História Coração de Lua - O encontro no terraço

Erick não entendia nada, achou que estava participando de uma brincadeira de péssimo gosto para calouros, não podia ser verdade nem em Marte!
- HÁ-HÁ-HÁ... Olha, essa brincadeira é muito engraçada, mas agora é sério. Cadê a Lua?
- Não é brincadeira! Que Lua? Ta de dia!                                
- Não cara, Lua Moor a menina com quem eu estava conversando na sala! – Vinci fez uma cara de assustado e foi se afastando.
- Aí cara... Eu não vou me meter nesse assunto não, quero mais é ser feliz. – Ele levantou as mãos em defesa de si mesmo e foi embora.
“E lá se vão os amigos e ficam os idiotas” Erick estava confuso, Vinci só podia estar de brincadeira com a sua cara. Deve ter notado que rolou um clima entre eles e criado uma brincadeira de mau gosto, afinal Lua não era muito sociável até Erick falar com ela. Ele foi lavar o rosto no banheiro e deu a hora do intervalo. Erick saiu em disparada, rodando a escola toda atrás da garota. Não a encontrou em lugar nenhum, até que viu uma escadaria que continuava a subir depois do ultimo andar. Ao abrir a porta ele vislumbra aquela figura magnífica que fitava as nuvens de janeiro com os olhos azuis piscina brilhando. O vento soprava suas roupas e levava seu perfume até as narinas de Erick que estava paralisado por sua beleza. A silhueta de seu corpo feminino frágil brilhava. Erick quase babou, mas se conteve e foi se aproximar:
- Oi sumida. – Ela deu um pulo e se virou.
- Ah oi... Não sumi coisa nenhuma, você quem não me viu saindo. – Ela sorriu.
- E então qual é a do Vinci? Ele veio com um papo de que eu não estava falando com ninguém na sala, sendo que eu estava falando com você. E tenho certeza de que ele viu. – Ela ficou séria.
- Eu disse que não deveria falar com você... Na verdade eu não deveria falar com ninguém. Sou apenas uma sombra nessa escola. – Erick se aproximou mais e também se encostou ao muro do terraço.
- Como assim? Ninguém deve ser excluído, somos uma sala, devemos ser unidos!
- Esse papo é para eles. Eles são a sala, eu não faço parte daquela sala... – Ele franziu a testa.
- Mas do que você esta falando, Lua?
- Chega! Eu só não devia falar com você nem com ninguém! – Ela caminhou para a porta da escadaria.
- Espera, eu não quero parar de falar com você... – Ele a seguiu. – Eu... Só...
- O que? Pensou que teria chance comigo? Ah qual é... – Ela parou e virou-se para ele – Eu sou uma desconcertada na sala e você o cara rico e popular! Não podemos ter um futuro nem como amigos. – Ele notou em seu rosto vermelho uma lágrima rolar e ela se virou para escondê-la.
- Lua... Eu só queria conversar com você. Por que não posso? – Ela ficou quieta por um tempo.
- Me encontre aqui de novo ás dez horas ok?
Ela desceu as escadas rapidamente sem nem olhar pra trás. Erick ficou ali plantado, olhou para as nuvens passageiras no céu azul e parou para pensar no pedido da garota. De noite... Mas como ele entraria na escola á essa hora?... Escola! A aula!
O intervalo havia acabado á vinte minutos e ele parado no telhado da escola olhando as nuvens feito bobo. Correu para a sala e entrou de fininho para que o professor não notasse sua chegada extremamente atrasada. Erick passou o resto do dia pensando na chagada da noite, e no que Lua diria ao encontrá-lo no terraço no meio da noite. Poderia ser qualquer coisa, uma confissão talvez. Talvez ela só dissesse que eles não poderiam ser nem amigos porque não estava acostumada com atenção. Talvez ela gostasse dele, mas não quisesse admitir ali no meio do intervalo, afinal ela não conversava enquanto o professor falava... Talvez nem conversar no intervalo ela gostava. Mas essas perguntas só poderiam ser respondidas quando ele a encontrasse, no terraço da escola ás dez horas.
Em casa, Erick não parava quieto. Estava inquieto e ansioso demais para fazer alguma coisa. Quando olhou no relógio na parede da sala de estar, marcava nove e meia e não aguentava mais esperar. Disse a mãe – Que era a única em casa – Que iria sair, ele pegou a carteira e saiu voando pela porta que não deu nem tempo de sua mãe responder. Ele pegou o trem apressado e batia inquieto na janela do trem achando que assim ele andaria mais rápido, ao descer na estação ele andou depressa até a escola, ainda pensando em como entraria numa escola fechada no meio da noite. Se havia câmeras de segurança ele não ligou. Pulou o muro vermelho e azul da Olivan High sem muito esforço. Deu a volta no prédio e entrou pelos fundos, subiu as escadas ferozmente, parecia que iria casar e estava atrasado uma hora deixando a noiva no altar esperando. Ao abrir a porta que levava ao terraço da escola, Erick quase paralisou. Lua estava com seus cabelos soltos sendo levados pela brisa noturna, eram como uma cascata de chocolate, seus olhos estavam fechados, mas mesmo sem ver os cristais azuis que eles eram ele podia sentir o brilho que eles emitiam.  Ela vestia o uniforme da escola, mas ele usava uma camisa branca com um jeans novinho e tênis que também eram de marca. Ele chegou ofegando um pouco por conta da correria toda. Ela notou sua presença e abriu os olhos levemente, e se virou de frente para ele. Eles estavam a poucos metros de distância, mas podiam sentir um ao outro como se estivessem á um centímetro. Ela abriu a boca para dizer alguma coisa e quebrar o silêncio, mas ele foi mais rápido:
- Eu gosto de você, Lua! ... Não sei explicar, mas eu gosto de você. – Ela corou sem tirar os olhos dos dele.
- Não pode. Não podemos...
- Não podemos o que? Ficar juntos? Namorar? Ser amigos?
- Erick... Eu...
- Por que Vinci disse que eu não falava com ninguém sendo que eu estava falando com você?
- Erick!
- O que?
- Eu estou morrendo!