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História Contos de Fadas?! - Um leve toque


Escrita por: Cass_YK

Capítulo 5 - Um leve toque


-Algo mais? – Pergunta a aeromoça.

-Não, Obrigada. Pode ir agora.

Aparentemente nossos pais decidiram que começar um novo negócio, agora que as duas empresas estavam fundidas, seria uma ótima ideia, e que deixar que seus filhos cuidassem de tudo também seria uma ideia brilhante. Eu tinha que dar um jeito nesses dois. Então nesse exato momento eu estava presa nesse avião, com a pessoa que tentei evitar a semana inteira, rumo ao Havaí pelas próximas horas. Ótimo.

Acabo adormecendo nos primeiros minutos de voo e sou cordada por Sett a tempo de ver o avião fazendo seu trajeto de pouso na ilha. O pouso foi tranquilo e achamos nossas malas bem rápido na esteira, um encarregado já nos esperava no terminal quando saímos e nos levou até o resort em que ficaríamos. Pelo o que Sett havia me explicado no caminho do apartamento até o aeroporto o resort onde estaríamos sendo hospedados era uma das opções preferidas de compra e nós estaríamos visitando-o nesse fim de semana para uma reunião com os donos, aparentemente compraríamos uma estrutura já pronta para que pudéssemos modifica-la mais rapidamente e utiliza-la como modelo para os próximos edifícios.

Enquanto fazíamos o check-in no lobby nossa bagagem foi levada até a Suíte Real. O gerente do hotel, Sr. Konda, nos levou para um tour pelo prédio em que ficaríamos nos mostrando os restaurantes, salas de jogos, spas e as outras coisas que ele possuía, aposto que depois de meia-hora já haveria esquecido de tudo aquilo. O “pequeno tour” levou longas duas horas, em que o gerente do hotel nos mostrava cada canto daquele hotel sem sequer parar de falar para tomar folego, eu só queria ir para o quarto tomar um banho e desmaiar na, provável, gigantesca cama da suíte até a reunião de amanhã, mas o universo não estava cooperando comigo hoje.

Geralmente esse tratamento especial e atencioso não era aplicado a todo hóspede, mas como futuros compradores os funcionários estavam fazendo de tudo para que nos sentíssemos bem, mas acho que o que realmente queriam era garantir seus empregos quando a liderança desse lugar fosse mudada. Mesmo que esse fosse um lugar para pessoas de alto nível social as pessoas ainda nos encaravam, apontavam e cochichavam como se nunca tivessem visto dois empresários antes. Nosso casamento havia acontecido a mais de duas semanas, mas as pessoas ainda comentavam sobre o assunto. Pessoas se casavam todos os dias, mas não era sempre que os herdeiros das maiores potencias empresariais o faziam, e isso, bem, rendia um repertório de assuntos, as pessoas discutiam desde o estado da economia até o sexo de nossos futuros filhos, muitas coisas importantes poderiam acontecer por causa de nossa união matrimonial, mas a maior parte de tudo o que falavam sobre nós dois era praticamente fofoca, era como se quando havia dito “sim” naquela igreja não tinha sido um anel posto em meu dedo, mas sim uma assinatura com uma revista de fofoca adolescente.

Quando aquela longa demonstração do prédio tinha acabado Sett e eu nos encontramos sentados em uma mesa de jantar em um jardim decorado com flores da ilha e tochas. Tinha parado de prestar atenção no que o gerente tagarelava depois dos primeiros quarenta minutos e só segui ele e Sett pelo resto do percurso, quando me dei conta já estava sentada aqui sem saber uma mínima coisa do que estava acontecendo.

-O Sr. Konda disse que o show vai começar daqui a alguns minutos. Ele é um cara bem animado, o que você achou dele?

-Se comprarmos esse lugar o próximo gerente vai ser mudo – Sett solta uma longa gargalhada.

-Coitado do senhor, nós não podemos apenas passar uma silver tape na boca dele?

-Talvez isso fira os direitos humanos, mas é uma boa ideia, pelo menos assim ele vai respirar um pouco. Eu não vi aquele homem respirar uma única vez enquanto estava falando.

-Talvez devêssemos chamar o pessoal do Guinnes Book para relatar esse caso, seria uma ótima maneira de atrair mais clientes para resort – dou um risinho e nossa conversa parece magicamente se encerrar, essa provavelmente foi a conversa mais civilizada que tivemos até hoje. O silêncio entre nós é preenchido pelas conversas das outras mesas e o som da banda havaiana que ressoava pelo jardim. Sett pigarreia um pouco chamando minha atenção: - Está com sede? Vou até o bar pegar algo para beber. O que você quer?

-Algo que mantenha acordada – digo enquanto bocejo

-Vou ver o que posso fazer.

Posso sentir os olhares sobre mim, mesmo depois de todos esses anos isso ainda me incomodava, quando estava no colegial achava que já estaria habituada com eles nessa idade, pelo visto não foi o que aconteceu. Olho tento focar meu olhar em algo para tentar me distrair dessa sensação de ser uma ovelha entre os lobos quando avisto Sett voltando do bar com das bebidas em suas mãos, os olhares se intensificam, agora posso sentir eles queimarem em nossa direção. Após alguns instantes uma bebida azul bebê, toda decorada com um guarda-chuvinha e frutas tropicais, é depositado em minha frente. Sett começa a falar algo quando se senta, mas não presto atenção no que ele diz ou encosto na bebida, apenas tamborilo os dedos na mesa.

-O que foi? Você parece inquieta.

-Você não deve ter percebido ainda, mas não sou muito boa em lidar com a multidão – movimento minha cabeça indicando a multidão de olhares que vinham em nossa direção.

-Ah, isso – ele diz agora olhando para nossa plateia curiosa. Isso?! – Você não parece o tipo tímida, já vi suas entrevistas e discursos, não parece que você tem dificuldade com o público.

-É, mas isso é diferente, nessas ocasiões eu estava fazendo algo de importante, agora eu não estou fazendo nada e eles continuam me olhando, até parece que eu fiz alguma coisa errada e eles estão me julgando – ele gargalha. – Não tem graça!

-Tudo bem, desculpe. Bem, pelo menos vamos terminar essas bebidas, depois podemos ir para o quarto e pedir serviço de quarto se isso vai te fazer senti melhor.

-O-obrigada – minhas bochechas coram um pouco, mas não sei o porquê. Ficar muito tempo com ele deveria estar me afetando de alguma forma.

-Oh, então quer dizer que você tem bons modos, bom saber – e a provocação começa novamente, e eu achando que estávamos agindo como gente essa noite.

-Retiro o que disse.

-Ok, ok, só vamos terminar essas bebidas.

Homens e mulheres vestidos com roupas tradicionais da ilha começam a subir no palco, uma música mais agitada começa a ser tocada e o show da noite começa a ser apresentada. A atenção de todos se volta para o palco, essa era o momento perfeito para sairmos daqui, tomo a bebida azulada quase de uma vez só, agora só precisava sair e ir para o quarto, me viro para chamar Sett para sairmos dali mas vejo que seu copo ainda estava pela metade. Espero mais um pouco para que ele a termine também.

Começo a rir, não sei bem por qual motivo, mas tenho certeza que alguma coisa era engraçada, devia ser aquele guarda-chuvinha, com certeza era ele, ele era tão fofinho e engraçado.... Olho para Sett novamente, sua bebida ainda não estava terminada. Porque ele estava demorando tanto? Eu queria ir logo para o quarto e.... e fazer o que mesmo? Ah, é mesmo, eu tinha que levar o guarda-chuvinha pra lá, ele.... ele ia tomar banho comigo na banheira. Isso mesmo! Porque Sett estava demorando tanto? O guarda-chuvinha tinha que tomar banho logo. Cutuco o braço dele para chamar sua atenção, isso parece tão divertido que o cutuco mais algumas vezes. Isso era tão engraçado que comecei a rir novamente.

-Alice, o que foi? – Ele diz finalmente se virando para mim.

-Hmm? – Levanto meu olhar para seu rosto sorrindo. – Seeeett, seu rosto é engraçado – mais risadas.

-Alice? Ah, não me diga que você ficou bêbada só com isso – ele ri e eu rio junto, ele era tão engraçado. – Vamos voltar pro quarto – ele se levanta e começa a andar. Hã? Porque ele estava indo embora? Eu não queria ficar sozinha. Porque ele não ia me levar junto?

-Sett! – Chamo-o e ele se vira novamente e volta até a mesa.

-Vamos Alice, vamos voltar para o quarto – sorrio. Que bom que ele voltou para me buscar. Estendo minha mão para ele, ele meneia a cabeça com um sorriso e a segura, pego o guarda-chuvinha e começamos a andar para dentro do hotel. – Você não tem jeito mesmo – sua mão era grande e macia, tãããããão macia... – Porque você está sorrindo tanto?

-É a primeira vez que a gente anda de mãos dadas, eu estou feliz.

-Estou feliz também Alice – meu coração parece acelerar um pouco quando ele diz isso, que estranho, acho que meu coração estava feliz também.

Quando chegamos nos elevadores havia um que tinha acabado de se abrir, ele estava vazio, Sett me guia até ele e aperta um botão brilhante. As portas se fecham e o elevador começa a se mover. Sua mão continuava a segurar a minha, mas seu rosto estava tão longe, ele era muito alto, não conseguia enxergar direito seu rosto, precisava olhar para seu rosto.

-Sett, você pode se abaixar?

-Huh? Porque?

-Eu quero ver seu rosto, ele tá muito longe de mim, se abaixa Sett – ele se abaixa e seu rosto fica perto de mim de novo, era bonito.

-Assim está bom? – Assinto com a cabeça.

-Sett, quero tocar no seu rosto, posso?

-Huh, ok – me aproximo mais de seu rosto e encosto minha boca na dele e me afasto depois de um tempo. – Não achei que era isso que você queria dizer – ele sorri, suas bochechas estavam um pouco vermelhas, que fofo. Aquilo era divertido, queria fazer de novo, mas quando me aproximo dele novamente sua mão é posta na frente de minha boca. Huh, porque? – Acho que você não vai gostar de saber disso quando estiver sóbria amanhã.

-Sett, você é mal. Isso era legal!

-Eu sei, mas a gente não pode fazer isso agora. Talvez uma outra hora, ok?

-Verdade?! – Ele assente com um sorriso gentil. – Sett, você é tão legal, eu te amo! – Suas bochechas ficam vermelhas novamente. Por que será? Abraço ele, era confortável, continuo assim.

-Hey, A-Alice... – Agora podia sentir seu coração batendo, parecia uma bateria, batia rápido, mas era bom de se ouvir.          Abraçar ele era quentinho e macio, como uma cama, minhas pálpebras começam a pesar. Sinto Sett dar um beijo em minha cabeça e seus braços me envolverem forte – O que eu faço com você Margarida?

Seu coração agora batia calmamente parecendo como uma canção de ninar, fecho os olhos e deixo que suas batidas me levassem-me até meus sonhos.

X.X.X

A sensação de alguma forma era nostálgica, mesmo ainda de olhos fechados conseguia sentir o calor de uma mão junto à minha mão direita, ela me segurava firmemente e ao mesmo tempo com muita delicadeza, como se estivesse manuseando um copo de cristal, temendo que eu, de alguma forma, pudesse me despedaçar a qualquer momento. Esse toque fazia-me sentir tranquila, como se estivesse me dizendo que não importava o que estivesse acontecendo eu o teria sempre por perto. Temendo que essa sensação desaparecesse, como se tudo não passasse de um sonho, abro meus olhos lentamente, ela não se vai, mas parece mais forte do que antes.

Uma leve brisa passava pelo quarto, causando-me leves arrepios, e raios de sol irradiavam pela janela do quarto, iluminando cada canto do quarto e me cegando por alguns instantes. Quando a visão retorna aos meus olhos estes se direcionam ao ponto de onde vinha aquela sensação esperando encontrar apenas minha mão lá, mas me surpreendo quando encontro ali uma outra junto a minha, nesse exato instante viro meu olhar para o dono dessa mão. Sett. Tento puxar minha mão para que ela se soltasse dele sem muito sucesso, o aperto de sua mão torna-se mais forte e sua expressão facial se retrai, como se estivesse tendo um pesadelo. Sacudo-o com minha mão livre tentando acordá-lo, sua expressão se suaviza novamente e seus olhos começam a se abrir.

-Bom dia – ele dá um sorriso sonolento, agora já desperto. – Ao que devo a honra de ser acordado por vossa alteza? – Ótimo as brincadeirinhas já tinham começado. Argh! Como eu podia ter pensado que aquilo era uma coisa boa?!

-Será que você se importa? – Indico nossas mãos com a cabeça.

-Ah, claro... – ele solta minha mão fazendo com que aquela sensação sumisse rapidamente e deixando a sensação de que algo estava faltando.

-Acho que você me deve uma explicação sobre isso.

-Você não se lembra de nada mesmo, né? – Franzo meu cenho com a pergunta. Do que ele estava falando? Nós tínhamos ido àquele restaurante a ar livre depois daquele tour pelo resort, Sett havia me trazido uma bebida azul bebê e depois.... Ué, não consigo me lembrar. – Essa sua expressão parece responder minha pergunta – ele parece um pouco desapontado com isso. – Acho que vou ter que contar tudo o que aconteceu para você. Ontem você acabou ficando bêbada com aquela bebida que e te trouxe e eu a trouxe de volta para o quarto, mas quando deitei você na cama você segurou minha mão e não quis mais solta-la, tentei te acordar, mas você estava dormindo que nem uma pedra, então tive que dormir assim e, bem, aqui estamos nós.

-Desculpa – peço envergonhada. Como isso pode ter acontecido?

- Para falar a verdade nunca imaginei que você fosse tão fraca ao álcool. Mas sabe, você fica bem relaxada e alegre quando está bêbada, bem mais divertida que a Alice sóbria, acho que vou começar a te embebedar todos os dias. Quando te trouxe para o quarto você não parava de tagarelar sobre seu guarda-chuvinha e como você tinha que tomar um banho junto com ele na banheira, aquilo foi muito hilário – ele começa a rir. Que bom, mais um tópico para as brincadeirinhas de Sett.

-Guarda-chuvinha? – Ele aponta o dedo para algo atrás de mim. – Ah – digo quando me viro e vejo um guarda-chuva azul, que se colocam em drinques, em um copo de água e um vidrinho de aspirinas. - Mas o que é isso?

-Como pode ver é seu kit de combate a ressaca, visto o quão vulnerável ao álcool você é – ele diz em seu típico tom de provocação enquanto ria. Já chega disso, os acontecimentos dessa manhã já estavam começando ame estressar. Me levanto da cama e me dirijo ao banheiro para começar a me preparar para o dia que começava. – Ei para onde você está indo?

-É melhor você deixar essas suas piadinhas para uma outra hora. Se apronte logo ou então vai se atrasar para a reunião – digo e fecho a porta do banheiro atrás de mim.


Notas Finais


Ai, ai, essa Alice não toma jeito...


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