História Contos de um amor. - Sinto o cheiro dessa rosa

Demos as mãos e caminhamos simples pela floresta coberta de folhas secas, o piar dos pássaros dava musicalidade para aquele passeio, vezes ou outras pausas pra fotos se faziam necessárias, nós éramos apaixonados pela arte da mãe natureza.

- Ei, o que acha? - Ele achou um amontoado de flores e sentou na frente delas, e com o ângulo certo, era como se ele estivesse numa parede de flores rosas, brancas, amarelas, azuis e vermelhas. - Eu realmente gostei da foto - Morgan beijou minha bochecha e prosseguimos viagem rumo ao local destinado por nós.

Não falávamos muito, gostamos de aproveitar os momentos poucos que temos, são raros graças ao trabalho que suga tanto de nossas vidas, tentávamos melhorar isso, mas nem sempre era possível sair para algum lugar como aquele, éramos um par estranho, sabíamos disso e gostávamos bastante, eu realmente gostaria de ter levado às crianças, mas elas tinham festa pra ir. Nada melhor que momentos em família.

- Você sabe que o Louis quer roubar sua vaga como coordenador geral, não sabe? - Ele perguntou.

- Deixe ele tentar, eu tenho mestrado e duas faculdades, eu sou o mais qualificado pro trabalho - a minha convicção tirou um sorriso dele. - Não ria de mim!

O loiro começou a rir. - Tudo bem, calma - o garoto tentou recuperar o fôlego. - Eu sei que você é bom, mas nem sempre estamos em cima.

- Eu sei - suspirei. - Eu vou sair de lá ainda esse ano, está sugando muito do meu tempo, e pra que? 10 mil dólares por mês? Não, vou ficar apenas dando aulas e palestras, eu ganho mais tempo com nossa família.

- E por qual motivo não volta a escrever? - Ele caminhava um pouco à frente.

- E eu tenho tempo pra poder criar alguma história nova? - Eu notei um pouco de frustração na minha voz.

- Seu último livro vendeu milhares de cópias - Morgan respondeu rapidamente, eu olhei pra ele e notei que aquela discussão não ia parar, então apenas o beijei.

- É logo ali na frente - depois de passarmos por algumas árvores, chegamos até uma cerejeira numa colina, algumas flores se faziam presente nos campos, beija flores, borboletas, e até um esquilo estava por ali​, fomos caminhando, tirando algumas fotos e olhando os animais.

- Vamos sentar e descansar um pouco agora - ele sentou ao pé da árvore, colocou sua mochila no chão e tirou alguns lanches, quando eu fui sentar ele me puxou pela perna e me derrubou, subiu em cima de mim e começou a fazer cócegas.

- P-para com isso - eu falava entre gargalhadas, tentando o afastar, quanto mais eu me debatia, mais ele aproximava nossos rostos, então eu mordi a bochecha dele na primeira oportunidade.

- Ai! - Morgan reclamou. - Isso machuca!

- Você sabe que cócegas não é justo! - Dei um peteleco em sua orelha. - É um ponto fraco, então não vale.

- Tudo bem, eu entendi, mas nem por isso vou parar - ele sorriu pra mim.

- Quer sair de cima? - Eu falei já o empurrando pro chão, ele caiu rindo e me puxou pra perto dele. - Será que terá um dia que eu não precise perguntar por qual motivo estamos juntos?

- É bom você lembrar o motivo sempre que pode - nós sentamos e ele pegou um hambúrguer pra mim e uma maçã pra ele, eu ia falar algo, mas o loiro me cortou. - Não reclame hoje dos meus hábitos saudáveis!

- É só um dia! - Eu já estava comendo, ele suspirou e mordeu meu lanche. - Ei! - protestei. - Pode comer, mas não o meu!

- Você também não decide o que quer! - Morgan começou a comer a maçã.

Comemos quietos olhando o local, ombros encostados, pássaros cantando, sol iluminando sinuosamente através das nuvens o lugar, uma brisa fresca, odor das flores, estava tudo perfeito.

Após um tempo, deitei em seu colo, ele passava a mão pelo meu cabelo enquanto cantava baixo uma pequena canção sobre amor, eu acabei fechando os olhos aos poucos e pendendo para o cansaço.