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História Consequência Perfeita - Mudança de planos


Escrita por: miedoaperderte

Notas do Autor


Oi <3
Não vou pedir desculpas pelo atraso no capítulo e nem pela hora porque vocês me conhecem e entendem.
Só queria dizer que NINGUÉM acertou quem ligou para a Luna. Algumas pessoas sairam chutando todos os nomes, e por consequência, falaram essa pessoa também. Mas ninguém foi específico hahahaha

Cês tão preparados?
BOA LEITURA!!!

Capítulo 29 - Mudança de planos


Matteo Balsano

Mentalmente eu estava xingando de todos os nomes possíveis a pessoa que ligou para a Luna. De inicio tive a leve esperança que ela iria ignorar o celular, mas a insistência do barulho irritante a fez raciocinar. Eu ainda fiquei alguns segundos com os neurônios queimados, por culpa dos pensamentos nem um pouco inocentes que eu tive durante os últimos minutos.

Observei ela se afastar e tirar o celular da bolsa, olhar a tela e fazer uma expressão estranha com o rosto. Inclinei a cabeça, curioso por saber quem tinha feito ela ter aquela reação, e senti minha boca secar conforme chegou na minha cabeça o que aquela combinação de três letras significava.

Era o pai dela. O pai dela. Que me odeia mais do que odeia qualquer ser humano na terra. Que basicamente quer fazer picadinho de mim, e que provavelmente vai estar pronto para fazer isso quando nos encontrarmos. Arregalei os olhos, saindo dos meus pensamentos fantasiosos com a Luna e caindo numa dura e cruel realidade onde Miguel Valente não vai aceitar de bom grado que a filha dele volte comigo. Com o cara que engravidou ela. Aos 16 anos. E foi embora sem dar noticias. Para ele nem deve fazer diferença o fato de que eu não sabia disso. Esse homem me odeia e tem certa razão para isso, mas para a infelicidade dele, estou mais vivo do que nunca. Pelo menos enquanto ele não souber que a Luna está me dando outra chance eu vou estar vivo.

Pisco os olhos rápido quando percebo que estou olhando um ponto fixo qualquer. Não pode ser que pensar no meu encontro com o meu futuro sogro me deixe assim tão nervoso, sendo que sequer pedi a filha dele em namoro. Luna também está nervosa. Bate as unhas da mão esquerda contra a coxa, chamando minha atenção para as pernas dela, levemente cobertas pelo vestido. Subo o olhar atentamente até encontrar os olhos verdes numa mescla de ansiedade e vergonha. Talvez por ter sido, indiretamente, pega no flagra.

- Você parece nervosa. – digo assim que ela guarda o telefone na bolsa outra vez.

- Não é todo dia que eu estou beijando um cara e meu pai me liga. – sorri sem humor.

- Ainda mais se esse cara, no caso, for eu. – devolvo o sorriso falso – Ele queria algo importante ou só atrapalhou por atrapalhar? – mesmo com a pouca luz, consegui ver o rosto dela ganhar cor.

- Digamos que é importante, mas poderia ser resolvido em outro momento. Ele tentou me mandar mensagem e ligou em casa, mas como não respondi, achou estranho e me ligou.

- As pessoas podem demorar a responder mensagens e às vezes saem de casa. Ele vai ligar sempre que acontecer alguma coisa entre nós? – levanto uma das sobrancelhas para deixar claro o que quero dizer.

- O QUE? Não, é claro que não. – abaixa o rosto e sei que é porque as bochechas estão ainda mais vermelhas – Ele só queria dizer que está pensando em vir para cá no aniversário da Sol.

Ainda faltam meses para isso e ele ligou e atrapalhou meu momento só pra dar uma notícia simples.

- Que ótimo. Já sei quanto tempo de vida me resta. Espero pelo menos conseguir passar o aniversário da minha filha com ela antes dele fazer ensopado de mim. – sinto o que era para ser um soco no braço e depois ouço um riso fraco.

- Não exagera. Ele não gosta de você, mas violência não faz o tipo do meu pai.

- Violência faz o tipo de qualquer pai quando o assunto é uma filha.

- Ah, claro. Por isso você quase fez o pobre do Logan chorar, interrogando a criança sem motivo algum. – revirou os olhos – Foi patético.

Numa apresentação na escola da Sol, conheci o tal do Logan. O garoto tem todo potencial para ser como eu, o que significa que ele vai subir na vida, mas que deve ficar muitos metros longe da minha filha.

- Foi engraçado. – ri e ela negou – Vai, foi engraçado sim. E ele nem chorou.

- Ele não quer ir mais lá em casa porque acha que você vai estar lá. – não conseguiu controlar o riso – Você assustou o menino, Matteo.

- Eu até disse que era brincadeira. Qual é, no final das contas eu sei que isso não é sério.

- Aham. – cruzou os braços.

- Ei, é sério. Estou tentando ser menos “pai controlador”, não me julga desse jeito, ainda estou em fase de treinamento. Só faz alguns meses que estou nessa função. – caminho outra vez até ela e repouso minhas mãos na curva dos quadris.

- Então entende o lado do meu pai. Vamos combinar que não teria acontecido nada comigo se não fosse você. – ela apóia as mãos nos meus braços – Ainda vai levar tempo para eu dizer a ele sobre nós. Quer dizer, esse foi nosso primeiro encontro, talvez quando ele venha a gente precise fingir que não estamos tendo nada.

- Não quer contar a ele sobre mim? – levanto uma das sobrancelhas.

- A reação dele não vai ser boa. Vamos ver como as coisas vão andar. Primeiro vou conversar com a minha mãe e meu avô, e pedir ajuda a eles. Quem sabe eles não o convençam que você é uma boa pessoa, apesar de tudo.

- Minhas intenções com você são as melhores, vou provar isso a ele.

- Não funciona assim. – ri e me deixa sem entender – Suas intenções comigo eram as melhores seis anos atrás e olha o que aconteceu.

- Tá, mas agora não vamos ter um bebê, eu não estou mentindo sobre nada e muito menos tenho que ir para Oxford. Será que todas as pessoas tem dificuldade de me dar uma segunda chance? – sorri fraco – Linda, isso não foi uma indireta.

- Não, foi bem direta mesmo. – mexeu nos cabelos – Matteo, a noite foi incrível, mas acho que está na hora de eu ir para casa. Tenho que enfrentar as perguntas da Sol sobre nós dois e isso não é nada fácil.

- O que vai dizer a ela?

Às vezes eu gostaria que ela não escondesse tanto nossa relação da Sol. Nossa filha é inteligente, ela sabe que está acontecendo alguma coisa diferente e que estamos mais próximos, e cá entre nós, eu adoraria compartilhar com a pequena esses sentimentos malucos que tenho pela mãe dela. Mas por outro lado, entendo que não podemos dizer nada enquanto não tivermos certeza sobre tudo.

- Vou enrolar ela o máximo que conseguir e seguir meu discurso que somos amigos. O que em certas partes não está errado, então teoricamente eu não mentirei.

Movo minhas mãos dos quadris para a base da coluna, aproximando-a ainda mais.

- Amigos fazem o que fizemos alguns minutos atrás? – levanto uma das sobrancelhas e ela morde o lábio. Odeio quando ela faz isso. Aumenta minha vontade de beijá-la a um nível que é quase impossível controlar.

- Talvez nós sejamos amigos com direitos. – não preciso fazer nada, ela mesma percebe que não foi uma boa ideia nos rotular como amigos com direitos – Tá legal, isso soou bem errado. Mas de qualquer modo somos amigos sim.

- Os direitos eu vou conquistando aos poucos. – pisco um olho e recebo um tapa – Ai, esse doeu.

- Você é um cafajeste. E eu deveria saber disso. Quando nos conhecemos você me convidou pra sair dois segundos depois de me dizer seu nome.

- Convidei? – tem alguns detalhes que o cérebro masculino não guarda e esse era um deles, eu lembrava de ter chamado ela para sair algumas vezes, mas não sabia exatamente em quais momentos isso tinha acontecido – Agora não tem mais nada que me impeça de te convidar pra sair. Nem de te beijar.

E antes que eu possa reagir ela me da um selinho. Um sem graça e simples beijo nos lábios sem maiores interações. Me nego a que esse seja o beijo de boa noite e puxo o lábio inferior dela com os dentes, mas não adianta muita coisa, porque parece que ela está decidida a terminar a noite por aqui e sem mais nenhum beijo caloroso.

- Já deu por hoje. – ela desvencilha dos meus braços e corre em direção ao estacionamento – Boa noite, chico fresa.

- Boa noite, chica delivery. – grito em resposta e com a convicção de que essa mulher tem poder suficiente para me enlouquecer.

 

(...)

 

Poucas coisas me fazem mais feliz que terminar um expediente numa sexta e saber que tenho dois dias longe dos problemas dos outros. Posso repetir mil vezes que apesar de ter aprendido a gostar do que faço, não é a coisa que me faz feliz no mundo. Arrumo alguns papéis que Cassie deixou na minha mesa antes de ir embora, daqui três dias vejo o que está escrito neles e me preocupo com os possíveis problemas.

Estou indo basicamente em piloto automático, o caminho que faço do trabalho até em casa já está no meu subconsciente, mas lembro que preciso passar no mercado e comprar algumas coisas, porque Sol vai passar o final de semana na minha casa. Amanhã os alunos da Luna vão competir e ela achou melhor deixar a Sol comigo, para ter mais tempo e concentração nos alunos.

Meu celular vibra e de primeira não dou atenção a ele, mas depois de olhar de relance outra vez para o aparelho preso no painel, vejo o nome da Sophie e deslizo o dedo pela tela.

- Alô.

- Oi, Matteo. Desculpa estar te ligando assim, mas aconteceu um problema.

- Problema? O que foi? A Sol está bem?

- A Sol está. Mas a Luna não vai conseguir deixar ela na sua casa.

- Por que não?

- Porque estamos numa clínica médica.

- Como? Ela está bem?

- Ainda não sei. O médico a mandou fazer alguns exames para ver se está tudo bem.

- Ela passou mal? Desmaiou? Falei com ela hoje mesmo e ela estava bem.

- Ela teve uma queda e se machucou. – senti meu coração parar por um segundo.

- Uma queda? Sophie, me diga que ela está acordada e que não foi nada grave.

- Não sei te dizer. Parece que ela estava testando um passo e se desequilibrou, não entendi muito bem. Trouxeram ela direto da pista e eu vim aqui para a clínica com a Sol. Só vão passar informações quando ela terminar os exames. A Sol está bem nervosa, se você puder vir aqui eu agradeço.

- É claro. Me diz o endereço que eu já estou a caminho.

Digitei o endereço no gps com rapidez. Não queria nem imaginar o que poderia ter acontecido com a minha menina. Quedas são comuns no mundo da patinação, mas no geral não precisam de cuidados médicos, muito menos para uma treinadora, que está acostumada a elas. O transito não me ajuda e parece que não vou chegar lá e ter informações dela nunca. Buzino algumas vezes e ouço palavrões de algumas pessoas. Quando fico nervoso minha paciência quase desaparece.

Demoro alguns minutos para conseguir avistar a placa da clinica de ortopedia. O lugar ficava do outro lado da cidade. Depois de estacionar sem nenhum cuidado e ouvir de uma senhora que preciso aprender a dirigir, corro até a recepção do lugar e pergunto por Luna. Não me dão nenhuma informação e isso me irrita mais ainda. Após alguns telefonemas a recepcionista me entrega um crachá e me diz o número do quarto onde ela estava.

Corro entre os corredores. Sinto medo. A chance dela estar muito machucada é pouca, mas mesmo assim me dá calafrios imaginar os estragos que uma simples queda podem causar. Dou duas batidas na porta e quem abre é minha pequena Sol.

- Papi! – pula no meu colo e posso ver seus olhos inchados de chorar.

- Anjo. – abraço-a e olho para dentro do quarto. Luna está deitada numa cama, com machucados nos braços, o pescoço imobilizado e uma bota ortopédica num dos pés – Você me assustou. – caminho até ela com Sol nos braços.

- Não foi nada. Só um tombo simples. – sorri fraco.

Olho para Sophie, preocupado.

- O médico disse que ela teve sorte por não machucar a coluna. - volto meu olhar para Luna.

- Você poderia ter machucado a coluna e me diz que não foi nada? – a vejo vulnerável, abatida, com medo.

- Já cai outras vezes.

- Mas em nenhuma delas precisou fazer exames para conferir se está tudo no lugar. – Sophie está tão preocupada quanto eu.

- Está tudo no lugar, né mãe? – recosta a cabeça no meu ombro e olha a mãe.

- Claro meu amor, mamãe está bem. Só vai precisar usar essa bota e essa coisa chata no pescoço por alguns dias.

Tinha alguma coisa errada. Muito errada ali. Ela não caiu um tombo simples. Ela teve uma queda grave. Um senhor de certa idade entra no quarto e mudo meu olhar apreensivo para ele.

- Senhorita Benson, pode esquecer seus patins pelo menos por algumas semanas.

- Doutor, eu não posso. Isso é o meu trabalho. – tenta levantar da cama, mas é impedida por Sophie.

- Vou lhe dar um atestado, não se preocupe, não perderá seu emprego. Mas está fora de cogitação que a senhorita suba em patins pelo menos nas próximas três semanas.

Luna segura lágrimas para não chorar na frente da Sol. Isso é péssimo.

- Doutor, e isso no pescoço? Ela teve alguma lesão? – pergunto, apreensivo.

- Nada grave. É só uma questão de prevenção. Os exames não detectaram nada, mas para prevenir algumas dores futuras, é melhor que ela utilize o imobilizador algumas horas do dia por três dias.

Prestei muita atenção em cada palavra do médico. Conhecia Luna o suficiente para saber que ela não seguiria essas regras e que entraria em pânico por não poder patinar. Teria que estar bem atento a ela e cuidar da minha menina delivery, mesmo que ela queira me chutar para longe, dessa vez ela vai ter que me aguentar.

Depois das recomendações dos médicos ela foi liberada. Ela basicamente não poderia fazer nada por três dias, e depois disso ainda precisaria tomar remédios e cuidar muito do pé, se quisesse voltar a patinar depois das três semanas que precisa ficar longe.

- Obrigada pela carona. – disse, assim que chegamos em frente ao apartamento dela – Meu carro ficou lá na pista e o da Sophie está na revisão. – olhei para o banco de trás, onde ela estava sentada, com os pés esticados para frente – Sophie, pode me ajudar a descer?

- Descer? – olhei nos olhos dela e ri – Você não vai a lugar algum.

- É claro que vou. Estamos na frente da mina casa. O que você presume que vim fazer aqui?

- Vim deixar a Sophie, pegar a mochila da Sol e uma muda de roupas suas. – falo convicto. Nem que eu tenha que amarrar ela no carro, mas ela vai comigo para a minha casa – O médico foi bem claro dizendo que você não pode fazer força e nem andar muito. Você fica comigo pelo menos até tirar essa coisa do pescoço.

- Você só pode estar brincando. – grita – Matteo, agradeço sua ajuda, mas não pedi. Só quero entrar no meu apartamento e deitar na minha cama. Pode ser? A Sophie me ajuda com o necessário, não é Soph?

- Se você precisar eu desmarco meus compromissos e fico com você.

- Não precisa desmarcar nada. Ela vai comigo. Pode espernear o quanto quiser, mas não vou deixar você aqui sozinha, correndo o risco de se machucar ainda mais por ser tão teimosa.

E essa é minha ultima palavra. Sophie concorda comigo e a muito contra gosto, Luna entende que é melhor ela ir comigo. Na minha casa ela não vai precisar fazer nada além de ficar deitada com o pé para cima, como o médico mandou. Lá eu cuido da Sol e ela pode descansar tranquila. Sophie fez uma mochila com as coisas da Luna e trouxe a comum e já conhecida mochila da Sol, que estava num sono profundo no banco de trás, ao lado da mãe.

Estava exausto quando cheguei na minha casa. Sol acordou no meio do caminho e quase deu gritos de felicidade porque estávamos os três indo para o meu apartamento e porque Luna vai dormir lá. Antes de sair do carro, discuti outra vez com a senhora teimosia, que queria ir andando até o elevador, quando eu poderia levar ela no colo. A conclusão de tudo foi que peguei ela no colo contra a vontade dela e ela não teve o que fazer. Além disso, eu tinha uma cúmplice, então éramos dois contra um.

Depois de um longo banho, solitário, infelizmente, ajeitei meu cabelo com as mãos e vesti uma roupa que usualmente coloco para dormir. As vezes durmo sem nada, as vezes de cueca, as vezes com calça de moletom. Hoje a ultima opção é a escolhida. Deixei Luna e Sol no banheiro do meu quarto e tomei banho no do corredor. As duas precisavam de mais espaço para tomar banho juntas, eu poderia me virar com um simples chuveiro.

Sai antes que elas e coloquei uma pizza congelada no forno. Não passei no mercado e essa era a melhor opção que eu tinha na geladeira, além de ser a que ficaria pronta mais rápido. Peguei uma bandeja dessas de tomar café da manhã na cama e deixei em cima da mesa, junto com o resto das coisas. Assim que virei, levei um susto. Luna estava parada perto da parede, com um short de moletom cinza, uma camisa velha e os cabelos caindo no rosto. Acho que todos esses anos venho imaginando como seria ver a imagem dela acordando de pijama e me dizendo bom dia animada depois de passarmos uma noite juntos.

- Preciso que você seque o cabelo da Sol, eu não consigo. – ajeita o cabelo e morde os lábios – Não estou confortável com isso, sinto que sou um problema que você tem que cuidar.

- Mesmo que fosse, cuidaria com o maior prazer. – me aproximo e deixo um beijo delicado na testa dela – Agora deita na minha cama e não sai mais de lá.

- Você me traz a contra gosto pra sua casa e ainda me dá sua cama pra dormir. Acho que tem alguma coisa bem errada.

- Errado seria eu te deixar sozinha. Você precisa de cuidados, amor.

Ela me olha nervosa e repenso no que falei. Talvez ainda seja cedo para usar esse apelido carinhoso com ela.

- Só não quero fazer você dormir no sofá por minha culpa.

- Me deixa dormir com você, então. – falo em tom de brincadeira, mas para minha surpresa, e bota surpresa nisso, a vejo pensar sobre – Eu to brincando.

- Toda brincadeira tem um fundo de verdade. – quem sou eu para discordar disso?

- Bem, se você me deixar dormir com você, prometo que não mordo.

- Não sei... Você me parece perigoso. Talvez é melhor você ficar no sofá mesmo.

Nos encaramos certo tempo. Ver um ao outro assim, de pijama, com a cara lavada, com o rosto cansado, é bem íntimo. Coço a nuca e ela mexe na barra do short. É engraçado como de um momento a outro passamos de estar nos beijando feito dois adultos na praia, a parecer adolescente inexperientes que acabaram de se conhecer.

Sol aparece e quebra o clima, mas pelo menos hoje isso foi bom. Luna volta para o meu quarto, e depois de secar o cabelo da Sol, eu tiro o jantar do forno.

- Pai, eu vou dormir no meu quarto e você dorme com a minha mãe, ta bom? – puxou um pedaço de pizza assim que coloquei na mesa.

- Você vai convencer a sua mãe a me deixar dormir com ela? – se eu apertar os olhos posso ver as engrenagens girando na cabeça dela.

- Claro. Todos os casais dormem juntos. Igual meus avós, e tia Nina e tio Gastón. – sorri e mostra os dentinhos faltando.

- Eu e a sua mãe não somos um casal ainda, filha. Mesmo que eu e você queiramos muito isso. – sou sincero com ela.

- Mas vão ser. Eu sei. Porque eu só posso ser princesa se o rei e a rainha estiverem juntos. E então nós vamos morar num super castelo. – pensa – Tipo a mansão de Cancun.

- Você tem sonhos muito altos, anjo.

- Você não tem? Mamãe sempre me diz que eu tenho que usar minhas asas e sonhar bem alto, porque a vida é feita de sonhos.

Sempre me surpreendo com a capacidade dela de parecer ter qualquer idade, menos cinco anos.

- Ás vezes você parece um adulto dentro do corpo de uma criança, sabia?

- Isso seria bem chato, porque adultos são chatos. Menos você e a mamãe. E a Sophie. E a Kate. E os meus avôs, e os meus tios também. E a Juliana. – amo quando ela vai adicionando as coisas e usando o “e” várias vezes, me faz sentir toda a inocência que existe dentro dela.

- Você gosta da Juliana?

- Muito. Ela é tipo uma avó legal que cuidava de mim enquanto minha mãe estava trabalhando.

Isso me surpreendeu bastante. Não pensei que a Juliana cuidasse da Sol e muito menos que elas tivessem alguma relação, porque ela nunca comentou dela comigo. Tá ai mais uma coisa que aprendi sobre a minha filha.

Não demora muito para Sol capotar na cama depois do jantar, o dia foi cansativo. Apago as luzes do corredor e entro no quarto para dizer alguma coisa a Luna, mas ela também já está dormindo. Ando a passos leves, porque não quero acordá-la. No silêncio da noite posso ouvir as batidas do coração dela e ver o sobe e desce do peito pela respiração. Deito na cama numa distância considerável, apenas o suficiente para acariciar uma das mãos dela e sorrir feito um bobo pelo fato de ver ela ali, dormindo na minha cama. Apoio a cabeça no travesseiro e sigo fazendo carinho nela e contemplando a calmaria que eu via nela; o sono chega antes que eu possa pensar em levantar e ir dormir na sala.

 

(...)

 

Abro uma fresta fina da porta para ver se Luna já acordou e dou de cara com ela sentada na cama, se espreguiçando. Empurro o resto da porta e entro com a bandeja de café da manhã.

- Bom dia. – minha voz continha sono porque fiz um esforço para acordar mais cedo e ir comprar o café.

- Bom dia. – responde sem graça pela situação – Você dormiu aqui, não foi?

- Como sabe? – me aproximo e coloco o café na cama.

- Porque não me mexi e o outro lado da cama estava amassado quando acordei.

- Desculpa, vim falar com você e acabei dormindo aqui. Juro que não fiz nada.

Ela ri e puxa os cobertores sobre si. Lá fora o dia está mais frio que o comum e imagino que ela esteja cheia de dores.

- Trouxe o seu café. É cortesia da casa.

- Obrigada. Tenho que ser rápida e me arrumar.

- Se arrumar para que? Para ir até a sala ver televisão? – brinco e ela me olha séria.

- Tenho um ultimo treino com os meus alunos hoje. Preciso ir até a pista. Não vou usar patins, só preciso checar se está tudo certo. Além disso, a noite vou a competição.

- Você ta brincando, né? – a encaro e não acredito que ela vai teimar mais uma vez que está bem – Luna, você só sai daqui em três dias, quando seu médico vir te ver.

- Matteo, eu preciso ir. Eles precisam de mim. Tem outros ótimos treinadores na pista, mas eles precisam do meu incentivo. Das minhas palavras.

- Eles vão entender que você não pode ir. Tenho certeza.

- Não é justo comigo. Não é justo com eles. – suspira profundamente – Ninguém pode me substituir.

E quando ela fala isso, um botão aciona na minha cabeça. Olho dela para o armário alguma vezes, ali estão meus patins antigos e também os que comprei quando cheguei aqui. Eu conheço o jeito dela, sei o que ela pensa, patinei com ela e o principal de tudo, ensinei ela a patinar. Se os alunos dela precisavam de um treinador substituto, muito bem, eles teriam um.

- Vamos ter uma mudança de planos. – ando até o armário.

- Que? – me olha confusa e eu ignoro isso para achar os patins pretos.

- Seus alunos vão ter um treinador. O melhor treinador. Se tudo que eu preciso fazer é dar palavras de incentivo e corrigir alguma coisa que esteja errada, posso fazer isso com tranquilidade.

- Você ta falando sério?

- Nunca falei tão sério na minha vida. – respiro fundo – O rei da pista está de volta.


Notas Finais


E ai?
O que me dizem?
THE KING IS BACK!!!
Matteo voltando a patinar para ajudar a Luna, não to sabendo lidar.
E ele com medo do Miguel? Só quero dizer que o encontro deles vai acontecer, e vai ser épico.
Sol e suas frases que nos fazem pensar se ela realmente tem apenas 5 anos.
Sol e Juliana, duas rainhas que se amam, sem mais delongas!
Luna sofreu uma queda grave <///3
Será que isso vai afetar a carreira dela?
*PS: mudei a criança que imagino sendo a Sol, deixei uma foto dela no primeiro capítulo, se alguém quiser dar uma olhada.

Comentem e façam Luana feliz :)
Nos vemos <3


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