Capítulo XVI - O que fazemos por você.
- Obrigado Usopp - Ace disse assim que o lobo parou ao lado da cama.
Com cuidado, o moreno pegou Luffy ainda inconsciente e colocou sobre um dos leito, ao tempo que Sabo usou sua magia para criar paredes negras em volta de outra cama mais afastada e prender Law ali dentro.
Quando se voltou à Luffy, Usopp estava novamente em sua forma humana com orelhas de lobo.
- Eu vou chamar Chopper.
- Eu já o avisei - Sanji o interrompeu parado ao lado do espelho perto da porta - Ele está à caminho, mas eu preciso que você venha comigo para discutirmos com os outros a situação.
Seu tom de voz não deixava lugar para réplicas, o homem lobo rapidamente compreendeu que o vampiro queria deixar os irmãos à sós.
- Obrigado pela ajuda - Sabo agradeceu também, parando ao lado de Ace e da cama.
- É Luffy! É claro que íamos ajudar!
- Ele tem razão, agradecer é completamente desnecessário. É nossa responsabilidade.
E assim os dois saíram deixando os irmãos sozinhos.
- Sabo - Ace começou de forma séria - Tire suas luvas e deixe-me ver suas mãos.
O loiro não parecia surpreso, apenas suspirou derrotado, obedecendo. Ainda era possível ver os cortes do resultado da quebra do espelho, mas o pior sem dúvida era que a pele ao redor deles estava começando a ficar negra.
-... Você disse que era um espelho negro?- Questionou o moreno avaliando a mão com a expressão franzida. - O que isso significa...?
- É um espelho geralmente usado para comunicação com espíritos, algo como uma técnica de necromancia, mas utilizando-se do conjuro certo, é possível prender um demônio ou até mesmo um anjo dentro dele.
-...Você acha que foi...Uma armadilha?
- Sem dúvidas, mas parece que não funcionou.
- Como não?! Luffy está inconsciente e você foi amaldiçoado!
- ...Não acho que a inconsciência do Luffy tenha haver com os poderes do espelho... Pela pose em que estavam eu diria que - Hesitou -...É como se Medusa e Perseu tivessem cruzado olhares pelo escudo brilhante de Athena.*
-...E quem seriam esses?! Companheiros do Luffy também?!
Sabo respirou fundo.
-... Eu esqueço que você é um idiota ignorante.
-EI!
- ...Foi apenas uma comparação, eu quis dizer que Luffy e o humano devem ter cruzado seus olhares pelo espelho. Luffy não é imune ao próprio poder amaldiçoado, então ambos foram afetados. Foi uma coincidência infeliz...Ou muito feliz.
-Como algo que deixou nosso irmãozinho inconsciente pode ser bom?!
-Porque ao segurar o espelho e olhar pra ele, algo no humano, de alguma forma, selou a armadilha. - Tirou o que sobrara da empunhadura do espelho de dentro de seu casaco -... Ainda é possível sentir, uma minúscula energia sendo emitida disso.
-...Quer dizer que ele não é humano?
- ...Eu não tenho certeza...
- Ótimo - Colocou Ace com sarcasmo - Só porque eu REALMENTE queria matá-lo, ele pode não ser humano, e ainda ter salvo Luffy, maravilhoso. - Acrescentou com sarcasmo.
Sabo sorriu de lado.
- Quem sabe, eu posso estar errado.
- É cruel de sua parte ainda me dar esperanças, irmãozinho.
O comentário realmente constrangeu o bruxo.
- Você é apenas alguns meses mais velho!
- Sim, mas eu SOU alguns meses mais velho - Sorriu com soberbia - Agora, vamos resolver sobre essa sua maldição. Eu posso reverter isso com meus poderes.
- Não é preciso! - O irmão do meio apartou a mão com velocidade - Só vai levar algumas horas, mas eu consigo reverter a maldição!
-"Algumas horas" não seja estúpido! Eu posso resolver isso num instante! É só você pedir.
- Ace, você odeia seus poderes, eu posso cuidar disso.
- É verdade, eu odeio, me repulsa ter nascido simplesmente para cumprir desejos egoístas de um maldito humano - Disse com desprezo olhando para os próprios pés , porém, dando um passo à frente e retomando a mão ferida de Sabo. - Eu nasci simplesmente para realizar desejos egoístas e viver aprisionado numa garrafa.
- Ace...!
- ...Ou pelo menos era isso que eu pensava...Até conhecer você Sabo e Luffy...- Ergueu o olhar com um sorriso - Mesmo tendo um sangue maldito vocês me ensinaram que eu também tinha o direito de estar vivo...De ser livre...
"- ...Você quer que eu viva...? ...E não por causa dos meus poderes...?"
- Por vocês, apenas por vocês, meus irmãos, eu não me importo em ser um Cramulhão, um demônio da garrafa. Se assim eu posso ajudar vocês de alguma forma. E é muito melhor realizar o desejo de um irmão do que de um humano maldito!
Sabo sorriu derrotado por essas palavras, mas sentindo-se aliviado por elas.
-...Mas isso não vai te deixar fraco?
- Por uma hora, eu irei voltar para o meu tamanho normal. Quando eu acordar, eu aceito o sangue daquele humano, ou seja o que ele for, idiota. De jeito nenhum eu vou beber seu sangue ou ficar com sua alma em troca do pedido!
O bruxo concordou rindo.
- Aah, isso me deixa muuuuuito aliviado! - Completou com sarcasmo, então se pôs serio - Eu ficarei de olho em tudo enquanto você estiver dormindo.
- Tenho certeza que sim.
Então o bruxo fechou os olhos, segurando a mão do demônio com força.
- Demônio da garrafa, por favor, faça o relógio voltar atrás, faça voltar o que eu possuía, cure antigas feridas, mude a decisão do destino, salvação ao perdido, desfaça o mal desejado, deixe seu poder queimar...*
Enormes asas de morcego abriram ruidosamente ao tempo que os olhos de Ace brilharam em vermelho sangue, fogo começava a crepitar das mãos demoníacas até as do bruxo, tornando-se azuis, espalhando-se pela pele pálida e levando consigo os ferimentos como se fossem água a evaporar.
Foi tudo por alguns instantes, em seguida, não havia mais qualquer sinais ou marcas da maldição. Depois, porém, Sabo se adiantou para pegar o corpo adormecido de seu irmão, como se o envolvesse num abraço não retribuído, enquanto o mais velho começava a diminuir e diminuir. Até caber na mão do bruxo.
- Quem é o irmão 'maior' agora, heim? - Brincou acariciando os cabelos do diabinho com seu dedão. Não houve resposta, apenas o encolhimento do demônio dentro de suas próprias asas, como um morcego.
O loiro caminhou até a cama e depositou o pequeno ao lado da cabeça de Luffy, que seguia desacordado.
Sem dizer mais nada, saiu da sala encontrando-se com Zoro sentado do lado de fora.
- Ninguém indesejado vai entrar nesse lugar - Declarou com voz grave e aura que emanava perigo.
O irmão do meio sorriu satisfeito, acenando com a cabeça e seguindo pelo corredor.
Havia algo que não disse a Ace, encarou mais uma vez a empunhadura do espelho que estava em sua outra mão. "Levante-me" de um lado. "Lance-me longe" do outro. Reconheceu de imediato essas escrituras.
Os escritos da espada sagrada do Rei Arthur, Excalibur. Dada ao rei pela sacerdotisa mais importante da Antiga Religião, a Dama do Lago. Era um conhecimento muito específico de lendas humanas que pouquíssimos demônios deveriam conhecer. Contudo, era um conhecimento obrigatório para qualquer bruxo que quisesse realmente dominar todas as áreas da magia. E era algo que Sabo, como um amante de literatura, claramente saberia reconhecer com um simples olhar.
O caminhar era cada vez mais forte, as mãos fechadas em punho começavam a incendiar-se num fogo azul, suas pernas emitiam chamas bruxuleantes, suas pupilas pareciam afiar-se, como se todo seu corpo estivesse pronto para mudar de forma, caso fosse necessário.
Não era só uma armadilha, era praticamente um desafio pessoal para ele, porém enganados estavam aqueles que ousassem o subestimar, e acima de tudo, que ousassem tocar em sua família.
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