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História Conselheira Amorosa - Capítulo 6


Escrita por: TamyFranco

Notas do Autor


E vamos lá descobrir quem é esse vizinho misterioso...

Capítulo 6 - Capítulo 6


Acordo com o celular tocando.

- Alô! - digo sem abrir os olhos.

- Oi Hanna, aqui é a Sophia, estou chamando as meninas pra almoçar aqui em casa, e claro você não poderia faltar, posso contar com sua presença? - pergunta Sophia toda animada.

- Beleza, apareço ai sim! - respondo esfregando os olhos.

- Ok, fico te esperando! Beijos! - Sophia desliga.

Agora vou te contar da Sophia como disse lá atrás. Conheci ela também na faculdade, isso já não é novidade mais entre minhas amigas! Estava indo até minha sala de aula, quando Sophia aparece correndo pelo corredor apressada, sem querer, esbarra em mim e derrubamos nossos livros.

- Ai me desculpa, estou atrasada! Ai como sou desastrada! - diz ela pegando seus livros do chão.

Me agacho para ajudá-la.

- Relaxa, essas coisas acontecem! - tento tranquilizá-la. - Nossa que desenhos lindos! - pego alguns do chão.

São desenhos de roupas, principalmente vestidos de noiva e festa, um mais lindo que o outro, uma perfeição sem fim, com detalhes esplendidos.

- Obrigada! - diz Sophia sem graça.

- São seus? - pergunto olhando pra ela.

- Sim são, mas não são tão bons assim, desenho só por hobby, então... - ela termina de arrumar suas coisas.

- Como assim, você faz faculdade de moda e desenha essas maravilhas só por hobby? - fico chocada.

- Como sabe que faço moda?

- Seus livros. - entrego um para ela.

- É por fazer moda que sei que não são bons. - ela sorri tímida. - Preciso ir, estou mesmo atrasada pra aula.

Ela se vira e da alguns passos.

- Ei moça! - ela se vira para mim. - Você devia mostrar à sua professora, vai por mim! - pisco.

Ela sorri e vai embora. No intervalo ela me procurou pra agradecer, ela ouviu meu conselho e mostrou os desenhos para sua professora, e foi um sucesso, ela ia fazer um desfile em cima deles, ela me conta que sempre fez fotos quando mais nova, porque realmente ela é muito bonita! Mas que gosta mesmo é da produção, por isso sua paixão são os desenhos. Depois disso viramos amigas. E ai completou nosso quadro de amigas, eu, Mary, Ariel e Sophia.

Me arrumo e saio pela porta, no corredor nada da bagunça de antes, e tudo muito silencioso, nenhum sinal do senhor Andy, o inquilino misterioso!

Passo no super mercado comprar um vinho pro almoço e sigo para a casa de Sophia, uma casa grande, também... Ela casou com um cara super bem sucedido, Mike Drover, um empresário do ramo da moda, Mike promove estilistas e modelos.

Foi num anúncio que ele colocou na internet que estava à procura de novos estilistas, Sophia não pensou duas vezes e mandou seus desenhos pra ele, na outra semana combinaram de se encontrar, ele se apaixonou de primeira pelos desenhos dela, e claro... Por ela também quando a viu! Na época ele promoveu um dos maiores eventos da moda com as roupas desenhadas por Sophia, logo que se casaram, Sophia abriu sua própria loja com a ajuda dele. E estão juntos até hoje!

Toco a campainha.

- Oi Hanna! Quanto tempo! - diz Sophia me abraçando ao abrir a porta. - Vem vamos lá pra fora, o Mike está fazendo churrasco!

- Trouxe vinho! - lhe mostro a garrafa.

- Ai que ótimo! - Sophia pega a garrafa da minha mão e me puxa pela outra.

Nos dirigimos para os fundos da casa, onde se encontra uma churrasqueira e uma piscina enorme! Vejo Ariel preparando uma salada suculenta.

- Cheguei! - digo sorrindo para todos.

- Olá Hanna! - me cumprimenta Mike. - Fique à vontade!

Me aproximo de Ariel e lhe dou um beijo no rosto.

- Cadê a Mary? - pergunto.

- Deve estar vindo ai, ela disse que ia passar no super mercado comprar cerveja. - responde Sophia. - E seu amigo amor? Ele vem? - pergunta Sophia ao marido.

- Ele vem sim, disse que só ia passar pegar sua namorada, mas já estava a caminho. - responde Mike colocando carne no espeto.

- Mike fez amizade com um empresário no ramo alimentício ai, hoje ele vem aqui para o conhecermos. - Sophia explica.

- Na verdade conheci ele em um dos eventos de moda, o pai dele que fez o buffet do evento. - conta Mike. - E por coincidência ele está se mudando pra cá.

A campainha toca, Sophia vai atender, começo ajudar Ariel a preparar a salada.

- Olá povo faminto! - diz Mary animada. - Ai que delícia ver todo mundo reunido aqui de novo, faz tanto tempo que não fazíamos isso!

- Verdade Mary! - diz Sophia colocando as cervejas na geladeira. - Mas hoje temos dois convidados novos.

- Quem? - Mary fica curiosa.

- Um amigo do Mike e sua namora, já devem estar chegando. - responde Ariel.

"Quem será esse amigo misterioso?"

Antes que eu pudesse perguntar o nome do indivíduo à campainha toca de novo, Sophia novamente vai abrir a porta, Mary arruma a mesa, a salada está pronta e a carne...Quase.

Sophia se aproxima meio chocada, ficamos sem entender o porque, mas assim que avistamos o casal logo atrás dela cai o queixo de todos... Menos de Mike.

"Rachel e... Andrew! Isso só pode ser brincadeira!"

- Eu não acredito que são vocês que o Mike disse que eram as amigas da Sophia! - diz Rachel animada. - Nossa que mundo pequeno!

- Nem fale! - sussurra Mary ao meu lado.

- Olá... De novo meninas! - diz Andrew.

Nossos olhos se encontram e ele acena com a cabeça.

- Vocês já se conhecem? - pergunta Mike intrigado.

- Mas é claro! Estudei com Sophia na faculdade, éramos super amigas! - diz Rachel colocando a mão no braço de Sophia.

- Você nunca me contou isso meu bem! - diz Mike.

- Disse sim, você que não deve estar lembrado! - Sophia se afasta de Rachel indo até a mesa. - Mas sentem-se, fiquem à vontade, o almoço já vai ser servido! - Sophia tenta ser simpática.

Eu, Mary e Ariel tentamos agir o mais natural possível, mas percebo o olhar de Andrew em mim, e isso me incomoda... Muito!

- A salada já está pronta, e o arroz também. - diz Mary.

- Vou pegar a maionese na geladeira lá de dentro. - diz Sophia.

- Vou te ajudar! - digo querendo sair o mais rápido dali possível.

- Também vou! - diz Ariel logo atrás de mim.

- E eu! - completa Mary.

- Posso ajudar também meninas! - se oferece Rachel.

- Não precisa! - dizemos todas juntas. - Quer dizer... Você é nossa convidada de honra hoje Rachel, então não precisa se incomodar! - completa Sophia.

Rachel sorri para ela, e seguimos para a cozinha.

- O que significa tudo isso? - pergunta Mary.

- Eu juro que não sabia de nada, jamais ia imaginar que o amigo do Mike ia ser namorado justo da Rachel! - Sophia se defende.

- Isso não é nada bom! - completa Ariel.

- E porque o Andrew não para de te encarar Hanna? Tem alguma coisa que não estou sabendo? - pergunta Sophia intrigada.

- Ele é o cara que beijou ela final de semana passada! - responde Mary.

- Wow bom saber que você anda falando de minha vida pessoal assim por ai Mary! - faço cara feia.

- Qual é Hanna, sou sua amiga! - Sophia cruza os braços.

- Ta, desculpa! - levanto as mãos no ar. - É esse cara mesmo que me beijou, e depois me abandonou outra noite! - ressalto. - Ele me pediu desculpas dizendo que deixou se envolver pelo momento, mas que já estava com a Rachel quando aquilo aconteceu...

- Espera! - Ariel me encara. - Vocês voltaram a se encontrar? - Todas me encaram.

- Ele foi até meu consultório na segunda. - cruzo os braços.

As três ficam chocadas.

- O que ele foi fazer lá? - Mary.

- Porque ele foi lá? - Ariel.

- Como ele te achou? - Sophia.

- Ai meu deus! Calma ai gente! Ele foi atrás de uma conselheira amorosa, viu meu anúncio no jornal, mas ele não sabia que seria eu...

- Porque ele precisa de conselhos amorosos? - Ariel parece confusa.

- Também namorando a Rachel, o que mais você espera? No lugar dele já estava no hospício! - Sophia revira os olhos.

- Né! - completa Mary. - Mas foi por causa da Rachel que ele foi atrás de você? Quer dizer... Atrás de seus conselhos?

- Não vou falar de assunto pessoal de meus clientes né meninas! Está contra a ética do meu trabalho! - tento escapar dessa.

As três me encaram e cruzam os braços.

"Maravilha!"

- Ele não é qualquer cliente Hanna! Vai desembucha logo! - diz Sophia.

- Ta bom vocês venceram! - cruzo os braços e começo o relato.

As meninas ouvem com atenção.

- E é isso, ele quer que eu o ajude a conquistar a Rachel. - termino.

- Esse mundo ta de perna pro ar mesmo! - diz Mary.

- Que situação hein Hanna! - diz Ariel.

- Relaxa gente! Estou sendo a profissional que sempre fui! Nada de deixar a vida pessoal interferir na vida profissional, cada coisa no seu lugar, considero esse caso como qualquer outro. - tento ser positiva.

- Mas esse caso se trata do cara que te beijou. - diz Mary.

- E que por acaso namora nossa maior inimiga, apesar dela não saber disso. - emenda Ariel.

- E que eu saiba você nunca teve um cliente homem. - completa Sophia.

- Nossa como vocês são negativas! Obrigada mesmo pela força, uhu, tudo que eu preciso! - faço joinha com as duas mãos e sorrio sem graça.

- Desculpa Hanna! Você está certa, nada como tratar desse caso como qualquer outro, apesar dos desafios. - diz Sophia.

- E põe desafio nisso! - diz Ariel.

- Enfim meninas, vamos deixar a Hanna lidar com isso, afinal a profissional no assunto aqui é ela, o que devemos fazer é apoiá-la! - Mary parece decidida.

- Exatamente! E vamos tratar a Rachel super bem hoje, como se nada estivesse acontecendo, e quem sabe... Não viramos melhores amigas também! - todas arregalam os olhos e encaramos Ariel. - É brincadeira gente! - Ariel joga as mãos no ar.

Caímos na gargalhada.

- Também não é pra tanto né amiga. - diz Sophia sorrindo. - Acho que já enrolamos demais aqui, precisamos voltar lá pra fora.

Todas concordamos, Sophia pega a maionese e seguimos de volta para a churrasqueira.

- Achei que estavam fazendo a maionese de novo! - Mike brinca.

Sophia o encara e faz careta pra ele parar de falar.

- Podem começar a se servir gente, o churrasco já está pronto! - diz Mike mudando de assunto.

Assim todos começam a servir em volta da mesa, Andrew ainda insiste em ficar me olhando.

- Mas então Andrew como vai à reforma do restaurante? - Mike tira a sua atenção de cima de mim.

- Olha tá quase cara, alguns problemas básicos de reforma, mas acho que daqui uns 15 dias inaugura. - responde Andrew tomando um gole de vinho.

- Vai ser um sucesso, meu pai também está muito contente! - diz Rachel dando um beijo no rosto de Andrew.

Andrew me olha sem graça.

- Ai meninas preciso te contar do presente que o Andrew me deu essa semana, aliás, surpresas é que não faltaram! - Rachel se empolga. - Na segunda ele aparece de surpresa no fim do dia com um boque de rosas brancas!

- Que romântico! - comenta Ariel sendo simpática.

- Pois é! - Rachel continua. - Na terça me ligou duas vezes durante o dia pra saber como eu estava, e disse que estava com saudades...

Rachel relata o tanto de coisas que Andrew fez para agradá-la. É eu disse pra ele dar atenção a ela, mas precisa comprar um colar de brilhantes?

- E ontem ele me levou pra jantar! - termina Rachel. - Ele não é um amor meninas?

- Com certeza! - Mary sorri forçada.

- Até exagerado né! - Sophia tenta ser discreta.

Rachel me encara sorrindo.

- O que achou de tudo isso Hanna, você que entende desse negócio de romance, de como um homem deve agradar uma mulher, o Andrew está indo bem? - Andrew se afoga com o vinho. - Calma amor, não precisa ficar com vergonha, a Hanna é conselheira amorosa, ela mais do que ninguém vai dizer se somos feitos um pro outro!

"Eu ouvi mesmo isso?"

Tomo um gole do meu vinho e resolvo mostrar meu lado profissional.

- Realmente Rachel vocês formam sim o casal muito lindo! - "Mentira!" - E o Andrew pelas demonstrações de afeto essa semana está de parabéns, te conquistando a cada dia, isso para um relacionamento é essencial! - sorrio para os dois. - Muitos consideram o que ele fez até exagero, mas ai vai da percepção de cada mulher, acho que independentemente do presente, da surpresa ou do gesto de carinho o que vale é a intenção, se é feito de coração e a mulher se sentir bem e feliz, o homem também se sentirá realizado e recompensado, aliás, ambos os lados, e é assim que se constrói um relacionamento forte e saudável que durará anos e anos! - confesso que disse isso mais pro Andrew do que pro casal em si.

Andrew fica sem palavras, só me encarando, Rachel quebra o gelo e começa a bater palmas.

- Hanna essa foi uma das palavras mais lindas que já ouvi! Tocou fundo aqui! - Rachel coloca a mão no coração. - Até o Andrew se emocionou, não é amor?

- É... Realmente palavras muito profundas. - ele toma o último gole de vinho para recuperar o fôlego.

- Profissional como a Hanna eu desconheço! - Mike me elogia. - Foi ela que conseguiu unir eu e a Sophia também.

- Na verdade só tirei umas paranóias dela quando você resolveu fazer tanto suspense pra pedi-la em casamento. - digo.

- Você sabia Hanna? - pergunta Sophia. - Sabia que o Mike ia me pedir em casamento?

- Existia duas opções, ou ele ia te deixar de vez ou ele estava aprontando alguma, e claro... A segunda opção ganhou! - sorrio. – Sophia, o Mike sempre foi louco por você, é óbvio que ele não ia te deixar!

- E Hanna Makmont acertou de novo! - diz Ariel me dando um tapinha nas costas.

- Você nunca erra não Hanna? É sempre tão perfeita em seus casos? - Andrew me pega de surpresa com a pergunta.

- Perfeição? Jamais! Ninguém é! Apenas analiso os fatos, e procuro enxergar por outros ângulos...

- O que os apaixonados... - Interrompe Mary.

- E as mulheres perdidas e confusas... - continua Sophia.

- Não conseguem ver! - termina Ariel.

- Ta vendo, elas aprenderam certinho! - digo rindo.

Todos caem na gargalhada.

- Já deu consultoria pra algum homem Hanna? - pergunta Rachel descontraída.

Engulo em seco, Andrew fica sem graça.

- Recentemente peguei meu primeiro caso. - resolvo não mentir.

- Uau nos conte o que ta pegando com ele? - Rachel parece animada.

- Sinto muito Rachel, mas não posso revelar assuntos pessoais dos meus clientes, vai contra a ética profissional! - lhe lanço um sorriso.

Andrew respira aliviado.

- Mas posso dizer que ele está meio perdido, mas... Ta indo bem! - provoco.

Ariel segura um sorriso, Sophia revira os olhos e Mary brinca com uma mecha do cabelo.

- O papo está ótimo, mas precisamos ir, ainda tenho trabalho no restaurante. - Andrew se levanta da mesa. - Vamos querida?

- Vamos sim amor, combinei de me encontrar com o papai também. - Rachel também se levanta.

- Mas que pena! - diz Mike. - Mas voltem mais vezes, foi um prazer recebê-los, não é amor? - Mike se dirige a Sophia.

- Ah sim... Com certeza, voltem quando quiserem! - ela tenta ser gentil.

- Pode apostar que voltaremos, foi maravilhoso, obrigada por tudo! - responde Rachel. - Mas infelizmente temos que ir!

- Os acompanho até a porta! - se oferece Mike. - Vem comigo Sophia?

- Ah claro!

Todos se levantam da mesa e se despedem, Andrew me encara nos olhos ao apertar minha mão, tento sem indiferente, mas em vão, minhas pernas tremem diante do seu toque, Rachel o chama quebrando o clima e assim eles se vão. Fico com as meninas arrumando a bagunça do almoço, logo Mike e Sophia voltam.

- O que acham de pegar uma piscina hein meninas? - sugere Sophia.

- Ótima ideia! - responde Mary enxugando um copo.

- Demoro! - diz Ariel com um prato na mão.

- Esqueci meu biquíni! - digo lavando os talheres.

- Eu te empresto um Hanna, não se preocupe! - oferece Sophia. - Vou pegar umas toalhas pra gente.

- E eu vou trabalhar um pouquinho. - diz Mike se espreguiçando.

- Vem curtir a piscina com a gente amor, depois você trabalha! - pede Sophia.

- Bem que eu queria, mas tenho que enviar uns desenhos novos para a costureira ver, ela vai fazer isso amanhã então hoje isso tem que estar nas mãos dela, sinto muito! - Mike beija Sophia. - Boa piscina pra vocês! - Mike sai.

Assim que terminamos de arrumar as coisas caímos na piscina, e assim passamos à tarde, não tocamos mais no assunto Rachel e Andrew, principalmente em Andrew, ta aí uma coisa que preciso evitar o máximo que posso, ainda mais porque Andrew exerce algum poder sobre mim, levando em conta as circunstancias isso não era pra estar acontecendo, mas quem dera meu corpo reagisse pela razão e não pela emoção!

Depois de meus dedos ficarem enrugados resolvo sair da piscina.

- Amores preciso ir nessa, tenho que terminar de organizar uns arquivos. - digo me enxugando.

- Mas já Hanna? Fica mais um pouco, amanhã você resolve isso! - diz Sophia.

- É sério mesmo Sophia, preciso ir, amanhã vou pra casa dos meus pais e não quero levar serviço pra lá. - me desculpo.

- Também vou indo nessa, papai quer que eu o ajude a organizar umas ferramentas novas na loja. - Ariel também sai da piscina.

- Já que todo mundo vai eu também vou. - se manifesta Mary.

- Ah você não vai não, vai ficar aqui e me fazer companhia! - começa Sophia. - Aliás, tenho uns desenhos novos e preciso da sua ajuda com o vermelho.

- Opa, vermelho? Isso é comigo mesmo! - Mary abre um sorriso malicioso.

Todas começamos a rir. Assim que nos despedimos cada uma seguiu seu rumo, chego em meu apartamento e vou logo pro banho, depois volto determinada a terminar o trabalho, e assim passo horas no sofá e quando dou por mim já escureceu, assim que termino tudo me levanto e dou uma espreguiçada, minha barriga ronca.

- Eita! Acho que vou fazer um bolo, deu vontade comer.

E assim vou pra cozinha, quando termino de colocar a calda ouço passos no corredor, deve ser o novo vizinho, logo ele fecha a porta, de repente me lembro que o papai disse pra ser amigável com ele e lhe dar as boas vindas, e porque não fazer isso com um bolo? Arrumo uns pedaços de bolo e sigo até o apartamento do meu vizinho, toco a campainha e fico no aguardo. "Como será que ele é? Pelo que papai diz ele é um bom rapaz, mas será que é bonito? Ai que horror! Estou parecendo a Mary!" Procuro tirar esse pensamento da cabeça. Vejo a maçaneta da porta se mexer, não sei por que, mas isso me deixa ansiosa.

- Desculpa a demora em atender a porta, mas... - Andrew para ao me ver. - Hanna? - ele parece chocado.

- Andrew? - não consigo disfarçar meu espanto, detalhe... Ele está só de toalha.

"Me segura que vou cair!"

- Ta, espera, que agora eu não entendi nada. - Andrew passa as mãos no cabelo. - Desculpa, mas... O que você está fazendo aqui?

- Sou sua vizinha pelo que entendi. - respondo. - Mas eu juro, não tinha a mínima ideia de era você meu novo vizinho!

- Então você é a filha do dono do prédio, bem que o seu Alberto me disse que eu seria vizinho de frente da filha dele, mas... Também não imaginava que seria você! - Andrew abre um sorriso bobo. - Mas quanta coincidência ultimamente hein?

- Pois é! - também sorrio sem graça. - Mas a pedido do meu pai vim te desejar boas vindas e te trouxe um pouco de bolo, acabei de fazer e está quentinho! - lhe estendo o potinho.

- Poxa obrigado! Não precisava! - ele pega o potinho e agradece.

Sorrio e vou saindo.

- Hanna! - Andrew me chama.

- Sim! - respondo me virando pra ele.

- Você já jantou?

- Ainda não.

- Estava para preparar o jantar... Quer jantar comigo?

- Não quero atrapalhar.

- Magina que isso! Vai ser um prazer e também é um meio de agradecer pelo bolo!

"Perigo a vista!"

Tecnicamente isso não seria uma boa ideia claro! Mas... O que eu tenho a perder a não ser o juízo? Brincadeira!

- Pode ser, mas... - olho pro seu abdômen definido e começo a ficar vermelha.

- Prometo me vestir claro! - ele sorri sem graça.

Dou alguns passos em direção a porta e ele a abre mais, passo por ele. O apartamento é bem masculino, com uma poltrona de couro marrom, um sofá meio cinza no meio da sala, as paredes ele não mudou a cor, continuam brancas, em um canto tem uma mesa com seu laptop, deve ser seu escritório, a cozinha tem uns bancos de madeira no balcão e o armário é branco e ainda se encontra algumas caixas no chão.

- Não repare a bagunça, ainda não consegui organizar tudo. - diz ele fechando a porta. - Fique à vontade, vou me trocar e já volto.

Ele some dentro do quarto e tento ficar à vontade na sala sozinha, percebo que ao lado de seu laptop se encontra um porta retrato, pego em minhas mãos e observo a foto, um garoto de boné sorrindo com um taco de beisebol na mão, ele está sentando nos ombros de um homem que também está sorrindo, o garoto se parece com Andrew, e concluo que seja ele, e o homem... Deve ser seu pai, o sorriso é o mesmo.

- Campeonato do terceiro ano da escola, meu time venceu e estava comemorando com meu pai. - diz Andrew aparecendo na sala... Vestido.

Ele está bem à vontade com uma calça de moletom azul marinho e uma camiseta branca, mas... Continua lindo do mesmo jeito!

- Percebi que era você e seu pai mesmo, o sorriso dos dois são iguais. - coloco o porta retrato no lugar.

- É a única coisa que me pareço com meu pai. - comenta ele indo até a cozinha. - O que gosta de comer? - ele muda de assunto.

- Como qualquer coisa, não tenho muita preferência não. - me sento no balcão.

- Isso é ótimo! - ele sorri pegando uma frigideira.

- O que você vai aprontar? - fico apreensiva. - Você não tem cara que cozinha!

- Oh! E posso saber como chegou a essa conclusão? Usou seus truques psicológicos pra me analisar é?

- Quem sabe! - levanto uma sobrancelha.

- Então vai ser um teste? - ele apoia as mãos no balcão à minha frente me encarando.

- Considere como quiser, sou sua convidada lembra? Você que manda! - enrolo uma mecha do cabelo. - Me surpreenda! - provoco.

Ele se aproxima mais um pouco, fico com o rosto a centímetros do meu.

- Prometo não te decepcionar! - sua voz é quase um sussurro.

Ele se afasta e vai até a geladeira.

"Agora posso respirar!"

- Droga! - ele me olha decepcionado.

- O que houve?

- Não tem ovos. - ele fecha a porta da geladeira. - E também me lembrei que não tem azeite e mais um tanto de ingredientes. - ele cruza os braços. - Não tive tempo de fazer compras. - ele levantas as mãos no ar. - Que decepção!

- Vamos lá pra casa oras! - "Espera... Eu disse isso mesmo?" - Não sei se vai ter todos os ingredientes que você precisa, mas ovos e azeite eu garanto.

Ele abre um sorriso de orelha a orelha.

- Demoro! - ele vai até a porta e sigo atrás dele.

Abro a porta do meu apartamento e ele me segue, percebo que ele também analisa minha decoração, sigo até a cozinha e ele vem logo atrás.

- Aconchegante aqui! - comenta Andrew.

- Já faz um tempo que moro aqui, não sei se um dia vou sair, então... Resolvi deixar a minha cara!

- Você não pensa em sair daqui um dia, casar talvez e ter filhos? - Andrew me encara curioso.

- Você é direto né? - fico sem graça e ele ri.

- Não precisa responder se não quiser.

- Não, tudo bem, você não perguntou nada demais mesmo. - vou até a geladeira. - Sim pretendo, como qualquer pessoa, mas no momento estou bem com minha vida, só vou levando e o que tiver que ser será. - procuro os ovos. - De quantos ovos vai precisar? - tento mudar de assunto.

-Quatro. - responde ele. - E você não tem nenhum namorado ou alguém à vista? - ele continua.

Não estou gostando dessa conversa, não gosto de falar da minha vida pessoal, ainda mais com um estranho, ou melhor... Com o Andrew.

- Porque essa curiosidade toda sobre minha vida pessoal hein?

- Relaxa, só estamos conversando! - ele pega os ovos da minha mão. - Cadê sua frigideira e seu azeite?

- Vou pegar!

Enquanto abro o armário, o vejo pegar mais alguns ingredientes da geladeira, ficamos em silêncio uns instantes, ele vai me pedindo algumas coisas e vou fazendo, mas a cozinha é um tanto pequena, então nos esbarramos toda hora.

- Eu acho melhor você ficar do outro lado do balcão e me dizer onde está o que preciso. - sugere ele depois de quase bater com a frigideira na minha cabeça.

- Também acho! - vou pro outro lado do balcão.

Ele começa colocar todos os ingredientes na frigideira, ovos, azeite, presunto, queijo e etc. De repente meu celular toca.

- Preciso atender. - digo.

- Vai lá que eu me viro aqui! - ele pisca pra mim.

Pego meu celular na mesa de centro da sala e me sento no sofá, de onde estou ainda consigo ver Andrew, aparece o nome da Ariel na tela do celular.

- Oi Ariel!

- Oi Hanna! Viu to passando ai daqui 20 minutos te pegar pra gente sair!

- Não! - falo um tanto alto, Andrew me olha de relance. - Quer dizer... Hoje não vou poder sair! - tento disfarçar.

- Eu disse que ela não ia! - percebo Ariel em uma conversa paralela. - Você tinha que ser mais firme! - ouço outra voz.

- Ariel? - chamo. - Você está falando com quem? - pergunto.

- Daqui esse celular! - outra pessoa pega o celular. - Ah não! Hoje você não tem desculpas pra não sair com a gente, é noite de sábado e o Willmax deve estar bombando! Vamos passar ai sim daqui 20 minutos e acho bom a senhorita estar pronta! - diz Mary me dando ordens.

- Mary, tinha que ser você a me intimar desse jeito, e ainda convence a Ariel a fazer o mesmo!

- A Ariel não soube te convencer direito, tive que tomar as rédeas da conversa! - ouço Ariel reclamar ao fundo. - Entendeu o recado né?

- Entendi, mas... Não vou!

- Hanna...

- O Andrew está aqui! - digo sussurrando.

- O que? Não ouvi direito, fala mais alto!

- O ANDREW está aqui! - falo um pouco mais alto, mas mesmo assim Andrew não me ouve.

- O ANDREW? AQUELE ANDREW? - Mary grita no celular, tenho até que afastar ele do ouvido. - AI MEU DEUS! O que ele está fazendo ai?

Resolvo ir até meu quarto pra poder explicar pra Mary o que se passa, sem correr o risco do Andrew ouvir a conversa.

- Calma Mary! Não precisa gritar! Não sou surda!

- Ta, mas... É o Andrew, o namorado da Rachel que beijou você outra noite! Ai meu deus!

- Eu sei disso e não precisa me lembrar desses detalhes. - reviro os olhos.

- Conta logo o que ele está fazendo ai? - Mary está impaciente.

- Ele é meu novo vizinho!

- Espera! Meu deus! O cara de que seu pai falou, e que era um bom rapaz?

- Esse mesmo!

- Caraca! To CHO-CA-DA! - Ariel ri ao fundo. - Mas porque exatamente ele está no seu AP? Nem bem mudou ai e já resolveu se enturmar com os vizinhos? - Mary brinca.

- Eu não sabia que seria ele pra começo de conversa. - enrolo um mexa do cabelo. - Fui ser gentil em lhe levar uns pedaços de bolo a pedido do meu pai, e foi ai que descobri que era ele...

- E como ele foi parar no seu apartamento? Acabou o bolo e ele foi buscar mais?

- Não! - deito na cama. - Ele me chamou pra jantar, mas como ele não tinha nada na cozinha, ofereci pra ele fazer o jantar aqui em casa!

- Para tudo que eu quero descer! - começo a rir. - Além de você levar bolo pra ele, ele te convida pra jantar e ainda aí no seu AP? Oh Hanna, você só pode estar brincando! - Mary parece desconfiada.

Andrew bate na porta.

- Entra. - digo.

- É só pra avisar que o jantar está pronto. - ele coloca a carinha na porta. - Se não esfria sabe. - sorri.

- Ok já vou lá, só mais um instante.

Andrew sai e fecha a porta.

- Eu ouvi direito? Era a voz do Andrew? - pergunta Mary.

- Eu te disse! - sento-me na cama. - Tenho que ir amiga, amanhã a gente se fala.

- Ok né, vai lá sua indecente miserável!

- Ei Mary, calma lá, é só um jantar!

- Ahan sei! - ela bufa.

- Tchau e bom passeio! - desligo na cara dela.

Ficar ouvindo baboseiras da Mary agora não dá. Deixo o celular em cima da cama e abro a porta para sair, dou de cara com o Andrew assistindo TV bem sossegado no sofá.

- Ta tudo bem aí? - pergunto cruzando os braços.

- Você estava demorando então tomei a liberdade, desculpa! - Andrew fica em pé.

- Então ta né senhor folgado! Vamos logo a esse jantar que estou com fome!

Seguimos até o balcão da cozinha, sentamos lado a lado, já que... Não tem mesa, afinal o AP é pequeno e... Você já entendeu!

- Hum o cheiro está bom! - digo.

- Você não viu nada! - Andrew me serve.

Percebo que se trata de uma omelete, mas um tanto diferente, assim que coloco um pedaço na boca sinto como se estive flutuando do banco onde estou sentada.

- Ai meu deus, ai meu deus, ai meu deus! - só consigo repetir isso.

- Ta tão ruim assim? - Andrew faz careta.

- Ruim? Essa é a melhor omelete que já como em toda minha vida! - como mais um pedaço. - Como você fez isso? Vai ter que me contar!

- Um mágico nunca revela seus segredos! - ele provoca.

Dou uma cotovelada nele de leve, ele ri, e assim seguimos comendo e conversando, mais comendo que conversando, porque realmente essa omelete está sensacional!

- Então quer dizer que você cozinha? - termino meu último pedaço e me viro pra ele.

- Posso dizer que arrisco um pouco. - Andrew dá de ombros.

- Isso que é arriscar hein! Pode arriscar desse jeito quando quiser comigo! - solto.

- Bom saber! - Andrew fala com um tom travesso.

Ele se vira pra mim e nossos joelhos se encostam, ele toma um gole de vinho sem tirar os olhos de mim, começo a ficar sem graça, me obrigo a quebrar o clima.

- Eu lavo a louça! - fico em pé.

- Só que não! - ele me segura pelo braço e se aproxima... Até demais. - Aqui é serviço completo baby! - ele da a volta no balcão e começa a arrumar as coisas.

- Isso é injusto! - coloco as mãos na cintura. - Pelo menos posso enxugar a louça?

- Não! - Andrew sorri e continua arrumando a cozinha.

- Isso é o que é tomar conta da cozinha! - levanto as mãos no ar.

Pego minha taça de vinho e vou até a sacada, começo a observar o movimento da rua, carros vão e vem, pessoas passeiam pela calçada, casais principalmente, fico um tanto incomodada, afinal... Não tenho ninguém né, sei que não deveria me preocupar, muitas pessoas me falam isso, Mary, mamãe e etc, mas vira e mexe esse assunto me atormenta, por mais que eu não queira me preocupar sempre acabo me frustrando com isso!

- Bonita noite! - diz Andrew se aproximando.

Ele coloca sua mão ao lado da minha na grade do parapeito, nossos braços se roçam, isso me da arrepios, me afasto um pouco discretamente.

- É, está mesmo. - tomo um gole do vinho.

Andrew também começa a observar a rua, e percebo que ele segue um casal com o olhar, o casal está andando de mãos dadas e rindo, não são jovenzinhos, mas tem um certo grau de maturidade.

- Já imaginou viver algo assim? - pergunta Andrew ainda olhando pro casal.

Tomo mais um gole de vinho.

- Acho que sim. - respondo apoiando os cotovelos na grade.

- Eu já. - ele parece sincero.

- Mas você tem namorada.

Andrew fica na mesma posição que eu.

- Eu sei, mas... Sei lá, não me imagino assim com a Rachel, por mais que eu tente e me esforce!

- Calma! Você está só na primeira semana! - olho pra ele.

- Hanna... - ele se apoia num braço só. - É diferente!

- O que é diferente?

- Quando estou com a Rachel não consigo sentir paixão, vontade de estar com ela, não sinto falta dela quando estou longe... - ele toma um gole do seu vinho. - Não sinto amor, não sinto o que sinto... - ele me encara nos olhos. - Quando estou com você. - sua voz sai quase como um sussurro.

"Espera! Ele disse isso mesmo?"

- Andrew... - começo a me afastar dele.

- Hanna, é sério! Quando estou com você eu sinto... Sinto paixão, vontade de estar com você, desde que te conheci eu sinto... - ele começa a se aproximar. - Sinto falta de você.

Antes que ele pudesse me tocar eu entro.

- Andrew você está ficando louco, isso não pode acontecer... - coloco minha taça no balcão da cozinha.

- Mas Hanna...

- Não Andrew! - o encaro a distância. - Você é um homem comprometido e eu sou sua conselheira amorosa, estou aqui pra te ajudar em SEU relacionamento com a Rachel... - passo as mãos no cabelo. - Não confunda as coisas...

Andrew é mais rápido que eu, segura meu braço e fica a centímetros do meu rosto, sinto seu perfume amadeirado, me lembro do seu beijo, minhas pernas começam a ficar bambas.

- Hanna, não estou enganado... - ele me abraça pela cintura. - Sinto falto do teu cheiro... - ele cheira meu pescoço e deposita um beijo doce, fecho os olhos de prazer. - Sinto falta dos seus lábios... - ele me encara e se aproxima com a intenção de me beijar.

Uma força maior me puxa, a força do juízo, o empurro e corro até a porta.

- Preciso que você vá embora agora! - ordeno abrindo a porta.

- Hanna!

- Por favor Andrew!

Ele se aproxima de mim, me encara e sai, antes que ele possa dizer qualquer coisa fecho a porta na sua cara, seguro a maçaneta tremendo, me afasto da porta e corro para o quarto, me jogo na cama, ainda sinto seu toque e seu cheiro, fecho os olhos tentando apagar da mente aqueles olhos hipnotizantes, em vão, abraço o travesseiro, quando dou por mim uma lágrima escorre pelo meu rosto, começo a chorar, algo dentro de mim está machucado, dói, aperta e sufoca, aperto o travesseiro com mais força, mas a dor não quer ir embora. "Porque isso está acontecendo comigo? Por quê?" Lentamente o sono me consome e adormeço em lágrimas.



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