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História Condenada. - Querida infeliz Londres.


Escrita por: mariapousa

Notas do Autor


Me desculpem os erros, e é isso. Beijos

Capítulo 2 - Querida infeliz Londres.


Fanfic / Fanfiction Condenada. - Querida infeliz Londres.

               "Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte." - Seneca
Eu lembro do dia exato em que a minha família se mudou para a grotesca Londres. As ruas de paralelepípedos e as carruagens eram coisas encantadoras para a minha mãe, Fiora D'avil. Meu pai, o senhor D'avil preferia observar as meretrizes do local e apreciar uma cerveja em algum bordel. Meu irmão mais novo, Grav, adorava a biblioteca local, já eu... bom, eu detestava tudo. Odiava a nossa casa em estilo vitoriano, odiava as ruas sujas e as pessoas doentes e detestava o clima. Cinco dias nublados e dois dias chuvosos. Era praticamente raro um dia de sol, mesmo no verão. Parecia que a cidade havia sido consumida por uma força maligna. Eu sentia saudades da nossa antiga casa em Paris. Sentia falta da nossa criação de ovelhas e galinhas. Sentia mais falta ainda do nosso avô, Axel, um homenzinho de 1,56 de altura, que fumava seis cigarros de palha só no café da manhã. Com a morte dele (por tuberculose, que nessa época era muito comum), minha família resolveu vender tudo e apostou na vida luxuosa de Londres. Erro deles.
Quando chegamos, a nossa criada Amber, veio nos receber de braços abertos. Ela não tinha mais que vinte e poucos anos. Era loira, de olhos acinzentados. Corpo escultural, pele branquinha como a neve que caia no inverno. Amber era muito atenciosa com a nossa irmãzinha, Catherine, de apenas três anos. Meu pai havia gostado muito dela, mas é claro, por outros motivos. Meu irmão e eu, que na época tínhamos dezesseis anos, achávamos ela esquisita. Minha mãe nunca se pronunciou a respeito.
Começamos a frequentar a escola. Meu irmão ia para a carpintaria e eu ao bordado. Minha mãe ficava em casa lendo livros e meu pai tinha arrumado um serviço legal no banco. Vivíamos bem. Como uma família normal para as pessoas de fora.
Enfim, não fazia mais de cinco meses em que havíamos nos mudado e começamos a ouvir boatos sobre as pessoas estarem desaparecendo. Crianças, idosos, enfim, não tinha idade para simplesmente sumir. A coisa foi piorando com um surto de corpos encontrados pela manhã em algumas esquinas da cidade. Sempre a mesma coisa, jugulares cortadas e tripas de fora. O prefeito ficou preocupado e inventou um tal de Jack o estripador. Mas não era tão fácil se deixar iludir por essa história. Mas tudo passou batido e após dois anos as coisas iam de mal a pior.
Em uma tarde de sábado chuvosa, eu havia ido ao bordado e meus pais haviam saído com Cath para levá-la ao médico. Suspeitamos que ela estava com pneumonia. Acabei chegando mais cedo da escola e estava indo direto ao quarto, quando eu vi algo super estranho acontecendo no quarto do meu irmão. A nossa empregada, Amber, estava nua em cima dele. Eu sabia o que estava acontecendo, porém achei estranho, afinal, ela também mantinha esse tipo de relação com o nosso pai. Fiz o máximo de silencio possível e voltei para o hall. Abri e fechei a porta com força, gritei:
- Cheguei!
Tirei meu casaco e pendurei ele no nosso cabideiro. Amber desceu as escadas arrumando seu vestido.
- Aconteceu algo? - Perguntei olhando para ela assustada.
- Não minha senhora, vou preparar seu chá, com licença. - Ela saiu apressada da sala e foi direto para a cozinha.
Eu soltei um risinho quando vi meu irmão descendo as escadas, mas logo fechei a cara. Ele estava com uma aparência estranha. Achei que fosse devido a falta de sol que fazia na cidade, pois ele estava muito pálido. Seus olhos estavam serenos demais. De fato, fazia tempo que eu não o via decentemente. Devido a escola e aos a fazeres de casa. Espantei o pensamento dele estar doente da minha cabeça.
- Liana perguntou de você hoje. - Disse me sentando na poltrona do nosso pai e colocando um cigarro de palha na boca para imita-ló.
- Escute meu jovem, você já está muito velho. Quando vai me arrumar netos? - Disse engrossando a voz. Mas ele não riu. Apenas continuou me olhando. Ele estava encostado no corrimão da escada que dava para os nossos quartos.
- Cath está doente. Ninguém sabe o que ela tem e o papai não tem mais dinheiro para pagar o doutor. Na verdade, ele não tem mais dinheiro para nada. - Ele disse com uma voz calma e em seguida, virou-se e subiu as escadas.
Era real. Estávamos falidos. O dinheiro das vendas de Paris havia acabado e meu pai passava mais tempo nos bordéis do que no emprego. Minha mãe, como sempre, não abria a boca.
Amber entrou logo em seguida segurando uma bandeja. Eu me levantei e a encarei por um tempo. Seus olhos estavam mais pretos do que acinzentados. Reparei nos seus cabelos e nas suas mãos, único lugar de seu corpo que nao estava totalmente branco. Estava avermelhadas. Algo estava errado. Subi para o meu quarto.
Deitada na cama pensei em como ajudaria minha família. Poderia vender meus bordados. Renderia algo. Mas ainda não era o suficiente.
Depois de algumas horas escutei meus pais chegando. Meu pai devia estar bêbado pelo jeito que falava com a minha mãe.
- Eu avisei... Sabe... não sei por que raios me casei com... você. Tanta mulher e eu... preso com você e três crianças. Eu vou embora....
Escutei a porta do hall batendo com força. Escutei os passos pesados de minha na escada. Já era tarde e Amber já havia ido embora. Minha mãe bateu no meu quarto.
- Olá docinho. Pode ficar um pouco com a Cath? Preciso resolver umas coisas la em baixo. - Ela disse enquanto colocava minha irmã adormecida na minha cama. Concordei e ela saiu. Minha mãe tinha pernas lindas, cabelos negros e pele branca. Seus olhos castanhos eram grandes e brilhantes. Seu sorriso era maravilhoso, embora ela nunca sorria. Aquela foi a ultima vez que vi ela. Depois de algumas horas meu irmão desceu para pegar algo e foi surpreendido com o corpo de nossa mãe pendurado na sala.



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