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História Contos de um amor. - Todo dia é dia de me estressar


Escrita por: Hank_Castin

Capítulo 5 - Todo dia é dia de me estressar


 - Se nos atrasarmos novamente, cabeças irão rolar! - Os passos se intensificavam no andar de cima, junto de vozes sibilantes, como cochichos. - E se estiverem falando mal de mim... - o tom ameaçador da minha voz foi o suficiente para tudo se aquietar. Em poucos segundos Morgan desceu as escadas, usava seu melhor terno preto, a gravata branca estava mal colocada. O cabelo do loiro estava um tanto arrepiado, talvez mais do que de costume, isso por algum motivo me fez abrir um pequeno sorriso.

Ele chegou e me puxou pela cintura, selando nossos lábios, mas não tínhamos tempo, então eu apenas o empurrei um pouco.

- Eu não posso nem te beijar? - Ele perguntou meio cabisbaixo.

- Não temos tempo! Qual a parte do "Nós vamos nos atrasar para o casamento da minha melhor amiga", você não entendeu? A pior parte? Nós somos padrinhos! - dei um leve tapa na cabeça dele. - Cadê as crianças?

- Sobre isso... - O loiro colocou a mão atrás da cabeça, a coçando. Odeio quando ele faz isso, é sinal de problema, sempre. - Digamos que o Hank tenha sujado o vestido da Maggie de massinha e eu não tenha conseguido tirar - eu fiquei o encarando sério, o que significava algo claro, eu estava zangado. - Eu... Desculpa? - Ele falou devagar, tentando fazer uma cara fofa.

- Você não consegue nem arrumar as crianças? - Eu gritei. - Droga, Morgan! Eu nunca vi um casamento que os padrinhos chegam depois da noiva!

- O lado bom é que você terá uma entrada triunfal, da forma que gosta - nesse momento ele percebeu que deveria ter ficado quieto, pois eu subi as escadas batendo o pé forte, sem olhar para ele.

Assim que cheguei no segundo andar, abri a primeira porta a esquerda, Maggie estava sentada na cama, as pernas brancas balançando pra trás e pra frente, seu cabelo loiro e ondulando, solto pelos ombros. A menina trajava um vestido amarelo brilhante, era o seu preferido, por algum motivo não esclarecido a mim. Na barra do roupa, um pouco de massinha verde gosmenta, que mais parecia meleca.

- Papai! - Ela se levantou e me abraçou, seus olhinhos verdes iluminados de alegria.

- Bem, analisando a situação, nós não temos tempo para retirar isso, vai molhar o vestido, então, é melhor colocarmos em você outra roupa, a reserva no caso - falei pensando alto. A menina de seis anos ficou emburrada. - Eu avisei que se sujasse a roupa teria de usar a outra, foi nosso combinado, e não vale voltar atrás, lembra?

- Mas... - Ergui a sobrancelha. - Eu sei, sem "mas".

- Exatamente. Agora vá chamar seu pai Morgan que eu vou cuidar do seu irmão - eu beijei sua testa e saí do quarto.

Admito que ser acertado com um dardo de Nerf não é nada divertido, a não ser que seja outra pessoa. E por isso fiquei um pouco irritado enquanto Hank corria de cueca pelo corredor atirando em mim. Seus cabelos cor de cobre desgrenhados lhe davam uma loucura única, seus olhos azuis eram travessos e sua pele pálida lhe fazia parecer um fantasma.

- Eu já disse que não vou para esse casamento estúpido! - Ele entrou em seu quarto e bateu a porta.

Suspirei frustrado e caminhei em passos largos, abrindo a porta num estrondo. - Já chega! Escute aqui, Hank - O garoto estava sentado na cama, e conforme eu me aproximava, ele se encolhia, - se continuar a me desobedecer... Sem celular, jogos, ou brinquedos durante uma semana, então ponha já sua roupa e se prepare para esse maldito casamento!

- Não! - O menino era desafiador, seu orgulho falava mais alto que a razão.

- Continue sendo orgulhoso, e verá que dessa forma, só terá coisas a perder na vida, agora ponha já essa roupa, por bem ou por mal, e acredite, você não quer ver seu pai zangado e sem paciência - ele virou o rosto, não me encarava, fiquei parado o olhando. - Sério? - Suspirei frustrado. - Por favor, Hank... É importante pra sua tia, ela sempre fez tudo por você!

- Dar coisas não quer dizer nada - Hank finalmente me olhou nos olhos.

- Ela te leva pra sair, te dá presentes, briga comigo quando te coloco de castigo, brinca com você e muito mais, como pode ser tão ingrato? Quantas vezes já falamos sobre isso? Não podemos ter tudo que queremos na vida da forma que queremos, devemos as vezes nos forçar a fazer algo que não gostamos por alguém que amamos, e eu entendo que odeie casamentos, mas esse é importante - ele ficou quieto, encarando o chão, por fim, me abraçou.

- Desculpa - era óbvio que ele não estava feliz em dizer aquilo, era orgulhoso demais, mas acho que seu amor por mim, fosse maior.

- Você só tem sete anos, campeão, ainda tem que aprender muita coisa - baguncei ainda mais seu cabelo. - Agora coloque a roupa, vamos sair em breve.

Fui até a sala, minha cabeça doía, eu não aguentava mais todo aquele trabalho, mas nunca pensava em voltar atrás, gostava da minha vida como era.

- Você está bem? - Morgan perguntou me cercando. - Você não parece bem, o que houve? Está doente? Podemos ir ao hospital, ela vai entender - eu comecei a rir, o que o fez ficar com uma enorme interrogação acima da cabeça.

- Apenas dor aqui -apontei para minha testa. - Pode pegar um remédio para mim? - O loiro me levou até o sofá, me sentou lá e se dirigiu a cozinha.

Fiquei deitado, encarando o teto, tentando lembrar do dia em que compramos aquela casa, três anos atrás, mas minha cabeça latejava demais, não conseguia me concentrar. Morgan se ajoelhou do meu lado, levantou um pouco minha cabeça, e colocou o comprimido em minha boca, logo depois me deu água. Ele era tão fofo cuidando de mim, não podia ficar com raiva.

- Eu amo você - ele começou a mexer em meu cabelo com uma mão, enquanto passava a outra em meu rosto, cuidadosamente. - Aquela escolha na Saraiva...

- Já começou a se arrepender? - Nós dois rimos.

- Não. Eu só queria dizer que... Mudou nossas vidas, e estamos aqui graças a isso. Agora eu tenho filhos e meu marido é um escritor famoso - ele abriu um sorriso bobo, - e estou feliz pelo que conquistamos apenas com 24 anos.

- Quantos anos juntos? Acho que são oito, não é?

- Você não sabe? - Ele perguntou espantado.

- Desde quando sou bom com datas e números? Sabe bem que eu sou esquecido e lerdo pra diversas coisas -ele sorriu e me beijou.

- Por isso eu amo você, esse rosto fofo e de um garoto lerdo, desde os quinze anos - o loiro fez uma pausa pensativa. - Você não foi nada fácil de conquistar, sabia?

- Fazer o que? Sou uma pessoa muito difícil. Não é fácil conseguir meu coração - ele se aproximou do meu rosto, nossas respirações ecoando como uma só. - Você o tem agora, mas isso não quer dizer nada, sabe disso, certo?

- Estamos fazendo muitas perguntas, que tal ficarmos em silêncio e talvez fazermos algo... Você sabe, indecente - ele sussurrou em meu ouvido, e foi nesse momento que as crianças desceram as escadas gritando.

- Acho que nós não temos mais esses momentos, querido - o puxei pela gravata, lhe dando um beijo rápido, e me levantando para sair de casa.


Notas Finais


Então, é isso. Desde antes de casar até o terem seus filhos. São fragmentos que o Charles considerou relevantes contar sobre sua vida.


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