História Conselheira Amorosa - Capítulo 23

Estou no meu consultório olhando pela janela e me preparando pra quando Philip chegar, liguei pra ele faz meia hora, ele disse que não ia demorar, mas... Já estou bastante nervosa! Preferi o consultório porque me da mais segurança, me lembra do meu lado profissional, claro que essa situação é bem emocional, mas aqui creio que vou conseguir dizer tudo o que preciso. Uma batida na porta.

-Pode entrar. – digo me virando pra porta.

-Desculpa a demora, fiquei preso lá no restaurante resolvendo umas coisas... – Philip entre e fecha a porta atrás de si.

-Tudo bem. – dou de ombros.

Ele se aproxima me estudando, uma tanto relutante, olha em meus olhos, sorri sem graça e tenta me abraçar, mas antes que eu me arrependa desvio de seu abraço.

-É... Realmente bem não estamos. – diz ele colocando as mãos no bolso.

-Por isso te chamei pra conversarmos. – me sento no sofá e indico o da frente pra ele.

Isso me faz lembrar das conversas com Andrew, ele tambem se sentava no sofá à minha frente, mas são lembras do passado, apesar dele ser o real motivo de eu ter essa conversa com Philip. Respiro fundo, tento encontrar as palavras pra começar, cruzo as pernas, descruzo, entrelaço as mãos, passo as mãos no cabelo, passo as mãos em minha calça e encaro Philip.

-Pelo jeito é sério mesmo. – ele diz percebendo minha impaciência.

-Quero terminar nosso namoro! – resolvo ser direta.

Philip engole em seco, me encara, sorri sem graça.

-O Andrew estava certo. – ele diz se recostando no sofá.

-Andrew? O que ele tem a ver com isso? – pergunto meio confusa.

-Acho que tudo Hanna... – ele cruza as mãos. – Ele me contou tudo, o envolvimento de vocês, a tentativa de ficar com você, mas você não quis, até mesmo depois que a Rachel largou dele, eu sei de tudo Hanna!

Agora sou eu que engulo em seco, estudo a expressão se Philip, mas ele parece normal, fico me perguntando por que o Andrew fez isso.

-Ele me disse que você não quis ficar com ele por minha causa. – ele continua. – Achei ótimo, gosto de você de verdade Hanna, e estava disposto a viver com isso, e quem sabe a gente vir a se amar, ser um casal feliz, mas... – ele me encara. – Foi na noite em que aconteceu o rolo com a Rachel que percebi algo realmente estranho, vi o clima entre você e o Andrew, mesmo de longe eu vi que tinha algo a mais que uma “folha” em seu rosto, não sou tonto Hanna, a partir daí comecei a desconfiar... – ele ri. – Você não quis dormir comigo naquela noite, procurei entender achando que era coisa da minha cabeça, depois teve o café no restaurante do hotel e no avião... Eu vi vocês dois dormindo juntinhos, e você parecia tão confortável!

-Mas...

-Não estou bravo, se é o que pensa Hanna… – ele me interrompe. – Mas daí ontem no restaurante você não conseguiu se conter, percebi você acompanhando cada passo do Andrew lá dentro, e cada passo te afetava, depois esbarrou nele, e a troca de olhares entre vocês... Entregou tudo, ai eu tive certeza que você estava envolvida com Andrew!

-Philip!

-Me deixa terminar. – ele pede calmo. – Depois que você saiu correndo do restaurante Andrew apagou, na verdade ele ficava passando pra te provocar, ele nunca faz isso, não precisava, você achou mesmo que ele precisava ficar passando instruções pros garçons toda hora? – ele ri. – Ele ficou lá no fundo depois, resolvi falar com ele, vi que ele estava distraído, então perguntei “Desistiu da Hanna?” e sabe o que ele respondeu? “Foi ela quem desistiu da gente!”

Arregalo os olhos.

-Ele entrou o jogo assim de bandeja! – ele passa as mãos no cabelo e se recosta no sofá. – Quando ele percebeu o que disse já era tarde demais, ai ele confessou tudo! Sai de lá meio confuso, mas até então entendi que a gente tava junto e você estava disposta a ficar comigo, até o Andrew me disse isso com todas as letras, ai hoje você me ligou...

-E ai adivinhou o que eu ia dizer. – respondo.

-Exato! Não queria acreditar, mas... Aqui estamos né!

-Bom... Philip não sei o que dizer...

-Nem precisa, já ouvi tudo o que precisava ouvir ontem do Andrew... – ele me olha e estende as mãos. – Me de suas mãos. – coloco minhas mãos sobre as suas, ele faz carinho. – Eu não estou bravo Hanna, chateado? Um pouco, porque confesso que não esperava, mas entendo que você chegou num ponto que não consegue mais controlar seu coração, viver comigo tendo Andrew por perto ia te destruir aos poucos, eu entendo isso, você fez o que pode, foi até onde conseguiu, mas olha... – ele sorri. – Tudo o que passamos juntos vou guardar com muito carinho viu, você foi mais que namorada, foi minha companheira, infelizmente a vida não nos deixou prosseguir, mas estou feliz onde cheguei com você, de verdade, e eu te amo só por isso!

-Oh Phil! – digo.

Nos levantamos do sofá e nos abraçamos, não consigo me conter e choro.

-Ei não chora não! – ele diz enxugando minhas lágrimas.

-Eu sabia que você era especial, mas não sabia que era tanto! – sorrio. – Eu que agradeço por ser tão bom comigo, tambem gostei de cada momento que passamos juntos, você foi uma ótima companhia e merece encontrar uma garota tão especial quanto você!

Ele sorri e faz carinho em meu rosto.

-E o Andrew? – ele pergunta.

-Acho um pouco tarde pra gente.

-Nunca é tarde para amar!

-Mas esse amor é confuso e instável, Andrew não merece isso!

-Mas ele te ama, sabe disso né?

Faço que sim com a cabeça.

-Mas vamos deixar como está, acho que vai ser melhor pra nós dois.

-Ok, não vou me meter, afinal vocês são dois adultos que sabem o que fazem. – ele me da um beijo na testa. – Amigos?

-Amigos!

*-*-*-*

-Jura que o Philip te disse tudo isso? – Mary pergunta chocada.

-Pois é, não disse que ele era um fofo! – como mais uma colher de brigadeiro.

-Fofo? Amiga me passa agora o número dele, um bofe desses não fica disponível por muito tempo!

Caímos na gargalhada.

-Você não faz o tipo dele! – provoco.

-Minha querida, me torno o que ele quiser em questão de segundos, é só ele dizer que sim!

-É só você dizer assim... Que eu topo! – estalo os dedos e cantarolo.

-Nem sabe a música direito, tonta! – Mary me mostra a língua.

Rimos mais um pouco.

-Mas e agora, como fica o Andrew? – Mary pergunta raspando a panela.

-Ei, deixa um pouco pra mim! – puxo a panela da sua mão. – Vai ficar onde ele está oras!

-Agora que você e ele estão realmente livres, vai deixar ele pra lá, não entendi! – ela toma a panela da minha mão.

-Ah Mary não acho que vai dar certo a gente juntos! – pego a panela de volta.

-Mas vocês têm uma sintonia incrível! – ela puxa de novo.

-Mas nosso relacionamento é turbulento! – dou um tapa na mão dela e pego a panela de volta.

-Mas vocês ficam super bem juntos! – agora é ela quem da um tapa na minha mão.

-Mas sofremos tambem juntos! – pego de volta.

-Não, vocês sofrem quando estão separados! – ela pega a panela e come a última colherada.

Me levanto do sofá e vou até a cozinha.

-Mas não vou atrás dele e pronto, concordo com tudo o que disse, mas preciso de um tempo pra colocar as coisas em ordem, preciso de um tempo pra mim!

Mary vem atrás de mim.

-Tudo bem, te entendo. – ela começa a lavar a panela. – Por falar em tempo... – ela larga a panela e corre até sua bolsa e pega alguma coisa. – Olha o que eu arrumei pra gente! – ela me mostra duas entradas pro show do Maroon 5.

-Isso é o que eu estou pensando mesmo? – pergunto com os olhos brilhando.

-Sim! Só que agora é o verdadeiro Adam Levine e sua banda!

-Não ta mentindo pra mim de novo não né? – fico desconfiada.

-Prometo que não, paguei caro nessas entradas ta, não ia gastar meu dinheirinho suado se não fosse os verdadeiros!

-Quando e onde vai ser?

-No Willmax mesmo no próximo fim de semana! – Mary fica empolgada.

-No Willmax? Nossa quanta inovação! – observo os convites.

-Pois é, de tanto os clientes pedirem alguma atração top ele conseguiu chamar o Maroon 5, para nossa sorte claro!

-Com toda certeza! E você conseguiu as entradas de boa assim, com uma semana antes?

-Ah foi só xavecar o Max que os ingressos caíram na minha mão, sabe... Ele não resistiu meu charme! – Mary faz uma pose sexy.

-Você não tem jeito mesmo Mary Stow! – começo a rir dela.

-Pois é meu bem, se não fosse por mim você iria perder esse show ta! – ela mostra a língua.

-E eu ia te matar por isso!

-Pois então, amo muito minha vida sabe!

Começamos a rir.

-Ta chega de papo furado e vamos logo terminar esse filme! – diz ela indo pro sofá.

Sigo ela até lá e continuamos a assistir As Branquelas.