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História Cursed Madness - The Madness


Escrita por: carolah e anahyun

Notas do Autor


VOLTEMOS
Então pessoas, aqui está o segundo, e último capítulo da nossa bela estória (muito linda ne, inspiradora)
Só pedimos duas coisas:
- LEIAM AS NOTAS FINAIS
- NÃO NOS MATEM BJS
BOA LEITURA <3

Capítulo 2 - The Madness


  A voz suave ecoava pelos corredores fazendo arrepiar cada pelo que possuíam. A música os assustava, a corrida atrás do garoto que continuava andando rápido demais para o seu gosto os cansava. A situação os desesperava. Agora eles entendiam.

  Ali, correndo atrás de uma voz melodiosa que agora apenas murmurava um pouco da música, eles perceberam que tudo fazia parte de algo muito maior, muito provavelmente muito maior do que pensaram. Do que sequer nem jamais imaginariam. Era algo grande e ambicioso, que queria tudo e todos ao seu dispor e aos seus pés, como reles marionetes a serem manipuladas pelas forças podres e sombrias do local.

  Ali era como uma imitação tenebrosa da famosa Terra do Nunca. Onde os, agora quatro garotos representavam Peter Pan, o garoto que não crescia. Bem, nesse caso, os garotos que não sorriam. Ao menos não mais. A Terra do Nunca deles não era um lugar belo onde se era uma criança para sempre. Era o pior lugar que se podia imaginar, onde se sofria para sempre. A Terra do Nunca, onde nunca alguém se curava. Onde nunca alguém sorria. E de onde nunca ninguém havia saído.

  Taehyung parecia flutuar sobre o chão enquanto continuava dançando de sala em sala, indo até certos lugares rapidamente, confundindo a mente de todos. Murmurava a melodia sádica, sorrindo cinicamente ao fim de cada verso. Até que abriu a boca finalmente, parando de andar.

  — Eu sou um pica-pau danadinho... — Disse rindo alto. — Hobi, eu sou um pica-pau tão danadinho... A floresta vai ficar zangada comigo? — Franziu o cenho adquirindo uma expressão assustada, e para a infelicidade dos outros, pôs-se a correr novamente.

  — Tae, volta aqui! — Hoseok gritava, não obtendo resposta. — Taehyung! A floresta não vai ficar zangada, pode vir! — Não acreditava no que estava falando. Não acreditava que estava tendo que se adaptar a um namorado louco. Não queria acreditar que aquele lugar era daquele jeito. Só não queria mesmo.

  — A floresta zangada... — Ouviu-se novamente a canção, e correram o máximo que puderam até a sala de onde a voz vinha. — Transformou o seu bico em uma faca envenenada...

  O corpo do maior encontrava-se exatamente como havia sido achado anteriormente. Sentado em um canto da sala - extremamente branca, por sinal - abraçando os joelhos e balançando de leve para frente e para trás.

  Hoseok andou na frente, sendo observado por Jimin e Jungkook que se mantinham abraçados esse tempo todo, temendo uns pelos outros. Yoongi escorou-se na porta, possuindo um semblante sério e frio. Não que Yoongi pouco se importasse, aquilo era mentira. Mas o lugar já havia lhe ensinado uma coisa.

  A loucura é amaldiçoada. E dessa maldição, não se escapa.

  — Tae, por favor. — Hoseok pedia, chegando cada vez mais perto do outro.

  — NÃO HOBI! — Assustou-se com o grito de Taehyung, que continuava de costas. — Não encoste em mim. Ela me transformou. Se me tocar, eu vou te envenenar. — Ele falava calmo, sendo totalmente o oposto do Taehyung de minutos, segundos atrás.

  — Você não vai me envenenar Tae, só me deixa eu te ajudar, por favor. — Praticamente suplicava ao mais novo que parou subitamente de se balançar. Levantou os dois braços em frente ao corpo, ainda de costas e mexeu-os. Segurava algo.

  — Não, você não pode.

 

  Pobre pica-pau, todos os seus buracos estão manchados...

 

  — Eu te imploro Taehyung. Eu só quero te ajudar. — As lágrimas já rolavam livremente pela face do mais velho. — Vem aqui, vem. Tae... — A voz de choro fez o mais baixo estremecer levemente, mas rir escandalosamente em seguida.

 

  Sua comida, envenenada.

 

  — Você não entende Hobi? — Ele pediu, levantando ainda mais os braços, basicamente na altura da cabeça. Hoseok não fazia ideia do que Taehyung estava fazendo é aquilo lhe agoniava.

  — Não entendo o que? — Pediu baixo, temendo a resposta alheia como nunca antes.

 

  Toque nos seus amigos e eles irão morrer à sua frente.

 

  — Eu preciso ser curado Hobi... — Enfim virou o corpo para os garotos. — Mas não do jeito que você pensa.

  Um grito. Uma gargalhada. Três amigos que choravam abraçados, enquanto o quarto gritava para o que estava em sua frente.

  Um único desespero.

  O desespero de ver Taehyung com um picador de gelo em mãos, mexendo-o fortemente dentro do olho, sorrindo abertamente ao realizar tal ato. Mas não parecendo satisfeito, retirou o objeto dali e passou a perfurar o rosto repetidamente com o mesmo, gargalhando alto ao ouvir os gritos de horror ou a voz de Hoseok lhe pedindo que parasse. Ou até mesmo o incrível som que o crânio fazia ao ser praticamente perfurado.

  E quando isso aconteceu, tudo parou.

 

 Pobre pica-pau...

 

  Os gritos cessaram. Todos paralisaram. Escutava-se a harmonia chorosa que todos faziam questão de operar muito bem. A risada alegre se dissipou pela sala, dando lugar ao silêncio extremo, apenas quebrado por soluços baixos ou uma respiração descompassada.

  A face de Taehyung, completamente perfurada e ensanguentada. Dos olhos saíam filetes grossos de sangue, as lágrimas do pecado, as lágrimas da loucura. O sorriso permanecia, pena que nem este, nem os olhos, possuíam mais o brilho característico do tão alegre rapaz, que agora ali estava. Imóvel, frio, mas sorrindo. Como sempre fez. Parecia chorar mas sorria. Era Kim Taehyung, afinal.

 

  Com suas lágrimas de veneno, brilhando à luz do sol.

 

  A canção não poderia refletir melhor na realidade. A canção havia acabado, assim como a vida de um garoto tão puro que nada havia feito, apenas ali estava. A canção era envenenada, assim como o lugar. A canção era deveras macabra. E nem era necessário dizer que tudo lá era também.

  — N-não, n-n-não... — Hoseok, ajoelhado, começava a arrastar-se para perto do outro, que estava deitado no chão frio daquela sala vazia. — T-Tae, p-por fa-favor não... — Abraçou o corpo mole, o apertando contra o peito. — Eu não consegui fazer nada, eu, eu não consegui, eu não podia, Tae me desculpe. — Continuava chorando alto abraçado ao cadáver do que sempre seria o amor de sua vida. Taehyung não merecia aquilo, ninguém merecia na verdade.

  — Hoseok, sentimos muito... — Yoongi começou, visivelmente abalado. Permanecia forte, apesar de seu interior querer desistir de tudo. — Taehyung já não escaparia mais, de qualquer jeito. — Baixou a cabeça decepcionado consigo mesmo. Queria poder ter feito algo. Nunca se sentira tão insuficiente, não inútil. Tão impotente.

  — Como assim não escaparia? — Hoseok levantava a cabeça devagar para encarar o loiro. — Ele não escaparia de quem? — Secava as lágrimas e fungava forte, esperando uma resposta do mais baixo.

  — O correto não seria-

  — QUEM FOI O DESGRAÇADO FILHO DA PUTA QUE MATOU MEU NAMORADO YOONGI? ME DIZ QUEM FOI, AGORA! — Gritou levantando-se de imediato e andando até o outro. O segurou pelo colarinho da camisa que usava, o prensando na parede. — Me diz agora ou eu vou botar essa merda toda abaixo. — Disse entredentes, vendo Yoongi se encolher minimamente.

  — Eu também não sei Hoseok... — Falou baixo, mas alto o suficiente para que ele ouvisse. E se irritasse.

  — Quer saber? Eu vou pegar quem fez isso. Agora. — E saiu pelos corredores pisando forte e rápido, como se conhecesse o caminho até quem procurava. Pena que não era verdade.

  Jimin não conseguia fazer nada além de observar tudo aquilo de olhos marejados, se controlando ao máximo para não chorar. Precisava ser forte e aparar o pobre Jungkook, que nem condições para falar tinha. Taehyung era seu melhor amigo, e vê-lo morrer daquele jeito foi como um tiro na boca de seu estômago. Ambos estáticos e paralisados, mas já não chorando mais, apenas encaravam Yoongi que lhes dizia com o olhar para o seguirem. De preferência, rápido.

  Mas era óbvio que agora apenas se ouviam ao longe os gritos raivosos de Hoseok, que ordenava para que quem quer que fosse a pessoa que estivesse fazendo aquilo, se mostrasse logo a todos, como ele mesmo estava falando, mostrar as caras. Óbvio que quem, ou o que quer que fosse, não o faria, mas Hoseok não aparentava querer desistir tão fácil.

  Corriam o mais rápido que podiam por aqueles extensos labirintos sem saída, seguindo a voz de Hoseok, que parecia apenas se afastar mais e mais. Mas então ouviram um grande estrondo, como de algo sendo bruscamente aberto e fechado novamente em seguida.

  — Será que Hoseok entrou em algum quarto? — Jungkook gritou ofegante, enquanto ainda corriam.

  — Mas nós também entramos o tempo todo, nenhum fez esse barulho! — Jimin respondeu do mesmo jeito que o mais novo.

  — Venham comigo, depressa! — Yoongi entrou do nada em uma sala, sendo seguido pelos outros dois.

  Pelo que reconheceram, era a sala de aula onde Namjoon havia, bem, sumido. Então se saíssem pela outra porta...

  — Acho que foi aqui que ele entrou. — Yoongi disse já do lado de fora da sala, parado em frente aos portões da portaria da escola.

  — Mas como? Está trancada, não conseguimos sair antes lembra? — Jimin apoiava-se em seus joelhos, tentando recuperar o fôlego. — E se tiver passado pela porta mesmo, que bom! É a saída, não é?

  — Trancada? Saída? Não acho. — Yoongi colocou a mão sobre a maçaneta, girando-a. Um clique foi ouvido, seguido do ranger da porta que se abria.

  — C-como? — Jimin, assim como Jungkook estavam petrificados. A porta, antes completamente trancada, agora abria normalmente.

  Mas o que os assustou mesmo foi o que havia depois da porta.

  Não devia ser a saída?

  — CADÊ A SAÍDA YOONGI? — Jungkook desesperou-se correndo até o mais baixo e segurando em seus ombros como se o loiro a sua frente tivesse todas as respostas. — AQUI DEVIA SER A SAÍDA, DEVIA SER! — Começou a andar em círculos em frente à porta, com as duas mãos na cabeça. — EU QUERO SAIR DAQUI! EU QUERO SAIR!

  — Jungkook! — Jimin correu até o mais novo o abraçando, sendo retribuído na hora. — Por favor se acalme, se acalme meu anjo... — Pedia fazendo um carinho nos cabelos. O hilário era que pedia para o mais novo se acalmar, sendo que nem ele mesmo se encontrava são. — Olha pra mim. — Chamou, vendo o maior, que mesmo tremendo e a ponto de chorar, levantou a cabeça e olhou para si. — Eu vou te proteger, vai ficar tudo bem. Eu já não te disse isso? Namjoon, Jin e Taehyung estão em um lugar melhor agora, tenho certeza. Mas nós, nós ficaremos bem. Confie em mim ok? — Pediu ainda mexendo de leve nos fios alheios.

  — T-tudo b-bem. — Falou com a voz trêmula, apertando a mão de Jimin o máximo que pode.

  — Precisamos entrar logo, antes que mude. — Yoongi vociferou, e os dois o olharam confusos.

  — Mude? — Pediram em uníssono, sem querer. Acabaram rindo fraco pela coincidência, e Yoongi sorriu junto. Finalmente sorriam um pouco.

  Por mais falso que fosse.

  — Não tenho tempo para explicar, só vamos ok? Devemos achar o Hoseok o quanto antes. — E entrou pela porta, vendo que Jimin e Jungkook vinham abraçados logo atrás.

  Yoongi admirava a relação dos dois. Eram mais que parceiros ou companheiros, muito mais que namorados, eram amigos. Melhores amigos. Se protegeriam e amariam até o fim. E esse amor era essencial para vencer aquele lugar. Juntos poderiam vencer.

  Estariam bem, contanto que não se separassem. Se a separação ocorresse, Yoongi sabia. Não haveria mais volta.

  O corredor que vinha depois dos portões era incrivelmente extenso. As paredes, úmidas e sujas, segredavam salas onde ninguém jamais ousara entrar. Salas onde coisas tão obscuras aconteciam, que ninguém sequer palpitava sobre quais eram. Na verdade, nem sabiam sobre a existência de tal local para conseguir palpitar. Na verdade, deviam agradecer por isso.

 

  Em certo momento do corredor, pequenas frases escritas nas paredes começaram a chamar a atenção dos garotos.

 

  Quando não se sabe para qual caminho ir, qualquer um é viável. Exceto aqui, claro.

 

  A loucura te aprisiona.

 

  Corra o quanto puder, até suas pernas queimarem por descanso. Você não o terá do mesmo.

 

  Estou há 46 dias curado. Então por que continuo o ouvindo?

 

  — Ouvindo quem? — Jungkook pediu baixinho, mais para si mesmo, logo depois que terminou de ler a frase escrita em preto perto a porta de uma sala.

  — Quem escreveu tudo isso? — Jimin perguntou alto o suficiente para que os outros dois pensassem a respeito disso também.

  — Não uma só pessoa, obviamente. — Yoongi começou a falar. — Lembra que o Tae disse que fizeram lobotomia nele? Que o médico tinha o curado? Isso podem ser escritos dos pacientes. — Concluiu, continuando a andar calmamente na frente.

  — Pacientes? Mas de quem? — Jimin não aguentava mais tantas perguntas em sua cabeça, tantas dúvidas. O medo não o deixava raciocinar direito, e via que era o oposto do que acontecia com Yoongi. O loiro parecia entender algo sobre aquilo tudo, e de alguma maneira, Jimin se sentia seguro com ele.

  — É uma ótima questão, não acha? — Yoongi virou-se e sorriu torto, mas sem parar de andar.

  Estavam andando com cuidado, tentando ouvir qualquer sinal de Hoseok que fosse. Mas nada. Não ouviam um único grito ou suspiro. Até que se assustaram ao ouvir e ver uma porta abrir diante de si. Andaram alguns passos para trás, até que a porta estivesse completamente aberta. A porta impediu a visão do resto do corredor, e era como se os chamasse.

  — Vamos entrar ali. Venham. — Yoongi colocou-se a caminhar rapidamente até entrar na tal sala. Jimin e Jungkook, que ainda se encontravam em estado de choque, acordaram do transe e correram atrás do mais velho, também adentrando a sala.

  Mas na correria de seguir Yoongi para que não se perdessem dele novamente, Jimin tropeçou em algo logo que entrou o local. Amaldiçoou todas as gerações de pessoas que nem conhecia enquanto se encontrava no chão massageando a perna a qual caiu por cima.

  Yoongi e Jungkook não tinham humor para rir da situação, o momento não lhes permitia. O local não lhes permitia. Então Jungkook apenas foi até o outro, o ajudando a levantar, enquanto Yoongi foi averiguar como o Park havia caído. E suas respostas estavam embaixo de uma madeira solta no piso.

  — O que é isso? — Yoongi resmungou baixo enquanto analisava o pequeno aparelho. Havia tirado o mesmo debaixo da madeira que Jimin havia tropeçado. Ela estava solta, por isso ele bateu nela. — Se isso estava solto, alguém queria que outro alguém visse.

  — Ou ouvisse né. — Jimin disse bufando, ainda irritado pelo tombo repentino. Levantou-se com a ajuda do namorado, e se pôs de pé ao lado desse.

  — O que disse? — Yoongi o olhou confuso, aguardando uma resposta.

  — Bom, se você estiver certo sobre isso, alguém queria que outra pessoa ouvisse. Isso é um gravador. — Jimin dizia calmo. Já não questionava mais as conclusões do amigo, pois todas sempre estavam certas.

  — Um gravador? — Virou o aparelho na palma da mão, estranhando muito o tipo dele. — Isso não parece nada com um.

  — É dos antigos. Meu pai tem um desses e ainda usa, por isso eu sei. — Deu de ombros. — Me dê aqui. — Estendeu a mão e Yoongi fez o que foi pedido.

  Jimin então, após olhar um pouco, apertou um dos botões que o objeto possuía e largou-o no chão, em meio a uma roda que sentados, os três tinham acabado de formar. Alguns ruídos, como uma estática ruim começaram a ser ouvidos, mas logo uma voz grossa e ofegante fez presença na gravação.

 

  — Está gravando? Está, ótimo. Muito bem, quem quer que seja você, que está ouvindo essa gravação, meus pêsames. Meus sinceros pêsames meu caro, você está tão ferrado... — A voz fez uma pausa suspirando pesado, para logo continuar. — Me chamo Kim JiSik, e estou nesse inferno há mais ou menos quatro dias. Eu vim com meus colegas, mas eles já-. — Parou a fala e engoliu seco, fungando. — Calma, acho que posso contar como vim parar aqui não posso? Claro que posso! Muito bem! — A voz animara-se instantaneamente, como uma criança ao saber que ganharia um presente.

 

  — Mas o que? — Jimin perguntou baixo, recebendo um tapa de Yoongi em um pedido mudo para que se calasse e ouvisse atentamente.

 

  — Bom, eu e meus colegas decidimos invadir a escola a noite para passar uma noite. Era intenso, quebraríamos regras, era pura adrenalina. Adrenalina essa, que eu nunca quis tanto não ter tido na vida. — Resmungou baixo a última frase. — Mas quando entramos, sentimos algo diferente. Era como se não fosse a nossa escola mesmo. Mas ignoramos e fomos explorar. Até encontrarmos aquela maldita porta. A maldita entrada para esse inferno, QUE DROGA! — Ouviu-se um barulho forte, como se a pessoa tivesse socado algo. — Me desculpe, onde parei? Ah sim. Entramos, e haviam tantos quadros, mas eram tão macabros, tão horrendos. Uma amiga minha chorou minutos a fio vendo as pinturas repletas de sangue, ela dizia que podia sentir a dor da criatura em uma delas. Nunca devíamos ter rido dela. — Riu fraco, ironizando a própria fala. — Mas quando saímos da sala qual foi a surpresa? A escada tinha mudado de lugar. Esquerda se tornou direita, baixo se tornou cima, e a nossa alegria se tornou puro desespero, agonia e dor.

 

  — Sim! A escada tinha mudado de lugar, é exatamente o que aconteceu com a gente! — Jungkook exclamou, recebendo outro tapa de Yoongi, que já ficava irritado. Precisavam prestar atenção, aquilo era deveras importante. Para a sua sobrevivência, mais do que tudo.

 

  — E foi aí que a loucura começou. Literalmente. Meus amigos desapareciam para depois morrer em minha frente. Um amigo meu se matou ao meu lado e eu não pude fazer nada. Aquela minha amiga chorona? Sentiu na pele toda a dor da criatura da pintura, se não mais. — A voz começou a ficar embargada, mas fungou alto. — Eu não sabia o que fazer, apenas corria, corria por todo esse labirinto sem fim, na esperança de achar uma porta que indicasse a saída. E eu achei. Mais de uma. Mas todas tinham o mesmo destino. Apenas mais um corredor com mais pesadelos a serem vividos. — Respirou baixo parando de falar por um tempo, mas logo continuou. — Sabe, eu pensei que meus amigos tinham se livrado daqui depois de morrerem. — A última palavra foi falada com pesar. — Mas não. Eles continuam aqui, me chamando para andar no Carrossel, mas eu não quero ir para lá, não posso ouvi-los. Eles me chamam a todo momento, incansáveis, como se estivessem desesperados pela minha presença. Já tentei gritar com eles, ordenar que se calassem, mas eles apenas riem de mim e dizem que está chegando. E então eu lembro. Uma coisa importante, você que está ouvindo isso. Só lhe peço que não grite, por favor. Esse lugar não possui ouvidos, ninguém aqui irá ouvir seus incessantes pedidos de socorro. Mas esse lugar possui ecos, que te farão ouvir a própria loucura. E assim você sucumbirá ao que todos aqui temem, inclusive os pacientes mais antigos. E isso não pode acontecer.

 

  — Do que ele está falando Yoongi? Não lemos nada sobre um Carrossel lá na porta? — Jungkook pediu novamente ao mais velho.

  — Dá pra calarem a boca? Não veem que isso pode ser a chave para saírmos daqui? Calados e escutem! — Yoongi respondeu raivoso, vendo os outros dois se encolherem nos lugares.

 

  — Ainda resta um de meus colegas, além de mim. Mas eu me perdi dele faz poucos minutos, não consigo achá-lo. Eu sei que ele está por aí, mas ele tem muito medo, não posso deixá-lo sozinho. Por isso, antes de sair novamente para procurar por ele, decidi gravar isso. Decidi gravar, pois descobri um jeito de sair desse lugar. Sim, eu sei um jeito de sair daqui. — A pessoa agora parecia caminhar novamente e apressada, pois respirava rápido e falava com dificuldade. — Mas o lugar não pode saber que eu descobri. Eu preciso encontrar meu colega, então sairemos juntos. Mas vou deixar para você, que está na mesma situação que eu, o modo de sair. É simples na verdade, você só precis-. — A gravação foi interrompida por um estrondo forte. — NÃO, NÃO, SOCORRO, SOCORRO, AAAAAAAH! — Então só ouviram se gritos de socorro e de dor, além de diversos ruídos que doíam os ouvidos dos três garotos, que se olhavam assustados.

  — NÃO! — Jimin agarrou o gravador começando a chacoalhar o objeto em suas mãos. — CONTINUA, CONTINUA! — Gritava desesperado enquanto continuava com os movimentos, em uma tentativa totalmente falha de fazer a pessoa da gravação voltar a falar.

  — JIMIN! — Jungkook foi até o outro, tirando o gravador dele e segurando suas mãos. — Se acalma, por favor. — Dizia sentindo as mãos trêmulas de Jimin nas suas.

  — MAS ELE IA DIZER COMO SAIR KOOKIE! ELE IA DIZER, ele ia... — Abaixou a cabeça apertando os olhos com força.

  Estavam tão perto.

  — Jungkook está certo, precisa se acalmar. Pense que, ao menos agora sabemos que há um jeito de escapar. Nos deixa melhor que antes. — Yoongi pronunciou calmamente, devolvendo o gravador para onde tinham achado-o. Alguém poderia precisar depois. Esperava do fundo do coração que não fosse necessário, mas deixaria mesmo assim.

  — Eu sei, mas Yoongi, podíamos já saber como, mas essa coisa pegou ele! — Jimin se levantou e parou em frente ao outro, logo começando a andar pelo espaço.

  Até que algo que, antes não havia sido reparado, liga sozinho. Uma antiga televisão, daquelas de antena, havia ligado. Nenhum dos três tinha visto-a ali antes, mas pararam o que faziam para encarar a estática ruim que ela possuía. Tinham medo do que apareceria. De fato, tinham um palpite, mas queriam muito estarem errados. Pena que se dependesse dali, nunca estariam.

  Gritos de espanto foram ouvidos assim que a imagem da televisão melhorou. Uma sala vazia com apenas uma cadeira, ocupada por uma pessoa que mantinha braços e pernas presos na mesma. O chão, repleto de sangue que escorria das coxas da pessoa, que estavam totalmente abertas, em carne viva. Hoseok gemia dolorido, chorando abafado por conta do pano que lhe envolvia os lábios. Observavam cada vez mais e mais sangue jorrar das coxas do garoto, que se retorcia de dor na cadeira, tentando inutilmente se soltar ou clamar por ajuda.

  Estava sendo torturado.

  — Hoseok. — Foi o que ouviram de Yoongi antes de serem puxados pelo mesmo para fora da sala, iniciando mais uma correria pelo local.

  Corriam tão rápido que por muitas vezes batiam os ombros nas paredes, gritando, mas precisando abafar os ouvidos ao ouvir seus mesmos gritos de volta.

 

  Esse lugar possui ecos, que lhe farão ouvir a própria loucura.

 

  Entraram novamente nos portões e encontraram-se novamente na portaria da escola. Bom. Ao menos isso não havia mudado. Yoongi olhou para os lados, não muito certo do que faria, mas ao escutar um barulho baixo não teve mais dúvidas. E saiu puxando os dois novamente, gritando para que andassem mais rápido, não podiam perder Hoseok.

  Ao chegar novamente em uma sala semelhante à anterior onde Jin estivera, puderam contemplar a terrível cena que se estendia. A mesma que lhes aparecera na televisão, a brutal imagem de Hoseok ensanguentado das pernas para baixo, tremendo forte e se debatendo contra as amarras que lhe prendiam.

  Os garotos gritavam, batiam e socavam as paredes e o vidro. Sabiam que não adiantaria, mas não podiam ficar ali apenas olhando, apenas assistindo. Não mais uma vez. Tinham que ao menos mostrar para Hoseok que estavam ali. E quando a cabeça dele girou até a janela, e seus olhos sorriram, todos choraram.

  Choraram enquanto deslizavam pela parede fria, e se abraçaram quando as bombas que estavam nas coxas e boca do rapaz atingiram o limite de tempo estipulado. O chão tremeu, o vidro manchou-se com a cor forte e viva. Os rostos totalmente molhados e aterrorizados, gritavam em dor e desespero, totalmente desnorteados.

  Hoseok havia os deixado. Ele havia explodido.

  Ele tinha sorrido para eles.

  Algo subiu por Jimin. Todo o desespero virou raiva, a mesma raiva que Hoseok havia sentido quando viu Tae se matar em sua frente. A mesma raiva que todos acumulavam, mas era escondida pelo medo. Quando se deu por conta, se encontrava na frente dela. Da maldita porta.

  — VOCÊ SUA PORTA INÚTIL. — Abriu-a. — POR QUE APARECEU? POR QUE? — Fechou a mesma em um estrondo, logo a abrindo novamente. — POR QUE NÃO NOS DEIXOU EM PAZ? — Bateu à porta ferozmente, abrindo e fechando de novo, repetidamente, tentando fazer com que tudo voltasse a ser como antes. — POR QUE? Por que? — Ainda batia na porta com o punho, não dava ouvidos aos dois atrás de si que lhe puxavam gritando para que parasse.

  Não queria se acalmar, queria todos de volta. Queria que tudo aquilo fosse só a porra de um pesadelo muito ruim. Queria acordar na escola, com o sol raiando e Jungkook abraçado a si, sorrindo diante do sonho bobo que tivera. Era pedir demais?

  — Estamos perdidos... — Jimin dizia sentado no chão em frente à porta. — Nunca sairemos daqui, nunca. — Chorava como uma criança, abraçado ao mais novo deles que se mantinha ao seu lado.

  — Nós vamos morrer não vamos? — Jungkook pediu baixinho, observando Yoongi que estava estático, sentado no chão e olhando para seus tênis. — Não tem jeito, vamos morrer mesmo... — O choro retornou fácil e rápido, a realidade dando um soco forte em seus rostos.

  Mas ainda não desistiriam.

  — Não. Não vamos morrer. — Yoongi levantou a cabeça decidido. Faria algo. — Nós podemos até ficar presos aqui para sempre, mas não morreremos. Não daremos esse gosto, não mesmo. — Ele faria alguma coisa, não acabariam ali. Não se dependesse dele.

  — Mas hyung, não há o que fazer. — Jungkook dizia choroso. Yoongi então abaixou-se até ficar na altura dos dois, pegou suas mãos e os fez olhar em seus olhos.

  — Nós vamos sobreviver ok? Vamos dar um jeito. Sabemos que há um jeito de escapar, só nos resta descobrir como. — Deu um aperto nas mãos alheias. — Vocês descansem agora, ok? Vamos até os dormitórios, lá vocês dormem um pouco enquanto eu fico acordado. Depois eu acordo Jimin, e ele vigia. Depois Jungkook e assim por diante. Tudo bem?

  Concordaram, e mesmo que as lágrimas ainda lhes molhassem a face, subiram até o dormitório e dormiram.  

  Era o melhor que podiam fazer naquele momento.

 

(...)

 

  Já haviam repetido aquilo algumas boas vezes. Estava funcionando ao menos, nada lhes havia acontecido. Era vez de Yoongi vigiar, então Jimin e Jungkook estavam quase pegando no sono.

  Isso se algo não tivesse chamado a atenção do mais velho.

  — Estão ouvindo isso? — Pediu baixo, e todos fizeram silêncio para escutar o som. Para escutar a doce melodia clássica que todo o parque de diversões possui em uma das suas atrações principais.

  — Um carrossel. — Jimin falou firme. Yoongi acenou positivamente com a cabeça, levantando devagar. — Onde vai? — Jimin já estava pronto para se levantar, mas Yoongi fez sinal para que ficasse onde estava.

  — Eu vou ver o que é isso. Fiquem aí, e não saiam. Nem que eu não volte. — Fez uma cara feia diante dos protestos que ouviu dos mais novos. — Não quero saber. Aqui vocês ficarão seguros. Fiquem aqui ok? Eu volto em breve.

  E se foi, deixando dois jovens totalmente aflitos para trás, que perderam totalmente o sono.

  Yoongi andava com cuidado. Não queria fazer barulho, não queria anunciar sua chegada. Isso só estragaria tudo. Um pé após o outro, a cada passo, o som aumentava. A melodia crescia, ficava mais intensa e incrivelmente viva, se estivesse em seus bons dias, Yoongi se sentiria dentro de um parque de diversões.

  Virou em um corredor que lhe pareceu familiar, não entendia como. Até que viu uma sala. A única daquele corredor. A luz que vinha de dentro piscava de acordo com a música, que estava tão alta como se Yoongi estivesse de frente ao tão famoso brinquedo.

  Andou então até a porta. Respirou fundo uma, duas, três ou mais vezes, não estava contando. Não era isso que lhe interessava. O ar lhe poderia faltar, mas o loiro descobriria. Colocou a mão na maçaneta incrivelmente bela e dourada, assim como a porta da sala, que brilhava em intensos tons de branco e dourado, além de detalhes em vermelho. Girou-a, sentindo uma brisa gelada lhe atravessar a alma quando finalmente abriu a porta.

  Olhava desacreditado para o que estava a sua frente, não podia acreditar. Abria a boca diversas vezes, mas nada lhe saia, apenas uma risada em total escárnio e sarcasmo.

  — Então era isso mesmo...

 

(...)

 

  Jimin já não sabia como nem quando havia pegado no sono. Apenas sabia que havia acordado com o som daquela música de antes, mas ela estava diminuindo. O som foi diminuindo até que se extinguiu totalmente, e o local foi tomado pelo silêncio novamente.

  Jimin estava um pouco tonto por ter acabado de acordar, mas se alertou imediatamente quando tateou a cama ao lado e não sentiu nada. Abriu bem os olhos e não havia ninguém ali. Nem pelo resto do quarto.

  — JUNGKOOK! — Gritou e saiu correndo desesperadamente atrás do namorado. Não fazia ideia de como havia dormido, de onde estava Jungkook ou Yoongi, é muito menos para onde estava indo. Apenas corria. — JUNGKOOK! YOONGI! ONDE ESTÃO VOCÊS? JUNGKOOK! — Gritava por todos os lugares onde passava, até mesmo onde os corredores se repetiam.

  Correu pelo que lhe pareciam ser horas, não sabia há quanto tempo estava correndo. Mas precisava continuar, precisava encontrá-los.

  Mas congelou quando voltou a ouvir a música. Quando voltou a ouvir o Carrossel.

  Achou um corredor de uma sala só, onde a luz que vinha da sala piscava no ritimo da melodia que tanto odiava. Jimin nunca gostara de parques de diversões, muito menos do carrossel.

  Não mediu esforços, muito menos teve calma ao andar até a sala e abrir a bela porta fortemente. A sala que antes piscava, agora estava totalmente iluminada. Totalmente manchada.

  Manchada por um vermelho forte, mas não um vermelho qualquer. Os órgãos e membros espalhados pela sala denunciavam que aquele vermelho era sangue. Um sangue fresco que se misturava com as partes irreconhecíveis do que um dia foi Min Yoongi. Jimin colocou as mãos sobre a boca, tendo que se escorar na parede atrás de si e controlar-se muito para não vomitar ou chorar.

  A música do maldito Carrossel continuava, agora mais clara para os ouvidos do Park. Desviou o olhar do chão coberto daquele imenso tapete vermelho, e olhou para o fundo da sala, onde encontrou um garoto parado mais ou menos de lado, dando corda em um carrossel de brinquedo.

  Dava corda sem parar, era como se quisesse que a música tocasse eternamente.

  Como se precisasse de corda para isso.

  — Kookie? — Chamou o mais velho, com a voz falha. Não era ele, não podia ser. — Jungkook? — O garoto então parou de dar corda, virando-se minimamente para Jimin que estremeceu ao ver que realmente era quem pensava.

  Jimin não sabia o que fazer, não sabia o que dizer. Jungkook estava diferente, claro que estava, mas o que tinha acontecido ali? Yoongi estava literalmente em pedaços espalhados pelo chão, e o mais novo não parecia se importar nem um pouco com aquilo. Muito menos de estar um pouco sujo com o sangue do outro.

  — Jungkook. — Chamou baixo, com as mãos trêmulas indicando o nervosismo aparente. O medo transparente, claro como água. — O que aconteceu aqui? — Todo seu corpo tremia, mas continuava paralisado em seu lugar, não ousava mover um único músculo.

  Os olhos dobraram de tamanho quando Jungkook finalmente voltou-se por inteiro para si, fitando-o tão intensamente que poderia rasgar sua alma. Poderia ir até o mais fundo de sua existência e retirar-lhe dali os mais profundos segredos ou pecados, apenas com aquele olhar. Aquele olhar negro e obscuro. Aquele olhar que não era do seu Jungkook.

  O garoto o fitava sério, com um semblante tão frio quanto o clima na maior montanha do mundo. Jimin permanecia trêmulo e assustado, apenas esperando pelo mais novo, que agora partia os lábios calmamente.

  Apenas para pronunciar a frase que nunca deveria ter ouvido. A frase que marcava seu destino. A frase que mesmo não sabendo, o faria finalmente sucumbir ao que tanto temia.

  — Ele disse que apenas um de nós sairia Jiminnie...


Notas Finais


É MT SÉRIO NÃO NOS MATEM
ENTOA
O que acharam? Sinceramente, tivemos essa ideia em um dia, e faltava exatamente uma semana para o Halloween então ficou bem corrido e tudo mais. Se ainda houverem erros ou coisas do tipo desculpem, foi em conta disso :)
Temos algumas colocações em relação à estória:
1) não fizemos apologia alguma a nenhuma religião, muito menos tínhamos intenção de ofender
2) também não fizemos apologia à prática da lobotomia
(para quem não sabe: a Lobotomia, ou Leucotomia, era um método da medicina antiga para "curar" pessoas com doenças mentais. Era inserido - em casos extremos e brutos - objetos, como por exemplo, picadores de gelo na área interna do olho do paciente, com a visão de retirar uma parte do cérebro deste, que era responsável pela doença. Muitos pacientes morreram por conta dessa cirurgia, que inclusive hoje em dia não é mais utilizada. O objetivo, além da "cura", era acalmar o paciente. Por isso na estória, Yoongi diz que o efeito foi outro no caso de Taehyung. Se quiser entender melhor, este site explica direitinho. http://www.infoescola.com/medicina/lobotomia/ )
É isso amores! Esperamos do fundo do coração que vocês tenham gostado!
Beijos, não nos matem, e até uma próxima! <3


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