História Conselheira Amorosa - Capítulo 22

-Olá flor do meu jardim! – Philip me surpreende entrando no meu consultório.

-Olá senhor feliz! O que o traz aqui? – pergunto curiosa.

-Vim te buscar pra almoçar.

Olho as horas no celular.

-Uau já é hora do almoço, nem vi. – digo me levantando da mesa.

-Então, topa almoçar comigo? – Philip realmente está feliz.

-Claro, e porque não! – pego minha bolsa e o sigo para fora do consultório.

Como era de se esperar vamos almoçar em seu restaurante, torço pra não ver Andrew, o que é a mesma coisa que ir a uma loja e não querer ver a vendedora, mas enfim, respiro fundo e resolvo enfrentar meus temores.

-Mas e ai como está lá no consultório? – Philip pergunta enquanto o garçom foi buscar nossos pratos.

-Ah nada novo, sempre os mesmos casos e problemas. – dou de ombros.

-Nenhuma cliente com algum caso maluco? – Philip insiste.

-Não. – sorrio sem graça.

Não sei por que, mas estar em um lugar sabendo que a qualquer momento posso ver Andrew me incomoda.

-Falei com Vicent... – Philip conta pra quebrar o silêncio. – Ele está com Rachel sim e está muito feliz!

-Ai que ótimo! Fiquei de mandar mensagem pra ela, mas esqueci.

-Eles já marcaram a data do casamento e tudo!

-Caramba! Mas já? – fico surpresa. – Mas tambem, porque esperar mais né!

O garçom chega com nossos pratos e assim que ele sai quem eu menos queria ver na face da terra aparece... Andrew. Ele me vê com Philip e desvia o olhar dando alguma orientação a um garçom que está passando.

-Ei Andrew, chega ai! – Philip chama.

“Valeu Phil, valeu mesmo!”

Relutante Andrew se aproxima.

-O que você quer Philip? – ele pergunta seco.

-Conta ai pra Hanna sobre o Vicent e a Rachel.

-Contar o que? – ele parece impaciente.

-Que eles estão noivos oras!

-Ah é, eles estão noivos. – Andrew mal me olha.

-Nossa cara, até parece que está arrependido de ter deixado a Rachel ir! – Philip solta.

Andrew sorri sarcástico.

-Pode ter certeza Philip, esse é o menor dos meus arrependimentos! – me encara alguns instantes e sai.

O que será que ele quis dizer com isso? Só sei que me incomoda, porque sei que foi pra mim.

-Andrew está com a pá virada esses dias, liga não. – Philip explica.

Apenas acento com a cabeça e permaneço em silêncio, Philip continua contando sobre as coisas do restaurante, dos fornecedores, e a todo momento vejo Andrew passar, mas ele finge nem perceber que estou ali, pena que não consigo fazer o mesmo, observo cada passo seu, uma conversa com um garçom, a recepção de clientes, e mais instruções aos garçons.

-Hanna, você ta ai? – Philip estrala o dedo na minha frente.

-Oi. – digo de um salto.

-Estava falando com você. – Philip sorri.

-Desculpa, me distraí. – sorrio sem graça.

Andrew passa novamente e olho pro meu prato, Philip observa seu irmão passar e depois olha pra mim, ele ergue uma sobrancelha.

-Tem certeza que está tudo bem? Você nem encostou na comida. – observa Philip.

-To meio sem fome. – olho as horas no celular. – Nossa como as horas passaram, preciso ir, tenho uma cliente pra atender, ela pira se eu me atrasar...

-Levo você. – Philip oferece.

-Não precisa, vou caminhando, são apenas alguns quarteirões daqui! – digo me levantando.

-Mas Hanna...

-Tudo bem Philip, te ligo mais tarde... – sem querer esbarro em Andrew que está passando e quase caio, mas ele me segura.

Nossos olhos se encontram, meu coração dispara.

-Precisa tomar mais cuidado. – Andrew diz em um tom seco.

Assim que me afirmo em pé ele sai e me deixa sozinha, me sinto zonza e saio correndo do restaurante, corro três quarteirões, cansada e com lágrimas nos olhos resolvo pegar um táxi e ir pra casa, me atiro em minha cama assim que entro, choro de soluçar, não sei o que dói mais, saber que não posso ficar com Andrew ou a indiferença dele comigo, meu coração está rasgado e destroçado, quanto mais choro mais chego a conclusão que tambem não posso ficar com Philip, não posso pertencer a essa família, não vou conseguir ser feliz com Philip vendo Andrew me assombrar o tempo todo, não dá, o Philip vai ficar triste? Com toda certeza! Mas pior ainda é ficar com ele e não conseguir fazer ele feliz, sei que não vou conseguir, não enquanto meu coração for de Andrew, ou seja, não vou conseguir fazer ninguém feliz, porque Andrew roubou meu coração de vez! A campainha toca e me assusta, relutante vou atender, começo a chorar mais quando vejo que a Mary.

-Hanna, o que aconteceu com você? A Ingrid me ligou desesperada dizendo que você não atende o celular...

-Não aguento mais! – grito. – Não aguento mais! – volto pro meu quarto.

-Hanna, por favor, você precisa se acalmar e me contar o que está acontecendo! – Mary está realmente preocupada. – Isso tudo tem a ver com Andrew? – na mosca.

Começo a chorar ainda mais.

-O que aquele miserável te fez? Vou lá agora mesmo tirar satisfação com ele...

-A culpa é minha! – a interrompo. – A culpa é toda minha! – abraço os joelhos.

-Oh Hanna! – Mary se compadece.

Respiro fundo e olho pro nada.

-Vou buscar um copo d’ água com açúcar pra você, já volto. – diz Mary

Não demora muito e Mary me entrega o copo d’ água, tomo tudo e tento me acalmar, Mary senta-se ao meu lado, ela me puxa e me faz colocar a cabeça em seu colo, ela começa a mexer em meus cabelos, isso me acalma.

-Eu sou uma completa idiota! – começo.

-Não fala assim Hanna, todas as nossas atitudes, por mais idiotas que sejam sempre tem um motivo!

-Grande atitude a minha, destruir minha vida! – me levanto e jogo as mãos no ar.

Começo a andar de um lado pro outro no quarto.

-Hanna. – Mary me chama. – Senta aqui. – ele bate no colchão ao seu lado.

Sento-me ao lado dela.

-Vamos, desembucha, extravasa, se liberta, fala tudo o que quiser falar, e conte tudo o que quiser contar, você ta precisando. – Mary senta em posição de índio e fica esperando eu começar.

Respiro fundo e conto tudo o que aconteceu e o que anda acontecendo, desde Londres, até as últimas noites e hoje no restaurante.

-É... Com razão você está pirando. – Mary conclui.

-Mary! – a repreendo.

Ela ri.

-Ta bom, mas... Você precisa mesmo deixar o Philip? – Mary pergunta.

-Ah Mary, não tem razão alguma de eu ficar com ele se não posso fazê-lo feliz! Tem como eu fazer uma pessoa feliz se eu mesma não sei o que é isso?

-É meio complicado mesmo, mas... Ele te faz bem, você mesmo vive dizendo isso!

-Mas apenas isso não ta bastando, eu queria muito acreditar que poderia viver com ele só com isso, mas não dá! E outra ele é irmão do Andrew, como vou conseguir viver com um se meu coração é do outro?

-Mas fica com Andrew então oras!

-Haha, ele nem liga mais pra mim, tive provas disso ontem e hoje!

-Uma coisa você perdeu ontem... – começa Mary. – Depois que você foi embora vi Andrew dispensando a loira na maior cara dura, ela ficou lá dando piti, só ouvi ele dizer “mais uma como você eu não preciso!” e saiu do bar chateado.

-Ele disse isso se referindo a Rachel. – cruzo os braços. – Mas hoje ele fingiu não notar minha presença no restaurante, e quando me ajudou a levantar foi frio e seco, como se eu não fosse ninguém!

-Hanna, foi você que pediu pra ele se afastar lembra? E outra... O irmão dele estava lá, ele não ia fazer nada precipitado!

-Mas nunca vi ele tão indiferente, tão frio, tão... Distante... – as lágrimas ameaçam a cair de novo. – Por isso tenho que me afastar da família Macalister, não aguento sofrer mais assim, acho que não mereço isso!

-Sofrer ninguém merece, ainda mais você que é uma conselheira amorosa, não está dando exemplo para suas clientes! – Mary brinca.

Empurro Mary e sorrio sem graça, ela segura minhas mãos me obrigando a olhar pra ela.

-Tem certeza que é isso o que você quer? – Mary pergunta.

-Preciso, de verdade! – garanto a ela.

-Eu só não quero que você sofra mais, quero que você encontre a felicidade, você merece!

-Por isso amanhã mesmo vou conversar com Philip e colocar essa situação em pratos limpos.

-Ok então né, só saiba o que falar pro coitado, afinal ele gosta mesmo de você.

-Com certeza, vou usar bastante de tato, mas creio que ele vai me entender, o Philip é bem compreensivo.

-É o que veremos!