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História Contato - Uma exceção


Escrita por: MirellaVieira

Notas do Autor


Primeiro, queria agradecer a todos pela paciência, por me esperarem por tanto tempo. Esse capítulo foi muito especial de escrever, e pude acrescentar coisas novas à nova versão.

Capítulo 2 - Uma exceção


Bebericava seu cálice de vinho enquanto observava seu reflexo no espelho a sua frente, o mesmo espelho que lhe atormentava em seus pesadelos na infância, e talvez ainda continuasse atormentando. Podia enganar todas as pessoas a sua volta, menos aquela imagem refletida ali.

Naquele momento era ela, somente ela, e não tinha nada pior na vida do que encarar seu próprio eu.

O vidro, desgastado pelo tempo, refletia sua imagem destoada, e misturavam-se as de sua infância. O engraçado era que ainda podia enxergar certa inocência naquele reflexo, mesmo que soubesse que aquela imagem era projetada por sua cabeça.

O vinho seco descia queimando por sua garganta, uma doce ilusão de conforto, e relutantemente deixava uma lágrima teimosa escorrer por seu rosto, indo contra a tudo que deixava transparecer. Escutava burburinhos vindos do andar debaixo de sua antiga casa de infância. Algo típico das recepções após os velórios. Logo teria que descer as escadas e colocar uma feição polida em seu rosto, fazendo que qualquer traço de tristeza desaparecesse.

Seu celular vibrando em cima da antiga escrivaninha lhe tirou da inércia de seus pensamentos.

Susan. O nome brilhava na tela do aparelho.

Por um momento cogitou recusar a ligação, entretanto conhecia a outra mulher perfeitamente e sabia que ela não aceitaria não ser atendida. Procurou firmar sua voz, nunca permitiria que fraquejasse e muito menos destruir a imagem que demorou anos para construir.

- Regina Mills falando. – atendeu enquanto seus dedos tamborilavam na madeira do móvel em sinal de nervosismo.

- Regina, minha querida. – a voz suspirou do outro lado da linha. – Fiquei sabendo de tudo o que aconteceu ao seu pai.

- Foi uma fatalidade. – comentou sobriamente. – Pelo menos ele não está sofrendo mais. – acrescentou.

- O falecimento do Henry me pegou de surpresa. – Susan falou tristemente. – Cheguei ao Texas de viagem agora a pouco e fiquei sabendo de tudo. Queria poder estar aí ao seu lado e te dar todo o meu apoio, pena que fiquei sabendo em cima da hora.

- Não precisa se preocupar minha querida. – disse ironicamente. – Provavelmente você seria mais uma para fazer figuração na recepção que está acontecendo agora, e já tem muita gente aqui.

- Minha querida. – disse compreensivamente. – Eu te conheço há anos e te considero como a filha que eu nunca tive, sei que agindo dessa forma você fere mais a si mesma do que as pessoas ao seu redor. Quero que saiba que estarei ao seu lado sempre que precisar seja para segurar em sua mão ou te dar o abraço que precisar.

Fugiu. A fuga sempre era o caminho mais fácil quando qualquer situação fugia de seu controle. Mesmo que mais a frente soubesse que enfrentaria todas as suas escolhas, inclusive as que optou por não enfrentar.

Encerrou a ligação abruptamente e sua respiração pesava enquanto sentia seu coração bater descontrolado dentro de seu peito.

Respirou fundo tentando recompor suas estruturas, preparando-se para descer as escadas e cumprir seu papel de boa filha, mesmo que por dentro estivesse dilacerada.

○○○

Mais tarde em seu quarto, Regina rolava de um lado para o outro em sua cama king size na esperança de que o sono chegasse. Entretanto, para pessoas como ela, a insônia lhe acompanhava por dias a fio e sem dar nenhuma trégua.

Levantou-se e se serviu de um pouco de água da moringa que ficava em cima da mesinha de cabeceira. Respirava fundo tentando controlar seus pensamentos conturbados, tinha a impressão que quanto mais tentasse organizá-los mais embaralhados eles ficavam.

Ela precisava sentir alguma coisa, desejava sentir-se desafiada, e suspeitava que o ardor descendo queimando por sua garganta após tomar uma bebida alcoólica qualquer não faria efeito naquele momento.

Adrenalina. Queria sentir seu sangue correndo rapidamente por suas veias, talvez se aventurar em meio ao desconhecido. Ela só precisava desesperadamente fugir de sua rotina, mesmo que os caminhos fossem tortuosos.

O que faria? O que lhe devolveria a lufada de ar fresco que lhe possibilitaria voltar a respirar novamente?

Provavelmente não sabia o que estava fazendo, afinal cometeu as maiores loucuras de sua vida em momentos como esse.

Mesmo não tendo certeza de que seu futuro lhe traria, ela não voltaria atrás, não dessa vez. Agarrou seu telefone celular com firmeza e discou um número de telefone.

- Aqui é Regina Mills. – informou assim que a pessoa do outro lado da linha atendeu ao telefonema. – Preciso de um pequeno favor...

○○○

A curiosidade lhe tomou todos os seus pensamentos desde que recebeu aquela proposta repentina, cercada por uma pitada de mistério que lhe instigava cada vez mais. Nunca esperaria por algo assim, afinal não era sempre que uma prostituta recebia uma oferta tão atrativa financeiramente como a que tinha recebido.

Deixando seus medos e receios de lado, Emma optou por se aventurar rumo ao desconhecido. Fazia menos de uma semana desde que havia recebido aquela proposta tentadora. Enxergou ali uma oportunidade de conseguir um dinheiro extra no fim do mês, e como precisava daquela grana aceitou o acordo.

Agora, ao pensar um pouco mais friamente, Emma tinha certeza de que agiu precipitadamente, sem nem ao menos pensar nas consequências que teria que enfrentar, refletiu ao notar que o táxi havia chegado ao seu destino. Silenciosamente, pagou ao motorista e desceu do veículo.

Já em frente ao hotel indicado pelo bilhete que recebeu, Emma ficou encantada pela suntuosidade do local.

- Porra. – pensou ao passar os olhos rapidamente pela fachada do hotel. – Parece até ser de cinco estrelas. – constatou ao notar alguns detalhes da arquitetura clássica do edifício. – Uma diária aqui deve custar o que ganho durante uma semana inteira.

E de repente uma onda de insegurança passou pela cabeça da jovem prostituta. Num segundo momento a roupa parecia não ser a mais adequada, e até a cor do batom que usava parecia ser vulgar demais.

Com certeza a réplica do MAC que escolheu não foi a escolha mais adequada para o momento. Provavelmente enganaria aos mais leigos, entretanto ali naquele hotel de luxo todos que a olhassem saberiam que ela usava uma falsificação do famoso cosmético.

Emma segurava em suas mãos o bilhete com o endereço que recebeu de sua cliente misteriosa, como se quisesse confirmar se de fato estava no local certo. Ajeitou o microvestido vermelho colado ao corpo, realçando as curvas perfeitas que sabia que possuía, e passou mais uma camada da imitação de Ruby Woo... Já que não tinha outro... Ia dele mesmo.

Tudo naquele encontro era cercado por uma atmosfera enigmática, o que foi lhe seduzindo desde o início. Emma não sabia quase nada sobre ela, entretanto sentiu uma curiosidade quase que mordaz de se entregar de corpo e alma a tudo o que acontecesse. Tinha um clima de sedução ali que a deixava cada vez mais presa naquela trama toda...

A começar pela forma que recebeu o endereço daquele hotel.

Era uma folha simples e branca escrita à mão, a qual achou interessante, afinal em meio à correria do dia a dia, detalhes assim eram sempre deixados de lado. A letra feminina grafada naquela carta conseguia expressar uma dualidade que Emma achou atraente. Conseguia exalar poder e até um pouco de sensualidade, por causa dos traçados tão seguros de si, mas ao mesmo tempo carregados de feminilidade.

Para completar, ao fim da carta após assinar seu nome, deixou ali no papel uma marca de seu lábio contornado por um batom vinho e um cheiro de perfume que tinha sido borrifado sobre o papel. Era cheiro de perfume chique. Ela tinha definitivamente deixado sua marca em algo tão corriqueiro. Tudo na medida certa.

Assinado apenas por um nome. Regina.

○○○

O saguão do hotel era tão suntuoso por dentro quanto aparentava ser por fora. Todos os detalhes da decoração contribuíam para que o ambiente exalasse riqueza em cada um dos cantos do edifício. Por mais que tentasse não pensar dessa forma comparou a outros lugares que já teve que frequentar para trabalhar. Na maioria das vezes eram motéis localizados em lugares violentos, e mal possuíam uma recepção com um serviço que sempre deixava a desejar.

Diferentemente daquele hotel que adentrava no momento. A mesa da recepção era longa, de madeira maciça, que comportava com folga uns três atendentes. Emma entregou o bilhete até um deles que estava devidamente uniformizado.

Ele a olhou com uma cara de poucos amigos, e a analisava da cabeça aos pés. Não se surpreendeu, afinal não era a primeira vez que algo assim acontecia. Era bastante irônico ver gente que trabalhava em lugar chique agir de forma preconceituosa com quem possuía menos condições, mesmo que na verdade aquele atendente fosse tão fodido na vida quanto ela.

Entretanto, ali naquela recepção ele fazia caras e bocas e se achava alguém por trabalhar num local onde gente da alta elite frequentava. Ele pegou o papel de sua mão e o analisou silenciosamente. No entanto, ali ela já pôde notar uma mudança de postura do funcionário nariz em pé. Ele ligou para a cliente que havia deixado mais cedo instruções precisas que ele teria que seguir à risca, e assim que ele desligou o telefone seu comportamento havia mudado drasticamente.

- Senhorita Swan... – disse o atendente.

Emma teve que controlar sua vontade de rir, afinal nunca havia sido chamada dessa forma durante o trabalho. Senhorita. Nem parecia que estavam falando com ela. Na realidade, seus clientes acabavam a chamando apenas por Emm. E isso funcionava para a loira. Seria no mínimo estranho se lhe chamassem de senhorita no meio de uma fodida.

- Acompanha-me, por favor. – o rapaz franzino completou.

○○○

Quando Emma entrou no quarto ela estava sentada de costas para ela. Avistou primeiramente seus cabelos negros levemente repicados que iam até o pescoço e seu corpo nu estava envolto por um fino lençol.

Ela já havia notado certo clima de sensualidade desde que recebeu o bilhete de Regina com o endereço do hotel, entretanto nada se comparava ao vê-la ao vivo. A mulher exalava uma sexualidade que transbordava através de seus poros. No entanto, antes que tivesse a chance de se apresentar a cliente, Regina a interrompeu com sua voz rouca que lhe mexeu com todos os seus sentidos, até mesmo os sexuais.

- Antes de começarmos qualquer coisa senhorita Swan... – começou levantando-se de onde estava, abandonando o lençol e deixando a mostra seu corpo nu. – Quero deixar algumas coisas claras. Meu quarto... Minhas regras. Eu sou a cliente e você a contratada. Eu mando e você obedece. Também não gosto que falem comigo, afinal se eu quisesse desabafar procuraria um terapeuta. E por último e não menos importante eu não quero nenhum tipo de contato pessoal.

Aos poucos Regina enumerou suas regras, com uma sensualidade que quase fez Emma babar por cada coisa que escutou. Emma não sabia o que estava acontecendo, afinal geralmente ela não se sentia atraída por seus clientes. Sempre encarou sua profissão da forma mais séria possível, entretanto, com Regina foi completamente diferente. Ela precisou disfarçar, já que seus instintos quase superaram o seu lado profissional.

Agora era algo além de precisar do dinheiro extra. Ela precisava provar dessa morena estonteante que estava a poucos passos de distância.

- Eu ressalto todas essas regras, porque algumas pessoas tendem a confundir profissionalismo com o lado pessoal. E eu estou longe de procurar qualquer espécie de relacionamento. Estou aqui somente para me satisfazer. – terminou a morena sentando-se calmamente em frente ao enorme espelho que tinha no quarto, e olhando seu reflexo Regina passou uma camada generosa de batom. Mac. Aquele de fato era o verdadeiro.

- Eu entendo todas as regras. – reforçou. – E pode contar com todo o meu profissionalismo. – Emma disse e deixou sua bolsa em cima de uma mesa que tinha próxima a saída do quarto.

○○○

Estavam entregues e inebriadas pelo prazer que sentiam no momento.

As mãos ágeis da morena passeavam sobre o corpo nu da loira, deixando suas unhas cravar nas costas da outra mulher à medida que sentia os dedos de Emma lhe estocando de forma precisa. De certa forma esse gesto a fazia momentaneamente esquecer-se das mazelas que lhe aconteceram nos últimos dias. O sexo para ela servia como uma válvula de escape, uma fuga de seus problemas.

A loira fora surpreendida quando sentiu os dedos de Regina bem próximos a sua entrada, estava completamente umedecida, a mercê da outra mulher e cada vez mais ansiava para que a morena a penetrasse o quanto antes, e que lhe desse o prazer que se acumulava em seu corpo. Deu leves puxões no cabelo da morena quando os seus dedos lhe invadiram. Foi impossível conter os gemidos que saíram da boca de ambas as mulheres.

Emma nunca ficou tão entregue num sexo pelo qual fora paga para fazer. Geralmente para ela o ato sexual era algo sem prazer nenhum. Era apenas a sua profissão. Algo que fazia por necessidade. Era a forma que tinha conseguido arranjar para se manter em Nova Iorque.

Entretanto, ali com Regina e suas inúmeras regras, havia se sentido diferente. Tudo era confuso demais, e por mais que tentasse entender o porquê de tudo aquilo, cada vez mais mergulhava de cabeça no prazer que a outra mulher lhe proporcionava. Sentiu seu corpo entrar numa nova vibração no momento em que sentiu o orgasmo atravessando o seu corpo e o da morena.

Foi intenso. Ali naquele momento permitiu-se sentir o orgasmo lhe tirando da razão por alguns segundos, como se mergulhasse nos intensos olhos castanhos de Regina.

Apesar de ser uma profissional do sexo, orgasmo não era uma palavra utilizada com frequência em seu vocabulário. Ela era responsável por dar prazer aos seus clientes, e nunca acontecia o contrário.

Toda regra tinha uma exceção.

Emma sentiu suas pernas trêmulas desabarem sobre a cama. Nunca ninguém a tinha feito sentir dessa maneira. Para ela, Regina poderia contratá-la mais vezes. Ela não faria objeção.

Ofegantes, elas ficaram deitadas uma sobre a outra na cama por alguns segundos enquanto recuperavam a respiração. Ter a sua pele roçando com a de Regina mostrou ser algo que Emma tinha gostado. Era uma boa sensação. Emma levou seus lábios mais próximos ao de Regina, no entanto a morena se afastou com um semblante indiferente.

As regras. Por alguns segundos esqueceu-se das malditas regras estipuladas por Regina.

- Sem beijos. – colocou seus dedos sobre os lábios de Emma. – E não tente novamente. – disse a morena categoricamente. – Você é boa, só não misture as coisas. Não sou de dar segundas chances, vou abrir uma exceção para você, e é bom não abusar. 


Notas Finais


O que acharam? nunca sei muito o que escrever nas notas, mas se quiserem me procurar no twitter, o meu é @parrillasound https://twitter.com/parrillasound e o curiouscat https://curiouscat.me/swengirl


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