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História Da cabeça aos pés - Confissões


Escrita por: TsukinoFih

Notas do Autor


Eiii,
vim com um capítulo a mais nessa semana. E no meio da madrugada.
Não me aguentei :)

Aliás, me empolguei e esse foi o maior da fic. Mas era especial, né?
Se tiver algum erro, me perdoem. Amanhã, com mais calma irei revisar.

Esse é especial para a Sabrina... foi uma promessa para ela hahahaha

A música desse capítulo é Come & Get It - Selena Gomez. Tem na playlist que montei no Spotfy, link da lista e a tradução nas notas finais.

Eu espero que vocês gostem <3

Obrigada a todos que estão acompanhando, comentando, favoritando e divulgando/indicando pros amigués!

Enjoy, bebês! o/

Capítulo 8 - Confissões


Hospital Geral de Konoha, 20 de fevereiro de 2008  

Tinham apenas dez anos, mas por onde passavam já deixavam sua marca: a determinação em darem o melhor de si, principalmente quando o assunto era quem amavam. Ela sempre gentil e delicada; ele sempre enérgico e dono de um largo sorriso. Mas naquela manhã, os dentes não foram mostrados e o rosto não se iluminou. Não até a visita inesperada.

Estava imensamente feliz, mas ao se aproximar daquele cômodo, a carinha assumiu uma forma séria. Aquele barulho era conhecido e o coração doeu. Com passinhos curtos e tímidos, aproximou-se e afastou a porta devagar. “É um menino! O que será que aconteceu com ele? ”

Sempre fora preocupada com todos ao seu redor. Dedicava-se ao pai, a mãe e ao primo mais velho. Mesmo que não falassem, tinha uma incrível habilidade de lê-los e saber que algo não ia bem. Quando era assim, empenhava-se em melhorar a situação. Chamava a responsabilidade para si e isso fazia dela uma mini adulta como a família costumava falar. Tomou uma decisão e, com passadas mais largas, chegou até a cama onde ele permanecia sentado, alheio ao que acontecia ao seu redor. Agachou-se nos próprios joelhos a fim de encontrar os olhos daquele garoto.

— Ei, por que você está chorando?

— É que eu tô com medo!

— Medo?

— De ficar sozinho. Não gosto. Machuca.

— Como sabe?

— Sabendo.

Os dedinhos encostaram no pequeno queixo, fazendo com que ele a encarasse.

— Ei, você não está sozinho. Estou aqui com você!

Sorriu e fez um movimento encostando a cabeça no colo dele. Um pequeno carinho no joelho foi iniciado.

— Olha, mamãe sempre me diz: ‘só quem viu a tristeza é capaz de reconhecer a verdadeira alegria’. E que amigos existem para dividir essas tristezas e essas alegrias. Eu quero te ajudar a não se sentir sozinho. Você não quer ser meu amigo?

Ele levantou pela primeira vez a cabeça por conta própria e encarou os olhos à sua frente. Quem era aquela menina tão diferente?

— Viu, muito melhor! Seus olhos são muito bonitos para estarem tristes...

Admirou-a.

— O que faz aqui? Quem é você?

— Eu sou a Hinata que vai virar a irmã mais velha hoje. Mamãe veio para que a Hanabi possa nascer. Finalmente vou conhecer a minha irmãzinha! E você?

— Na-Naruto. Mas meu motivo de estar aqui nem é legal assim. – fungou e as lágrimas começaram a se formar nas laterais dos olhinhos.

— Que nome legal! Não vai me contar porque está triste? Já disse que quero te ajudar.

Ela era realmente diferente. A cabeça que doía parecia melhorar. O coração afrouxara e, bem, ela trazia uma calma incrível.

— É que... meu papai e minha mamãe.... nós.... sofremos um acidente. Só eu estou bem. Mas eles....

— Eles... – incentivou que continuasse.

— Ainda estão dormindo. Já faz uma semana. Tenho medo que não acordem!

Uzumaki Kushina e Namikaze Minato estavam em coma induzido devido pequenas complicações decorrentes de ferimentos do acidente que sofreram. Estavam em um haras num fim de semana. Algo, ainda não descoberto, desorientou os cavalos do local, enfurecendo-os. Para proteger a criança que os acompanhava, os dois se jogaram em cima dele, o que fez com que ossos quebrassem e perfurassem alguns órgãos. Milagrosamente, seu filho, Uzumaki Naruto, saiu sem nenhum ferimento grave. Mas os médicos deram a certeza que o estado de saúde dos dois era estável e, em breve, os sedativos poderiam ser retirados. Em questão de dias teriam alta.

— Eles vão acordar. – abriu um largo sorriso.

— Como sabe disso?

— Não sei. Eu sinto! – tirou um cordão de seu pescoço. — Toma, pegue. – olhou assustado. — É meu amuleto da sorte. Vai te ajudar, tenho certeza.

— Mas...

— Pode pegar! É a minha promessa de que tudo vai ficar bem.

Ficou por minutos encarando o objeto até sentir seu coração superaquecer. Começava a acreditar que tudo poderia realmente dar certo, parecia que alguém lá em cima havia lhe enviado esse recado em forma de mini anjo. Com um pouco de receio de tocar naquela menina, pois parecia que iria desmontar a qualquer momento, esticou os braços e pegou o cordão. Começou a admirar a peça, enquanto Hinata parecia querer organizar o local.

— Por que esconde o sol? Está um dia tão bonito! – ela abriu as cortinas e quando se virou para aquela criança, não conteve o risinho da careta que ele fez por causa da claridade. Ele deveria ser engraçado em outras circunstâncias.

— Precisa mesmo? – apontou emburrado e com um biquinho, apontando para as janelas.

— Claro que sim! – e voltou a se aproximar dele. — Ei, você ainda não me disse se aceita ser meu amigo...

O silêncio e a cabeça baixa dele deixaram Hinata receosa, mas estava realmente determinada a ajudar aquele menininho.

— Naruto...-kun?

“Kun?”. Ele gostou daquela forma de chama-lo e, por isso, levantou a cabeça com um sorriso no rosto e um olhar brilhante.

— Mas é claro, Hinata!

Os dois se deram as mãos. Não sabia, mas estavam selando um destino.

— Então era aqui que você estava escondida, Hinata? O que está fazendo aqui?

— Um novo amigo, Ko-san!

— Só você mesmo, menina! – saiu puxando-a pelo braço. — Seu pai estava igual um doido atrás de você.

— Desculpe-me, Ko! – suspirou e pareceu se lembrar de algo. — Ah, Naruto-kun, mais tarde eu venho te ver. Tudo bem para você? – assim que viu o novo amigo assentir com a cabeça, ela se desprendeu de Ko e correu em direção a ele, depositando um beijo em suas bochechas cobertas por curativos.

Naruto corou e ficou se perguntando se já tinha visto, entre seus coleguinhas de escola, alguém tão fofa.

Naquela tarde, ela realmente voltou. O sorriso maior do que poderia caber em seu rosto. Enquanto Naruto permanecia deitado sendo examinado pela enfermeira, Hinata deu a volta na cama, ajoelhou-se e apoiou o queixo no espaço vazio da cama.

— Naruto-kun se sente melhor?

— Sim, Hinata! Seu amuleto parece ser incrível!

Ela corou.

— Sua irmã?

— É a coisa mais fofinha que eu já vi! – contou boba. — As bochechas mais vermelhas desse mundo! Eu quero que conheça a Hanabi, Naruto-kun! – virou-se para a enfermeira. — Senhorita, ele já está podendo sair do quarto?

— Perfeitamente.

— Que legal! Vamos visitar Hanabi.- bateu palminhas, contente.

Quando a enfermeira terminou seus trabalhos, com a ajuda de Hinata que precisou conter o menino parado na cama, para finalmente colocar-lhe os curativos, ela pareceu se lembrar de algo.

— Ah, já ia me esquecer! – pegou o embrulho. — Olha, trouxe para você... é para deixar o quarto mais feliz!

— Girassóis...

Deu um pequeno sorrisinho que chamou a atenção do loirinho.

— Do que está rindo Hinata? – aquele sorriso era mesmo contagiante.

— Não vê? Seus cabelos são como as pétalas do girassol!

Naruto levou a mão aos cabelos que caíam levemente nos olhos e tentou vê-los. Apalpou. Depois olhou para as flores na mão da nova amiga. Disfarçou o riso.

— Rúm, até parece! – cruzou os braços fazendo biquinho.

Hinata deu outro sorrisinho leve e se encaminhou até a mesinha que estava posta ali. Naruto, ainda com um bico formado, abriu um olho e a observou, acompanhando seus passos.

— Óh, trouxeram o vaso que eu pedi. Vou deixa-las aqui. Peça sempre alguém para dar-lhes água. Devem viver até você receber alta. – ajeitou o arranjo com cuidado e voltou a cama de Naruto. Sem cerimônias, voltou a cama de Naruto. — Agora vem, Hanabi nos espera.

Lembrou-se de, naquele dia, ter visto a menor coisinha que já tinha visto; e que quase morreu de amor quando Hanabi, de seu leito, balançou os bracinhos, como se soubesse que a irmã estava ali e lhe apresentava alguém. E nunca mais foi capaz de vê-la sem aperta-lhe as bochechas. Quando não puderam mais ficar na ala dos recém-nascidos foram ao jardim do hospital brincar, sob supervisão de Ko.

No dia que a mãe de Hinata recebeu alta, Naruto chorou outra vez. E sorriu mais uma quando, com um beijo na testa, a menina prometeu lhe visitar todos os dias, para azar de Uchiha Sasuke que nunca mais deixou de ouvir o sobrenome Hyuuga.

E como prometido, nas duas semanas seguinte ela esteve ali, vigilante, cuidando-lhe, sob o olhar atento de seu acompanhante. Desenhavam, cantavam, ouviam música, contavam histórias, brincavam. Coisas que qualquer criança faria. Quando queria fazer algo que a sua idade impedia, recorria aos adultos, como no dia em que levou ramém, após descobrir ser esse o prato favorito do loiro. Foi de mãos dadas que viram Kushina e Minato abrirem os olhos e foi em seu colo que Naruto chorou por duas horas seguidas agradecendo o fato dos pais ainda estarem bem e saudáveis. Ela estava lá, não só no dia da alta, mas no seu retorno à escola.

Mansão Hyuuga, uma semana antes da alta

A determinação da pequena menina de cabelos pretos azulados colocou a mansão Hyuuga ao chão. Precisou apenas bater um dos pezinhos, exigindo estudar na mesma escola que o Uzumaki.

— Não acha que essa amizade recente está indo longe demais, mocinha? – a veia de Hiashi saltava em sua testa.

— Quem vai estar lá quando ele precisar, papai? Eu prometi para ele que nunca mais estaria sozinho. O senhor sabe, não volto atrás com as minhas palavras. Por favor, paizinho! – e o patriarca por acaso conseguia negar algo quando ela pedia com esse jeitinho?

Academia de Konoha, cinco dias depois da alta

Quando ele pisou portão adentro, ela estava de cabeça baixa. Mas quando percebeu sua presença, abriu o maior sorriso que pode e correu para abraça-lo. Uniu suas mãos e seguiu para onde os coleguinhas estavam. Ela já sabia quem eram os dois, mas nesse dia foi apresentada oficialmente a Sasuke e Sakura. E também foi nessa manhã que Naruto fez sua promessa de vida.

— Olha só se não é o babaca que não conseguiu se safar de míseros cavalos!?

— Que Uzumaki Naruto sempre foi bobão, todo mundo já sabia, mas quase matar os pais por ser covarde e não encarar uns cavalinhos foi demais!

As crianças são mesmo cruéis quando querem. Naruto iria ignorar.

— HAHAHAHA Tá mais estranho ainda, olha só essas marcas nas bochechas. Que raposinha. É para se lembrar todos os dias o bundão que você é U-ZU-MA-KI.

Chega. Bastava para Hinata. Antes de se virar, apenas sussurrou:

— Naruto-kun, não há nada de errado com o seu rosto. Elas são lembranças do quanto os seus pais te amam. Você não é um covarde. Isso é o que os pais fazem. - quando finalmente se voltou para aqueles meninos, seu olhar determinado estava lá. Ela protegeria Naruto acima de tudo.

— Ei, vocês! Seus pais não lhe deram educação, idiotas? Parem com isso!

— Ixiii, o idiota precisa que uma menininha otária o proteja. Continua um covarde! Mas olha que dupla: um idiota e uma otária. Dois estranhos. HAHAHAHAHA

Nem pensou, pegou o primeiro pedregulho que achou no chão e tacou na testa do babaca que ofendia o seu melhor amigo.

— Menina, quem você acha que é?

— Sou Hyuuga Hinata e não vou permitir que falem assim do Naruto-kun. Ele não é nenhum covarde, nem idiota. Ele tem o maior coração que uma pessoa possa ter. É um ótimo amigo e se preocupa realmente com quem o cerca. Vocês podem ser valentões e ficar tirando uma com a cara de pessoas menores que vocês, chamando-as de coisas desagradáveis, mas não são nada que pensam ser. Se acham forte e tentam subjugar as pessoas. Mas a verdadeira força é essa que o Naruto-kun tem, de alegrar o nosso dia e nos fazer sentir que podemos ser mais do que imaginamos para nós. É, por isso, que não posso deixar que continuem com isso! – gritou com todo o ar de seus pulmões.

— Hinata... - os olhos admirados.

E o baque veio violento. O empurrão foi tão forte, que Hinata caiu e seguiu arrastando pelo chão áspero do pátio. Ela acabou machucando o joelho e o sangue que saiu dali foi o bastante para que Naruto saísse, pela primeira vez, de si e partisse para cima dos dois, quebrando-lhes o nariz, enquanto era observado por uma roda de estudantes.

Quando achou ter feito o suficiente, correu para a amiga.

— Hinata, nunca mais faça uma coisa dessas! Por favor, eu não sou capaz de te ver assim, machucada. Eu não ligo para o que esses idiotas falam. Só que me importo muito com o que você sente. Por favor, me diz que está bem.

— Foi só um arranhão, não seja exagerado!

— Hinata, olha só para você: tá sangrando! É tão bonita e tão fofinha, que parece uma dessas bonecas que a Sakura-chan costuma brincar. Tenho até medo que possa quebrar. É isso! Você é uma bonequinha de porcelana que eu vou proteger com tudo que tenho! Isso é uma promessa de vida. Obrigada por ser minha amiga!

Parque de Exposições de Konoha, Festival de Verão, 2017

Enquanto observava aquela cena, desviando o olhar de Kiba para Hinata, de Hinata para Kiba e fixando, finalmente, os olhos na amiga. Naruto lembrou-se do dia que a conheceu até fazer a sua promessa. E isso foi o bastante para que tomasse uma atitude.

“Eu nunca mais serei um covarde! ”

(...). De longe, todos os amigos encarando a cena com incredulidade.

— Ok, Kiba... acho que você me...

— Heh, acho que não sou moreno...

— NARUTO?

Sorriu largamente e com certa malícia.

— Mas o quê? Como…?

— Cheguei aqui...? Pedi uma dança praquele cara. Atrapalhei algo...?

Não conseguia achar palavras e não estava, realmente, entendendo mais nada. Como pode o pensamento dela se materializar.

— Não... – quase gritou. — É só que....

— Que bom, então, Hinata, porque não tenho pretensão de te soltar... não essa noite.... não mais.

— Por que isso de repente?

— Eu cansei, Hinata! Estou cansado de sempre te perder sem nem ao menos tentar te ganhar. Exausto por sempre te ver partir e não fazer nada a respeito. Mas isso acaba aqui e agora.

When you ready, come and get it
Na na na, na na na, na na na
When you ready come and get it
Na na na, na na na, na na na

— Do que você está falando, Naruto?

— De mim. De você. Do quanto eu te quero. Do quanto eu preciso de você. Porra, Hinata, são quatro anos pensando em como seria se você estivesse aqui. Quatro anos me sentindo um merda por não ter tido coragem de ficar frente a frente com você naquele aeroporto e te falar como eu estava me sentindo. Você por acaso faz alguma noção de quanta falta me fez?

— Você estava lá...

— Mas é claro que eu estava lá, Hinata? Que espécie de amigo filho da puta você acha que eu sou? Eu sou covarde. Certo. Mas não um filho da puta.

— Eu ainda não compreendo.

You ain't gotta worry, it's an open invitation
I'll be sittin' right here real patient
All day, all night, I'll be waitin' standby
Can't stop because I love it
Hate the way I love you
All day, all night
Maybe I'm addicted for life, no lie

— Naquele dia, eu estava no aeroporto... totalmente perdido nos meus próprios pensamentos, totalmente fodido por dentro e tentando não transparecer. Era como se, a cada momento, eu precisasse juntar os cacos que eu tinha me transformado e colocar um fake smile na cara. E, como se eu fosse um vaso quebrado, colado com a cola mais vagabunda do mercado, eu desmontei a cada vez que eu lembrava de você passando por aquele portão de embarque com o Kiba te abraçando.

— ...

— Eu me senti tão desgraçado, Hinata. Existe uma carta que eu nunca te entreguei, junto a uma coletânea das músicas que nós amávamos. Escutei essa playlist a cada santo dia desses quatro anos. As primeiras semanas foram o inferno na terra. E, quando as coisas não ficavam bem, eu simplesmente tinha vontade de desaparecer. Olhava para o lado e você não estava lá, com o seu uniforme impecável, os cabelos escorridos e sempre tão brilhantes; os olhos sempre tão concentrados. Não tinha o seu colo para correr e nem seus dedos para acariciar meus cabelos até que eu dormisse. Até o Ichiraku se tornou um fardo. E eu fui definhando.

— Eu nunca quis...

— Por favor, não fale nada... preciso disso... preciso... me sentir corajoso em relação a você pelo menos uma vez nessa vida.

Respirou. Pausadamente.

I'm not too shy to show I love you
I got no regrets
I love you much too much to hide you
This love ain't finished yet
So, baby, whenever you're ready

— Sasuke e os meninos sempre me encorajaram a te procurar e te contar. Mas que tipo de egoísta eu seria se fizesse isso? Foi apenas no sexto mês que eu realmente voltei a vida, depois daquele maldito Uchiha me encher, literalmente, de porrada. Dizia que se eu não abrisse meus olhos por bem, seria por mal. E o fez. Eu tentei viver, mas... não funcionava bem. Eu não funciono sem você, Hyuuga! – suspirou passando as mãos pelos cabelos. — Quantas vezes eu fui na mansão visitar a Hanabi, apertar aquelas bochechas gordinhas e trocar várias ideias com Neji, e entrei escondido no seu quarto só para sentir o seu cheiro? Porra, Hinata, quatro anos pensando em como poderia ter sido se eu não fosse o merda de um covarde.

As palavras saíam quase sem pensar, enquanto dançavam aquela música, com aquele ritmo e letra que encaixava tão bem aos seus sentimentos. O Uzumaki agarrado à cintura de Hinata, que agora estava de costas para ele. Os quadris na mesma sincronia. Os arrepios. A vontade da entrega. Tudo que não foi dito em 48 meses.

— E, cara, quando eu fiquei sabendo que você estava com Kiba, eu passei uma tarde inteira socando o espelho e, depois, o que restou dele. Cortei minhas mãos, óbvio, para mais tarde amaldiçoar a minha burrice, ao receber os devidos cuidados médicos da vovó Tsunade. Mas, a burrice que mais me machucava era a de ter deixado você partir com ele ao seu lado.

You got the kind of love that I want, let me get that
And, baby, once I get it, I'm yours, no take backs
I'm gon' love you for life, I ain't leaving your side
Even if you knock it, ain't no way to stop it
Forever you're mine, baby, I'm addicted, no lie
No lie

— Isso não faz sentido algum… nos últimos meses... você...

— Fugi de você como o diabo foge da cruz, o drácula corre do sol, o papa-léguas escapa do coyote. Céus, Hinata! Eu estava realmente feliz com tudo que você estava conquistando, mas miseravelmente morrendo a cada dia que eu sabia que outros caras podiam te ter e eu não.

Parou bruscamente de dançar e sentir a carícia que a ponta do nariz do Uzumaki fazia em seu pescoço.

— Como se você não tivesse dormido com meio mundo da última vez que nós conversamos.

Bufou e virou-a pelos ombros com mais brutalidade que gostaria. A encarou nos olhos e suas safiras estavam tão avassaladoras, que o corpo da menina encolheu entre suas mãos.

— NENHUMA DELAS ERA VOCÊ, HINATA! EU DORMI COM MEIO MUNDO PORQUE EU NÃO ENCONTRAVA O QUE EU ESTAVA PROCURANDO. EU NÃO ENCONTRAVA VOCÊ. É TÃO DIFÍCIL DE COMPREENDER?

O choque a acometeu. É como se aquelas palavras tivessem acertado em cheio a sua alma. “Eu não encontrava você”.

— Hinata, paixão e satisfação caminham lado a lado. Sem elas, qualquer felicidade é apenas temporária, porque não há o que a faça durar. Eu dormi com todas elas, mas eu não conseguia sentir...

— Emoção. Eu sei Naruto. Também não pude sentir….

Hinata sentiu-se incapaz de desviar o olhar de Naruto. Compreendia tão bem todos aqueles sentimentos que a alma doía.

— Hinata, escuta, preciso que olhe dentro dos meus olhos agora, está bem?

Assentiu.

— Nesse momento, eu sou apenas um garoto, parado em frente a uma menina, pedindo para que ela o ame. Pedindo a melhor amiga que o aceite além disso. Com toda a cara de pau, implorando para que essa barreira seja expandida para campos inimagináveis. – pausou e pensou mais um pouco.  Respirar, de repente, parecia muito difícil. — Entenda que eu tenho medo de tudo. Eu tenho medo de que você não me aceite dessa forma. Medo de que você não me aceite assim, mas também não me queira como amigo; que me aceite assim e que, por qualquer motivo banal, não dê certo e você não me queira mais por perto; e, principalmente, eu morro de medo de nunca mais sentir em toda a minha vida o que eu sinto quando o assunto é você, Hinata!

O corpo estava frio. O coração aquecido. As pernas bambas. Os olhos arregalados. As bochechas coradas e um descompasso sem fim a impedia de respirar.

— Estou mais que certo que você precisa de alguém que a ame com tudo que tem; que seja capaz de estar sempre ao seu lado; que ame os seus defeitos; a sua cara amassada quando acordar e o cabelo levemente embolado nessas horas; que te dê colo e cafuné quando estiver triste; que te ofereça chocolate naqueles dias chatos para vocês mulheres; mas que, principalmente, te lembre o quanto você é incrível! Se isso tudo parecer errado demais para você, por favor, ignore, e eu prometo nunca mais tocar no assunto. Mas não hoje, não agora, Hinata! Eu preciso, pelo menos, sentir de novo os seus lábios nos meus, sentir as batidas do seu coração combinadas as do meu. E, se amanhã você não quiser mais nada disso, por favor, apenas deixe que eu fique ao seu lado e eu aceitarei a simples condição de ser apenas o seu melhor amigo.

Não houve tempo para respostas e a boca de Uzumaki já estava grudada na de Hinata, como se fosse uma única coisa, desafiando todas as leis da biologia. A língua, brutalmente, pedia passagem e ela cedeu. A necessidade. A vontade avassaladora. A sede por aquilo. Os anos em silêncio. As dúvidas sendo sanadas. A entrega. O baile. O duelo. O nirvana. E todas aquelas sensações voltaram.

O gosto tão bom quanto as palavras pudessem descrever.  O estômago em chamas, as borboletas surgindo. Os braços apertando a cintura e, poucos instantes depois, soltando-a para que as mãos pudessem explorar aquele terreno desconhecido. Os dedos que outrora embolara nos fios dourados, traçando o caminho para a sua perdição. A sensação de morrer mil vezes e voltar a viver em questão de segundos. Um precipício atrás do outro. O pecado e a rendição ao abrir os olhos, as safiras sorrindo, as pérolas brilhando.

— Acho que estou apaixonado pela minha melhor amiga.

This love will be the death of me
But I know I'll die happily
I'll know, I'll know, I'll know
Because you love me so
Yeah

Sorriu abobalhada, ainda desnorteada, mas pôde ouvir os primeiros fogos anunciando que, em poucos minutos, o festival das lanternas começaria. Como quando crianças, agarrou o pulso da morena e saiu correndo daquela tenda. Passaram por um Neji boquiaberto e, apenas, sorriram travessos, sem se importar com o que os amigos falavam. Catou duas lanternas da mão de um dos envolvidos na produção daquele evento, deixando para trás alguns trocados.

— O que está fazendo?

— Estamos indo para lá. – apontou para a roda gigante. — O melhor lugar para fazer isso.

Por pouco, conseguiram um lugar. E, com alguma sorte, conseguiriam pausar exatamente no ponto mais alto daquele brinquedo quando as lanternas começassem a dançar pelos céus de Konoha.

Quando a contagem regressiva começou, a sorte lhes sorriu e lá estavam no ponto mais alto da roda gigante, preparando suas lanternas.

— Lembre-se de fazer um pedido, além de rezar para que os problemas e mau agouros vá embora pelos ares com esses balões-lanterna. – sorriu sinceramente.

Durou alguns segundos para que estivessem cercados de lâmpadas, algo realmente lindo de se ver. Dali tinham a visão total da cidade e o contraste das lanternas com o céu escuro e estrelado era fascinante. Hinata se emocionou com o espetáculo. Soltaram os seus balões, com os olhos fechados e em prece. Ao soltarem, se olharam cúmplices, e um novo beijo surgiu. Calmo, demorado, apaixonado. Com o seu fim, as testas coladas, as mãos unidades.

— Eu te aceito, Uzumaki Naruto. É claro que eu te aceito como muito mais que um amigo.

Ainda com os olhos fechados e as testas unidades, ele sorriu. Ameaçou falar alguma coisa, mas foi impedido por um dos dedos da Hyuuga em seus lábios.

— Já falou demais, gigante! É a minha vez, seu tagarela. - afagou as bochechas do louro, em um carinho contínuo. — Como não gostar de você? Como não se encantar por quem você é, por tudo que representa? Por esse seu jeito louco, impulsivo e hiperativo? Meu Deus, Naruto, você tem noção de como é o sol para tantas pessoas?  Como é o sol para mim? Tem noção do quanto me fez falta com esse seu jeito de chegar sem nem pedir licença? – suspirou profundamente. — Eu tentei tanto não me machucar com a falta que você fazia, repetia seguidamente que eu me submeti a sua ausência. Tentei esquecer essas coisas, mas tudo que fiz nesses últimos quatro anos foi traçar rotas, passeios e metas que eu faria se você estivesse ao meu lado. Eu sei muito bem o que você quer dizer sobre não sentir emoção com as mulheres. O mesmo vale para mim, para os homens que eu tive. E eu me senti idiota por tanto tempo, sem entender o porquê disso. Até agora.

— Hinata...

— Shiiii... eu também preciso, por favor. – os dedos correram para os fios loiros. — Você sempre me trata como se eu fosse uma princesa, uma boneca de porcelana, como você diz. E eu que nunca gostei e nem me acostumei a gostar desse tipo de coisa, simplesmente amo quando é você. E só você, Naruto! Só você possui coisas que são incondicionais para mim. Obrigada pela sua paciência. Você é o melhor ouvinte que eu já conheci, meu melhor amigo... Nossa! .... Olha, se o que te fez demorar tanto foi o medo, eu quero... quero que enfrentemos isso juntos. Até te reencontrar, eu nunca havia me sentido tão bem. Eu nunca quis alguma coisa racional. Agora eu sei, Naruto, eu sinto.

Ele abriu os olhos e acariciou as bochechas da Hyuuga, que agora mantinha os orbes fechados.

- Não se assuste se eu me apaixonar por você da cabeça aos pés, Hinata! Eu não pude evitar e é tudo culpa sua!

- Então, não fique surpreso se eu te amar por tudo que você é, Naruto! Você já me conquistou, independente da minha vontade...

When you ready, come and get it
Na na na, na na na, na na na
When you ready come and get it
Na na na, na na na, na na na

Naquela noite eles souberam que um novo capítulo da história deles começava a ser escrito. Enquanto ele a acompanhava até a mansão, Hinata só pensava em como aquela noite havia sido especial. Em como Uzumaki Naruto era especial. Foi quando reparou que, desde que o rapaz segurou a sua mão para sair daquela tenda e seguir para roda gigante, ele não mais largou. Por todo o caminho, sentiu a maneira como o toque dele a aquecia. E como seu beijo de despedida abriu, mais uma vez, todos os poros do seu corpo.

O sono não veio. No quarto, não parou um minuto se quer quieta em sua cama. Imaginava se, talvez, ele também estaria acordado, pensando nela. E se apostasse acertaria. A poucos quilômetros dali, Naruto pensava em como a ausência de alguém podia aprofundar o amor e em como sua vida poderia mudar a partir dali. Não poderia estar mais feliz.

Mansão Otsutsuki, Konoha, manhã seguinte

— Toneri, está na hora de você entrar no jogo. Precisamos da sua ajuda!

— Vovô, não me leve a mal, mas essas tretas de família não me interessam. E isso é um fato. – jogou-se no sofá com um copo de qualquer coisa em mãos.

— Garoto insolente. Como pode não se inteirar das coisas que serão suas por direito? Pretende jogar no ralo todo o trabalho que tivemos durante esses anos? Colocar abaixo o império de nossa família?

— Um Império decadente, vovô. Vamos, não me amole com essas besteiras. A Família Otsutsuki está há anos em queda livre e deve ruir em breve, tal qual os antigos impérios Romano e Otomano. Bem, como a velharia que é.

— Meça suas palavras, moleque! - uma veia surgiu na testa de Hamura. — Seu pai, com certeza, sentiria vergonha. Ele deu a vida para garantir o seu futuro. E tudo que você quer saber é de gastar a fortuna deixada por ele com essas festas medíocres.

— E as mulheres, vovô! As mulheres, não se esqueça delas....

— Bebidas, mulheres. Foda-se com o que é! Você só sabe esbanjar, desperdiçar. Isso é falta de uma surra. Aliás, se me fizer encarar um Uchiha mais uma vez, vai apanhar por tudo que não apanhou nessa sua medíocre existência e ainda te deserdo. Juro por deus que te expulso de nossa família. Agora pega essa porra dessa foto e faça como lhe ordenei.

— Que foto? Sobre o quê? Aposto que é sobre eles...

— Você vai cuidar dessa menina. Para ontem, me ouviu?

Os olhos azulados se fixaram na imagem da garota em questão, fazendo todo o corpo se contorcer. Franziu o cenho, a sorte poderia lhe sorrir mais?

— Então você é uma Hyuuga…. Hinata! 


Notas Finais


É isso, amores!
Espero que vocês tenham gostado!

Seguem os links que prometi.

Tradução da música: https://www.letras.mus.br/selena-gomez/come-e-get-it/traducao.html
Playlist da fic: https://open.spotify.com/user/fiorellagomes/playlist/6uZyJTWmGzl2kfZdTl85OQ

Titia volta com att na segunda :)


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