História D. de Demônio - Capítulo XXIV -Por qual caminho seguir?

Capítulo XXIV -Por qual caminho seguir?

Shanks chegou a enfermaria encontrando uma cena, no mínimo, inusitada.

De fato, Luffy estava deitado sobre uma das camas, roncando em alto e bom som, com seu fiel escudeira Zoro sentado numa cadeira ao seu lado.

Contudo, do outro lado do cômodo, havia uma cama destruída, e ao seu lado estava um homem loiro cujo cabelo lembrava muito um abacaxi, Shanks o reconheceu imediatamente como sendo a forma humana de Marco, a fênix, um dos homens, ou filhos, de Barba Branca, ele estava com as mãos em formato de concha, segurando o que parecia um vidro de sangue junto à uma miniatura de Ace, um dos irmãos mais velho de Luffy, que bebia o líquido rubro no pequeno pote.

Mas sem dúvida o que mais chamou sua atenção foi...

- Por que você está vestindo um lençol Marco? - Foi o primeiro que disse quando todos os olhares se voltaram para ele.

O homem em questão suspirou irritado.

- Olá para você também ruivo.Aparentemente o novo convidado de Luffy é capaz de mudar a forma das criaturas quando encosta nelas - Explicou com sua expressão de tédio habitual - ...Mas não sabe, ou não tem a decência, de conjurar roupas também quando faz isso.

Uma vozinha fina riu baixo, no instante seguinte, Marco estava apertando o pequeno diabinho da garrafa com uma de suas mãos.

- EI!! Deve ter sido engraçado! E não me aperte assim! Eu não pude descansar nem uns minutos, você vai me machucar, idiota! - Ace se contorcia até conseguir se livrar de sua prisão, para logo voltar ao topo do vidro para beber mais sangue - E olá ruivo!

- Oi Ace! e...Aaah~ Você fica estranhamente fofo nesse formato! - Riu o Kyonshi se aproximando da cama de Luffy, ignorando a baforada de fogo irritada do outro demônio - E Luh, como está?

- Ainda não acordou, mas parece estar melhor...-Começou a dizer Zoro sem sequer se mover pela aproximação do morto-vivo, confiando em sua presença - Até mesmo já começou a roncar.

Shanks sorriu aliviado, erguendo a mão para bagunçar o cabelo do moreno, que apenas sorriu satisfeito em seus sonhos. O ruivo se voltou à fênix.

- Esse demônio que te transformou, é o mesmo responsável pelo que aconteceu com Luffy?

- Não exatamente pelo que entendi.

- Sabo disse que ele pode ter salvo Luffy de uma armadilha - Completou Ace, mas logo franziu a expressão irritado - Mas ainda assim eu não gosto dele!

- Novidade é quando você gosta de alguém Ace - Completou Marco ignorando os protestos do pequeno demônio - Quando ele destruiu a barreira e me acertou, pareceu apenas assustado, não havia malícia em seu ataque.

- Eu acredito que o encontrei no corredor. - Recomeçou Shanks sentando-se aos pés de Luffy - Desconfiei porque nunca o tinha visto antes...A princípio achei que fosse algum novo membro dos outros reis, mas por via das dúvidas absorvi parte de sua alma quando ele estava distraído.

- Considerado como sempre ruivo - Ironizou Marco ao que o outro apenas sorriu fingindo inocência - Ainda não esqueci o dia que você visitou nosso lar e desmaiou alguns de nossos irmãos.

- Ele realmente fez isso?! - Ace parecia impressionado.

- ...Eu estava com fome...E foram eles que se aproximaram demais - Bufou infantilmente - E parece que seu rancor também renasce das cinzas, não é, Marco? De quaaalquer forma, o fragmento de alma não era malicioso e ele até me ajudou com sua capacidade de cura.

- Capacidade de cura?! Que tipo de demônio pode mudar a forma dos outros e curar?! - Questionou o diabinho - Além disso, quando eu e Sabo chegamos pensamos que ele era um humano!

- ...Não parecia humano para mim...

- Quando Luffy o trouxe, Law cheirava como humano e mesmo seu sangue tinha o mesmo gosto de um, pelo que os vampiros daqui disseram -Zoro completou.

-...Não é qualquer demônio que consegue se camuflar nesse nível...Mudar sua aparência para uma mais humana é algo, agora, o cheiro e o sangue...Nunca ouvi falar disso -seguiu a fênix.

- Ah, mas ele não é um demônio qualquer, pra mim ele se apresentou como um D. - Comentou o ruivo casualmente.

- O QUÊ?! - Ace e Zoro gritaram juntos ao tempo que Marco suspirou cansado.

- Ótimo, mais dor de cabeça...

-.-.-.-.-.-

Era absolutamente estranho que ninguém o tivesse seguido, era como se todos na casa estivessem ocupados demais com seus próprios assunto como para ir caçá-lo.

Mas pensando bem...Hoje aconteceria a tal reunião de demônios...Todos de fato deveriam estar ocupados...E ainda assim por que nenhum deles se prontificou a capturar o humano que fez seu chefe perder a consciência...?

...Claro...Não era mais um humano...Talvez por isso não o vissem mais como uma ameaça?

E agora, com essa aparência...Com esses olhos e garras...E quem poderia garantir que não teria chifres também no futuro? Talvez apenas ainda não tinham crescido. Como poderia continuar sua vida desse jeito? Será que mesmo Corazón o aceitaria assim?

Parou de caminhar.

O que faria de sua vida? Qual caminho seguiria agora?

Lembrou-se do sonho de Luffy, mas não o aceitariam aqui, não depois do que ele fez. Mesmo que conseguisse convencer que tudo foi um acidente...Queria realmente permanecer nessa casa de loucos...?

Então uma lembrança apareceu em sua mente...O quadro maior do quarto de Luffy... Aquele rascunho ao seu lado...

Engoliu em seco.

- Merry-Sunny? - Estava definitivamente louco em tentar falar com a casa, mas não havia outra solução.

Para sua surpresa a madeira embaixo dos seus pés rangeu, como se ela tivesse escutado seu chamado.

-...Por favor, será que você pode me mostrar o quarto de Luffy, outra vez?

Quase instantaneamente a porta de carvalho apareceu na sua frente. Havia uma pena de fogo azul brilhante fincada nela, ao invés das plumas do próprio Luffy, mas de qualquer forma ao tocá-la a porta se abriu.

Examinou a madeira confuso, não possuía qualquer selo de sangue como Zoro havia mostrado antes.

Contudo sobressaltou-se ao descobrir que o quarto não estava vazio. Entre a cama e a estante das pinturas estava um homem familiar, de um dos quadros e da memória de Luffy. Monkey D. Dragon.

-...Então...Você não é mesmo um humano - A voz grave anunciou.

Law ia dar um passo para trás, porém, a porta havia desaparecido.

-...Aparentemente não...

Diferente de Luffy, seu pai tinha uma aura assustadora, embora não parecesse ter a intenção de intimidá-lo. Observando melhor, pôde notar que o demônio estava no centro de um enorme selo de sangue e seu pulso ainda gotejava o líquido.

Uma ideia lhe ocorreu.

- Se você não me matar, eu curo seu pulso.

Dragon ergueu a sobrancelha interessado ou descrente, era difícil saber.

- Por que eu te mataria?

-...Muitos tentaram isso hoje...

- Todos aqui podem ser muito super protetores quando se trata do Luffy.

- ...Principalmente Ace e Sabo...

- Ah sim, os meninos são os mais selvagens quanto à isso. Embora o Oni Zoro também seja de se preocupar.

-...E você? É o pai dele não é...? - Ele não parecia surpreso por esse conhecimento - Também não me atacará para ter certeza que ele está seguro?

- Sim, sou o pai dele, mas confio em seu julgamento. Se ele te trouxe pra cá, sabe que você é confiável.

- É por isso que você reanimou aquele humano, Shanks? - Dessa vez Dragon realmente ergueu as duas sobrancelhas impressionado. Por alguma razão Law se sentiu orgulhoso por isso, o homem não parecia se impressionar facilmente. - Por que além de salvar seu filho, você deduziu que o homem teria grande potencial pelo julgamento de Luffy? Podendo ajudar a protegê-lo?

-... Você é realmente muito inteligente...E pelo número de perguntas você também deve saber de minha "maldição". Mas ela não me obriga a responder coisas tão pessoais assim, então, está perdendo seu tempo, criança.

-...- Sim, tinha esquecido esse detalhe.

- Agora eu que questiono, o que te trás a esse quarto? - Mesmo que não estivesse olhando em seus olhos, pôde ver que eles brilharam.

- Eu queria ver a figura que parecia estar sendo desenhada ao lado de Luffy no quadro maior - Surpreendeu-se com o que disse, era como se as palavras saltassem de sua boca e fosse incapaz de evitá-las.

- Entendo. Muito bem, então, por que não olha por você mesmo? Apenas te aconselho que não pise nesse círculo de sangue.

Law hesitou, mas não havia mais o que poderia fazer...Caminhou até o outro lado da cama, perto do armário. O quadro era grande o suficiente para ele ver mesmo dali.

E o que viu congelou seu sangue. Ao lado de Luffy, naquela pintura com os trinta membros daquela casa e Merry e Sunny, não havia mais um rascunho, em seu lugar estava um homem completamente desenhado e pintado com sua expressão seria e olhos amarelos.

A figura no quadro era ele mesmo.

- ...Esse quadro nunca mentiu antes. - As palavras escaparam de sua boca.

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