar 30 dias

Acabou que ficamos mais tempo do que o esperado. Ficamos um longo, e cansativo, tempo no corredor levando broncas intermináveis dos nossos pais. Jimin e Jungkook não soltaram as mãos, pareciam coladas, o que me levou a conclusão de que os pais de ambos sabiam e provavelmente aprovavam o namoro dos filhos. De qualquer forma, bom pra eles.

Eu sei que teve uma hora em que eu comecei a ficar incomodado com o papo dos meus pais, em específico do meu pai, que começou a interagir mais do que formalmente com os pais do Hoseok. Enquanto não éramos liberados, nossos pais jogavam conversa fora, enquanto eu e Hoseok, sentados um do lado do outro no banco, encaravamos eles com a maior cara de tédio possível.

Não poderíamos nos dar ao luxo de conversar com eles. Os velhos estavam uma pilha com nós. Então, simplesmente esperávamos o tempo passar ouvindo a conversa deles e eventualmente trocando uns olhares de indignação quando falavam de nós.

— Esse é o seu filho? — Perguntou minha mãe `à mãe de Hoseok, que assentiu educadamente.

— Não é um filho exemplar, pelo visto, mas é ele. — Ela encarou Hoseok brevemente.

— Que nada, e esse aqui, então? — Minha mãe se referiu a mim. — Não faz nada da vida. Não pratica esportes, não estuda, nem se quer vai no mercado buscar pão pra mim. Fica o dia todo vendo série ou aqueles animes hentais, sabe?

— O quê? Que mentira! — Protestei, chocado. Hoseok tentou segurar a risada de cabeça baixa, mas acabou soltando. — Eu nem vejo anime.

— Não precisa se envergonhar, o Hoseok também assiste essas coisas. Passa o dia todo no quarto, vai saber o que ele fica fazendo lá dentro. — Disse a mãe dele.

— Eu nem fico no meu quarto direito! — Hoseok disse indignado.

— Fala baixo comigo.

Tivemos que aturar uma sessão de terror das nossas mães nos envergonhando. Elas provavelmente estavam fazendo aquilo de propósito, visto que pareceram se dar bem demais para quem acabou de se conhecer. Nossos pais estavam só rindo da situação.

Soldados aparentemente não se ajudam no meio do ataque.

 

9 de fevereiro de 2016

E mais uma vez, banheiro.

13:56

O dia todo hoje foi a famosa bosta. A dissertação que o Jefferson passou para nós ocupou a aula toda. Eu me senti uma criança tendo que escrever “não vou mais jogar caquinha de nariz no meu irmão” umas mil vezes.

A Regina não fez a redação.

Primeiro ela disse que já havia aprendido a lição e que não via necessidade em fazer a dissertação. Depois, disse estar com dor de cabeça, até finalmente dizer que não lembrava como se fazia uma dissertação.

Todo mundo riu.

Nunca vi ela tão puta.

Apesar de todos nós estarmos em uma situação complicada, como:

Todos os professores nos olhavam torto. Provavelmente já sabiam de toda a história e agora éramos os novos “vagabundos”. Isso me deixou com uma raiva tremenda, ser comparado ao Jackson era humilhante.

Os outros alunos não paravam de fofocar. Agora sim eu tinha certeza de que todos na escola me conheciam. Pena que dessa vez não foi da melhor forma.

A tia da cantina me negou um biscoito.

 

O dia se manteve da maneira que começou, um fiasco completo. E isso até o horário da aula acabar. Infelizmente, hoje é terça. Começa hoje a punição e consequentemente, hoje começamos a limpar os banheiros.

— Vamos fazer assim: Você limpa tudo e eu vigio a porta. — Sugeriu Hoseok com a sua famosa cara de pau.

— Vai achando que eu vou limpar isso sozinho. E pra que vigiar a porta? A gente não vai cavar um buraco de fumo aqui dentro.

— Não vai ser legal nos verem limpando o banheiro.

— O que não é legal é olhar pra tua cara todos os dias da semana e ainda por cima depois das aulas. Sabe, morrer com um ataque da Teresa seria bem melhor.

— Teresa?

— A vaca.

Hoseok revirou os olhos e bufou, como se fazer pirraça agora fosse deixar o banheiro dos garotos limpo. Estávamos no corredor a cerca de uns 10 minutos, apenas esperando o resto do pessoal sair de lá.

O problema é que o povo não parava de entrar.

— Mas que merda, esse povo tem mangueira solta? — Hoseok soltou impaciente e foi impossível não rir.

Desistimos de esperar e resolvemos entrar logo. Havia cerca de umas três pessoas ali, e até mais, porque algumas cabines estavam fechadas e não dava para eu ter total certeza de que não havia ninguém dentro e eu me recusei olhar enquanto ainda tinha meninos dentro do banheiro. .

Os esfregões e outros produtos de limpeza já estavam lá, guardados dentro da cabine de deficiente que nunca era usada.

— Você limpa as cabines e eu limpo o resto, beleza? — Sugeri.

— Nem ferrando, não sou idiota. — Ele sorriu aparentemente depois de ter uma ideia brilhante. — Vamos decidir no jokenpô.

— Fechou.

Eu joguei pedra e ele tesoura.

— Não valeu, eu não tava pronto, você jogou antes. — Reclamou.

— Você é um idiota, se eu tivesse jogado antes você saberia qual objeto eu ia escolher e iria ganhar.

— Cala a boca e vamos de novo.

Revirei os olhos e aceitei.

O jogo se repetiu; eu joguei pedra e ele tesoura.

— Melhor de três.

Eu joguei papel e ele pedra.

— Já chega, você fica com as cabines.

— Eu vou mijar.

E agora uma pausa para um aviso: se você é uma daquelas pessoas que morrem sentindo vergonha alheia eu te aconselho a parar de ler a partir daqui. Mas se você mesmo assim quiser assumir o risco de comprar a vergonha que eu passei nos momentos seguintes, não venha reclamar comigo.

Estão avisados.

Os momentos se passaram rapidamente e quase em flashes.

Hoseok foi até o mictório (aquelas privadas  que ficam na parede, pra quem não sabe) e começou a mijar. Fiquei encarando ele com cara de tédio até o barulhinho do xixi começar a me deixar apertado. Não me culpem por isso, quem é que nunca passou por isso também?

— Teu xixi canta alto. — Lembro de respondê-lo assim, parando no mictório do lado e começando a me aliviar.

Daqui para frente é só merda.

E então meu corpo ficou duro. Não maliciem! A malícia é daqui a pouco.

Minha mente dizia “Não, não!” mas meu corpo dizia “Vai, não vai dar em nada.”

A minha curiosidade foi maior.

Meu pescoço virou para o lado que nem porta enferrujada, devagarinho e juro que até fez barulho. Hoseok olhava para cima com os olhos fechados e uma mão apoiada na parede. Aquilo até seria sexy se a pessoa ali talvez fosse Jimin, e não Hoseok.

Acho que não preciso dizer onde estava a outra a mão dele, né? Sim. Meu olhar foi lá pra baixo, para sua “mão” que sustentava o — se preparem, crianças — pênis dele.

E, sinceramente, eu não sei se é só comigo, porém, eu enfrento um problema sério de curiosidade em banheiros. Costumo não ligar muito para o que acontece na vida de alguém e nem mesmo me importar com pessoas que não são do meu convívio, mas no banheiro a história muda, eu viro um maldito curioso. E, bem, isso não é bom.

Eu não sei quanto tempo eu fiquei olhando o brinquedinho de Hoseok, foi coisa de segundos admirando aquilo — porque se vocês estão curiosos quanto a isso, era bonito, sim — e em segundos ele conseguiu sentir meu olhar sobre ele.

— Ow! — Ele gritou.

Jesus, eu vi Jesus.

Ou talvez minha alma tenha ido direto para o inferno.

Meu olhos se arregalaram e senti meu rosto queimar. Meu pé começou a formigar e eu ainda tava olhando assustado pra cara dele.

— Acho que esse não é o banheiro certo pra você. — Disse alguém atrás de nós, o que fez a atenção de Hoseok desviar e eu agradecer mentalmente pelo esquivo.

— O quê? — Perguntou a outra pessoa, que tinha a voz parecida com a do Brandon.

Hoseok guardou o “bonitinho” dentro da calça e se afastou. Continuei me aliviando e em questão a mijada, acho que essa foi a melhor que eu tive na minha vida. Literalmente um puta alívio, melhor que isso só dormir aquelas sonecas de chegar a babar.

— É isso mesmo o que você ouviu, flor. O banheiro das meninas é o do lado. — Reconheci a voz do Nathan mesmo de costas.

Acho que preciso explicar algo — nada “importante” — sobre Brandon.

Antes entendam, aqui em Verona a população é pequena, então pessoas de uma mesma faixa de idade estão sempre se encontrando por aí desde cedo, mesmo que nem sequer saibam uma o nome da outra, já conhecem de vista e isso se torna mais forte quando essas pessoas são do mesmo trabalho, ou escola.

Todo mundo que estudou desde cedo no nosso colégio viu Brandon crescer, e ele chamou mais a atenção de algumas pessoas, porque as mudanças foram drásticas.

O que estou querendo dizer é que: Brandon simplesmente foi chamado como Brenda durante um bom tempo, isso só mudou depois da sétima série, quando ele decidiu cortar o cabelo, mudar as roupas dele e se assumir como um menino transsexual.

E o babaca viu ele mudando, infelizmente. Talvez se não tivesse visto nem sequer imaginasse a “peculiaridade” de Brandon.

— Nathan, cala a boca. — Hoseok se meteu.

— Calo não. O que foi?

— Você tá maluco?

Me senti aqueles memes de gente comendo pipoca durante uma treta. O tom de voz de ambos já haviam aumentado e eu continuava com vergonha do que tinha acontecido antes entre eu e Hoseok, por isso não me virei. Me contentei em só ouvir e continuar me aliviando — e eu nem me lembrava de ter bebido 4 litros de água.

Hoseok se virou de vez para Nathan e a gargalhada irônica e nojenta do mesmo soou no banheiro.

Parecia um animal engasgado.

— Tem uma aranha atrás de você. — Ouvi Nathan dizendo. Fiquei tentando raciocinar o que isso tinha a ver com o assunto que estavam tendo.

Entendi instantes depois.

Aqui vai mais um conselho de Min Yoongi: Não resolvam mijar na presença de Hoseok e de Nathan. Por que? Simples, só acontece merda. É tipo misturar gasolina com fogo, vocês sabem que se estiverem perto de um posto isso pode dar muita merda.

Eu não sei como nem porquê, mas Hoseok conseguiu ser idiota a ponto de cair nessas pegadinhas de criança de quinta-série, só que ele caiu e me levou junto nessa.

Em ordem cronológica:

Ato 1: Hoseok se virou para trás para ver a tal aranha. Detalhe: não tinha nenhuma aranha atrás dele, apenas eu terminando de me aliviar.

Ato 2: Nathan aproveitou o momento e partiu para o ataque que se resumia em: Empurrar Hoseok em mim.

Entre o ato 2 e 3: Escuta-se uma descarga e logo em seguida um Jackson tossindo. Ele estava em uma das cabines.

Ato 3: Hoseok veio para cima de mim com tudo, minha sorte é que o Yoongi Junior já estava dentro da minha cueca, porque se isso tivesse acontecido segundos mais cedo, Yoongi Junior estaria preso no zíper. Senti algo nas minhas costas que eu pedi a qualquer deus ou deuses existentes que não fosse o bonitinho de Hoseok.  

— Nossa, que putaria é essa? Existe motel para essas coisas — Jackson comentou — Eu, hein.

Terminei de fechar o zíper da calça e o encarei o Hoseok com a cara mais azeda que consegui fazer, eu não ia conseguir encarar o Jackson. Hoseok arregalou os olhos e novamente Nathan gargalhou.

— Me desculpa…  — Hoseok estava muito vermelho — Vai cagar, Jackson. Nathan…

Hoseok estava tão nervoso que as palavras estavam se perdendo no cérebro dele, eu também estava, mas não conseguia nem ao menos soltar uma palavra. Nathan apenas continuou rindo e Jackson veio tentar de dar uma de engraçadinho respondendo Hoseok::

— Bom, se você não percebeu eu estava…

— Eu não quero saber se você já cagou! Só finge que isso nunca aconteceu!

Jackson encarava a gente, agora com a mesma cara que eu havia feito segundos antes. Brandon ainda assistia tudo com os olhos meio arregalados, meio marejados, e as bochechas pontilhadas assumindo um tom rosinha. Acho que eu estava na mesma situação que Brandon agora.

O banheiro masculino nunca pareceu tão tenso e pequeno. Se Nathan não estivesse no meio dele, eu iria correndo para uma das cabines me enfiar lá.

— Eu vou acabar com você. — Avisou Hoseok, olhando friamente para Nathan.

— Desculpa, mas não estou interessado — Nathan respondeu e deu de ombros.

E a última cena do dia que ficaria marcada na minha cabeça aconteceu: Vi Nathan se mandando para fora do banheiro, levando com ele todo o resto de dignidade que eu e Hoseok ainda tínhamos. Se ele espalhar isso pela escola, o que provavelmente vai acontecer já que ele adora se gabar dos feitos idiotas dele para todo mundo, apenas sei que minha reputação pode ir a ruínas.

— Que babaca — Escutei Brandon sussurrar.

Sim, concordo com você, Brandon.

E agora, às 14h13 do dia 9 de fevereiro de 2016, eu tenho certeza;

Eu e Hoseok estamos fodidos.

E não é no bom sentido.


Notas Finais


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