História Coroa Cruel - Seleção

Acordei num susto com Meg cutucando meus ombros.
- Alteza, seu teste começa em uma hora.
Estava tão cansada e sonolenta que o que eu havia entendido era "jereza muchilaqui tcho rora"
  - Que?
  - Seu teste!
  - O que tem ele?
  - Começa em uma hora!
  - E daí - resmunguei me virando para o lado.
  - Me perdoe por isso. - disse Meg, puxando minhas cobertas e me empurrando da cama.
  - Meg, você é uma chata. - me levantei aos tropeços e fui para o banheiro. A banheira está cheia, a água estava quente e havia espumas e pétalas de rosa dentro. - Mas tem suas virtudes.
Antes de entrar na banheira, me olhei no espelho e vi que os machucados do meu rosto estavam quase sumindo. Nada que uma maquiagem não cobriria.

Faltava meia hora para meu teste. Estava me dirigindo a sala do café, vestindo um vestido azul delicado que ia até meus joelhos, calçava um par de saltos prateado e meu cabelo estava preso em uma trança.
- Você está esplêndida, querida. - disse minha mãe quando entrei na sala.
- Bom dia, mãe. - lhe dei um beijo e sentei ao seu lado. Meu pai não estava lá, e Pietro estava lambuzando um pão com creme de amendoim. - Como foi a noite, Piti?
- Eu sonhei que era um super herói que voava, e tinha um monstro gigante que todos temiam e eu fui lá e o matei. Todo mundo me agradeceu.
- Uau - eu disse em meio as risos.
  Pietro estava contando suas histórias, quando Mark, o mordomo, abriu a porta.
- Majestade. Alteza. - disse ele nos cumprimentando. - Seu professor está lhe esperando na sala de música.
- Que horas são? - perguntei
- Dez pras oito, senhorita.
- Ahh, estou atrasada. - respondi me levantando. - Avise o que já vou.
- Alteza. - disse ele se retirando.
- Você vai na minha seleção? - perguntei a minha mãe.
- Oh querida, infelizmente tenho uma reunião daqui a meia hora. Mas me mande notícias quando você terminar. Boa sorte!
- Tudo bem, obrigada.

Eu estava completamente atrasada, Sr. Wallent meu professor de música estava me esperando nervosamente na sala de música.
- Elizabeth sua audição é em dez minutos e nós estamos a vinte minutos do local de apresentação.
- Então não vamos mais perder tempo. - disse correndo para seu lado e pegando sua mão.
O trajeto era longo e empoeirado, e como estávamos atrasados optamos pelo carro.
O local da audição era enorme e enfeitado, seu prédio lembrava castelos antigos, e em sua frente continha um jardim de orquídeas brancas.
A sala de apresentações estava lotada com as pessoas que iriam se apresentar, entrei correndo no meu camarim e dei uma última olhada no espelho.
- Lembra das notas ensaiadas? - disse Sr. Wallent atrás de mim.
- Sim - respondi
- Então vai lá e mostre a eles todo o seu potencial. - disse ele entre sorrisos - Estou orgulhoso de você Elizabeth!
- Obrigada Sr. wallent, lembrando que eu não teria conseguido sem sua ajuda.
- Certo, agora vá, você será a próxima a ser chamada.

O salão está cheio de olhares esperando minha apresentação, os jurados estavam sentados a uns 10 metros de mim, e eu estava tremendo dos pés a cabeça.
- Alteza - comprimento um deles. - Estamos prontos para ouvi lá.
Peguei meu violino e o posicionei em meu ombro, segurei o arco com a mão direita e comecei a tocar a melodia suave. O medo que antes estava em mim foi substituída por uma adrenalina em minhas veias, toquei todas notas dando o meu melhor, pois assim que acabei acordei para a realidade e voltei para a sala de apresentações.
Os jurados estavam todos me encarando como se estivessem entediado.
- Então...?- comecei
- Você receberá seus resultados em alguns dias, Elizabeth. Tenha um bom dia.

- Você foi ótima! - disse Sr. Wallent assim que entrei no camarim.
- Acho que não fui muito bem para os jurados, eles estavam todos com cara de tédio.
- Eles não demonstram reações, isso é normal. Mas você foi ótima, vi que você deu o seu melhor.
- É, foi isso mesmo.

A viagem de volta até o palácio pareceu durar horas, por mais que  passasse bastante tempo que eu estava fora, haviam se passado apenas duas horas.
Entrei no palácio e estava me dirigindo ao meu quarto quando fui barrada por uma criada.
- Alteza.- comprimento ela. - O rei espera você em seu escritório.
- Ok, obrigada.
Ela se despediu com uma referência e eu fui em direção ao escritório de meu pai.

Entrei no escritório e meu pai estava sentado em sua cadeira, com os óculos na ponta do nariz olhando alguns papéis.
- Pai?- o chamei - Você queria me ver?
  Ele levantou a cabeça e tirou os óculos.
- Soube que hoje era sua apresentação para a seleção. Como foi?
- Bem, foi ótimo, dei o meu melhor e creio que toquei muito bem, os jurados não demonstraram nem uma reação, mas estou confiante de que fui selecionada.
- Isso é ótimo querida! - disse ele levantando de sua cadeira. - Mas não foi para isso que eu a chamei exatamente.
Um calafrio subiu minha espinha, meu corpo estava tenso e minha vontade era de sair correndo.
- Você sabe que não gosto de ser desafiado, Elizabeth. Muito menos pela minha própria filha. - ele estava escorado em sua mesa me encarando fixamente. - Você em breve assumirá o meu lugar, e eu não quero que você seja uma rainha incompetente. Por isso eu te educo.
- Sim, senhor. - foi tudo o que consegui dizer.
- Ontem a noite você me desafiou indo até a sala de jantar mostrando seus machucados.- disse ele se dirigindo até um armário que tinha no canto do escritório - E eu não quero que isso se repita.
- Lhe garanto que isso não irá mais acontecer, senhor. - disse. Eu estava tão dura que se alguém tocasse em mim agora eu não sentiria.
- Eu sei que não. - respondeu ele pegando um chicote de couro dentro do armário. - Mas eu preciso te dar uma lição a cada erro cometido.
- Não acho que sej... - comecei
- VIRE SE.