História Crush on you - Yacht, drinks and mess

Uma semana depois

Nesse momento eu me encontrava bebendo um pouco de suco de morango com leite no andar de baixo, enquanto esperava Hanna acabar de se arrumar. Hoje é aniversario de Alex, então pelo o que eu entendi terá uma festinha no iate dele, isso mesmo um cara acabou de fazer 18 anos e já tem um iate. Seria só para os íntimos, pois Hanna disse que ele não gostava muito de festas grandes, isso é algo que eu tenho que concordar com ele.

Faz bastante tempo que já estou pronta, não me arrumei muito, mas por via das dúvidas estava com um vestido longo bege com detalhes de folhas, ele possuía um grande decote deixando um pouco da minha roupa de banho a mostra; eu amava esse vestido, eu o ganhei ano passado no meu aniversário de 15 anos como presente da minha mãe. Por sorte ainda me servia. Por baixo eu coloquei um biquíni básico preto, eu não pretendia usá-lo de qualquer forma.

Não sou daquele tipo de menina que é supersegura do seu corpo sabe? Desde sempre fui bem cheinha e sofria bastante com isso. Eu amo comer, mas depois do incêndio eu parei drasticamente de comer, fui parar no hospital algumas vezes por isso, aquele foi um tempo difícil, eu não via mais necessidade de comer, andar ou viver, eu me sentia sozinha no mundo. No entanto depois que fui levada ao médico pelas minhas amigas, que por acaso estavam muito preocupadas com minha saúde, eu percebi que eu realmente estava mal e que se eu não tomasse uma providencia acabaria morrendo. Talvez pelo fato do médico ter sido um grande amigo da minha mãe aquilo foi como um tapa na cara da realidade. Depois desse episódio eu sido uma dieta restrita, afinal como sou um tanto sedentária a comida deve ser controlada.

Isso me deixou com uma enorme insegurança com meu corpo, as marcas nele me deixavam tristes, as estrias e celulites ainda estavam lá, bem menores do que antes, mas eu ainda não gostava de mostrar meu corpo. Claro, toda menina da minha idade tem um pouco disso, mas não é por isso que vou deixar de me amar, se me sinto incomodada com meu corpo é uma coisa, mas querer muda-lo pelos outros é outra completamente diferente. Uma vez ou outra, eu me olho em frente ao espelho apenas de lingerie ou até nua mesmo, e repito: “eu sou linda” ou “ caralho como eu sou gostosa”. Mesmo com minhas imperfeições eu ainda era feliz. Já passei por muita coisa nessa vida para ficar toda depressiva por causa do meu corpo.

Toda hora eu tento ser confiante, mas querendo ou não eu não sou de ferro, eu tenho meus momentos de insegurança e vergonha. Mas eu faço de tudo para que eles sejam menores a cada dia.

Enquanto minha mente estava vagando em pensamentos, eu meio que “desperto” quando percebo que meu suco já estava no fim. Reviro os olhos e grito por Hanna, que ainda estava ano quarto fazendo sei lá o que. Ela responde com: “Estou indo”. E eu fico mais irritada, poxa com pode ser tão difícil escolher uma roupa? Um atraso de 30 minutos ainda é aceitável, mas 2 horas já é o cumulo.

 - Cheguei cheguei. – Ela falou afobada descendo apressadamente as escadas. Hanna vestia um short jeans claro meio rasgado, com a parte de cima do biquíni a mostra, era um num tom rosa salmão que amarrava no pescoço, além disso ela vestia um chale ou casaco, não se ao certo, fino e estampado. A loira estava de salto alto e usava brincos de argolas douradas que emolduravam seu rosto.

- Finalmente. – Disse revirando os olhos. – Pensei que tinha morrido no meio do processo.

- Ah cala a boca Mary. – Brincou a loira.

Minha irmã chamou Gabriel, nosso motorista e deu o endereço do lugar. Foi uma viagem de mais ou menos uns 30 minutos, no qual eu conversei com Gabriel a maior parte do tempo enquanto Hanna mexia no telefone. Incrivelmente eu havia feito amizade com Gabriel mais rápido do que imaginava, afinal, eu não sou uma pessoa muito sociável. Conversamos sobre um pouco de tudo e quando chegamos ao nosso destino eu quase quis inventar alguma desculpa para não ir para a tal festa e ficar conversando mais um pouco.

No entanto, aqui estou eu, em frente a um luxuoso iate branco. Com Hanna quase arrancando o meu braço de tanto puxar para entrarmos no iate. Eu não conhecia ninguém, como sempre, porém outra que parecia estar um pouco deslocada era Hanna, a loira parecia procurar com os olhos alguém conhecido a cada dois passos que dávamos. Até que finalmente ouvi um grito:

- HAAANAA. MAARY !- Uma garota nos abraçou por trás me deixando sem ar por instantes. Logo que ela nos soltou pude reconhecer seu rosto, era Kathy, muito, muito bêbada.

- Kathy sua linda. – Hanna a cumprimentou. – Já está esquentadinha em ? – Brincou puxando o copo de plástico vermelho de sua mão.

- Ei me devolve Hanna. – Reclamou a ruiva com a cara emburrada. Parecia uma criancinha, era extremamente fofa. Até que segundos depois ela começou a agarrar Hanna tentando pegar o copo de sua mão. Isso não era nada fofo.

Mas por sorte Dylan surgiu atrás de Hanna e pegou o copo facilmente da mão da loira, já que era bem mais alto.

- Isso fica comigo. – Disse o moreno, encarando a namorada com desaprovação. – Você prometeu que não ia mais beber Katherine.

- Mas... – A ruiva fez biquinho e encarou os próprios pés, com a postura de que foi pega no flagra.

- Sem mas, ou você para de beber ou voltamos para casa. – Dylan jogou o conteúdo do copo para fora do iate com uma cara nada boa. – Estamos entendidos?

- Sim.- Sussurrou a ruiva que agarrou o braço do namorado um segundo depois.

Dylan revirou os olhos a abraçou Kathy de lado, até que seus olhos param em mim e em Hanna que continuávamos no mesmo lugar, apenas encarando o casal.

- Ola menina, desculpe não ter falado com vocês antes. – O moreno sorriu e bebeu algo do seu próprio copo. – Agora se me deem licença eu vou levar ela para algum lugar mais quieto.

- Sem problemas. – Falei sem ao menos perceber que as palavras saíram da minha boca. Dylan assentiu e saiu pela multidão com Kathy ao seu lado.

Eu olhei ao redor e percei que não eram tantas pessoas quanto eu idealizava, umas 20 no máximo, todas aparentemente ricas suponho, pelo modo que riam até os silicones que saltavam dos sutiãs de algumas meninas. Meus olhos param assim que reconheci Justin do outro lado do iate, no que parecia ser um lugar meio privado perto de umas das mesas, era uma piscina pequena, na qual ele, Victoria, Alex, John e Megan estavam.

- Megan? – Quando percebi já estava em frente à mesa. Talvez pela surpresa de ver minha amiga ali, tenha tirado toda a minha timidez.

Ao perceber minha presença a loira deu um gritinho e se levantou rapidamente da piscina.

- Mary! – Disse a loira me abraçando toda molhada. – Meu deus a quanto tempo não te vejo?

- Muito. – Respondi sem saber ao certo a quantidade de dias que não a via, nunca fui boa com números.

- Estava morrendo de saudades. – Ela falou animada. Megan tinha um corpo de dar inveja eu não podia negar, ela estava apenas de biquíni, era um modelo simples roxo que mesmo assim realçava todas as suas lindas curvas.

- Não vai falar com o aniversariante, não é? – A voz de Alex me fez abrir um grande sorriso, ele assim com Megan estava ensopado, mas eu não liguei e apenas me joguei em seus braços, eu já me encontrava molhada mesmo.

- Feliz aniversário! – Disse rindo e voltando ao chão.

- Obrigado. – Alex abriu um lindo sorriso que me fez perder o fôlego, ele era o tipo de garoto que toda menina se apaixona.

- Ei da licença? – Senti um ser pequeno e loiro me puxar para trás, era Hanna, fingindo estar completamente indignada por ter sido deixada para trás. – Ele é meu amigo, eu o achei primeiro, então eu tenho prioridade, tá querida?!

Minha irmã fez uma pose de menina mimada que me arrancou risos, logo vi a mesma se agarrando a Alex como se ele fosse o ultimo chocolate do universo. Ele riu da atitude da loira, mas logo a apertou forte contra si. Eu podia jurar que vi algo diferente no rosto de Alex, só não sabia o que era.

- Não vai falar comigo não? – Perguntou aquela voz rouca que conseguia me tirar do sério como ninguém jamais conseguiu. Justin estava a minha frente, como os outros, todo molhado; vestido numa bermuda laranja ele conseguia fazer qualquer uma perder o folêgo apenas com aquele sorriso.

Sem que eu me desse conta eu estava sorrindo, não sei porque, mas uma onda de alegria me tomou. Acredito que depois do episódio que tivemos semana passada, depois de termos compartilhado um pouco da nossa história um com outro, eu me sinto mais leve do que nunca. Eu o considero com um amigo, pois por algum motivo, eu confiava nele.

- Justin! Eu nem tinha te visto. – Falei com um sorriso sapeca, sentindo suas mãos em minha cintura. Ele me puxou para um abraço repentino, me surpreendendo, eu pousei as mãos em seus ombros e ri de leve.

- Mentirosa. – Ele sussurrou em meu ouvido me causando um arrepio por todo meu corpo.

Eu ri nervosamente com o que ele falou e me separei de seu abraço, com tal ato Justin passou a me encarar intensamente. Aquele olhar que te deixa com vergonha mesmo sem que seja preciso dizer nada. Eu só queria me esconder num buraco.

- Maninho! – Era a voz de Hanna. – A tempos que não te vejo. – Ela sorriu e lhe deu um abraço rápido.

- Verdade. Depois de roubar meu carro...

- Ah não Justin! Não ficou com raiva por causa daquilo ne?

- É claro que não, mas... para onde você foi afinal... – Antes que Justin pudesse terminar a pergunta Hanna já tinha desaparecido dizendo que iria pegar uma bebida.

- Típico dela. – Disse rindo com a escapada engenhosa de minha irmã.

- Exatamente, mas você não quer beber alguma coisa? – Bieber perguntou já segurando minha mão e me guiando até o minibar do iate.

- Eu não bebo...

- Você já bebeu alguma vez? – Perguntou se encostando no balcão.

- Não...- Nossa como eu me sentia uma criança tola e ingênua ao responder essas perguntas.

- E como diz que não gosta se nunca experimentou?

- Eu não sei... – Depois do que houve com a minha irmã eu prometi a mim mesma que nunca colocaria uma gota de álcool na boca, porém, naquele momento parecia tão convidativo.

- Ora não se preocupe que eu não vou te embebedar e te sequestrar, quer dizer... até que não é má ideia. – Justin fez uma cara pensativa seguida de uma risada gostosa.

- Engraçadinho. – Mostrei a língua para ele e ele sorriu. Vi que ele fez um sinal para o barman e pediu alguma coisa.

- Então, está gostando da festa?

- Rapaz, estava ótima até você aparecer. – Brinquei e ele fez uma expressão exageradamente ofendida e me fez rir.

- Você está dizendo que não gosta da minha presença?! – Antes que eu pudesse responder a bebida dele chegou.

Eu não consegui falar, para ser sincera eu não sabia o responder, eu gostava de sua presença ou não? Pensar que a semas a tras ele ele apenas um estranho que invadiu minha casa e agia feito um completo idiota, mas agora, era diferente, uma parte de mim queria confiar com ele. No entanto, eu já fui tão magoada por tanto tempo. Vivendo os problemas dos outros sem viver minha própria vida. Que hoje me sinto perdida.

Talvez seja hora de começar a viver minha própria vida, concertar meus próprios erros e acertar de vez em quando.

- Não coloque palavras na minha boca. – Percebi que estava rindo novamente. – Vamos me deixe provar. – Apontei para o copo em sua mão.

- Tem certeza? – Justin perguntou receoso.

- Não. – Sorri maliciosa e peguei o copo de sua mão. Levei o mesmo aos lábios e senti aquele liquido desconhecido descer rasgando minha garganta.

- É um pouco forte...- Ouvi Justin abafando uma risada devido a provável careta que eu havia feito.

- Um pouco? – Falei tossindo, parecia que minha garganta havia sido rasgada em milhões de pedacinhos, mas eu até que gostei. – Ta, agora pede uma para mim.

- Você gostou?

- Eu adorei.