História Da cabeça aos pés - Ritmo quente

— O que está pegando, dobe?

— Hinata ficou estranha do nada.

— Aconteceu alguma coisa lá na confusão do Toneri, não foi?

— Yeap! Mas, podemos falar sobre isso depois? Puta que pariu, preciso de uma bebida forte, vou enlouquecer, porra! - passou aceleradamente as mãos no cabelo, bagunçando-os ainda mais.

Os meninos conversavam sobre assuntos diversos enquanto se dirigiam aos banheiros e ao bar. Naruto ainda sustentava o semblante franzido, um certo ar de mal e caminhava com os braços atrás da cabeça.

— Mano, não sei mais o que fazer? A Ino vai me fazer surtar!

— Que tá pegando, Sai? - Shikamaru quis saber.

— Casamento para lá, casamento para cá... casamento.... CA-SA-MEN-TO! Pelo amor de Deus!

— Heh, vamos perder um jogador? - sacaneou Sasuke.

— Rá, o único jogador ainda em campo aqui é o Narutinho!

Olhou de soslaio e não parecia muito feliz. Suspirou e deu um sorriso mínimo, não passando esse fato despercebido para os amigos observadores, com exceção de Sai, que estava perdido demais em seus devaneios para se atentar ao que acontecia ali.

— Como se ainda estar em campo fosse alguma vantagem... – deu de ombros.

— Hein? Puta merda, alguém foi fisgado aqui! - falou Neji.

— Isso é tão foda, cara! Mulheres são tão problemáticas....

— E mesmo assim vocês estão aí arriados pela de vocês, não? Por quê para mim é ruim e para vocês é bom?

— Quem disse que é bom, idiota? Não vê minha situação, pinto pequeno?

— Ah, qual é, Sai? Vocês estão juntos há uns dois anos...

— Porra, Naruto! Sasuke está com Sakura desde o primeiro ano do Ensino Médio e nem por isso foi para forca de vez. Quer me foder cara? Pelo amor de Deus, sejamos, no mínimo, sensatos. Eu acabei de entrar na faculdade!

— Ô, Sai, nem brinca com umas coisas dessas! Graças ao bom Deus, Sakura ainda não tocou nesse assunto.... – pensou em fazer o sinal da cruz. Contudo, pensou melhor. — Se bem, que.... 

— Que... - o Uchiha ganhou a atenção dos quatro amigos.

— Se ela pedisse provavelmente eu não cortaria o barato dela. – disse baixo, mas o suficiente para que fosse ouvido, deixando os amigos de boca aberta. Divertido, bateu no queixo de Naruto, para que ele a fechasse. — Eu não tenho dúvidas alguma sobre meus sentimentos com a Sakura. Devo isso a você, dobe!

— Agradeça muito mesmo! Se não fosse por mim vocês estavam na merda até hoje, um enchendo o saco do outro. Deus do céu, não sei quem aguenta quem: Saky e aquele gênio explosivo da porra; você e o seu mal humor do inferno! - gesticulava exageradamente com as mãos.

— A Saky, com certeza, deveria ser canonizada, sabe?

— Aram, Hyuuga, vai tirando o cavalinho da chuva! Em questão de mal humor disputamos pau a pau!

Todos deram gargalhadas.

— Sabe, o meu pai sempre dizia que o primeiro amor é inesquecível. Muda a gente de uma forma inexplicável. E isso é para sempre. Aquela coisa toda de por mais que você tente, o sentimento nunca desaparece. – todos ficaram pensativos. — Eu tentei lutar muito contra isso e foi inevitável! Então, tenho certeza que Sakura é a primeira e, sinceramente, não espero ter outro. Ela vai ter que me aguentar por muito tempo. É como se eu não funcionasse bem sem ela! 

Naruto ergueu uma sobrancelha. "É como se eu não funcionasse bem sem ela". Essas palavras bateram em cheio na sua alma. Ele não funcionava bem sem Hinata. Não foi isso que ele sentiu durante o beijo? Não foi exatamente isso que ele sentiu nos últimos quatro anos?

Por um bom tempo, trancou-se no quarto. Era da escola para casa e da casa para escola. Nos quatro primeiros meses, não comparecia nas reuniões com os amigos. Às vezes que esteve com eles, foi porque emendou a escola e mesmo assim sob ameaça do Uchiha de quebrá-lo na porrada se não fosse. 

Cinco meses se passaram desde o dia no aeroporto e qual não foi a surpresa do senhor Teuchi ao encarar o seu cliente mais fiel lhe pedindo um ramém miso, como fizera desde criança, depois de tanto tempo? Nesse dia, o loiro confessou os seus possíveis sentimentos pela primeira vez.

— Qual é Naruto, sai dessa cara!

— Mas que porra, Sasuke! Sair do quê, Cristo? Eu não estou aqui?

— Seu corpo está aqui, já sua alma vagando em algum lugar desconhecido.... – limpou a garganta. — Quer dizer, em algum continente desconhecido por nós dois.

— Se começar a falar sobre isso, vou levantar e vou embora. Tô certo!

— Quebra essa! Vai fugir dessa merda até quando, dobe? Admite logo....

— Sasuke, seu filho de uma mãe muito boa, porque não vou xingar a tia Mikoto: eu não estou. Há cinco meses eu repito a mesma porra de resposta para você. Mas que caralho!  

— Uzumaki Naruto, seja razoável.... Você é meu melhor amigo desde quando eu mal consigo lembrar. O que significa que provavelmente eu te conheço melhor do que você mesmo! - falava de forma exasperada, gesticulando com as mãos, o que não era do seu feitio. Mas estava agoniado com a situação do amigo. 

Naruto, loiro dos olhos azuis, 1,80 m. O cara que sempre reluziu mais que a luz do sol, como alguns julgavam, estava um tanto borocochô. O sorriso sempre presente, saiu para passear e nunca mais voltou para aquele rosto. As piadas, quase todas sem graça, não saiam mais daquela boca. Os músculos torneados, digamos, murchavam de forma perceptiva. O menino hiperativo estava quieto demais, calado demais, sério demais, com o cenho franzido demais, estudando demais, lendo demais e treinando de menos, muito menos, a ponto de ser colocado por Guy no banco de reservas. E isso estava preocupando não apenas seus amigos, como atingia em cheio Minato e Kushina. Estavam felizes com as notas que o filho estava alcançando na escola, a dedicação que estava tendo para tentar a vaga na faculdade, mas sentiam que era como se ele estivesse morrendo aos poucos. E Kushina tinha medo que o seu Naru desaparecesse, para sempre. Se tornasse um homem amargurado. Frequentemente, procurava pelos amigos do filho e pedia ajuda. E era por isso que Sasuke estava ali.

— Já parou para pensar que talvez vocês sejam feitos um para o outro? Considerou essa hipótese?

— Não estou apaixonado por ela. 

— Não?

— Não.

— E, mesmo assim, pensa nela com frequência...

— Ela é minha amiga. Eu sinto falta dela, isso é normal, não? É tão estranho que eu sinta falta de quem eu podia contar para tudo. E, agora, simplesmente ela está longe.... – suspirou, derrotado. — Longe o suficiente para que eu não tenha sua proteção e nem tenha o que proteger.

— Há muito o que proteger. Ainda. Mas se não consegue perceber isso eu apenas te digo: proteja seus sentimentos, meu amigo. Proteja o seu coração.

— O quão injusto eu seria se a procurasse agora e falasse dos meus sentimentos? Eu estando aqui em Konoha e ela lá na Europa? Ela está realizando o sonho de ser livre, Sasuke. Sem o peso dessa porra toda de ser de uma família tradicional, de ser herdeira. Essa merda toda, Hiashi deu a chance dela se livrar disso, pelo menos por um tempo. Ela fez a escolha dela, eu não tenho que interferir.

— Ela fez uma escolha sem saber o que você sentia...

— Quem me garante que ela corresponderia?

— O que te garante que ela não corresponderia? - bufou. — Como você pôde perceber o quanto eu gostava da Sakura e ela de mim, e não consegue ver a coisa única que vocês têm?

— Sasuke, eu acredito que... se isso for verdade... sabe, essa coisa que vocês dizem que é quase sobrenatural, coisa do destino... se tudo isso existir e não for apenas ladainha de vocês ou não for eu achando que sinto mais do que realmente sinto... ela vai voltar e a gente vai se esbarrar por aí. E teremos algo mágico e inexplicável. Nesse dia, talvez, eu seja o cara mais feliz do mundo, mesmo que tudo dure somente alguns minutos...

— Você é quem sabe, meu amigo... você é quem decide!

Essa foi a última vez que falaram sobre isso, pelo menos o assunto partindo do Uchiha. Se o nome de Hyuuga Hinata era pronunciado, saía sempre da boca do Uzumaki. E não foram poucas as vezes, como no final do segundo ano, quando espalhou por Konoha a notícia de que Hyuuga Hinata e Inuzuka Kiba eram um casal. Naquele dia, o loiro saiu para beber e bebeu tanto, tanto, mas tanto, que mesmo depois de tido umas boas horas de sexo selvagem com uma garota mais velha, dita sensacional pelos amigos, acabou a noite no sofá da casa de Sasuke chorando.

E lá se foi uma madrugada inteira de colo dado ao amigo, que derramava lágrimas como uma criança que acabara de perder o brinquedo favorito. Nesse dia, teve que segurar uma risada quando o Uzumaki contou que engasgou na hora do gozo, porque começou a falar o nome de Hinata e teve que trocar no meio do gemido, dando graças a Deus pela menina não ter percebido. Sasuke segurou o riso e Naruto chorou mais ainda se desgraçando. Nem no sexo tinha mais sossego. O rosto dela também estava ali.

Atentou-se para uma parte da conversa e retomou as próprias palavras. “Se isso existir, ela vai voltar e a gente vai se esbarrar por aí. E teremos algo mágico e inexplicável”. Parou de andar e repassou a frase, fazendo um movimento com as mãos, como quem quisesse solucionar uma complexa equação. Não era isso que estava acontecendo? Pensou em chamar por Sasuke, trocou de ideia quando viu os amigos pararem de falar e repararem a distância que já tinham tomado dele, em uma tentativa de decifrar o que se passava com Naruto. Esse deu o seu melhor e maior sorriso e o Uchiha pode ver um brilho de determinação no rosto do amigo, que até mesmo a postura mudou, demonstrando-se mais confiante. Touché! Estava decidido.

— Tudo bem aí, cara?

— Nunca estive tão bem, Nara! - passou fazendo um cumprimento de mãos com Shikamaru. — Ouvi alguém pedindo por cerveja? - saiu correndo após fazer uma pegadinha com os amigos, que foram atrás dele com feições indignadas.

Enquanto isso, na tenda, as meninas se envolviam em uma dança divertida e sensual. A música estava muito alta e os corpos aquecendo com toda aquela energia. Hinata aproveitou para descarregar. Queria esquecer: o beijo, o amigo e as ideias sobre quem seria a tal menina especial. “Talvez, por isso, ele parou de mandar mensagens nos últimos meses”. Estava chateada? Sim. Magoada? Sim. Ferida? Sim. Sabia o porquê? Não. Pelo menos fingia.

Fechou os olhos e tentou se concentrar nas batidas. E foi isso que a fez movimentar os seus quadris. Primeiro, lento, para segundos mais tarde acelerar. Lá estava ela rebolando de um lado para o outro, indo muitas vezes até o chão. As amigas ficaram boquiabertas.

— Que que é isso, Konoha? - gritou Sakura.

Temari um pouco mais dramática foi até a morena, pegou pelos ombros e bradou:

— Quem é você? O que fez com a Hinata? - estava passada.

— Larga de ser chata, Tema! Não devolva ninguém, permaneça assim que eu quero também. Super te pegaria, Hina! - e se colocou à frente da amiga, que se acabava de rir, rebolando com ela até o chão.

Tenten também se animou e se juntou a elas. — Hinata tem plateia! - apontou para um rapaz que estava ali perto observando a cena. Conhecia bem aquela pessoa.

A Hyuuga deu uma olhada de soslaio e percebeu quem era. Abriu um sorriso travesso e tentou parecer ainda mais sensual. Ficou um pouco mais de costas para o homem, enquanto rebolava, acompanhada de Tenten e Ino, que estavam bem próximas de si. Jogou o cabelo de lado, fazendo uma parte do pescoço ficar à mostra e olhava naquela direção por cima do ombro.

— Acho que preciso ir para Europa também!

— Eu tenho certeza, Sakura. Olha só para essa Hinata? Me passa que eu tô amarrotada!

— Tema, nossa princesinha cresceu e apareceu. Puta merda, mulherão da porra! - as duas riram, se juntando as amigas.

Have you got colour in your cheeks?
Do you ever get the fear that you can't shift the type
That sticks around like summat in your teeth?
Are there some aces up your sleeve?

Hinata tentava apenas não pensar em Naruto. E, por isso mesmo, estava provocando a pessoa que olhava para si, ao longe. Figurinha repetida não completa o álbum, mas pode ser estratégica em alguns momentos, não é mesmo, minha gente? Ela apostava nisso.

Só que quando fechava os olhos, sua mente lhe traía: os olhos azuis apareciam, o sorriso iluminava sua mente, a boca sentia de novo aquele gosto e as mãos percorrendo o seu corpo pareciam estar ali. Estava gostoso dançar pensando naquilo e imaginando além. Mas não podia. E seu amigo, acreditava, não queria isso.

Have you no idea that you're in deep?
I've dreamt about you nearly every night this week
How many secrets can you keep?

O rapaz de camisa preta colada, marcando bem os músculos sob o tecido, sorveu o restante do líquido que tinha em seu copo. Umedeceu os lábios, falou qualquer coisa no ouvido do amigo que o acompanhava e resolveu se unir àquela cena inquietante. Imaginou várias coisas inapropriadas com as cinco meninas, de preferência com todas ao mesmo tempo, mas seguiu hipnotizado apenas por uma: Hinata.

Ajeitou o cabelo com uma das mãos e a outra já passou pela cintura da Hyuuga, dando-lhe um beijo no cangote.

'Cause there's this tune I found
That makes me think of you somehow
And I play it on repeat
Until I fall asleep
Spilling drinks on my settee

— E, aí, gatinha, sempre por aqui?

— Depende, para você pode até ser!

Os dois gargalharam, divertidos.

— Saudades que eu estava desse cheiro, de você, Hina!

— Comporte-se, Kiba! – virou-se. Deu um soquinho no ombro do Inuzuka. — Mas deixo você dançar uma música comigo para matar as saudades!

 — Como nos velhos tempos?

— Claro!

O rapaz tratou de grudar os corpos. Os sorrisos estampados. Os corpos sincronizados mostravam a intimidade que havia ali. Um passado não tão longe e nem um pouco esquecido. Terminaram em comum acordo. E, em uma viagem ou outra, acabavam na mesma cama. Era divertido. E ele era um gostoso. Por que não? Fluía uma química natural, de dois adultos que não se cobram nada, a não ser curtirem o momento.

(Do I wanna know)
If this feeling flows both ways?
(Sad to see you go)
Was sorta hoping that you’d stay

— Continua cheirosa! – fungou o pescoço e deu um beijo ali.

— Continua Don Juan! – sorriu. — Não sabia que estava em Konoha!

— Cheguei há duas semanas. Vim visitar os coroas. Sabe como é, né? Reclamam se não venho.

— Fiquei quatro anos sem vir...

— E ficou quase um sem falar comigo...

— Kiba... apenas... dance, ok?

Ficaram ainda mais perto. Quentes demais, mãos demais, pegadas fortes por parte de ambos.

— Alguém pode me dizer o que está acontecendo ali? Uma hora essa menina está em cima de um loiro, no outro tá com um moreno perdição? O que tem na água da Europa, Jesus? Quero tomar esse troço!

— Não está reconhecendo, Ino?

— Deveria?

— Qual é Yamaka! Repara bem naquele rostinho fofo. – Temari disse fixando a cabeça da amiga no rapaz, pegando Ino pelo queixo e aparando sua nuca.

— Se não é o Inuzuka, gente!? – gritou Sakura.

— Men-ti-ra!

— Porca, tá perdendo o tino para homens.

— Qual é, testa? Olha só para ele, nem lembra aquele franzino que foi embora para Europa no mesmo voo que a Hina!

— Não mesmo. Olha esses braços!? Na época que namoraram, a Hina mandou uma foto deles juntos em uma das praias perdições de lá: um tanquinho de matar qualquer um!

— Sério isso, Tenten?

— Yes, Tema!

— Que Shikamaru não me escute, mas quanta saúde!

(Baby, we both know)
That the nights were mainly made
For saying things that you can’t say tomorrow day

— Hinata tem ou não tem sorte na vida?

— Que não ouse jogar na loteria... já gastou todas as chances dela! – as quatro riram da constatação da rosada.

— Teremos um remember aqui então? Porque se continuar como está ali....

— Não vai dar tempo nem de chegar a um lugar mais afastado, vai ser ali mesmo! – Tenten completou a observação da Temari.

As quatro estavam boquiabertas, ainda tentando entender se a surpresa da noite era o quão ousada a Hyuuga voltara de intercâmbio ou o quão homão o menino Inuzuka tinha se tornado.

Hinata deu as costas para Kiba e rebolava contra o corpo dele, enquanto passava as mãos pelo corpo dele, da nuca até a cintura, sentindo os braços fortes. As dele estavam depositadas na cintura da moça e a boca bem próxima ao ouvido.

— Hina, eu sei que não sou capaz de te fazer sentir as tais borboletas no estômago, mas sabe que posso fazer você sentir algo tão maravilhoso quanto e que não me importo se for só isso...

— Sim, sei.

— Tem planos para hoje?

— Sim e não.

— Como assim?

— Me convença, Kiba!

— FU-DEU!

Crawling back to you
Ever thought of calling when you've had a few?
'Cause I always do
Maybe I'm too busy being yours to fall for somebody new
Now I've thought it through
Crawling back to you

O grito foi de Temari, que ao longe viu um Naruto encarar a cena abestalhado. Aquela foi a segunda vez na noite que a sua alma despedaçara. A boca não conseguia voltar ao lugar ou sentiria um gosto amargo por ver a Hinata daquela forma, sensual, madura, ousada, sexy... onde foi parar a sua bonequinha de porcelana no fim das contas? Pior, por que não é ele no lugar daquele cara?

Sasuke ia falar alguma coisa, mas parou na mesma posição e também deixou o queixo cair. “Essa é a Hinata? Aquele é.... o Kiba? ”. Sai, que vinha logo atrás, bateu a cabeça nas costas do Uchiha e, ao colocar a cabeça entre Naruto e Sasuke, também ficou chocado. Contudo, alguém tinha que fazer alguma coisa ou o mundo acabaria no instante que outro Hyuuga entrasse naquela tenda. Deu meia volta e foi pedir Shikamaru para manter Neji longe dali por mais alguns minutos. Ele, certamente, surtaria ao ver a prima daquela forma.

— Vamos até lá?

— Tô bem aqui.

— Naruto...

— Eu tô bem aqui, num tô falando?

O bolo formando na garganta, mas nos olhos do loiro ele encontrou não tristeza e sim raiva.

— ...

— Relaxa, eu tô puto, sim. Mas é comigo mesmo!

— Pro Kiba, de novo?

— Sasuke, não enche. Me dê um minuto está certo? Alguns, talvez....

O moreno deu o seu melhor sorriso de canto. Ele conhecia, sim, Uzumaki Naruto melhor do que ninguém e sabia que uma ação por parte dele era questão de tempo.

So have you got the guts?
Been wondering if your heart's still open
And if so, I wanna know what time it shuts
Simmer down and pucker up

Deu as costas para o loiro e, por cima dos ombros, fez um brinde com o ar. Aproximou-se de Sakura por trás e beijou-lhe o pescoço.

— Perdemos muita coisa aqui? – sondou.

— Não muito, além de uma Hinata bem diferente da que deixamos no aeroporto. – deu um risinho.

— Esse cara...

— Vai roubar a cena e deixar o Naruto chupando dedo se ele não fizer nada, logo.

— Toma, trouxe uma cerveja dupla para você!

A rosada ia pegar a bebida, mas viu apenas o vulto de um cabelo preto azulado passar na sua frente e, sem nenhuma cerimônia, virar metade do caneco duplo de cerveja em dois goles.

— Obrigada, Sasuke. Obrigada, amiga. Estava precisando disso! – brindou com o ar rindo descontroladamente.

— Alguém está bem feliz por aqui... – essa era Ino.

— Alguém está nada bem ali... – essa era Temari.

No outro lado da tenda, uma cabeleira loira também virou a metade da bebida em dois goles e sacudiu a cabeça de forma negativa. Fixou o olhar no rival por alguns segundos e desviou para a sua amiga. A cena se repetiu por cinco vezes. Na última, o olhar dele cruzou com o de Hinata, que parecia o provocar com o olhar. Mordeu os lábios e desceu junto com a música. A Naruto coube apenas inclinar a cabeça um pouco a direita para acompanhar o movimento e rezar para manter o controle de si.

— O que você tá fazendo, Hina? – Tenten engatou atrás da amiga.

— Não sei, Ten. Não quero saber. Quero apenas sentir essa música. Você sente?

— Cê tá muito louca, cara!

— Sinceramente? Bem menos do que eu gostaria. Vem, dança comigo!

Olhou por cima dos ombros e Kiba estava ali, apreciando ela dançar com a morena de coques. Tenten não sabia se ria ou se parava Hinata. Estava curiosa com o que daria aquilo. Neji iria mata-las. Afastou as ideias, resolveu apenas entrar na dança e observar o desenrolar das cenas ao seu redor.

I'm sorry to interrupt, it's just I'm constantly on the cusp
Of trying to kiss you
I don't know if you feel the same as I do
We could be together if you wanted to

A Hyuuga por sua vez, fechou os olhos. E, de novo, sua mente lhe traiu. Lá estavam os olhos azuis a olhando profundamente, devoradores. A respiração perto demais. As mãos fortes lhe acariciando. E ela pedindo que ele lhe explorasse mais e mais e mais. O corpo sendo tomado por todas aquelas sensações no ritmo da batida. Era real demais, aquele corpo novamente colado no seu, circundando sua cintura, bem perto ao seu ouvido, respirando descompassadamente, passando a ponta do nariz em seu pescoço, o ar mentolado contra a pele quente. Mãos fortes e hábeis. Choques elétricos em cada centímetro de si.

De longe, todos os amigos encarando a cena com incredulidade.

— Ok, Kiba.... acho que você me...

— Heh, acho que não sou moreno...

— NARUTO?

Sorriu largamente e com certa malícia.

— Mas o quê? Como...?

— Cheguei aqui...? Pedi uma dança praquele cara. Atrapalhei algo...?

Não conseguia achar palavras e não estava, realmente, entendendo mais nada. Como pode o pensamento dela se materializar.

— Não... – quase gritou. — É só que....

— Que bom, então, Hinata, porque não tenho pretensão de te soltar... não essa noite.... não mais.

— Por que isso de repente?

— Eu cansei, Hinata! Estou cansado de sempre te perder sem nem ao menos tentar te ganhar. Exausto por sempre te ver partir e não fazer nada a respeito. Mas isso acaba aqui e agora.

(Do I wanna know?)
Too busy being yours to fall
(Sad to see you go)
Ever thought of calling, darling?
(Do I wanna know?)
Do you want me crawling back to you?