História Contos dos impossíveis - A caneta que cria o destino.

Foi numa noite escura que ele veio até mim. O vilarejo já havia se recolhido e a espessa neblina cobria os vales, dentro de minha humilde moradia havia uma presença.

Eu mesmo já havia sentido um ar frio que vinha da espinha tinha a certeza que havia algo que entre as sombras a lamparina não conseguia iluminar. Para minha surpresa ele veio em minha direção, trajava capuz e não dava para ver seu rosto, logo de inicio não achei estranho estava frio e poderia ser um simples transeunte que vinha de cidade a cidade.

Ele estendeu uma caneta tinteiro me propondo um serviço, quem por cargas d'água aceita um trabalho de um estranho que não se vê o rosto? Mas ele apelou para meu sonho, Deus sabe como queria ser escritor! Tudo que tinha que fazer era contar a história de meus conhecidos e parentes em forma de crônicas e dentro de um ano teria tudo que precisasse!

Algo assim só poderia ser de Deus! E de tanto ouvir que ele escreve certo em linhas tortas cheguei a conclusão de que ele havia me dado esta honraria. Ao perguntar de quem era a caneta o ser me disse " a caneta pertence a seu senhor" imediatamente aceitei sem mesmo pensar duas vezes sequer.

Durante um ano fiz as melhores crônicas que pudia, já escrevia desde quando era um moleque travesso e não seria um problema escrever, contudo caligrafia nunca havia sido meu forte. Ao passar de oito meses vi a vida de amigos e parentes declinar ao horror a doença e a morte, simplesmente coisas ruins acontecem a vida de todos nós. Como uma energia negativa que paira ao nosso lado.

Não pude me conter, ora se estava com a pena do senhor podia e devia fazer algo! Aquele era mascate, provavelmente, pensava, talvez um anjo, me alertou pois deveria estar desconfiado de minha competência. Ah! Pobres ideias de um inocente coração.

Anotei uma história antes de acontecer, e para minha surpresa tudo haverá acontecido como descrevi, cada detalhe cada palavra. Se escrevia riqueza, brotava minérios, fazendas e botijas, se escrevia fartura vinham caças, banquetes e colheitas. Quem precisa do clero tendo Deus ao seu lado?

Contudo notei que ao passar do tempo, a miseria vinha de volta, tão rápido quanto a vida a fartura vinha a desgraça, a morte. Pensaria em parar de escrever, mas a pena por si já havia ido embora!

Todos voltamos ao ponto zero a qual vivíamos outros faleceram, e da mesma forma que cheguei a ter tudo voltei a não portar nada.

Um dia no solstício de verão ele veio novamente, enquanto Oberon e Titânia brincavam nos bosques ele praguejava meu destino. Dizia que eu havia falhado, e que minha hora havia chegado!

Ao perguntar quem ele era descobri que se tratava de um ceifador de almas, e ao questionar sobre a pena ele disse que pertencia ao meu senhor. Ao perguntar quem era meu senhor ele respondeu que era a Morte!

Minha vida foi ceifada no momento em que ele apareceu, não tive escolha se não caminhar com ele desta para outra vida. Hoje escrevo crônicas minhas, até o fim do tempo e do tártaro...