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História Corrompidos - 01. O começo do meu fim


Escrita por: mackenzie-

Notas do Autor


Espero que gostem da fanfic, amores! Mas antes de tudo, um aviso:
>Fanfic criada por mim, enredo, falas e os personagens originais são completamente meus, portanto, qualquer outra reprodução será considerada plágio (Com direito meu a ir até a delegacia e prestar queixa)
> Justin Bieber e Dove Cameron não são meus, porém as falas, ações, e pensamentos são sim.
>Não estou fazendo apologia em momento algum a drogas, crime, transtornos e etc.
>A fanfic não e movida por comentários e favoritos, faço porque gosto, mas estimulo, sugestões, críticas e elogios são sempre bem-vindos, terei coração e a mente aberta para isso (Adoro todos, viu? hihihi)

Capítulo 2 - 01. O começo do meu fim


Alaska

A necessidade constante de ter uma gota de álcool em meus lábios era torturante. Não me considero uma alcoólatra, mas desejar com que o saboroso amargo escorra brutalmente em minha garganta não é algo normal. Beber de vez em quando é comum, agora todos os dias é questionável. Aderi essa terrível constância com minha mãe, que morreria todos os dias e gastaria os seus milhões em remédios e bebidas. Candace é uma atriz renomada, porém está se destruindo cada vez mais com sua depressão; ela se cegou com os holofotes, e deixou a carcaça de seu corpo morrer diante as câmeras, contudo, os diretores de cinema não se importam com sua terrível e dolorosa morte que está acabando com quaisquer esperança lentamente, eles se importam, na verdade, com o dinheiro que pode sugar com os sucessos que seus filmes são.

Nunca me dei bem com ela, quando criança Candace era focada no dinheiro. Ela me amava, isso é fato, porém me distanciei dessa ideia com o tempo, assim como estou me distanciando de minha família aos poucos; mas eu preciso salvar Matty, meu único irmão que ainda não está corrompido pela família Collins e sua cabeça doentia. Infelizmente, já fui infectada, porém posso tentar salvar a única alma não tão doente que nos resta. Fui diagnosticada com transtorno bipolar aos sete anos, aos onze, complexo de ansiedade. E aos vinte e um busco incansavelmente pelo conforto, que não encontro em nenhuma alma, nem na minha.

— Senhora? — meu olhos se desfocam da parede cor creme para a gorducha que acabara de passar minhas compras. Ela me olha como se eu fosse uma louca, talvez ela estivesse com uma pontinha de razão.

— Desculpe, quanto deu?

— Trinta e seis dólares e noventa centavos — repetiu.

Abro minha bolsa, vasculhando uma nota de cinquenta; jogo na frente dela, saindo dali sem me importar com o troco.

Essas ruas são tão apertadas e fechadas que me dão paura. Sempre vivi em cidade grande, em luxuosos prédios, com pessoas tão bem vestidas que preferiam vender o próprio órgão a vender suas roupas. Todavia, carro resolvera quebrar justo aqui, neste fim de mundo. Os moradores falam alto, e estou começando a crer que todos se conhecem, pois sempre vejo senhoras conversando na calçada, ou um grupo de amigos nas mesas de bares. Estou aqui há tão pouco tempo, menos de horas, e já odeio todos com quem troco olhares. Minha classe é bem mais superior do que a deles, e estar tão próximo de gentinha assim me dá nojo.

O único hotel –e o melhor daqui- era no mínimo aceitável, eu já havia ficado em melhores, muito melhores.

Os carros que passavam por mim passavam devagar, sem pressa. Famílias saiam de restaurantes com um sorriso no rosto, como se acabasse de ganhar na loteria. Namorados iam e vinham se beijando e trocado carícias. Crianças sorriam, e se divertiam; uma típica cidade pequena reservada para famílias e idosos. Isso tudo parece muito com um filme dos anos oitenta, no qual em cada cena há uma cantoria desnecessária.

Ao ver a mecânica, atravessei de uma rua para outra correndo, com medo com que algum carro me atropelasse, mesmo estando ciente que todos aqui respeitam as leis de trânsito de uma forma rigorosa. Meus saltos fizeram barulho quando pisei no concreto do lugar, atraindo a atenção de todos os homens que trabalham ali. Os meus olhos percorre por toda a extremidade, buscando o cara que me atendeu há horas atrás, e me dissera para voltar em cerca de uma hora para o mecânico me dar a visão geral do que precisa fazer.

O lugar tem cheiro de suor, graxa e pneu queimado. As paredes estão repletas de ferramentas penduradas por um suporte, a maioria dos homens ali eram ou gordos demais, ou musculosos demais, não havia meio termo. Os carros estavam levantados por um suporte, já outros, apenas erguidos por macacos, outros sem pneu, alguns com o capô aberto. Parece que o ramo de mecânica era bem disputado, vendo a quantidade de carros aqui, nem parece que as ruas desertas rondam tantos.

Alguns caras me fitam com desejo, já outros, me ignoram. As blusas encharcadas e sujas não me atraiam nem um pouco, sem contar a barba por fazer.  

O careca se aproxima, permaneço ali, com uma mão no bolso e a outra segurando a sacola juntamente com minha bolsinha. Ele aponta para um lugar, diz algumas coisas, e assente quando saio. Jogo uma mecha de meus fios loiros para trás do ombro, e, enquanto me aproximo observo os músculos das costas de um albino se contrair. O capo do meu carro está aberto, e o homem remexe ali, incisivo.

— Qual é o diagnóstico? — indaguei, ríspida.

O loiro-moreno volta a posição ereta, limpado a ferramenta com um pano sujo de graxa. Meu olhar dança sobre o seu abdômen bem malhado, e às tatuagem que cobre toda sua pele. O peito, braço, e ombro estão desenhados por todo o tipo de coisa que eu conseguia imaginar no momento, embora eu quisesse manter-me ali, admirando aquela arte, não pude conter o tesão ao ver os lábios cor de rosa. Em seguida os olhos escuros cor de mel, e o cabelo loiro desgrenhado. Em sua têmpora escorre uma gota de suor, e eu me pergunto há quanto tempo ele está aqui, neste forno, porque lá fora o frio está congelando meus ossos.

Percebo que ele mapeia meus seios, coxas e então volta a me encarar nos olhos. Não me intimido com aquela feição fechada, retruco. Um sorriso sacana se forma em seus lábios, e a única coisa que consigo fazer é ficar séria, sabendo exatamente que em sua mente se passava mil formas de me foder em sua cama, ou no banco de trás do seu carro. Seus olhos me fitam longamente, como se estivesse extraindo todas as informações possíveis sobre mim.  

— Seu carro está com o motor pifado, a bateria se esgotou, e parece que você não troca o óleo dessa belezinha há muito tempo, huh? — ele tranca o maxilar, batendo de leve no metal com a mão aberta.

— Quanto fica?

— Se devendo ao fato de ser a porra de um Porsche Panamera, ficará em torno de vinte, vinte e cinco mil.

Assenti, ainda séria. Ele fica me encarando. Aquilo estava começando a ficar constrangedor.

— Quer parar de me encarar? — revirei os olhos.

— Eu não estou te encarando — fez um movimento rápido com a cabeça, tombando-a um pouco para o lado.

— Conheço o tipo de cara que você é — neguei com a cabeça.

— E qual tipo de cara eu sou?

— Responda você mesmo — entreabri a boca, desfazendo-me do sorriso.

— Eu também conheço o tipo de garota que você é...

— Não estou aqui para bater papo com você, caipira.

Ele não se ofendeu nem um pouco, apenas voltou a sua posição ereta, e, ao fazer isso, suas clavículas se destacam contra sua pele morena, o sorriso desabrochou mais, mostrando-me seus caninos, e a cor aveludada de seus olhos me medem, como se estivesse lendo-me.

— Qual é o seu nome? — perguntou, curioso.

— Está perguntando para quando você estiver me comendo colocar em sua listinha de vadias? — ri pelo nariz.

Ele não pareceu se abalar, mas aquele sorriso se alargou ao ouvir minha resposta.

— Eu não tenho uma listinha, baby-doll. — contou-me, cruzando os braços, deixando seus músculos se aumentarem — Na realidade, eu sei o nome de todas.

— Ah é? — ergui uma sobrancelha — Qual é o nome da garota da noite passada? — mordi o lábio inferior, cruzando os braços igual a ele.

— Não teve nenhuma garota noite passada — era engraçado como ele não parava de sorrir.

— Teve sim.

Ele me encarou por um longo segundo, como se me desafiasse. Entretanto, no jogo de sedução, eu sempre vencia.

— Ok. Teve três garotas.

— Três garotas em uma noite, surpreendente... — assenti de leve — Me diga o nome delas.

— Lorena, Amanda e Jennifer — ele sorri mais ávido.

— Certo, agora me diga o nome real delas, e não das meninas com nomes comuns e repetidos que você sempre se deita.

Seu sorriso diminuiu um tiquinho, porém eu já estava feliz de fazer aquela feição se desabar aos poucos.

— Qual é o seu nome? — indagou, novamente.

— Você realmente não me conhece, huh? Que cidade mais desatualizada — neguei com a cabeça.

— Justin! — o careca se aproximava atrás dele.

— Agora eu sei o seu — desta vez o meu sorriso que aumentou enquanto dei ênfase no ‘eu’.

— Precisam de você lá na Charge Vintage.

Justin não tirou os olhos de mim enquanto o chefe dele falava, mas logo girou os calcanhares, saindo dali. Tratei de ir pagando e assinando papéis necessários; admito que o pessoal dali não é tão desprezível, apenas... aceitável.

Dei uma ultima olhada no meu carro quando passei por ele, e, ao avistar a porta novamente, andei em caminho a ela, até que escuto a voz grossa e moderada.

— Eu vou te ver ainda, baby-doll. Você sabe disso.

Me senti orgulhosa ao erguer o dedo do meio enquanto saia. Eu não podia ver seu rosto, mas sabia que ele estava sorrindo de ponta a ponta.

•••

Me atrapalhava ao tentar alcançar o meu celular na cabeceira da cama. A toalha escapava de minha mão, ameaçando cair ao chão, porém consigo segurar com sucesso a ponta da mesma. Agarrei o tecido grosso e felpudo contra o meu corpo, tampando apenas os meus seios e minha intimidade, deixando a bunda  e as costas à mostra. Meus dedos tremem e deslizam pela tela do celular, aceitando a chamada de Matty.

— Alô — digo, tentando me acalmar.

— Alaska? Onde você está?! — sua voz soou tão desesperada que fez com que todo meu fôlego se esvaísse.

— Estou em alguma cidade no interior de algum lugar que eu não sei. Sai do Canadá às pressas dirigindo, acabei aqui com o carro quebrado e...

— Quando você volta para a casa?

— Eu não sei, Matthew... — dei de ombros, mesmo que ele não pudesse ver — Talvez dez... quinze dias.

A linha ficou em silêncio.

— Alaska, isso é sério?

Soltei um aham, enquanto fechava os olhos fortemente aguardando sua resposta.

— A mamãe está pior do que antes, não para de fumar, beber... E o papai nem me diz, ele... ele... ele está louco. Por favor, venha para casa.

— Matty, eu... — suspirei, me jogando na cama, deixei com que minhas costas batessem duas vezes no colchão até eu ficar parada, nua e, olhando para o teto — Estarei em casa logo...

— Você tem que parar com isso, Lask... Você não pode simplesmente sumir quando quer, a vida não funciona assim. — ele grita.

— Eu não estou sumindo, estou fugindo... — sinto meus olhos marejaram.

— Fugindo de quem? — gritou novamente, e eu apenas consigo secar as lágrimas com o dorso da mão.

— De mim mesma.

Ele fica em silêncio novamente.

— Alaska... Eu... — ele respira fundo — Apenas volte logo, ok? Eu preciso de você aqui, e meu aniversario é daqui algumas semanas, vou completar dezoito anos e quero fazer uma festa.

— Você terá a festa... — levantei-me, sugando o nariz enquanto procurava por uma roupa.

— Eu te amo, Lask — disse ele, baixinho.

Paro de mexer em minha mala, e respondo com calma:

— Eu também te amo, Matty.

A linha ficou muda, então, ele desligou.

Matthew é o membro mais novo da família, ele nasceu quatro anos depois de mim, era para ele ser o membro salvador do casamento falho de minha mãe, porém não funcionou. A nossa vida continuou uma merda e minha mãe afogada em sua depressão. Meu pai nunca se deu o luxo de sair com Matty para jogar basquete ou futebol, então eu fazia isso no lugar dele. Nós sempre fomos muito juntos, aliados para o que der e vier, contudo a minha bipolaridade foi se expandindo cada vez mais, e a ausência de remédios controlados fora o meu fim. Matty precisa de mim, sou o único membro em sua vida que pode confiar de olhos fechados, entretanto, não consigo manter uma relação duradoura sem querer fugir.

Matthew é a minha esperança de uma vida melhor, mas não é a minha salvação.

Visualizei o meu visual da noite. Um short cintura alta azul-claro, um cropped cinza de tricô e uma blusa por cima que vai até a metade do meu joelho, e minhas botas pretas, marca registrada de Alaska Collins. A maquiagem deixei bem leve, forrando minha pele de um pó e nos olhos apenas uma camada de delineador. Nos lábios usei um vermelho, vermelho sangue.

Com minha bolsa em mãos parti pelas ruas da cidade, torcendo para que haja pelo menos um barzinho aberto para saciar a vontade incontrolável de beber.  O vento batia de leve em meu rosto secando meus cabelos loiros de uma só vez. Ajeitei minha argola no nariz pois dificultava cada vez mais a respiração com o ar gelado. O salto de minha bota fazia barulho em contato com o asfalto, e meus olhos começam a enxergar as luzes azuis e roxas vindas de uma porta de veludo. Há uma fila imensa que dobra a esquina, então acompanho as pessoas até encontrar a entrada.

A balada Red Carpet fica num beco, as portas abertas são acolchoadas e na frente há dois seguranças imenso e por algum motivo, de óculos escuros. Empertigo-me, jogando meus cabelos para trás do ombro e tentando mostrar o máximo de decote possível. Quando paro na frente de um dos caras imensos, deixo com que meu sorriso mais bonito desabroche; o homem apenas desce o olhar para mim, olhando para os meus seios e em seguida para minha face. Antes que eu dissesse alguma coisa o rosto dele desmorona em um sorriso esbelto.

— Você é Alaska Collins. — ele se aproxima um pouco e eu recuo — Você é Alaska Collins, filha da Candice Collins.

— Em carne e osso — pisco para ele.

Algumas pessoas da fila reclamam mas logo percebem que sou. Era disso que eu estava fugindo. Era dessas pessoas que eu queria me esconder. Garotas começam a gritar meu nome, me cercando. As pessoas se aglomeram, e eu fico sem reação. Isso já havia acontecido antes, e em proporções maiores, contudo, desde que cheguei isso não havia acontecido. Homens assobiam para mim, e, incrivelmente, se juntam com as garotas. Quando vejo o primeiro celular sendo erguido para tirar uma foto minha, trato de me esquivar e passar por entre os seguranças e ser engolida pela escuridão do local, envolvendo-me com a música alta e pessoas dançando.

Com a respiração mais controlada, percebo que eu precisava de um drink o mais breve. Me esgueiro entre as pessoas, batendo ombro com ombro e recebendo xingamentos que não conseguia escutar pelas batidas do DJ.  Ao ver as banquetas vazias na frente da imensa mesa colorida, dou uma corridinha e me sento ali. O garçom se aproxima, e sem pensar duas vezes peço que traga uma dose de Jack Daniel’s. Ele sorri para mim, entregando-me a comanda na qual havia um risquinho na bebida alcoólica.

Ao pressionar o lábio contra o copo sinto uma sensação maravilhosa de prazer, o gelo toca no meu lábio inferior ao virar o copo, e logo o líquido marrom acaba. Me viro para o moreno, pedindo Absoluty Vodka Citron. Ele me trás, e, desta vez, bebo mais devagar, me deliciando com o gosto.

O cheiro de One Million invade as minhas narinas, forçando-me a ser atraída por ele. Justin.

— O que faz aqui? — ele pergunta.

— Ah... Você sabe... Só plantando uma mandioca e tudo mais... — reviro os olhos, e ele cai na gargalhada.

— O seu humor me atrai demais garota — disse, girando o banco para me encarar, permaneço com o olhar na pista.

Seus dedos fazem uma dancinha na borda de seu copo, e, quando ele para, a sua digital está marcada ali. O frio com o contraste do quente de sua mão proporcionou este feito.

— Fui engraçada? Me desculpe, estou tentando ser o mais desprezível possível.

— Ah, é? Você não está conseguindo. — consigo ver com a minha visão periférica o seu sorriso canalha.

— Desista, Justin. Você não vai conseguir me levar para cama — deixei meu olhar cair sobre o dele, o encarando com desdém.

— Não estou tentando te levar para cama, baby-doll, estou tentando conversar com você...

— Então por que não conversa com o trio que só falta babar em você? — apontei discretamente para a pista — Elas estão tentando chamar a sua atenção com aquela dança ridícula faz um tempo...

O copo novo cheio de bebida está na bancada quando me viro, aquele garçom era rápido, e eu estou amando isso. Agarro o copo e me viro para encarar as pessoas. Agora que eu percebi o quão se vestem mal. As mulheres usam tops que forçam seus seios para cima, e shorts tão curtos que está a beira do ridículo, os saltos passam dos quinze centímetros; algumas usam rabo de cavalo, já outras, deixam o cabelo solto, escorrido. Há algumas que podem se salvar no meio dessa multidão de putas, mas a maioria parecem réplicas umas das outras.

— Moço, você vende Champagne?

— Sim, senhorita — o moreno sorri para mim, parando de secar o copo e se virando para uma prateleira, ele começa a abrir aquela belezura, colocando um pouco na taça, mas eu o interrompo.

— Quero a garrafa inteira.

Ele arregala os olhos, e Justin apenas ergue o dedo para atendê-lo novamente. Pego a garrafa, tocando com meus lábios o bico da garrafa. Aquilo era completamente delicioso.

— Isso é completamente excitante — ele vibrou.

— Você não desiste, não é mesmo?

— Já que eu não vou tê-la esta noite, podemos pelo menos conversar?

— Quem vem a balada para conversar? — rio pelo nariz, porém encolho-me quando uma luz fluorescente atinge meus olhos.

— Quero ficar com você esta noite, baby-doll — completou.

— Ah é? — me levanto, e ele apenas me olha. Aqueles olhos cor de mel penetrantes.

— É.

— Mas, baby, eu sou a noite.

Afasto-me dele, juntando-me as pessoas da pista. Bastou alguns minutos para que eu já não estivesse sóbria. Havia me esquecido de quantas vezes fui e voltei do bar, e já não sentia meus pés de tanto pular. O lugar está tão cheio de bêbados suados, depravados e quase caído, que respirar fundo não adianta; todo o oxigênio já havia sido sugado de lá. Meus ossos estavam saturados com o som do contrabaixo, das garotas tagarelado, a maioria jovem demais para comprar uma cerveja, quanto mais para estar à beira de vomitar meia dúzia de garrafas de Smirnoff Ice que tinham acabado de consumir. A terceira garrafa de champagne que estou ingerindo está pela metade, e ver as pessoas ao meu lado é uma tarefa impossível, pois apenas pequenos flashes de luz vermelha, azul e amarela passava por todos nós em seu holofote imenso. O cheiro dos corpos suados, perfumes baratos e bebidas fortes já havia tornando uma coisa normal, e não um complexo de aromas que não se combinam.

Estou nesta pista há horas, perdi a conta de quantas doses de Jack Daniel’s e Marguerita eu ingeri esta noite, nem ao menos sei que horas são. Talvez, sejam duas da manhã, ou quatro. Mas quem se importa? Ninguém aqui parece ligar para o tempo, se não pode contra eles, junte-se a eles, certo?

Minha cabeça está nas nuvens, deixando de lado a minha promessa de começo de ano em estar sóbria e dedicar-me na faculdade. Grito, ergo meu copo vazio, remexo minha cintura, tudo está tão bem agora que me sinto nas alturas. Quando sinto meu corpo implorar para um arrego, resolvo me sentar novamente no bar. O barman coloca outro copo na minha frente, e então, eu começo a chorar.

As gotas simplesmente escorrem pelas minhas bochechas e caem no balcão, formando uma pequena poça.  Lembro-me de minha mãe, de meu pai, da vida que levei até os dezessete anos. Eu queria gritar, implorar para que as vozes parassem de falar em minha cabeça o quão descontrolada eu sou, mas elas, na realidade, tinham razão.

Com as mãos tremendo, abro minha bolsa e tiro de lá três notas de cem, colocando em cima da minha comanda, o garçom me olha, e eu percebo a confusão em seus olhos, e eu não o culpo, sou uma confusão disfarçada de princesa. Empurro os corpos para sair da minha frente, transtornada e sendo sufocada pelo ar que estou inalando. Sinto vontade de gritar e vomitar. Sorrir e chorar. Sinto vontade de acabar com a raça de alguém e me confortar em um colo alheio, mas em quem irei confiar nesta altura? Há apenas Matty, porém eu o poupo desta tortura emocional.

Ao sentir o ar gélido em minhas narinas, deixo com que mais lágrimas escorram em meu rosto. Caminho sem rumo por essa cidade ridícula mais uma vez, mais sozinha do que o normal. Eu preciso de alguém para preencher o meu ego neste momento, mas não há quaisquer alma viva que consiga passar por isso. Minhas pernas já estão cansadas de tanto andar e eu já não me lembro mais o caminho para o hotel. Caminho por mais um tempo, até que me vejo em um campo de futebol. Não me lembro do trajeto que fiz, apenas sei que consegui chegar ali por conta própria. O local parece ser bem usado pelas crianças, pois ainda há algumas bolas jogadas ali. Algumas árvores preenchem um lado do campo, e ele parece mais vasto que o normal.

Com um grito agudo e cortante, deixo esvaziar todas as minhas emoções. Meus dedos pressionam no bico da garrafa até os nós dos meus dedos ficarem brancos. Minha garganta dói em reflexo do meu esforço, e eu desabo de joelhos no gramado que arranha meus joelhos.

— Baby-doll! — sinto os braços fortes e musculosos de Justin me envolverem. Pressiono minha têmpora em seu peito, gemendo baixinho, sofrendo em silêncio. Ele acaricia meus cabelos, e eu permaneço ali, deitada contra o seu peito, e implorando para que não saísse dali tão logo.

— Justin... — minha voz sai como um sussurro quando me aperto mais contra seu corpo, ele consegue apenas me abraçar mais forte.

— Vai ficar tudo bem... — sinto o seu calor corporal me afagar.

— Não faça isso comigo — murmurei, me desfazendo de seu abraço para olhar em seus olhos.

— Fazer o quê? — toda aquela confiança parecia ter ido embora, deixando apenas um olhar sombrio e reconfortante.

— Porra... — soluço.

Era óbvio que ele não estava entendendo nada do que eu estava dizendo, entretanto eu não queria que esse momento acabasse, fazia tempo que eu não era abraçada deste modo.

E foi aí que eu percebi. Justin será começo do meu fim.  


Notas Finais


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