-Acorda bela adormecida! – ouço uma voz ao meu lado.
Sorrio, achando que é Philip me aconchego mais nele.
-Hanna. – Andrew sussurra.
Abro os olhos e dou de cara com Andrew.
-Confortável? – ele pergunta.
-Estou interrompendo algo? – Philip pergunta quando flagra eu e Andrew juntinhos.
“Lasco!”
Me afasto o mais rápido possível.
-Droga Philip, achei que era você! – digo tentando me desculpar.
Andrew abaixa a cabeça e começa a rir.
-Qual é a graça Andrew? – pergunto irritada.
-Nada. – ele da de ombros. – Vou ao banheiro, já que logo vamos aterrissar.
Philip senta-se no lugar dele.
-Tudo bem? – ele pergunta desconfiado.
-Tudo sim, e você? – sorrio sem graça.
-Tirando o fato que vim o caminho todo espremido ta tudo ótimo, ainda mais que já estamos chegando! – ele me encara. – O Andrew se comportou?
-Normal, por quê?
-Não sei, às vezes tenho a impressão que ele fica dando em cima de você...
-O Andrew dando em cima de mim? – começo a rir pra disfarçar o nervosismo. – Impressão sua, somos amigos só isso! – minto na cara dura.
Ele estuda minha expressão, e logo Andrew volta.
-Já pode voltar pro seu lugar maninho. – Andrew diz.
Philip encara seu irmão, volta a olhar pra mim e antes de sair me da um beijo.
-Te vejo daqui a pouco paixão. – Philip pisca pra mim e sai.
Andrew se acomoda ao meu lado.
-Dormiu bem? – ele pergunta com tom de ironia.
Dou um soco em seu braço.
-Ai! Só fiz uma pergunta! – ele passa mão no braço fingindo que doeu.
Logo o comandante anuncia nossa aterrissagem.
-Até que enfim vou poder me livrar de você! – digo afivelando o cinto de segurança.
-Bem que você babou a viagem toda no meu ombro e eu nem reclamei! – Andrew provoca.
-Babando? Que mentiroso, eu não babo quando durmo!
-E como sabe? Você não vê nada quando dorme!
Aponto pra sua camisa onde estava deitada há alguns minutos.
-Ta ai a prova que você está errado, ela está limpinha!
-Posso ter limpado quando fui ao banheiro! – Andrew não dá trégua.
-Desisto de você! – cruzo os braços brava.
-Você fica linda quando está brava. – ele sussurra em meu ouvido.
E o maldito arrepio volta.
-E Hanna? – ele me faz olhar pra ele. – Você nunca vai se livrar de mim! – pisca e sorri.
Mostro a língua pra ele e me viro para a janela, já avistando o aeroporto.
[…]
Quando entro no meu apartamento fico feliz, jogo as malas num canto, tiro os sapatos e corro pra sacada, olho Springwood de onde estou.
-Lar doce lar! – digo a mim mesma.
Resolvo ligar pra minha mãe e contar as novidades, depois ligo pra Sophia, depois pra Ariel e por último Mary, porque sei que com ela vai ser mais demorado.
-Viu, mas amanhã fica combinado então, vai ser o passeio das garotas, aproveitar que você voltou de viagem pra matar a saudade do nosso quarteto. – diz Mary do outro lado da linha.
-Ótimo! Tambem estou com saudades de todas! – digo me deitando no sofá.
-Então até amanhã Hanna, preciso ir, beijos!
-Vai lá, beijos!
Desligo o celular e tomo coragem para arrumar as malas e tomar um banho, peço uma pizza e resolvo ligar pra Ingrid me passar às últimas do consultório, ela me manda por e-mail o relatório das clientes.
-Pelo jeito você não teve sossego hein Ingrid! – digo lendo os e-mails.
-As mais desesperadas como sempre Hanna. – ela ri.
-Mas amanhã estarei ai para colocar as coisas em ordem.
-Tudo bem, nos vemos amanhã!
-Até amanhã então!
-Até!
Desligo o celular e volto para o computador, a companhia toca.
-Deve ser a pizza que pedi!
Abro a porta e dou de cara com Andrew... Segurando minha pizza.
-Encontrei um entregador lá em baixo, ele disse que essa pizza era sua, então resolvi fazer uma gentileza, o dispensei e trouxe sua pizza! – Andrew sorri.
-Ok senhor gentil, mas eu tenho que pagar pela pizza! – lembro.
-E você acha que o entregador ia me entregar a pizza sem pagar? Claro que já fiz isso né!
-Obrigada! – pego a pizza da mão dele e começo a fechar a porta na sua cara.
-Ei Hanna! – ele coloca o pé na porta me impedindo. – Jura que você vai fazer isso comigo?
Abro a porta novamente.
-Tá, o que você quer? – pergunto impaciente.
-Pizza oras!
-E quem disse que eu te convidei pra comer a MINHA pizza?
-Paguei por ela, achei que tinha direito a pelo menos um pedaço né!
Encaro Andrew uns instantes, estudo sua expressão, sei que não deveria, mas me rendo.
-Tá bom, entra. – lhe dou passagem.
Enquanto vou pegar dois pratos Andrew senta-se no sofá e liga a TV, e fica mudando de canal, até que encontra um filme.
”Acha que a casa já é dele!”
-Ei Hanna, ta passando um filme legal e ta no comecinho, vem assistir! – Andrew me convida.
-Filme Andrew? – levanto uma sobrancelha. – Que eu saiba era só a pizza!
-Qual é Hanna, só um filme!
-E porque você não vai assistir no seu AP? – sou insistente.
-Da pra você parar de ser chata, sentar aqui e assistir? – “Quanto poder de persuasão!”
Resolvo não contestar mais, levo as pizzas para o sofá e me sento ao lado dele.
-Que filme é? – pergunto olhando pra TV.
-O preço do amanhã, é ação, mas muito bom! – Andrew pega sua pizza.
Tambem pego um fatia de pizza e começo a prestar atenção no filme, e realmente o filme é bom, envolvente e emocionante, logo a pizza acaba e o filme tambem, nem me dou conta, mas estou encostada em Andrew, ele se vira pra mim e me encara nos olhos, algo nele me atrai como um ímã, não consigo desviar olhar, lentamente ele se aproxima, coloca sua mão no meu rosto e faz carinho, fecho os olhos, seus lábios roçam os meus, o celular toca.
“Salva pelo gongo, ou melhor, celular!”
Me afasto de Andrew e meu coração gela quando vejo que é Philip do outro lado da linha.
-Oi Phil! – tento soar o mais natural possível.
-Oi anjo! – ele diz. – Tudo bem?
-Sim... E você? – Andrew coloca o braço no encosto do sofá e fica me olhando.
-Hanna, ta tudo bem mesmo? Você parece estranha. – Philip fica desconfiado. – Você viu o Andrew?
-Andrew? – fico sem chão. – Não, não vi ele não, desde que cheguei nem sai, fiquei resolvendo umas coisas do consultório. – Andrew me encara sem entender nada.
-Tudo bem então, quer que eu vá até ai te fazer companhia?
-Não! – esse não sai direto demais. – Quer dizer... Não precisa, vai descansar, eu tambem estou cansada, vou dormir daqui a pouco! – tento disfarçar minha gafe.
-Já que você insiste vou te deixar em paz, mas saiba que estou com saudades ta!
-Tambem estou! – me viro de costas pra Andrew.
-Então vai descansar, nos falamos amanhã! Beijos!
-Beijos!
Desligo o celular e fico sem reação, mais uma mentira que sou obrigada a contar pro Philip, Andrew precisa parar de me perseguir.
-Preciso que você saia agora do meu apartamento Andrew! – aponto para a porta, mas não olho pra ele.
-Mas assim de repente? – Andrew parece confuso.
Resolvo encará-lo.
-Você sabe meus motivos para isso, aliás, eu nem deveria ter deixado você entrar...
-Mas Hanna... – ele se levanta do sofá e vem em minha direção.
-Não Andrew, não se aproxime! – faço sinal de pare. – Por favor vá embora!
-Tudo isso por causa de uma ligação do Phil?
-Não Andrew, tudo isso porque estamos agindo errado, meu namorado é o Phil, é com ele que tenho que ficar, e não é porque você ficou solteiro que vou correr para seus braços, porque não vou, preciso que você pare de correr atrás de mim e me provocar! – lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto.
-Hanna... – Andrew sussurra.
-Por favor Andrew, não deixe as coisas ficarem piores do que já estão!
-Mas eu te amo!
Suas palavras me cortam o coração, fecho os olhos e respiro fundo.
-Se você me ama tanto, preciso que faça uma coisa por mim. – enxugo uma lágrima.
-Qualquer coisa, faço qualquer coisa que você me pedir! – ele parece desesperado.
-Preciso que desista de mim...
-Não Hanna...
-Você disse qualquer coisa, então preciso que você me deixe seguir minha vida, por favor! – começo a implorar.
-Hanna... – ele tambem começa a chorar.
-Por favor! – minha voz é quase um sussurro.
Andrew se encaminha até a porta, antes de fechá-la atrás de si ele se vira pra mim e me encara.
-Só preciso que saiba de uma coisa... – ele respira fundo. – Você pode até encontrar um amor, ele pode até ser o Philip, mas ninguém, ninguém vai ser capaz de te amar como eu te amo! – Andrew fecha porta e vai embora... Pra sempre.
Só consigo sentir dor, coloco a mão na barriga procurando ar, me ajoelho no chão, nunca as palavras de Andrew me afetaram tanto, nunca às senti tão verdadeiras, e sei tambem que não tem volta, só me resta esquecê-lo de vez e seguir em frente com Philip, é o certo a se fazer, mas porque dói tanto? Porque sinto como se tivesse perdido meu chão? São perguntas que sei a resposta, mas tenho medo de pronunciá-las, sei que nem devo, é esquecer e esquecer!
Com toda dor do mundo me obrigo a levantar, lavo o rosto no banheiro e vou me deitar, penso em Andrew, e prometo a mim mesma que será a última vez.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.