Quando um completo estranho marca de te encontrar no jardim para lhe entregar o telefone perdido da sua amiga, pense um pouco antes, (grandes) possibilidades que existem de ser uma completa furada. Não siga meu exemplo e vá sem ao menos pestanejar. Porque Deus isso é uma completa idiotice.
Agora eu tenho de passar pela enorme multidão de adolescentes bêbados que ocupava toda pista de dança, a qual eu infelizmente tinha que enfrentar para chegar a saída. Depois do que pareceram ser horas que finalmente cheguei ao extremo do salão onde eu havia entrado mais cedo, passei pela porta e a fechei atrás de mim suspirando cansada. O som da música havia ficado abafado agora que eu estava do outro lado, novamente no corredor luxuoso da entrada. Retomei a postura e caminhei até as portas de vidro onde os seguranças carrancudos ainda vigiavam a entrada das pessoas a festa, fiz sinal para eles me deixarem passar e eles prontamente obedeceram abrindo as portas para mim. Passei ouvindo o toc toc do meu salto no chão, assim que dei alguns passos senti o frio da noite bater contra mim meio que levantando meu vestido, o qual rapidamente eu o abaixei. Desci as escadarias vendo que ainda tinham algumas pessoas ao redor, a maioria casais ou grupinhos de meninas. Voltei meu olhar para o jardim, segui atravessando a rua e chegando a um grande espaço verde com lindas arvores e arbustos com luminárias que pareciam pequenos vagalumes. Procurei o garoto e logo me amaldiçoei por ao menos ter perguntado seu nome.
- Olá, você é a menina do celular? – Perguntou uma voz masculina atrás de mim e eu me virei bruscamente me deparando com um lindo rapaz de olhos castanhos e cabelos loiros, sua pele era meio bronzeada e ele estava vestindo uma camisa social azul escura.
- Sou sim. – Falei aliviada. – Nossa eu já estava nervosa pois percebi que nem perguntei seu nome.
- É Alex. – Respondeu rindo. – E o seu é?
- Mary. – Ele parecia ser um rapaz legal, não um riquinho metido a besta com era a grande maioria que frequentava a festa. – An... O celular...- Pedi meio envergonhada.
-Oh Claro. – Disse o loiro tirando o aparelho do bolso e me entregando. – Avise para a dona para ser mais cuidadosa da próxima vez.
- Aquela ali? Só não esquece a cabeça porque é grudada. – Admiti e ele riu colocando as mãos nos bolsos. – Então... eu já vou indo.
- Espera! Você está muito ocupada? É que sem querer parecer aproveitador, mas eu acabei de brigar com uma pessoa e não queria ficar sozinho. – Alex pareceu um tanto envergonhado ao me pedir para fazer companhia a ele, eu já ia inventar uma desculpa esfarrapada para tentar fugir da situação, porém o loiro parecia bastante triste e eu não o julgava como uma verdadeira ameaça.
- Se você estiver acompanhada ou algo do tipo eu entendo. – Tentou se explicar. – Não que eu esteja com segundas intenções nem nada... quer dizer não que você seja feia ou... Até porque a gente acabou de se conhecer e... – Ele se enrolava nas palavras de uma maneira tão fofa que eu não pude deixar de rir baixo.
- Tudo bem. Eu te faço companhia. – Segurei a pequena bolsa com as duas mãs na frente do corpo e sorri.
- Obrigado. – Agradeceu coçando a parte de trás da cabeça.- Uma volta pelo jardim?
- Por mim tudo bem.
Nós começamos a caminhar em silencio entre as arvores e arbustos. Eu me encantava cada vez mais com aquele jardim, havia flores de tantas espécies que eu nunca tinha visto antes, rosa, roxo, azul, amarelo, uma diversidade de cores por todo o lado. Algumas lâmpadas passavam por cima de nossas cabeças que estavam suspensas por cordões que prendiam nas arvores deixando o caminho iluminado e incrivelmente romântico.
- Por que você brigou com seu amigo? – Perguntei logo já que não tínhamos outro assunto a que conversar. Alex suspirou pesado e encarou seus pés por alguns instantes antes de falar.
- Descobri que ele transou com a minha namorada. – Disse simples e eu arregalei os olhos.
-Nossa que pesado.
- Verdade, ele era meu melhor amigo. – Alex sorriu sarcasticamente. – Mas na verdade acho que ela que o induziu a fazer.
- Como assim?
- Ashely não é a garota mais santa de todas. Além que nos últimos tempos o Justin tem exagerado bastante na bebida e talvez isso...
- Isso não é desculpa. Bêbado ou não ele transou com ela, isso não tira a responsabilidade dele. Mesmo bêbado a gente tem o mínimo que for de noção do que está fazendo, então ele não é inocente. - Me exaltei e depois me arrependi amargamente por ter sido tão indelicada. - Me desculpe eu me meti, mas é que eu não suporto que pessoas culpem a bebida pelas merdas que fazem, beleza que em partes a bebida contribui mas vai de pessoa para pessoa a atitude que irão tomar.
- Eu sei. Eu só... fiquei decepcionado sabe, eu esperava isso de qualquer um menos dele.
- Eu sei como é, quando as pessoas com quem nos importamos machucam a gente. - Disse meio cabisbaixa. - No entanto não podemos deixar isso nos abater.
Parei de andar e fiquei na frente dele atraindo seu olhar confuso.
- Acredite se foi mesmo algo que não tem importância ele vai se desculpar.
- Ele é do tipo orgulhoso sabe. – Suspirou e ficou quieto.
- Você a amava?
- Não. Mas também não gosto de ser corno. - Disse num tom meio brincalhão e eu o acompanhei rindo.
- Ninguém gosta. - Sai de sua frente e continuei a andar com ele ao meu lado. Assim paramos de falar, talvez ele estivesse pensativo com o assunto, afinal um amigo tinha traído ele com sua namorada. Eu não o culpo diferente dele eu estaria aos prantos agora, para mim ele parece estar lidando bem com a situação.
- Talvez seja um sinal sabe. - Alex encarou as estrelas. - Um sinal para que eu pare de tentar ocupar meu tempo com garotas que não valem a pena.
- Talvez esteja na hora de encontrar a garota certa. - Pensei alto e vi ele assentir.
- É talvez.
Ele pareceu meio perdido nos próprios pensamentos e eu decidi distrai-lo.
-Alex. - Chamei sua atenção atraindo um par de olhos castanhos. - Quantos anos você tem?
- 17, e você?
- 15.
- Ora ora uma pirralha no recinto.- Brincou e eu fechei a cara causando lhe mais risadas.
- Farei 16 anos próximo mês, então não se ache muito por causa de apenas um ano de diferença. - Fiz bico e cruzei os braços parecendo realmente uma criança.
- Ficou irritadinha foi? - Alex fez uma voz escrota de bebê e eu não consegui não rir.
- Vai se fuder. - Dei um tapa no seu braço o que fez soltar um murmúrio de dor.
Alex era um rapaz legal, diferente do que eu havia pensado. Passamos um bom tempo conversando, ele perguntou de onde eu vinha e essas coisas mais, eu já não via mais o tempo passar ao seu lado. Parecia tudo natural, sincero, sem máscaras. Como se fôssemos amigos de longa data, colocando a conversa em dia.
- Obrigado Mary. - Alex Murmurou interrompendo a minha risada escandalosa.
- Pelo que? - Perguntei confusa, no entanto quando ele ia me responder meu celular toca, um irritante e insistente barulho de despertador. Como eu odeio esse toque. Fiz sinal para que ele esperasse e atendi a chamada sem ao menos olhar quem me ligara.
“Alô?
MARY ONDE VOCÊ ESTA CRIATURA? - Logo reconheci a voz do outro lado da linha.
Hanna? Tô no jardim da frente, porquê?
Tô indo ai, vai para a entrada.”
Dito isso ela desligou não me dando a oportunidade de responder. Bufei raivosa e expliquei a Alex o que havia acabado de conhecer. Ele assentiu e disse que me levaria até lá, no caminho continuamos conversando. Nada verdadeiramente importante, apenas assuntos aleatórios que nos faziam rir e deixar o clima mais leve. Não demorou para que eu avistasse a figura de minha meia irmã raivosa na entrada da festa. Revirei os olhos e fui até ela acompanhada de Alex vendo que ela não me notara comecei a mover os braços até que seu olhar me encontrasse, assim que me viu suspirou aliviada.
- Meu Deus do céu nunca mais me dê um susto desses viu. – Hanna me abraçou forte me fazendo rir.
- Você fala como se eu tivesse sumido por dias. Eu só fui dá uma volta com o Alex. – Apontei para o loiro, Hanna o encarou por alguns instantes o avaliando até que abriu um grande sorriso.
- Alex quanto tempo. – Ela falou dando um abraço caloroso no rapaz que me deixou meio surpresa, eles se conhecem?
- Verdade, como você está Hanna? – Foi a vez dele falar enquanto a apertava entre seus braços.
- Vocês se conhecem? – Perguntei confusa. Hanna se soltou de Alex e começou a explicar, ela e Alex são amigos a anos, eram vizinhos e até estudaram juntos na escola.
- Mas a questão é, como vocês se conhecem. – Hanna disparou, estava demorando.
- Longa história. – Disse simples fugindo da conversa.
- Bem depois você me explica. – Ela agarrou meu pulso e me puxou em direção ao interior do estabelecimento. – Eu tenho que te apresentar a uns amigos.
Mal deixando que eu opinasse Hanna me carregou de volta para festa para minha infelicidade. Após alguns segundos percebi que o números e pessoas no interior da residência havia diminuído, quanto tempo será que havia se passado? Não faço a mínima ideia, mas acredito que o passeio não foi exatamente de 30 minutos quanto eu imaginava. De repente Hanna parou no meio do caminho e eu quase cai pela brutalidade que ela havia parado. Ela estava sorridente enquanto encarava um grupo de pessoas a poucos metros de nos.
- Tá agora dá para me explicar o que porra está acontecendo? – Perguntei recuperando o folego e ajeitando com os dedos meus cabelos já embaraçados.
- Quero lhe apresentar a alguns amigos. – Disse simples voltando a andar e me levando junto. A loira gritou chamando a atenção de seus amigos que sorriam acenaram para ela.
Havia cinco pessoas, dois garotos e três garotas, todos muito bem vestidos e aparentemente sociáveis.
- Oi gente, essa é minha irmã Mary. – Disse Hanna logo me apresentado ao grupo.
- Então essa é a irmã que você tanto fala Hanna. – Sorriu uma das garotas. – Sou Victoria muito prazer. - Uma morena com a pele bronzeada e longos cabelos lisos castanhos escuros, um vestido preto justo que realçava cada curva do seu corpo. Ela estendeu a mão e eu cumprimentei tentando parecer legal.
- Prazer. – Falei baixo tentando não parecer envergonhada.
- Dylan. – Disse um rapaz alto e magro, de pele branca e sorriso encantador, olhos castanhos e com uma garrafa de Corona na mão.
- Katherine, mas pode me chamar de Katy. – Disse a menina ruiva de olhos verdes, seus cabelos eram meio ondulados e batiam nos ombros, ela vestia um vestido cor de rosa rodado que realçava sua cintura fina.
- Onde está Justin? – Hanna perguntou de repente para o garoto. Dylan estava atrás de Katy abraçando-a pela cintura com a mão que não segurava a garrafa de cerveja. Logo presumir que eles estivessem juntos.
- O Justin? Aquele merda saiu enoutecido depois de levar um belo murro do Alex. – Dylan disse antes de beber um gole da Corona.
- Faz muito tempo que ele saiu?
- Já faz mais uma hora Hanna. – Katy respondeu num suspiro.
- Merda. – Hanna esbravejou.
Depois disso Katy e Victoria me encheram de perguntas, elas eram bem legais. Ambas tinham a mesma idade que eu, acabaram de completar 16 e já que eu completaria daqui a pouco tempo não fazia diferença.
- Quando você faz aniversário? – Vic perguntou curiosa.
- 19 do próximo mês. – Respondi bebendo um pouco do coquetel que Hanna havia pego para mim.
- Sério? Vai ter festa? – Ela voltou a perguntar.
- Acho que não. – Falei sincera de minhas palavras.
- Mas como não? Claro que vai. Ser quiser... quer dizer pode deixar que eu falo com os nossos pais. Pois se depender de mim você terá a festa mais fodastica do ano. Pode ir se preparando. – Hanna tomou a frente, toda sorridente. A loira parecia tão entusiasmada que eu não poderia contraria-la, não quero estragar seu sorriso dizendo que eu não teria festa nenhuma, até por que meu pai nunca pagaria por algo tão fútil para a filha que é apenas um peso morto para ele.
Então eu apenas sorri sem mostrar os dentes vendo elas falarem animadas sobre o assunto. Nessa hora um garoto puxou Hanna pela cintura e a suspendeu a tirando do chão. Quando minha irmã o reconheceu ela riu um pouco e pediu para que o tal garoto que a colocasse no chão, logo ele a obedeceu e Hanna se agarrou no pescoço dele num abraço apertado. Eles pareceram ser amigos de muito tempo pela a intimidade. Mas por algum motivo aquele garoto me era familiar.
- Que saudade Justin. – Hanna disse se soltando do pescoço do rapaz.
- Eu sei, eu sei que você me ama. – Falou Justin num tom convencido, eu ainda não havia conseguido ver seu rosto, mas sua voz parecia tão familiar que eu comecei a temer que minha imaginação não estivesse brincando comigo nesse instante.
- Cala a boca. Ei eu quero te apresentar a alguém. – Minha irmã falou e eu já sabia que ela estava se referindo a mim. Porra Hanna. – Mary!
Assim que me avistou sorriu segurando Justin e o levando em minha direção. Eu só podia ser a pessoa mais azarada desse mundo, me encontrar com ele pela terceira vez no mesmo dia? Você só pode estar tirando uma com a minha cara.
- Justin, essa é minha irmã Mary.
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