História Coração de Lua - O fura olho

Erick não dormiu direito. Na manhã seguinte sentiu um formigamento estranho vindo da ponta da cama subindo em seu peito. Era o hamster do seu irmão, levou um susto, pois seu despertador tocou na mesma hora em que ele avistou o bicho bem na sua cara.
- Jaaaameess! Tire esse bicho daqui! – Gritou ele para o irmão e a rua inteira ouvir.
- Ah! Einstein o que faz aqui? Te procurei em toda parte! – O baixinho entrou no quarto se referindo ao hamster.
Erick levantou da cama pronto para dar um tapa no irmão, mas o nanico foi mais rápido, pegou o bichinho e saiu correndo da quarto do irmão. Erick tomou seu café da manhã com sua mãe:
- Bom dia querido. E como vai a paixão que não é paixão? – Ele corou.
- Bom dia mãe. Não tem paixão nenhuma.
Mesmo ele já tendo se confessado, ainda não era oficial que estivessem namorando, pois afinal Lua estava em coma. Ele foi para a escola como sempre, e encontrou Vinci no trem conversando com Matt. Decidiu falar com eles, pois não conversavam á alguns dias.
- E ai meninos? – Eles pararam a conversa, Vinci o ignorou olhando para a janela do trem.
- E ai Erick? Quanto tempo hein cara... – Disse Matt – Não fala mais com a gente... O que houve?
- Pois é, recebo muitos telefonemas da minha namorada durante as aulas, não dá nem pra respirar. – Erick pensou “a maior mentira de todos os tempos”
- Hum, namorada. Aí sim hein cara. – Matt pareceu impressionado, enquanto Vinci não tirava os olhos da paisagem a fora.
- É... Essas meninas de hoje não deixam a gente em paz. – Eles riram.
O alto-falante do trem anunciou: “Estação Greenvill, Estação Greenvill”.
- É a nossa parada, cara. – Matt se aproximou da porta do trem.
- Lá vamos nós. – Brincou Erick.
Vinci não disse uma palavra durante o caminho todo da estação até a escola, enquanto Erick e Matt conversaram o tempo inteiro. Ao chegarem á sala de aula, Vinci foi falar com outras meninas, umas que ele não falava normalmente, Erick perguntou a Matt:
- O que houve com o Vinci?
- Ah, ele esta com ciúmes. Disse que você furou o olho dele.
- Eu? Com quem?
- Nancy é claro!
- Mas eu nem gosto da Nancy! Acabei de falar que tenho namorada.
- Acontece cara, que a Nancy tá parada na sua. E você de tapado não notou até agora! – Erick ficou besta, não tinha mesmo notado a atração da garota por ele.
- Nossa cara, foi mal. Eu realmente nem notei.
- Agora já era cara. Perder um amigo como o Vinci é como perder um parente.
- Todos sentados! – Pronuncia a professora de arte – Hoje vamos terminar a pintura da aula passada, então peguem suas telas na sala de materiais.
Alguns alunos foram pegar suas telas e outros esperaram o amontoado de gente diminuir. Erick sussurrou para Lua:
- Oi.
- Oi Erick. O que houve? – Ela disse normalmente.
- Depois te falo. – Ele sussurrou.
Após pegarem suas telas, os alunos voltaram para a sala e terminaram seus desenhos. Erick tentou arrumar sua pintura de riacho com pedras, mas nada adiantou o desenho tinha mesmo saído horroroso, com traços tortos e a tinta que usou para ser a água se misturou com o verde da grama ao redor. A professora fez uma careta ao ver a pintura e no final Erick acabou com uma nota abaixo da média que teria que lutar para recuperar. Nunca foi bom e arte, nem em Literatura, mas sempre conseguia as notas na média. Não que isso importe agora, pois ele estava preocupado com sua amizade com Vinci, que o ignorava como ignoravam Lua. Falando em Lua, a morena pintava um lindo céu estrelado com uma lua brilhante no alto, uma árvore em sombra preta no canto de baixo da tela. Ela realmente desenhava bem, parecia gostar muito da atividade. Erick a observava com os olhos brilhando, reparando em cada detalhe de seu belo rosto, cada movimento com o pincel. Ela o olhou e ficou vermelhinha, fez um gesto indicando que iria jogar a tinta nele se ele não parasse de olhá-la. Ele riu rapidinho e baixinho, guardou seu material de pintura. Já que ela tinha a liberdade de fazer o que quiser estava gargalhando da cara dele de vergonha.
No intervalo, Beca sobe ao terraço novamente – já que ela disse que sempre lanchava lá provavelmente a veria com frequência – levou seu lanche natural novamente, desta vez um pão integral com queijo, Erick ficou curioso e perguntou apontando para o lanche de Beca:
- Você é vegetariana, Beca? – Ela o olhou enquanto abria o suco de caixinha.
- Deu pra notar? ... Ás vezes não dá pra aguentar sabe... Pobres animaizinhos! – Ela deu um gole no suco, Erick deu risada de sua aflição pela comida.
- Que legal, sabe achar um jeito de ajudar os animais. Bem legal de sua parte.
- Obrigada. – Ela sorriu.
Lua estava lá também, comia sorridente seu sanduíche de atum. O sol era forte e o vento mal soprava, algumas nuvens no céu azul flutuavam para o sul. Ao terminarem de comer desceram para a sala, Beca foi ao banheiro antes de entrar na sala então Erick seguiu com Lua. Erick entediou-se com as duas aulas seguidas e começou a conversar com Lua através de bilhetes:
- “oi”
- “O que você quer?” – A letra de Lua era linda. Para ele tudo nela era lindo.
- “Estou entediado”
- “Preste atenção na aula, química é importante!”
- “Grande coisa... Matemática também é”
- “Então pare com esses papéis!!!”
- “Não dá... Sua letra é linda!”
Ela leu esse último bilhete e sorriu, ficou com as bochechas vermelhas, mas continuou com os olhos no professor. Ele não parava de olhá-la, mas também conseguia ouvir a explicação do professor. Ele entendia tudo, Erick era muito inteligente. Porém além dele e Beca que não tirava os olhos do próprio caderno – estava rabiscando um desenho do professor – tinha mais alguém que não olhava para o professor: Nancy. A garota fitava Erick como se fosse um ator famoso de cinema. Nancy era bonita, a garota mais popular da escola, ela tinha o time de futebol inteiro só para ela, mas por que será que estava de olho em Erick? Mesmo ele sendo bonito e inteligente, ele não se destacava muito, afinal os garotos da Olivan High eram lindos. Nancy o desejava com tudo o que tinha, porém ele não a queria, mas como explicar isso a Vinci para ele voltar a ser seu amigo?