História D. de Demônio - Capítulo XII - A instrução nº 4.

Capítulo XII - A instrução nº 4

Seu senso de perigo gritava ao tempo que os dois seres o observavam, mas Law sempre se orgulhou de não entrar em pânico facilmente.

- ...Eu preferia continuar vivo, se você não se importar - Olhou ao redor, tentando ignorar a dor latente de sua coluna, buscando um lugar que pudesse se esconder.

O quarto de Luffy, como se a casa tivesse escutado seu apelo mental, a porta que a ele levava reapareceu. Apertou com força a pena que ainda estava na sua mão.

- Você pelo menos é bem corajoso para um humano - O moreno falou pela primeira vez, dando um passo à frente.

Ele tinha que ser rápido. Se queria sair dali vivo para ainda encontrar Corazón, tinha quer fazer isso logo...Esses dois pareciam versões mais velhas das crianças que viu num quadro com Luffy, o que significa que eram os irmãos que Nami mencionou.

Os incontroláveis e perigosos irmãos, como Sanji o fez saber. Mesmo Luffy havia dito que se eles o encontrassem, o matariam. E claro, aqui estavam.

Sua sorte era realmente uma maldita.

Equilibrou-se com dificuldade e tentou sorrir com educação aos outros dois, enquanto em suas costas tentava encaixar a bendida pena em algum lugar. De alguma forma eles não pareciam ser capazes de ver a porta.

E por que ela simplesmente não abria sozinha como fez da última vez?!

-...Quem são vocês? Desculpem...Mas eu gostaria de ao menos saber o nome dos meus assassinos...

Escutou um pequeno "clique". Tinha achado a fechadura que precisava.

- Isso é ridículo - O moreno resmungou e Law percebeu com espanto como pequenas labaredas começavam a dançar em seus ombros.

- Eu me chamo Sabo e este ao meu lado, Ace. Somos os irmãos de Luffy - O loiro respondeu com cortesia, como se estivessem se conhecendo numa festa da alta sociedade - Sua graça seria?

- Sabo! Você não é que nem o idiota do Dragon! Não precisa responder cada maldita pergunta que te fazem! - Ace voltou-se irritado ao loiro.

- É apenas uma questão de educação, Ace. - Sabo também se voltou a seu irmão, ignorando Law - E eu disse que gostaria de saber as razões dele antes de matá-lo.

- Mas eu não gostei dele, matamos primeiro e depois você usa algum feitiço e pergunta pro cadáver depois!

- Eu não vou usar de necromancia só porque você não gostou dele!

Trafalgar aproveitou a distração da recente briga que os dois se envolveram para girar a pena, destravar a porta e fechá-la com tudo às suas costas.

E para seu enorme alívio, assim que foi fechada e a pluma retirada, a madeira desenhada com sangue desapareceu completamente.

Law voltou a respirar com tranquilidade, pelo menos por enquanto, pelo que Zoro disse os dois não deveriam conseguir entrar no quarto tão facilmente.

Caminhou com dificuldade pelo lugar, olhando de esguelha para ver se o quadro do homem tatuado ainda estava virado, aliviou-se ao ver que estava exatamente no mesmo lugar.

Sentou-se na cama, passando as mãos pela coluna, tentando avaliar o estrago, mas claro, não era capaz de ver suas costas. Levantou-se com uma reclamação e decidiu procurar por um espelho.

Encarou o armário ao lado da capa e decidiu que esse era um bom lugar para começar a procurar. Suas portas eram pesadas e pareciam bem antigas, contudo, não possuíam sequer um rangido.

Dentro haviam várias roupas, objetos que Law não conhecia, gavetas com mais roupas e uma delas estava trancada.Mais uma vez sacou a pena e a fincou num minúsculo buraco, fazendo com que ela abrisse sem problemas.

Ali havia outra pluma branca, porém de tamanho bem maior, um talismã do tipo Ofuda com escritos orientais, duas moedas de ouro e o que Law procurava, um espelho.

Pegou o objeto e fechou o armário, voltando a trancar o lugar que o encontrou.

Parecia um espelho normal, adornado em prata, porém em sua lateral havia uma escritura que Law reconheceu como latim.

"Levante-me" de um lado.

"Lance-me longe" do outro.

Reconheceu essas palavras de algum livro, mas não sabia qual.

Deixando isso de lado, bateu suavemente no vidro e observou de vários ângulos para ter certeza que não era amaldiçoado. Parecia um espelho completamente normal, apenas um pouco escurecido, provavelmente por ser velho. Satisfeito com sua avaliação, levantou sua camisa e analisou suas costas.

Um enorme hematoma roxo já estava começando a se instaurar por sua pele, mas aparentemente não havia quebrado nada  .Precisava de outros instrumentos para uma avaliação mais precisa.

Voltou a sentar-se e logo deitar-se na cama, com o espelho ainda em mãos.

- FINALMENTE EU TE ACHEI!

Law praticamente pulou da cama, com uma dor pungente quando a enorme janela do quarto se abriu com um estralo revelando a figura de Luffy, saltando para dentro e um lobo que parecia inconsciente em suas mãos.

O demônio aterrissou ao lado da cômoda com os quadros e o lobo foi lançado contra a parede onde ficava a porta.

- Que bom! Eu te achei antes deles te prenderem na parede - Sorriu radiante apesar de suas palavras. - Está tudo bem?!

Trafalgar indireitou-se, caminhando irritado até ficar cara a cara com Luffy.

- Se eu estou bem?! Eu...!- Encarou aqueles olhos vermelhos sangue com os seus.

E de repente, estava num bosque, sombrio, com frio, olhando para Corazón, sujo de sangue.

-...Ei, vai ficar tudo bem menino, eu não vou te fazer mal...Qual o seu nome...?

Piscou...Era exatamente como no dia que o conheceu.

Encarou os olhos do bom homem.

Estava no chão, olhando para os pés de DoFlamingo.

- Kaidou vai ficar muito feliz. - Tiros e uma excruciante dor.

"LAW"

Bateu na beirada da cama, caiu sentada sobre ela, Luffy o observava preocupado.

- O-o que foi...Isso...

Seu corpo tremia, como se realmente tivesse passado por aqueles sensações, sentiu o impulso de abraçar seus ombros ao tempo que o outro se aproximava.

-... Law, desculpa. Está tudo be-

Só que ao tentar mover as mãos, Trafalgar notou que ainda segurava o espelho. Mecanicamente olhou para ele, no qual se refletia sua face pálida e surpresa.

Mas também, Luffy parado logo à sua frente, seus olhos cor de sangue.

E novamente começaram as visões, porém dessa vez, as lembranças não eram suas...

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