Ponto de Vista Justin:
Parei em frente à grande porta verde e olhei em toda à minha volta, me certificando de que ninguém estava por perto.
Girei a pequena maçaneta arredondada da porta entrando na espaçosa sala branca, que era toda equipada por vários instrumentos e na parte direita da sala, ao lado da parede estava Shawn, deitado em uma maca.
O garoto tinha um sono pesado e parecia estar dormindo a muito tempo. Ligado à ele estava um grande aparelho e sondas estavam espalhadas por seu corpo. Em cima de uma pequena mesa ao lado de Shawn haviam alguns instrumentos hospitalares como algumas tesouras, um bisturi e um alicate, que foram rapidamente postos dentro da vantajosa blusa de moletom que me agasalhava.
Uma das pernas de Shawn estava engessada e curativos tampavam parte do corpo de Shawn, junto com alguns pontos. Puxei uma das cadeiras que estava embaixo da pequena mesa e sentei-me ao lado de Shawn, o olhando da forma mais desprezível possível.
- Você não cansa de atrapalhar meus planos, não é mesmo? - Eu olhei em seu rosto, vendo o garoto com os olhos fechados. - Sabe Shawn, eu até poderia gostar de você, mas você sabe como são as coisas, não é mesmo?
Eu pus as mãos no fio que ligava o aparelho respiratório a tomada e sorri.
- Algo me diz que vocês tem uma ligação e eu não vou conseguir me aproximar dela enquanto você ainda estiver por aqui. - eu o olhei seriamente. - Acredite, não é nada pessoal.
Eu puxei vigorosamente o cabo do aparelho da tomada e pude ver o aparelho se despedaçar por completo, ouvindo um som ensurdecedor do instrumento que indicava a falta de batimentos cardíacos.
Me levantei rapidamente da cadeira colocando a mão no bolso e dando uma última olhada para Shawn, que ainda permanecia sem resistência. Sai apressadamente do quarto, mas pude notar uma câmera do sistema interno de segurança que focava diretamente para o lugar onde Shawn Mendes repousava.
Mas que droga!
Coloquei rapidamente o capuz e sai apressadamente da sala treze, onde Shawn ainda repousava sem sentidos.
Percebi um olhar curioso de uma enfermeira sobre mim e apenas me encaminhei para o elevador, tentando sair o mais depressa daquele lugar. Eu estava foragido de Nova Jersey e ser reconhecido na Califórnia não seria uma das coisas mais vantajosas para mim.
Corri o mais rápido que meu corpo me permitiu de dentro do hospital, tentando recuperar a maior quantidade de oxigênio que me mantesse disposto a correr durante mais algumas quadras. Ouvi o barulho de algumas ambulâncias e as tesouras balançavam fazendo barulhos de metais quando se chocavam.
O ar que meus pulmões absorvia já não era suficiente para me manter em movimento e senti minha boca implorar por qualquer gota de sáliva que a mantesse umedecida.
Já sem forças e sentindo meu corpo abatido sentei-me ao lado de um poste e puxei ofegantemente a maior quantidade possível de ar que meus pulmões pudessem armazenar.
Eu já estava longe do hospital e acredito que a essa hora Shawn já esteja morto, embora cansado, me sinto satisfeito em saber que agora será só nós dois. Elisa e eu.
Me levantei do asfalto gélido e caminhei lentamente em direção à caminhonete, sendo acompanhado por minhas vozes, que me alertavam de que algo não estava certo.
A droga da câmera. - eu ouvi um sussurro.
Você deixou suas imagens gravadas no circuito interno de segurança. - as vozes me alertaram.
Entrei na velha cabana a procura de algo que me ajudasse a encobrir minha verdadeira identidade. A polícia de Nova Jersey ainda estava atrás de mim e caso o Hospital da Califórnia divulgasse as imagens eu estaria completamente enrascado.
Abri todas as gavetas e portas que vi em minha frente mas nenhum objeto seria capaz de me ajudar, então senti uma ira me envolver.
Uma atitude que tomei por impulso poderia custar não só a minha liberdade como também a minha vida.
Inferno de obsessão doentia.
Balancei fortemente a estante empoeirada tentando me libertar de toda a fúria que me consumia e ouvi um som estrondoso de algo que caiu no chão, fui tomado de curiosidade e ao olhar vi uma máquina de cortar cabelos estendida no chão.
- É isso. - eu a peguei do chão olhando em todo seu comprimento e me testificando de que ela permanecia intacta.
Me levantei do chão indo ao pequeno quarto e segurando um espelho em minha frente.
- Eu não posso ser reconhecido. Não sei se essa merda vai me ajudar, mas eu preciso tentar.
Liguei a máquina e a pus sobre meus cabelos loiros, vendo as mechas caírem contínuamente, uma após a outra.
Ao cair de cada mecha era como se aquilo fosse eu, como se uma máscara caísse do meu rosto e aquele realmente fosse quem eu sempre fui, mas me escondia por trás da feição do garoto fofo da escola.
Ninguém jamais imaginava quantos demônios o louro de topete escondia por trás do sorriso.
Olhei fixamente para o espelho e sorri.
- Esse sou eu, o verdadeiro Justin Bieber.
Ponto de Vista Elisa:
Já era madrugada quando o pai de Shawn nos telefonou, avisando que nos levaria embora. Tem sido exaustivo auxiliar Shawn no hospital e sinto como se meu corpo suplicasse por um banho quente, um edredom e um colo de mãe, que não sinto a muito anos.
Depois de chegar em casa me arrastei para um banho quente. Já passavam das duas da manhã e amanhã começaria mais uma semana tediosa e monótona no colégio. As garotas com quem Shawn saía só perguntariam sobre ele e eu espero ter paciência para não descontar todo meu estresse em uma delas.
Tirei as roupas entrando em um longo banho morno, a água quente transitava em meu corpo me trazendo a sensação de alívio e eu agradecia aos céus por estar ali, em um momento parecia que todos os meus problemas haviam desaparecido, e tudo que eu sentia era a sensação de conforto que aquela água estava me proporcionando.
Ouço meu celular tocar e reviro os olhos. Esse foi o único momento do meu dia em que pude tirar um tempo para mim e relaxar.
Mayla deve ter esquecido algo comigo.
Reviro os olhos e continuo com meu banho, até que ouço o celular tocar novamente.
Mas que droga.
Saio do chuveiro com a água escorrendo pelo corpo e pego o celular em cima do balcão.
Era o número de Mayla, eu sabia.
- Puta merda Mayla, não me deixa nem tomar um banho em paz.
- Liz, é o Shawn. - ouço a voz trêmula de Mayla do outro lado da linha e um calafrio se aloja em meu corpo. - Você precisa vir para cá.
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