História Dangerous Journey - So proud of you

Califórnia, Los Angeles 20:00 PM

P.O.V Savannah Miller

          Fui até minha cômoda onde eu guardei minhas coisas pessoais, coisas antigas e que valem muito pra mim. Peguei um álbum de fotos que Madison me deu no meu aniversário do ano passado, todas nossas fotos desde pequenas, com data e legendas, em cada foto. Voltei para cama e comecei a olhar o álbum, eu quero minha melhor amiga de volta, ela foi a pessoa em que eu mais passei tempo nesses anos, até mesmo mais que a minha mãe, ela é a minha família e eu não sei o que vai ser de mim sem ela. Porque isso tudo está acontecendo? Será que nunca vou poder viver com todos que amo por perto? Porque sempre temos que abrir mão de algo? Isso é tão injusto, a vida é injusta. Continuo olhando as fotos e as legendas que Madison botou em cada foto, rindo de algumas, nós já passamos tantas coisas juntas, que se eu parasse para contar todas ficaria dias e dias contando, nem todas são felizes e alegres, mas ótimas do mesmo jeito porque estávamos juntas, sempre juntas, uma ajudando a outra. Quem vai estar me apoiando agora? Eu sei que tenho Justin e os meninos, mas não é a mesma coisa. Madison é diferente de todas, me conhece mais do que eu mesma, sabe literalmente tudo sobre mim, por mais que eu e os meninos nos conhecemos muito bem, eles nunca vão me conhecer como Madison e nunca vão me entender como ela, só convivendo como convivemos para me entender como ela, e é quase impossível. E o pior de tudo, foi a forma que ela me tratou, como se eu fosse a pessoa mais errada do mundo, por amar pessoas que na visão dela são pessoas ruins, ela nem mesmo deixou eu explicar, isso que me dói mais. Ela não é assim, ou nunca costumou ser, sempre foi justa e nunca julgava ninguém, porque ela foi fazer isso logo agora? Logo nessa situação? Na fase da minha vida que eu vou mais precisar dela, não vou tê-la, pelo menos eu acho. Não sei como vai ser daqui pra frente, eu não consigo nem levantar da cama direito, não consigo, mas eu sei o grande motivo disso. Eu não sei lidar com o abandono, eu posso falar todo tempo que não ligo para o que meu pai fez comigo e com a minha mãe, mas no fundo eu ligo, ligo tanto que não sei lidar. Meu pai abandonou minha mãe quando soube de mim, me abandonou, e mesmo eu tentando não ligar, ligo e sempre vou ligar, isso me afeta diretamente, e eu só não sei lidar com isso, nunca soube, e vai ser bem difícil superar isso.

      Fechei o álbum e fui direto para o banheiro, liguei o chuveiro e deixei a temperatura bem quente, me sentei no chão no boxe e abracei meu joelhos, deixando a agora quente levar minhas lágrimas e tentar relaxar meu corpo, mas eu não consigo, não consigo pensar que a partir de hoje eu não vou ter Madison para ligar de madrugada quando estiver mal ou só com vontade de conversar, não vou ter mais minha companheira de festa, que sempre me anima pra tudo, eu não a tenho mais, isso dói tanto! Fiquei debaixo de chuveiro por um bom tempo, lavei meus cabelos e quando vi meus dedos ficarem enrugados, peguei meu roupão e me enrolei, sai do quarto e sequei meus cabelos, botei o moletom do Ryan e uma meia, penteei meus cabelos e os deixei secar naturalmente. Deitei na cama de novo e peguei meu celular, nesses dias eu estive o todo tempo mexendo nas minhas redes sociais, sem aparecer, claro, mas eu precisei do amor do meus fãs, eles me fazem feliz e me sentir melhor. No Twitter eles me chamam de mãe e pra mim eles realmente são meus filhos, uma grande família e eu tive que Twettar um “Eu amo vocês! Vocês me fazem me sentir melhor e mais alegre todos os dias, obrigada! “. Então depois disso só amor foi passado pra mim, a todo momento, me fazendo chorar de felicidade ou talvez de uma felicidade engada pela tristeza, mas mesmo assim, eles me fazem bem pra caralho.

       Liguei a TV e botei na minha série preferida, o que me lembra muito a Madison, já que é a nossa série, Pretty Little Liars, todos esses anos nós acompanhamos juntas a série, e sempre que uma via um episódio primeira que a outra era uma briga, sorri lembrando disso, coloquei em um dos episódios e desliguei a luz me deitando na cama, prestando atenção nas cenas que já vi antes, mas ainda continuam tendo o mesmo impacto em mim. Depois de algum tempo eu ainda continuo na mesma, Marta veio me oferecer comida mas eu realmente não estou com fome, a mesma insiste um pouco mas eu digo que se estiver com fome, eu vou descer e comer algo. Ouvi alguém batendo na porta, me sinto mal, deve ser algum dos meninos, eu estou dando tanta preocupação a eles.

- Quem é? – pergunto alto da cama mesmo.

- Savannah, é a Madison.

P.O.V Madison Jackson

         Eu não acredito que fiz isso com a minha melhor amiga, minha irmã e minha companheira de vida, eu sou uma idiota. Como eu fui capaz de fazer aquilo? Eu nunca fui assim, e o que deu em mim para fazer isso? Eu preciso me desculpar, preciso falar pra ela que vou estar do seu lado mesmo com toda essa história e tentar entender isso tudo. Ela não pode negar que é meio difícil engolir isso, mas depois da história que Chaz me contou, eu vou fazer de tudo para aceita-los como minha amiga fez, ela sim é uma pessoa maravilhosa, sempre foi, e eu preciso ser mais como ela. Fiquei pensando nas palavras de Chaz, elas são verdades, eu sou uma mimada e preciso crescer, e quero muito crescer do lado da minha melhor amiga. Sai do Starbucks e fui direto pra casa, conversei com meu pai e ele disse que a melhor coisa a se fazer é me desculpar com a minha irmã, é óbvio que eu não contei a história toda pra ele, mas contei que tinha brigada com Savannah e podia estar errada, então como sempre ele me deu os melhores conselhos. Tomei um banho e botei uma calça leggin e um moletom, por fim um Adidas, peguei minha bolsa e fui direto para a casa dos meninos, cheguei no portão e liguei para Chaz, o esperei atender.

- Oi, Chaz – disse quando ele atendeu – Você podia vir aqui no portão? Os seguranças não estão querendo abrir pra mim.

- Claro – disse o mesmo e eu desliguei, minutos depois os portões se abriram e eu entrei, deixando minha Range Rover ali no quintal mesmo. Sai do carro e Chaz veio na minha direção correndo – Sabia que você ia fazer a coisa certa – o mesmo sorriu e eu sorri junto, não posso negar, depois da nossa conversa hoje ele me encantou, seu jeito e o jeito que se importa com Savannah, mas isso não importa agora.

- Eu tinha que fazer isso – sorri e fomos andando um do lado do outro para a porta da casa.

- Ela está trancada no quarto – ele disse quando estávamos subindo as escadas, parei na porta do seu quarto e Chaz me cumprimentou com a cabeça e entrou no seu, respirei fundo e bati na porta.

- Quem é? – escuto a voz triste de Savannah lá de dentro, respirei fundo.

-Savannah, é a Madison – disse e segundos depois, vi Savannah abrindo a porta do quarto e vindo pra cima de mim, gritei assustada, ela pulou em cima de mim e me abraçou, na mesma hora retribui o abraço bem forte.

- Você veio, você está aqui – disse ela animada, meu bebê é tão fofo.

- Sim amiga, eu estou aqui – ri da sua animação e a mesma desceu do meu colo – Precisamos conversar.

- Sim, precisamos – seu tom ficou meio triste de novo, sorri para a mesma e ela sorriu também.

- Sei um lugar perfeito – a mesma entrou dentro do quarto de novo e botou seu chinelo. Pegou na minha mão e descemos correndo pelas escadas, logo ela abriu a porta de vidro da sala que dava para o quintal GIGANTE daquela casa, ela me puxou até a piscina e nos sentamos na beira dela e eu sorri. Sempre gostamos de conversar na beira da piscina da minha casa, era onde ninguém nunca estava e não empregadas ouvindo nossas conversas e depois indo fofocar para meu pai. Ela realmente sabe das coisas.

- Primeiro, eu quero que você me escute – respirei fundo – Eu fui uma idiota, minha atitude foi de uma menina mimada que não soube da história primeiro que todos, foi egoísta da minha parte ter te tratado daquele jeito, mas engolir essa história toda não é fácil, é uma coisa que eu nunca pensei em viver e nem nunca pensei que minha irmã estaria vivendo, mas para dizer a verdade – sorri – Eu não entendia tudo isso, não entedia o porque desse amor por esse tipo de pessoa, que vive fazendo coisas ilegais e tudo mais, mas agora eu entendo – a mesma sorriu também – Chaz me contou tudo, desde o início, e eu estou tão orgulhosa de você – peguei sua mão – Você é uma das melhores pessoas do mundo, com o melhor coração e eu quero muito ser como você um dia, é a pessoa que eu sonho em ser um dia. Sua atitude de não julga-los e só ama-los do jeito que você ama, é uma das coisas mais nobres desse mundo, eu entendo, e quero realmente conseguir ama-los como você os ama, porque agora eles são minha família também – a mesma sorriu abertamente – Eu vou estar do seu lado, em todos os momentos a partir de hoje, como sempre fiz, mas só me dê um pouco mais de tempo para me acostumar com isso, porque não é uma coisa fácil – ri e Savannah riu também – Me desculpa! – a abracei bem forte e deixei as minhas lágrimas descerem –

- Obrigada por sempre estar aqui pra mim, eu te amo muito, você é minha irmã pra sempre – a mesma também estava chorando – E agora precisamos de uma pizza para confirmar nossa reconciliação – rimos e nos separamos.

- Como nos velhos tempos – rimos e secamos nossas lágrimas, nos levantamos e fomos correndo de mãos dadas até a sala, quando chegamos vimos os meninos ali, todos sentados no mesmo sofá jogando vídeo game, nos olhamos e rimos.

- Bomba! – gritamos juntas e fomos correndo até os meninos nos jogando no sofá em cima deles, nós sempre fazíamos isso, rimos e os meninos riram junto e começaram a fazer cosquinha em nós, rimos até ficarmos sem ar e quando eles pararam, nós caímos no chão sem forças.

- Parece que vocês estão de bem de novo – disse Ryan e nós sorrimos.

- Quem disse que estávamos de mal? Não sei do que você está falando – falei e todos riram, Savannah me abraçou e ficando abraçadas ali no chão.

- Precisamos de pizza – disse Savannah levantando e pegando o telefone fixo que estava do lado do sofá – Calabresa e portuguesa? – todos gritaram concordando e rimos.

- E podemos ver filme também, inaugurar a sala de cinema – disse Justin, logo Savannah ligou e sentou no colo do Justin. Da para ver nos olhos deles que um faz bem ao outro.

- Acho bem digno, eu não conheço quase nada dessa casa ainda – disse levantando e me sentando em perna de chinês no sofá.

- Você vai ter muito tempo para conhecer – disse Chaz sorrindo e me olhando, já que estava do meu lado, ele é tão lindo e gostoso, jesus me segura!

- Acho que vou ter sim – sorri e tenho certeza que já estava vermelha com o jeito que ele me olhava, olhei para frente e roubei o controle da mão do Ryan – Quero ver vocês me vencerem.

- Você está de brincadeira, né? Nem deve saber jogar – disse Justin e Savannah pegou o controle da sua mão.

- Vocês estão muito enganados sobre nós – disse  Savannah e olhou pra mim, nós sempre jogamos vídeo game, desde sempre, claro que quase ninguém sabia disso, porque fazíamos isso trancadas no quarto antes de dormir, todos os dias.

- Então tudo bem, se vocês ganharem de nós, pagamos a pizza – disse Chris pegando outros controles.

- Combinado – eu e Savannah nos concentramos e começamos a jogar. Depois de várias partidas acabamos vencendo dos meninos, nos levantamos e começamos a gritar se abraçando.

- Somos as melhores, aceitem – disse Savannah zoando os meninos.

- Ok, vocês são boas – disse Chaz e o segurança tocou na porta trazendo as pizzas, eu e Savannah pegamos elas da mão do seguranças e fomos em direção a cozinha.

- Podem pagando, seus otários – rimos e fomos até a cozinha, pegamos pratos e talheres, e duas garrafas de coca-cola com copos, Savannah me guiou até a sala de cinema e quando entramos eu pirei. A sala é um telão de cinema com um sofá enorme, que ocupava quase toda a sala, botei as pizzas em cima de uma mesa que ficava no sempre do sofá e eu e Savannah ligamos o telão escolhendo um filme.

- Filme de terror, por favor – disse Justin e olhamos pra trás vendo os meninos entrarem e fecharem a porta, e logo pularam se espalhando pelo sofá.

- Terror porra nenhuma, tenho medo – disse Savannah.

- Toma vergonha nessa cara, Savannah – disse rindo – Com 19 anos na cara e com medo de filme de terror.

- Cala a boca, Madison – disse me empurrando.

- Todos contra uma, bota “A órfã” ai, Madison – disse Chris e eu logo escolhi o filme e todos começamos a comer vendo. Toda hora ouvíamos os gritos da Savannah, que estava agarrada no Justin, que ria dos seus gritos, eu continuei sentada ali perto dos meninos, que também riam um pouco dos gritos da Savannah e até zoavam ela.

         Eles são uma família, agora eu sei disso. Eles se cuidam e se apoiam, e agora eu sei que o que eu mais quero é entrar para essa família também, porque eu me sinto bem perto deles, agora eu sei o que Savannah sente, eles podem ser traficantes super perigosos, mas são pessoas boas. O filme acabou e quando olhei para o lado, todos já dormiam. Me levantei e recolhi todos os pratos botando em cima da mesa do meio do colchão, desliguei o telão e peguei uma das almofadas gigantes botando perto dos meninos, minutos depois peguei no sono.