“Eu não procuro um príncipe encantado; Eu procuro um príncipe que me encante.”
Depois de Travis fiquei apenas com dois garotos, e eu estava bêbada em ambas, então resumindo, eu coração está fechado para estoque. Pode parecer estranho, principalmente pelo fato de eu ser uma garota de 15 anos.
Não quero garotos que me beijam e dizem que gostam de mim apenas para molhar a boca. Mergulhar em um mundo onde eu acredito que algum dia alguém roubara meu coração é a minha única maneira de acreditar no amor. Que meu coração vai bater mais rápido quando ele chegar perto, que minhas pernas fiquem bambas e as mãos suadas. A felicidade será natural quando me aproximar dele, os sorrisos e momentos engraçados que compartilharei com ele. Os olhares de segundas intenções e sorrisos que escondem mais de mil segredos. Esse é o meu sonho, é a minha meta. Encontrar alguém que me faça me sentir feliz e bela, me sentir completa. Me apaixonar pela primeira vez.
Eu sei que vivo fora da realidade, nem sei quantas vezes sonhei com "ele". O problema é que nunca é real, e tenho medo que nunca seja. Ouvir de Hanna ou de Megan a mesma ladainha todos os dias sobre o quanto eu estou perdendo tempo esperando meu príncipe encantado no cavalo branco ou como eu vou me arrepender daqui a alguns anos por não ter aproveitado minha juventude, é muito cansativo. Pois as vezes você apenas precisa de algo para acreditar, para não ver que simplesmente não tem mais saída.
Mais ruídos e coisas quebrando, caramba será que ninguém dorme nessa casa?!
Levanto da cama raivosa e calço minhas pantufas de porquinho, pego meus óculos e abro a porta do quarto. Se a Hanna estiver dando uma de sonâmbula pela casa novamente eu juro que a jogo dentro de um buraco. No entanto não acho ninguém no corredor, a porta do quarto do meu pai está fechada o que já era de se esperar, então obviamente não tem nada aqui, já que Nicolas – meu pai- saiu há uma semana para uma viagem de negócios com a esposa – Vanessa- e não tem data para volta. O que é bom, isso significa que tenho mansão inteira só para mim e Hanna, mas ela não conta muito, afinal está sempre em festas ou em casa de amigas, ela quase não dorme aqui. Andei até o quarto da minha meia irmã caçula e percebi que a porta estava encostada, ela estava toda escabelada e esparramada quase caindo da cama. Havia roupas pelo chão e sapatos jogados por todo canto. Um verdadeiro campo de guerra se me permite dizer.
Reviro os olhos e fecho a porta, voltando atenção para o corredor, se não é a Hanna que pode ser? Ando pelo corredor, à espreita, temendo o que me esperava. Era um caminho longo que me fazia engolir seco a cada passo. Decidi correr um pouco, não aguentava mais tanto suspense. Vejo uma sombra andar na sala de estar, era grande e amedrontadora. Tomei coragem e andei mais um pouco tentando ver como seria o tal invasor. Dependendo o tamanho eu terei que fazer algo, ligar para a polícia, chutar seu saco, qualquer coisa! Porém a figura de um rapaz alto e musculoso me surpreende. Um casaco de couro, regata branca e um jeans surrado.
Tem um estranho invadindo a minha casa, o que eu faço?
Meu corpo está em choque, mas minha mente a mil, decido fazer algo logo, antes que me arrependa. Pego a primeira coisa com ponta que vejo, um sapato com salto agulha, é né vai ter que servir. Tá Mary calma, você tem que fazer alguma coisa, pensei em liga para a polícia mas havia deixado o meu telefone lá em cima, boa Mary. O que nos filmes eles fazem mesmo?
Tá chega de pensar é hora de agir, que Deus me ajude.
Respirei fundo e peguei toda a minha coragem que tinha e a coloquei para fora, sai de trás da parede e me aproximei lentamente do corpo do homem.
- Q-quem é você? E o que está fazendo aqui? - Minha voz falha e o garoto misterioso se vira com um olhar surpreso. Os olhos mais lindos que eu já vira na vida, um par de íris castanhas me encarava como se acabasse de ver um fantasma. E por um momento eu também senti o mesmo. Assumi o posto de autoridade imediatamente, já que ele não fala, eu vou falar.
- O que você está fazendo na minha casa?
O garoto não respondeu, ficou mudo e imóvel, sentia minhas pernas tremerem e meu coração bater a mil. Aproveitei a oportunidade e o fitei, era tão musculoso e bonito quanto aparentava ser, uma pele bronzeada, ele segurava um vaso azul da coleção europeia do meu pai, ele estava me roubando ?! Na maior cara de pau?
- RESPONDE LOGO OU VOU CHAMAR A POLÍCIA. - Gritei, não estava mais aguentando todo aquele suspense. Ele engoliu seco e lentamente colocou o vaso de volta na mesinha de centro, me olhando aflito.
- Não era para ter ninguém aqui. - Murmurou sua voz era rouca e quase nula. As órbitas carameladas ainda não desviaram de mim e eu senti por alguns segundos algo estranho dentro de mim acender como uma vela no escuro.
- Bom mas tem, agora vaza garoto. - Minha voz era autoritária e eu apontei com mais convicção o sapato em minhas mãos agindo como se fosse uma arma letal.
- Quem é você? Nunca te vi aqui. - Ele falou me fitando por completo, e se aproximando lentamente, podia jurar que vi um pouco de malícia em seu olhar fulminante. - Com toda certeza eu teria te notado. - Senti minhas bochechas queimarem e ele deu uma risada fraca.
- Não é da sua conta. - Disse tentando não olhar seus olhos sentindo seu corpo se aproximar cada vez mais do meu. Merda o que está acontecendo comigo?!
Ele ficou na minha frente e levemente colocou a mão sobre a minha abaixando o sapato de minhas mãos. Seu toque era quente, meu corpo inteiro se arrepiou, retirei sua mão da minha e o empurrei para longe de mim, o que quase não fez diferença, ele apenas cambaleou para trás. Eu estava assustada, quem era esse cara? E por que eu estou agindo tão estranho?
- F-fica longe de mim- apontei novamente o sapato para ele. Que debochado, levantou as mãos em sinal de rendição e se fez de vítima, arfando uma risada, provavelmente percebendo o quanto fiquei nervosa com sua aproximação.
- Você estava me roubando porra!. - O acusei e rapidamente o sorriso debochado desapareceu do seu rosto.
Seu olhar foi para o chão, quieto, parecia ter lembrado de algo, enquanto eu apenas tremia com tanto mistério, minhas mãos tremiam e eu mordia fortemente meu lábio até sentir sangue em minha boca. Até que volta seu olhar volta para o meu, junto com um sorriso sarcástico.
- É o que parece, não é?! - Comentou sombrio, um calafrio passou por todo meu corpo, só não sabia definir se era bom ou não. - Já que eu sou o ladrão aqui, você deveria tomar mais cuidado como fala comigo, não acha? - O medo passou por mim, ao mesmo tempo que eu o temia mas ainda sim sabia que não iria me machucar, não sei como apenas sabia. Engoli seco suas palavras e com o olhar dele sobre mim, não sabia decifra-lo, era uma mistura de indiferença, raiva, sarcasmo, dor e ódio. Quem era esse cara?
- Que eu saiba é você que deveria ter medo de mim - falou dando um passo em minha direção, ele cruzou os braços, marcando seus músculos e o deixando numa pose de cara mal. Conheço bem esse tipo, do tipo que se acha o rei do pedaço, bom aqui as coisas não são bem assim.
- Eu. Medo. De você? – Disse pausadamente e dei uma risada irônica arrancando lhe um grunido raivoso, coloquei as mãos na barriga sentindo uma dor na barriga por rir tanto. Aí.
- Apenas nos seus sonhos querido.
- Nos meus sonhos eu só quero se você estiver na minha cama. - Em um movimento rápido eu estava encurralada entre seu corpo e a parede. Merda, meu corpo estava colado no seu, TOTALMENTE colado. Senti meu coração disparar com a proximidade.
- Me solta garoto – Falei raivosa e vi seus olhos me avaliaram por inteira, parando justamente em meu pijama, que era uma camisola da Hello Kitty, para minha sorte, já estava curta demais sobre minhas coxas, por que eu tinha que escolher justamente esse pijama ?!
- Que corpo gata - sussurrou e simplesmente derreti, o que está acontecendo comigo, uma chama quis se acender em mim quando senti sua mão tocou minha cintura e queria descer até minha bunda. EPA EPA SINAL VERMELHO.
- Eu mandei me soltar seu tarado - o empurrei com toda minha força e em seguida ergui minha mão para bater-lhe, porém ele segurou antes que eu o pudesse fazer, fudeu.
- Eu não faria isso se fosse você. - Sorriu ironicamente enquanto segurava meu pulso.
- Ah é?! Porque? - Falei mesmo morrendo de medo da sua resposta, não conseguia me controlar.
- Porque então eu vou querer revidar. - Disse e tremi por dentro. - E eu só bato em mulher na cama.
- Seu nojento. - Tentei me afastar dele, mas foi em vão ele era muito mais forte que eu. Ele abriu um sorriso no rosto, me mostrando dentes brancos e perfeitos.
Senti algo estranho na minha barriga, minhas mãos começaram a suar, meu coração acelerou e minhas pernas viraram gelatina. Ele ia falar algo mas parecia ter desistido pois fechou a boca, os olhos verdes saíram dos meus para a minha boca e a fitaram, senti ele se aproximar mais e por algum motivo que eu consigo explicar eu deixei. Por algum motivo eu queria, eu o queria. Nessa hora um som forte e grosso de uma buzina de carro nos tirou do transe, ao mesmo tempo olhando para janela, fiquei calada e depois voltei a fita-lo.
- Bom foi um prazer te conhecer, mas agora eu tenho que ir. - Falou simples se afastando e correndo até a janela. - Ah quase ia esquecendo, adorei seu pijama, a propósito belas coxas Kitty. - Ele pulou a mesma numa facilidade impressionante e logo desapareceu.
Aqueles olhos, aquela boca, eram reais? Isso acabou mesmo de acontecer? Pera. O que eu acabei de fazer? Deixei o cara fugir sem fazer nada? Mary sua imbecil. Sua estupida, ele te distraiu e você nem se tocou, cara abusado, ele armou para cima de mim para se safar da polícia. Aí que ódio. Uma raiva repentina me tomou e eu gritei batendo o pé fortemente no chão.
Voltei para o meu quarto marchando e bati a porta com força, vi minha cachorrinha a Pipoca, um filhote do casal de huskys siberianos do meu pai, latir animada quando me percebeu no comodo. Peguei minha cadelinha no colo e fiz carinho em sua cabeça enquanto senti ela se aninhar em meu colo e relaxar, estava cansada, ficou a noite toda brincando com copos e pratos de plástico. Logo cedo havia chegado do petshop, agora estava limpinha e cheirosa.
Sentei na cama e deitei com ela ao meu lado, que dormiu em minutos, porém por algum motivo eu não tirava certos olhos castanhos da minha mente. Fechei os olhos e abri repetidas vezes, até joguei água na cara, para ter certeza se não era um sonho. Ele era tão... Lindo. Bati no meu rosto com força até sentir uma ardência na bochecha, desde quando fiquei tão idiota? Um garoto tenta roubar a minha casa e eu fico caidinha por ele? Ele só deu em cima de mim para se safar da polícia, ridículo.
Coloquei Pipoca em sua caminha cor de rosa abaixo da minha devagar, tentando não acorda-la. Joguei minha cabeça no travesseiro e cobri meu corpo até a altura dos olhos, eu só queria esquecer, eu só preciso esquecer.
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