História Dádiva em papel roxo com bolinhas verdes - Dádiva

O embrulho postado no meio da sala, envolto em papel cafona roxo com bolinhas verdes, era um cubo perfeito de cerca de um metro quadrado. Chanyeol encarou mais uma vez o presente que Baekhyun lhe dera, sentindo-se meio culpado por ter dado a ele apenas um colar com um pequeno camafeu em uma caixinha que cabia na palma da sua mão.

― Não seja bobo! ― Baekhyun falou, prevendo seus pensamentos, e sorriu empolgado para o marido, empurrando-o para perto da caixa. ― Vamos lá, abra!

Era Dia dos Namorados e o casal, que já estava junto há cinco anos e casado há dois, geralmente trocava presentes pequenos, quase simbólicos, naquela data todos os anos. Dessa vez, porém, Baekhyun havia quebrado a regra não dita e preparou aquele presente absolutamente nada discreto.

E Chanyeol até pensou em retrucar, mas bastou olhar para a expressão de ansiedade mal contida do esposo para que resolvesse ficar quieto e fazer o que ele pedia. Sentou-se, então, no sofá mais próximo e começou a desfazer o laço e rasgar o embrulho. Logo que abriu a caixa, pôde ver que ela estava preenchida com pequenos flocos de isopor e olhou novamente para Baekhyun, que, sentado na poltrona ao seu lado, assentiu incentivador.

Chanyeol mergulhou as mãos no mar de bolinhas brancas e não demorou a sentir algo mais sólido e liso. Tateou um pouco mais, até conseguir pegar o objeto e o puxou para fora, vendo que era uma caixa de sapatos, justamente dos tênis que ele havia comentado na semana anterior que tinha gostado. Ficou bastante animado e já ia agradecer ao marido, quando notou um detalhe importante: a caixa estava leve demais.

Baekhyun apenas assistia toda a cena, lutando para prender o sorriso, quando o outro ficou ainda mais confuso ao abrir a caixa e encontrar um pequenino par de sapatos acomodado no meio de um ninho de papel. Próximo aos sapatinhos, havia também um cartão, que Chanyeol pegou e leu em voz alta.

― No futuro, você guiará meus passos? ― seu olhar se voltou curioso para o companheiro, que lhe deu um pequeno sorriso e apontou para a caixa grande.

― Continue ― indicou simplesmente e, mesmo sem entender o que aquilo significava, deixou a caixa de sapato no sofá e mergulhou novamente as mãos nos flocos de isopor.

Havia outra caixa, dessa vez de camisa, mas também mais leve do que ele poderia esperar. Ao abri-la, encontrou um casaco branco com capuz, muito semelhante aos do par que ele e Baekhyun compartilhavam, porém com proporções muito menores, que o faziam caber em suas mãos.

― Você vai me embalar e me proteger do frio? ― dizia o cartão que estava junto à peça de roupa, e uma ideia foi se formando na cabeça de Chanyeol. No entanto, antes que pudesse dizer qualquer coisa, foi novamente cortado.

― Guarde suas perguntas pra depois, vá até o final ― Baekhyun se pronunciou novamente, com aquela sua capacidade infalível de ler o esposo, que apenas assentiu.

A próxima caixa era de cosméticos e o coração de Chanyeol ficou ainda mais inquieto ao ver que dentro dela havia perfume, talco e óleo corporal para bebês.

― Você vai me amar e cuidar de mim? ― sua voz saiu mais baixa dessa vez e suas mãos tremiam levemente quando pegou mais uma caixa, que Baekhyun - claramente se esforçando para manter a compostura - dissera ser a última.

Era bem menor que as anteriores e, quando Chanyeol a abriu, encontrou um bastão branco e azul, no centro do qual um pequeno visor indicava um sinal positivo. Seus olhos estavam ficando úmidos quando ele pegou o último cartão.

― Sim, foram perguntas bobas, eu sei, pois tenho certeza de que você vai me amar tanto quanto (ou mais ainda do que) eu já te amo. Então fique tranquilo e espere por mim, papai. Estou chegando! ― A primeira lágrima teimosa caiu no momento em que Chanyeol ergueu o olhar e viu que o companheiro não estava muito diferente de si. ― Baek, isso... é sério mesmo?

― Sim, Chan. Muito sério ― respondeu, mal terminando de falar antes do marido se ajoelhar diante dele com os olhos muito abertos e as mãos se movendo indecisas no ar entre eles, quase como se ele estivesse com medo do tocá-lo. Decidiu, por fim, abraçá-lo.

― Ai meu Deus, Baek, eu vou ser pai! Nós vamos ser pais! Ai meu Deus! ― sussurrou no ouvido alheio, sentindo coração dele bater tão forte e rápido contra o seu peito quanto o seu próprio. Recuou, então, e deixou um beijo suave e apaixonado em seus lábios. ― Obrigado, amor! Eu te amo tanto e sou o homem mais feliz desse mundo!

― Também te amo, querido. E não poderia estar mais feliz ― Baekhyun declarou e Chanyeol lhe deu mais um beijo, antes de erguer sua camisa e beijar também sua barriga, que ainda não aparentava sinais óbvios da gestação.

― E sim, bebê, o papai já te ama muito também. Eu vou sim cuidar de você, vou te embalar e te proteger, vou guiar os seus passos e te dar muito, muito amor! ― Chanyeol sorria bobamente enquanto acarinhava o abdome do companheiro, que refletia em igual proporção a sua felicidade.

O dia estava longe de terminar e a comemoração ainda renderia muitos beijos e carinhos, inúmeros sonhos e planos. Pois, muito mais do que um simples presente simbólico ou qualquer outra coisa que Chanyeol poderia ter esperado, Baekhyun estava lhe dando a maior dádiva de todas.

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