História D. de Demônio - Capítulo XX - Sangue de demônio.

Capítulo XX - Sangue de demônio

O ar começava a faltar. Parecia que as paredes estavam ficando cada vez mais e mais apertadas...

Law bateu de novo, uma e outra vez, tentou pedir ajuda, mas parece que a estrutura negra estava impedindo a sua voz de ecoar pelo cômodo.

"Eu vou morrer"

Fincou as unhas contra a parede, bateu sua testa, ignorando a dor latente em sua cabeça e coluna, o ar era cada vez mais escasso.

"Eu vou morrer"

Socou, uma e outra vez. Nada, nenhum movimento, nenhum som.

Sabia que se continuasse agitando-se assim, o ar apenas acabaria mais rápido, contudo...

"Corazón..."

Ele realmente nunca teve medo da morte, até era simpático à ela. Ela já havia levado sua família. Porém ele ainda tinha Corazón...O que seria daquele atrapalhado, idiota, carinhoso e amoroso homem que era praticamente seu anjo da guarda?! Como ele lidaria com sua morte?! Pensaria que ele o abandonou? Que fugiu...?!

"Eu não quero...Morrer...Aqui!"

Nunca rejeitou a ideia da morte, sua pessoa nunca se importou, mas por ele, por ele queria continuar a viver. Se o sonho de Luffy era criar um lugar onde todos pudessem viver com liberdade, por que o estavam matando ali?!

"-Então tu queres viver?"

Uma voz tenebrosa, muito pior do que aquela que escutou na floresta, e ainda mais sombria do que a de Dragon, que escutou através do quadro e das memórias de Luffy.

Não respondeu. Levando as mãos à garganta com desespero, arranhando a própria pele numa tentativa inútil de conseguir ar.

"Tu pareces bem desesperado"

Sua cabeça começava a rodar e rodar.

"Seja quem for você...Me ajude!"

"-Ah, tu queres minha ajuda? Muito bem, eu posso te ajudar...Mas claro, isso vai ter um preço...Não é muito, apenas...Aceite seu sangue, quem tu realmente és."

"M-meu sangue..." - Seus joelhos cederam, caindo no chão.

"- Exato! E assim, vire esse mundo de cabeça para baixo conosco, seja mais livre do que qualquer um, livre-se das leis do céu! Contudo, todo esse poder terá uma consequência. Uma parte de teu poder será mais forte do que tu."

Começou a tossir sangue engatinhado no chão. Então lhe ocorreu. Esse lugar onde estava preso, estava cada vez mais ficando sem ar, ou sua doença de infância estava voltando? Sim...Corazón, desde que se conheceram, deu-lhe um desconhecido chá de ervas para evitar que os sintomas estranhos voltassem. Poderia estar sofrendo uma recaída justamente agora?!

"-Isso não é uma doença Trafalgar D. Water Law. Isso é o destino."

Tossiu mais e mais sangue.

"-E se tu queres sobreviver...Não tens escolha, aceite teu sangue e torne-se um de nós."

"Apenas..." - Tudo a sua volta começava a ficar negro -"Apenas...Me diga o que eu tenho que fazer"

"-Use seu sangue. Desenhe dois círculos, um dentro do outro.Nos quatro pontos cardeais coloque a primeira letra de cada uma dessas palavras..."

Trafalgar ergueu a mão tremula, mas fez o que lhe era dito.

"- "B"urgos...Do norte, "U"niverso do leste, "E"terno do sul e "R"ealidade no oeste..."

Law caiu no chão, ofegante, mas terminou o símbolo descrito.

"-Faça um círculo entre os Burgos e a Realidade, divida-o como um mundo e suas quatro estações. Três luas em seu lado esquerdo. Quatro círculos dentro das estações"

Eram metáforas lógicas, complexas, mas mesmo que tudo estivesse ficando negro e Law mal sentia seu braço mexer no desenho, seu cérebro de algum modo ainda continuava trabalhando incessantemente para desvendar o que lhe era dito.

"-Do círculo das estações, a linha horizontal termina no infinito. Um romano. Do círculo das estações que corta a vertical, o fim é uma única ponta da cruz de malta, no meio dois romano."

Era absurdo que conseguisse desenhar algo dessa complexidade, sua vista ficando completamente negra, mas sua mão ainda se mexia, como se tivesse vida própria, como se ele...

Conhecesse aquele desenho...Como se fizesse parte dele.

"-Este é teu selo de sangue. Agora, invoca teu poder e liberta-te!"

De repente seus olhos se abriram, amarelos vivos, uma longa flecha pontiaguda, que mais parecia uma espada, surgiu sobre sua cabeça, acertando a parede em cheio e quebrandoo-a em milhões de pedaços.

"-Seja bem vindo D."
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