História D. de Demônio - Capítulo III - Não desperdiçamos comida nessa casa!

Já completava pelo menos uma hora que estava sentado naquele quarto. Repensando o momento que se encontrou com Luffy, tentando lembrar a maldita coisa que tinha oferecido como refeição ao demônio.

Era tudo negro, depois de que Luffy se apresentou não existia nenhuma lembrança em sua mente até o momento que acordou.

Começou então a tentar formar um plano para fugir dali, tentar contactar-se com Corazón e escapar para o mais longe possível de Doflamingo, pelo menos por enquanto, mas tampouco algo lhe ocorria sobre isso. Sem contar que Luffy possuía muitas informações sobre sua pessoa, ou mesmo tinha a capacidade de ler mentes, não sabia dizer.

Nenhuma das opções era de muito consolo.

- Será que eu atrapalho seu debate mental? - Uma voz tranquila o fez sobressaltar mais uma vez naquela noite, levantando o olhar encontrou-se com um homem loiro parado na porta, definitivamente ele não estava ali antes.

- Mas quando...!?

- Relaxe humano, eu só vim trazer a sua refeição - Fez sinal com a cabeça indicando a bandeja em suas mãos - A SUA refeição e não TE fazer de refeição. - Acrescentou com graça vendo a expressão desconfiada de Law.

O homem caminhou elegantemente pelo quarto deixando a bandeja sobre a mesa ao lado da cama. Tinha cabelos loiros que cobriam seu olho esquerdo, o outro descoberto era azul brilhante, por cima possuía a sobrancelha enrolada. Levava um traje elegante e formal no estilo vitoriano, mas em geral parecia alguém absolutamente normal.

-.... Hã... Obrigado...Mas por que disso? Me refiro a...

- Por que um bando de demônios está sendo hospitaleiro contigo? - Completou virando-se para Law, encostando-se na parede. - Culpe o Luffy, digamos que ele tem o péssimo costume de trazer pessoas feridas ou perdidas na vida, ou na morte, para essa casa. Embora eu nunca imaginei que ele pudesse fazer isso por um humano...Mas eu devia ter desconfiado. Quando criança ele foi salvo foi um, de modo que é natural que não tenha os preconceitos habituais contra sua raça.

Estando sob o olhar penetrante do homem, Law resolveu começar a comer, notando que isso o fez sorrir satisfeito.

- É comida de humanos, pode ficar tranquilo quanto a isso. - E logo sorriu com orgulho. - A maioria dos demônios acharia besteira, mas eu estudei culinária de humanos também! Quem me ensinou era um velho de merda, mas também era um humano muito bom, por isso posso entender o ponto de Luffy. 

-...Está delicioso... - E era verdade.

- Está não é? Eu não perdi a mão depois de tudo!

-... Você...Não parece um demônio - Não pôde deixar de comentar observando o outro com atenção. Porém logo se arrependeu do comentário, pois toda a posição amigável do ser desapareceu.

- A maioria dos meus te mataria por essa simples observação.

E então começou claramente a rir da expressão de Law.

- Eu não me importo realmente, mas Cavendish pode se ofender, ele é meio sensível para essas coisas...Para a maioria das coisas na verdade.  - Deu de ombros - Parecer humano facilita que eu me aproxime de liiiindas meloriines~ - Começou a rodopiar feliz e Trafalgar quase podia jurar que seu olho tinha o formato de coração nesse momento.- Damaas tãaao liindas de sangue taaaão doce! Claro que eu nunca machucaria uma dama! Mas um mordisco de amor não fere ninguém~

Law sinceramente tinha a impressão de que o homem não estava mais falando com ele, então resolveu continuar comendo enquanto pensava em mais perguntas.

-...Então...Há muitos demônios nessa casa? E por que demônios odeiam os humanos? - Sanji parou de rodopiar e lançou-lhe um olhar sério.

- Pelo mesmo motivo que o contrário, ignorância. Humanos acham que todos os demônios e monstros são ruins, os dois pensam o mesmo dos humanos. Mas a verdade é que a maldade não enxerga raças e a bondade tampouco. São nossas ações que define o que somos. Mas muitos humanos nos caçam por medo e essa perseguição gera rancor. Tudo acaba num ciclo interminável.

Ele parou por alguns segundos, tirando o que parecia ser um pequeno cachimbo da roupa e tragando-o demoradamente.

- Você teve muita sorte de ter sido encontrado pelo Luffy, ele é um tipo de demônio único, mas você tem um enorme azar de estar nessa casa justo no Halloween. Aqui moram 30 seres, entre demônios, monstros, seres sobrenaturais e o Chopper que ninguém tem muita certeza do que é. De nós, 16 se encarregam dos principais afazeres, 2 gerenciam a casa e acima de tudo está Luffy. Uma vez que foi ele que te trouxe pra cá, nenhum de nós te fará nada, contudo...

-...Hoje há uma espécie de reunião aqui, não é? - Um frio começava a passar por sua espinha cada vez que pensava nisso, embora tentasse não transparecer.

- Exato. Pelo menos você é inteligente. Os quatro reis demônios estarão nessa casa, cada um deles controla sua própria legião. Dois deles são razoáveis, mas os outros dois são incontroláveis. E falando em incontroláveis há os irmãos de Luffy... Acredite quando eu digo que não posso falar nada de famílias problemáticas, porém esses dois odeiam humanos acima de tudo, por experiências passadas aparentemente. Se eles souberam que você se aproximou de Luffy... -Suas palavras ficaram no ar e Law engoliu em seco. - Você está certo em pensar que não está seguro aqui. - Se adiantou até a bandeja, agora sem comida, encontrando os olhos do humano com os seus. - Qualquer um desses visitantes podem te matar e fazer parecer um acidente, Luffy é muito ingênuo e fácil de convencer com mentiras, então ficaremos de olho em você por ele, mas todos estaremos ocupados e não somos babás. Então escute atentamente minhas instruções. 

Law o observou com atenção, sem deixar de notar que o homem tinha um brilho dourado em seus olhos azuis.

- Primeiro, nunca ande sozinho. Segundo, não deixe sua sombra andando por aí sozinha tampouco, terceiro, mantenha sua alma sempre com você, quarto, evite contato visual, quinto, não faça acordo com nenhum demônio, não importa quem seja e sexto...Em hipótese alguma, sob qualquer circunstância, irrite o Luffy.

Law piscou, tentando encontrar sentido nessas instruções. Como raios sua sombra manteria distância de qualquer forma?! Sanji, por outro, lado já estava se retirando da sala.

- Ah...Eu...Vou tentar...- Resolveu ao menos agradecer - Obrigado pela refeição também....

- Não se preocupe com isso - Parou no batente da porta ao lado de um grande espelho velho. - Eu não permito que ninguém nessa casa passe fome, além do que, considere um agradecimento pelo sangue que você deixou pra nós. Eu prefiro o sangue de beeelas damas~ Mas não desperdiçamos comida nessa casa! Por isso, se você morrer essa noite, eu te prometo que cada grama de seu cadáver será bem utilizado, o mesmo se aplica a sua alma.

E terminou sua frase com um enorme sorriso, mostrando seus dois caninos salientes. Só então Trafalgar reparou que o espelho atrás do homem simplesmente não mostrava seu reflexo. Contudo, antes que pudesse expressar qualquer temor, o vampiro havia desaparecido.

Trafalgar Law engoliu em seco, ignorando completamente a instrução número 1 e saindo do cômodo, decidido a escapar dali. Sem perceber que um par de olhos o seguia pelo longo corredor.

-...Vejam só, vejam só...O pequeno humano quer fugir~ Luffy não gostará disso...E não queremos ver Luffy nervoso não é Merry-Sunny?

E após essas palavras, sem que Law sequer suspeitasse, os corredores da casa começaram a mudar de lugar criando um verdadeiro labirinto.

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