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História Dark Hut - Lutando contra demônios


Escrita por: Aninha86

Notas do Autor


Ooi Brigadeiros! Como vocês estão?
Então amooores, esse capítulo está grande sim, mas me deixe explicar.
A estória está lenta e acho que está mais do que na hora de começar a por mais ação nessa bagaça!
Juro que fiz de tudo para o capítulo ficar coerente e vocês entenderem cada pedacinho!
Está grande e revelador, prestem atenção em cada parágrafo pois tudo será minimamente importante!
Boa Leitura ❤

Capítulo 32 - Lutando contra demônios


Fanfic / Fanfiction Dark Hut - Lutando contra demônios

Ponto de Vista Elisa:

Justin se manteve em silêncio.

- Me responde! É você?

- Isso muda alguma coisa? - ele me olhou sério. - Quero dizer, isso altera alguma coisa que aconteceu entre nós. O que aconteceu já está feito, Elisa.

Um  minuto de silêncio se formou entre nossos corpos.

- Eu acho que você já viu demais!

Senti as mãos de Justin puxar com brutalidade a mochila das minhas mãos e guardar os papéis. Eu podia sentir que a partir dali um grande silêncio estaria em nosso meio. [...]

Passo pela segunda vez o sabonete pelo corte que ocupa minha barriga, aquilo era de uma dor insuportável. Encaminho a ponta dos meus dedos até o supercilio e posso sentir que o sangue ainda escorre dali.

Consequência de mais uma noite ao lado de Justin Bieber e seus demônios.

Limpo a lágrima que escorre no canto dos olhos e tento mais uma vez focar em limpar o sangue que escorre do meu corpo junto com a água, a ardência torna-se intensa e eu decido terminar o banho ali mesmo. Um curativo preenche o supercilio e logo uma gase é colada ao pé da barriga, estancando o sangue que saia daquele local. Uma última camada de pomada é depositada em volta do ferimento e saio do banheiro procurando Justin com os olhos, por sorte ele não está ali.

O relógio pendurado acima da cama aponta uma hora da tarde e o sol queima forte no lado de fora da varanda do quarto.

Debruço-me sobre a tela de proteção que separa meu quarto de toda a euforia do resto da cidade.

 Olho para baixo e posso ver a correria dos carros em meio à pressa dos pedestres que andam apressados e atravessam a avenida correndo.

Do outro lado da avenida, mais precisamente em um parquinho infantil, acompanho três crianças que jogam migalhas aos pombos enquanto se divertem vendo outros dois menores rirem com a cena, aquilo é tão puro e consigo imaginar perfeitamente Nicholas ali.

Daria tudo para estar presente quando seu primeiro dentinho caísse e ver sua felicidade estampada no rosto quando viesse me mostrar o presente que a fada do dente o deixou. Como eu queria leva-lo no primeiro dia de aula na pré-escola e dizer que tudo estava bem e que no final do dia eu estaria ali para leva-lo para casa.  Como eu queria presenciar o dia tão esperado para jogar as mamadeiras no telhado e inaugurar os copinhos que agora pertenceriam à um mocinho e não mais a um bebê. Eu daria tudo para vê-lo em seu primeiro treino de futebol e estar na arquibancada torcendo por ele. Oh, eu daria tudo para estar com ele agora, para dizer que eu não o abandonei como mamãe fez com nós e que eu nunca o deixaria por nada.

Ouço algumas buzinas dos carros que correm apressados na avenida lá embaixo e por um momento paro de pensar no meu irmão. Um relógio toma a minha atenção quando uma luz azul expõe a data de hoje e o horário de verão.

Cinco de Agosto, eu mal posso acreditar, é hoje! Estou completando meus dezoito anos. Meus tão queridos e sonhados dezoito anos. Sonhei tanto com esse dia, idealizei tanto planos para quando a maioridade me alcançasse.

Nunca imaginei que estaria dentro de um cativeiro, com hematomas pelo corpo e com síndrome de estocolmo, já que todas as vezes que Justin se aproximava de mim, eu sentia meu coração palpitar.

As vezes era bom lidar com ele, as vezes era tão difícil que eu me trancava dentro do banheiro e esperava suas crises passar, enquanto ele quebrava os móveis do quarto. 

Eu nunca sabia qual era a personalidade que entraria por aquela porta.

Demorou duas horas até finalmente ouvir a maçaneta girar e a sombra de Justin cruzar a porta. Seu olhar de espanto mediu-me por inteira e lentamente seus dedos fecharam a porta.

- Eu te deixei assim? - Justin me olhou, enquanto via o curativo estancar o sangue da minha testa.

- Dessa vez foi rápido. - não olhei em seus olhos, já que os meus já estavam marejados.

- Eu sinto muito, mais uma vez. Eu não me lembro de como aconteceu, e-eu não…

- É, eu sei, Justin. Escuto esse mesmo discurso a algum tempo. Você não sabe o que fez, não foi você, foram seus demônios… - disse com um tom de raiva, enquanto me lembrava de todas as vezes que Justin me feriu e depois dizia que não sabia como tinha feito aquilo.

- Deixa eu ver como está.

Justin se aproximou, mas rapidamente me esquivei de seu toque. Eu estava cansada.

- Não precisa, eu já cuidei disso.

Justin bufou e entrou dentro do banheiro, não olhando mais para mim.

Minhas lágrimas escorreram por cada hora do meu dia, de fato aquele era o pior aniversário de toda a minha vida.

Não haveria beijos, não haveria abraços e a grande roda de amigos e familiares que sempre cantaram o happy birthday hoje não estariam presentes. As velas não seriam acesas e eu não ficaria por longos segundos pensativa até decidir a qual  pessoa pertenceria a primeira fatia do bolo. Era só eu e a minha angústia em um quarto escuro de hotel durante toda a noite.

Do  lado de fora as luzes brilhavam nas janelas dos outros prédios, a escuridão da noite já havia chegado e a essa hora todo mundo já estava reunido com sua família, talvez em um jantar casual, ou assistindo a um filme.

O pequeno quarto escuro e solitário me fazia ter o único sentimento de que a partir daquele dia eu não queria mais existir.

Não queria estar presa em um quarto de hotel enquanto a vida passava do lado fora da janela. Estava cansada da minha cor pálida por não poder sentir os raios de sol entrarem em contato com a minha pele.

Hoje é meu aniversário de dezoito anos e eu desejo com todo o meu coração que alguma força maior ou seja lá quem comande tudo isso realize meu último desejo. Então, se algo realmente existe me deixe dormir, um sono profundo que dure toda a eternidade, pois eu não sei quando minha mente vai se esgostar e a loucura vai tomar conta de mim, eu não sei por mais quanto tempo eu posso viver como um animal enjaulado em um quarto.

Sinto minha cabeça doer pelas lágrimas que se alojaram em meus olhos durante todo o dia.

O relógio marca nove horas da noite e eu preciso adormecer, preciso de algo que faça as horas passarem depressa dentro deste cubículo. [...]

Ouço barulhos que ecoam do corredor e sinto minhas pálpebras pesadas me impedirem de abrir os olhos. Posso perceber que ainda é noite já que a claridade do sol não incomoda meus olhos.

Um barulho intenso no corredor me faz embrulhar o estômago.

O lugar está escuro e ainda estou sozinha no quarto, Justin ainda não voltou e sua cama continua arrumada. Percorro os olhos pelo quarto e noto que o relógio marca ser uma hora da madrugada.

Levanto o corpo da cama e espero atenciosamente por mais algum barulho.

Meus ouvidos captam o som de metais que se chocam, ouço vozes masculinas e em seguida um barulho de algo que se chocou brutalmente contra o chão e em seguida contra a porta do quarto. Penso algumas vezes antes de decidir se caminho até lá ou simplesmente esqueço de tudo e volto a dormir.

A curiosidade nunca foi uma das minhas melhores qualidades.

Passo a ponta dos dedos sobre a maçaneta e percebo que a mesma continua destrancada, exatamente como Justin deixou antes de sair hoje pela tarde.

"A porta está destrancada, mas a câmera por onde posso te ver está ligada a todo momento, não me faça brincar de gato e rato com você,  posso te achar mais rápido do que você imagina." - Me lembro perfeitamente da voz de Justin me alertando antes de sair pela porta.

Destravo a porta e antes mesmo que eu pudesse percorrer os olhos sobre o corredor do hotel, sinto um corpo que cai aos meus pés, completamente inconsciente.

Suas roupas sujas de sangue e os poucos ferimentos que eram visíveis em meio às roupas demonstravam que algo havia dado inteiramente errado.

Minhas mãos foram à boca enquanto meus olhos encaravam a cena de Justin desfalecido sobre meus pés.

Todo o corredor estava mal iluminado, mas eu podia ver a trilha de sangue que havia sido formada do elevador até o quarto de número 346.

Alguém o arrastou até aqui.

Abri ligeiramente a porta e segurei firmemente Justin pelas axilas. Ele era assustadoramente pesado, mas eu não poderia deixa-lo naquelas condições até ele resolver acordar.

 Olhei algumas vezes para a cama e desisti da idéia de colocar Justin sobre ela, aquilo seria uma idéia sórdida, já que eu não teria força o suficiente para levanta-lo naquela altura.

Um minuto de silêncio me trouxe à tona a idéia de levar a cama até Justin, depositando seu colchão sobre o chão. Com dificuldade coloquei o corpo de Justin sobre o colchão e com calma passei a explorar seu corpo.

Um corte grande cobria seus ombros e alguns arranhões estavam espalhados por seus braços, assim como em seu rosto. O sangue que saía de um corte pequeno em sua cabeça cobria uma grande parte de seus fios loiros.

Levantando a camisa que Justin usava pude ver ainda mais cortes, alguns que cobriam seu peito e outros espalhados por toda sua barriga. Aquilo estava horrível.

Desci meus olhos até o resto de seu corpo e pude ver o estrago em que  Justin se encontrava. Um furo ocupava uma das coxas de Justin e eu me espantei. Aquilo era um tiro. Céus, aquilo de fato era um tiro e havia muito sangue concentrado ali.

Eu estava apavorada. Eu estudei enfermagem durante dois anos da minha vida, por obrigação, nunca de fato lidei com pacientes e entro em pânico só em imaginar isso.

Levantei com cautela a coxa direita de Justin e pude notar que por sorte, ou azar, a bala não estava alojada no organismo do loiro. Ela saiu e causou um ferimento extenso na região.

Controlei minha respiração e fechei os olhos com cautela, as quatorze temporadas de Grey's Anatomy somadas aos 2 anos de enfermagem deverão me ajudar de alguma forma.

O kit de primeiros-socorros me aguardava na segunda gaveta do criado-mudo. Ter aquilo no quarto era essencial.

Uma gase embebida com água foi posta sobre a entrada e saída do  projétil de metal, estancando e limpando o excesso de sangue que havia ali

Percorri a toalha umedecida com soro fisiológico por todo o corpo de Justin, tirando dali todo o excesso de sangue e notando o tamanho e profundidade de todas os cortes que estavam espalhados por seu corpo. Uma pomada cicatrizante e um curativo havia sido o suficiente para não deixar Justin vulnerável às inúmeras bactérias que haviam naquele lugar. Mas algo ainda me preocupava, o ferimento do tiro.

A bala havia causado um ferimento grande na região da saída e caso não fosse costurado, demoraria meses para cicatrizar, podendo levar Justin a uma infecção e problemas de pele.

Eu tinha que fazer aquilo, era necessário.

Procurei em algumas gavetas do pequeno guarda roupa e ali estava ela, uma pequena caixinha com duas agulhas e algumas linhas de costura. Passei a ponta da língua  sobre a linha e com cautela a enxaixei dentro da agulha.

Eu teria que ser rápida, antes que Justin acordasse.

Lentamente pus em prática toda a técnica que aprendi a alguns anos atrás, em alguns bonecos de pano do curso. Aquela era a primeira pessoa real em quem eu estava fazendo aquilo e isso era assustador. Terminei a sutura e guardei o kit, não havia ficado de fato perfeito, mas ajudaria Justin com a cicatrização mais rápida.

Deitei ao seu lado no chão e esperei Justin despertar.

Ponto de Vista Justin:

Lembro-me perfeitamente do assalto e do momento em que o grupo de operações especiais invadiu a agência bancária disparando inúmeras vezes contra os assaltantes que se concentravam ali.

Cinco homens gravemente feridos e sete finados.

Esse foi o cenário que vi antes de ser baleado na perna e desmaiar com uma coronhada que atingiu minha cabeça. A vaga imagem de um dos homens me arrastando até meu prédio ronda pela minha mente, mas meu estado físico não é capaz de assimilar se aquilo de fato é, ou não real.

Sinto minha audição retornar, juntamente como meus sentidos.

Não ouço ruídos de tiros e nem gritos dos que sobreviveram e a essa hora devem estar enlouquecidos por todo o dinheiro que foi perdido naquele esquema.

Tudo que meus ouvidos escutam é o silêncio.

Meus olhos abrem-se em meio ao breu e eu pisco algumas vezes seguidas para me certificar de que meus olhos estão abertos.

Sinto uma pontada forte em meu peito e logo em seguida um formigamento na perna, onde me lembro de ter sido baleado. Olho para os lados tentando encontrar onde estou e noto que estou no lugar mais seguro que poderia querer estar. No quarto do hotel, ao lado de Elisa.

Sinto seu corpo levantar e Elisa ligar o abajur.

- Oh, que bom que você acordou!

Sinto o corpo de Elisa me envolver em um abraço e murmúro por sentir uma leve dor em minhas costelas.

- O que? O que houve?

Levanto lentamente a cabeça e posso ver o local onde fui baleado estar costurado por algo que se assemelhava com uma linha de costura. Como ela fez isso?

- Eu sinto muito por isso. Quer dizer, eu sei que não está perfeito, mas isso poderia lhe render uma grande infecção. Eu tive que costurar, dei vinte e dois pontos improvisados.

Eu não podia crer no que estava acontecendo.

Não que de fato eu gostaria de ter sido costurado, mas depois de tudo o que aconteceu, depois de ter espancado ela e depois ter ignorado seu aniversário ela simplesmente me encontrou completamente fodido e cuidou de mim.

Ela não se importou se as marcas que eu espalhei pelo seu corpo doíam ou se seus próprios  curativos precisavam ser refeitos, ela só pensou em cuidar de mim e não deixar que eu morresse.

- Como você está? Aqui tem alguns analgésicos mas eles não são suficientes. Amanhã cedo preciso refazer seus curativos. O que aconteceu com você?

- Eu não sei. Algo deu malditamente errado hoje, mas eu não quero falar sobre isso agora. Vem, deita aqui comigo, ainda é noite e você precisa descansar, parece que trabalhou muito em mim hoje.

Ponto de Vista Elisa:

Aquilo tudo era como um sonho. Talvez um dos mais bonitos que já tive até hoje. Eu podia ouvir as batidas do seu coração e seu peito subir e descer a cada vez que ele respirava.

Eu estava repousada sobre seu peito e aproveitava aquele final de noite como se fosse o último, aliás, quando eu despertasse pela manhã eu não tinha certeza com qual Justin eu me depararia. [...]

 O sol brilhava do outro lado da varanda e a brisa gelada entrava pela janela fazendo os pêlos do meu corpo se arrepiar.

Ao puxar o edredom para me cobrir percebi que eu estava sozinha sobre o colchão e Justin não estava mais ali, provavelmente havia saído cedo para resolver seus assuntos secretos com Ryan. Aquele seria mais um daqueles  dias e com certeza o Justin que despertou hoje não foi o mesmo que dormiu comigo na noite passada.

Maldito transtorno de bipolaridade.

Levantei ligeiramente da cama e caminhei até o banheiro para começar o dia, ao abrir a porta do mesmo pude ver a pia que era lindamente preenchida por um buquê de rosas vermelhas e um cartão apoiado ao seu lado.

"Feliz  aniversário atrasado e saiba que essas rosas representam o que você significa para mim. Justin Bieber"

Isso não era real. Definitivamente não.

Esfreguei um de meus olhos me certificando de que aquilo de fato estava ali e me espantei ao notar que as flores e o cartão permaneciam intactos.

Como Justin conseguia mudar de personalidade tão rapidamente?

Durante uma longa parte do dia não encontrei com Justin no quarto. Aquele seria mais um dia em que eu estaria sozinha, mas dessa vez com as rosas vermelhas nas mãos, que eu não consegui me desgrudar delas nem sequer por um momento.

O dia frio passava-se lentamente enquanto eu o observava do lado de dentro da varanda.

Eram exatamente sete horas da noite quando ouvi a maçaneta girar e vi Justin entrar pela porta sorrindo, segurando um bolo nas mãos.

Céus, aquilo era incrível e senti meu sorriso ser estendido até as orelhas. Eu não podia conter a emoção e por um momento era como se tudo não fizesse mais sentido e eu quisesse apenas eternizar a imagem de Justin sorrindo com um bolo de unicórnio nas mãos com uma vela dourada marcando o número 18.

- Desculpe o tema, a loja de doces só tinha esse no estoque. É de chocolate branco, espero que goste. - Justin sorriu enquanto ligava as velinhas e sozinho começou a vergonhosa cantiga dos parabéns.

- Ah, céus! Eu amei!

- Faz um pedido. - Justin sorriu pra mim.

- Pronto! - Eu assoprei as velas e sorri para Justin, que mantinha o olhar sobre mim.

- O que você pediu? 

 Justin perguntou enquanto eu lhe entregava uma fatia do bolo rosa.

- Não posso contar, senão ele não será realizado. [...]

- Posso me deitar aí? - O loiro perguntou olhando para o espaço vazio que  estava ao meu lado na cama e eu apenas assenti.

- Agora vai me contar o que aconteceu? Como você chegou aqui naquele estado?

- Eu já disse que isso é besteira. Foi uma tentativa tosca de assaltar um banco, só isso. - Eu continuei o olhando, como se ele me devesse explicações e Justin prosseguiu. - O líder da ação era um amigo distante de Ryan, eu disse que  isso não daria certo, mas ele não me ouviu. O grupo de operações especiais estavam na cola da quadrilha e chegou em um momento inesperado. Alguns foram mortos, alguns presos e os que tiverem mais sorte foram baleados. Eu não conhecia nenhum dos homens, não fazia parte da quadrilha, então no final de toda a ação me jogaram em algum lugar, onde você provavelmente me encontrou e fez esse negócio minha perna. - Justin gargalhou. - Mas obrigado, você salvou a minha vida.

Àquele era o momento mais ridículo para falar sobre o passado, mas algo dentro de mim ansiava por uma resposta de Justin. Eu tinha que saber o porque de mim? Porque de eu estar aqui e porque ele ainda não me matou.

- Porque eu, Justin? - Senti seu olhar incrédulo pousar sobre mim. - Porque você ainda continua com isso? Porque você ainda me mantém sobre essas condições? Porquê em alguns momentos você me humilha e me tortura severamente e em alguns momentos você age como se nada tivesse acontecido?

À essas horas minha mente já havia trazido à tona minhas lembranças e as lágrimas já escorriam pelo meu rosto.

- Você não entende Elisa, você nunca vai ser capaz de entender.

- Então me ajuda Justin, porque tem horas que eu olho pra você e sei que você vai me machucar, eu sei o quanto eu vou sofrer sobre seu domínio e tudo o que eu queria era terminar de vez com isso. - eu podia ouvir minha voz embargada pelo choro.

- Isso não é fácil como você pensa. Isso não é quem eu sou, mas faz parte de mim. Você entende? Isso aconteceu a muitos anos atrás e eu me permiti chegar a esse estado. Quando eu fui abandonado e ninguém se importava comigo eu tive alguém aqui dentro que conversava comigo e me fazia sentir melhor. Eu fazia coisas que eu não deveria, que eu não queria, mas tudo aquilo me fazia sentir melhor. Algo dentro de mim fez eu me tornar um monstro e é isso que eu sou, um monstro. Não importa o que eu faça, não importa o quanto eu peça ajuda, meus demônios estarão sempre ao me redor, eles me farão cometer as mais terríveis atrocidades e depois de tudo isso eu vou gostar por que é isso que eu sou, isso faz parte de mim.O cárcere nunca foi uma opção, eu nunca quis a manter presa, mas algo dentro de mim falou mais alto que minhas vozes pela primeira vez e eu não estou sabendo reagir a isso. Há momentos que eu desejo mata-la da pior forma possível, mas há momentos que eu só quero estar ao seu lado e lhe fazer companhia. Há uma guerra travada em meu subconsciente e eu não sei qual lado está ganhando. Não há como fugir, não há como se salvar, em algum dia eu vou matar você e se eu não fizer isso, as vozes farão por mim. Há momentos que eu não tenho controle sobre mim, eu sou como um robô dominado por comando de vozes. Não importa para onde você vá, elas irão atrás de você Elisa, porque por algum motivo elas te escolheram. Eu tento adiar isso todos os dias, mas uma hora não vai haver mais nada que eu possa fazer por você e eu sinto muito por isso.

Suas palavras me imobilizaram por alguns minutos e por mais que eu quisesse, não haviam palavras que  poderiam ser ditas naquele momento. Tudo era muito surreal, tudo era muito assustador.

- Elas virão atrás de mim? 

 Meus olhos marejados olhavam atentamente a face de Justin.

- Sim Elisa. Um dia elas virão atrás de você. Eu sinto muito. [...]

A conversa com Justin me fez querer adormecer o quanto antes, todas aquelas idéias juntas me faziam ter dores de cabeça. Como uma única pessoa poderia ter tantos problemas juntos? Meu nível de pavor estava nítido e após terminar os curativos de Justin eu resolvi deitar em minha própria cama, torcendo para o sono me alcançar e os pesadelos com Chaz  não se encontrarem comigo. [...]

Senti uma dor intensa na região do nariz que logo me fez despertar. Um líquido quente  escorreu até meu pescoço e pude sentir o peso do corpo de Justin sobre mim. Ainda era madrugada e o abajur ligado me mostrava a imagem clara de Justin tentando me atacar. Seus fios loiros estavam completamente desalinhados e o seu olhar sombrio estava com o tom avermelhado. Gritei seu nome quando senti um soco invadir a região da minha barriga e me contorci automaticamente de dor. Justin - ou qualquer ser que estava ali naquele momento - puxou meus  cabelos e me arrastou com brutalidade até o banheiro. O sangue que escorria do nariz formou uma trilha de sangue e eu sentia aquela região latejar e queimar intensamente.

Meu couro cabeludo queimava e eu me debatia na esperança de fazer meu corpo se soltar dele.

Justin saiu furioso de dentro do banheiro me deixando ali jogada sobre o chão e caminhou com passos profundos até o quarto, onde o ouvi revirar algumas facas que  estavam em baixo do colchão.

Céus, aquilo de fato estava acontecendo e eu podia sentir que seria naquela hora em que Justin terminaria com todas as minhas chances de viver.

Apoiei os braços no vaso sanitário e rapidamente me levantei, correndo até a porta da entrada e retirando com rapidez a chave que ocupava a maçaneta da porta. Já do lado de fora e vendo Justin perceber minha saída, eu girei a chave no lado contrário da fechadura e deixei Justin trancado para dentro, ficando presa no lado de fora do corredor.

Justin socava descontroladamente a madeira enquanto me obrigava a abrir a porta para ele. O que estava em jogo naquele momento era a minha  vida e eu não poderia deixar Justin acabar com ela agora.

Olhei rapidamente sobre o olho mágico e vi os olhos vermelhos de Justin me encarar, furiosos. Sentei-me ao lado da porta e coloquei a cabeça entre os joelhos, tentando pensar em algo que me salvasse naquele momento. [...]

- Elisa você está aí? - Ouvi a voz de Justin sussurrar do outro lado da porta e me acordar do pequeno cochilo que acredito ter durado cerca de alguns minutos. Olhei para o corredor escuro e cogitei a idéia de responder ao seu chamado, mas naquele momento eu não sabia se era a coisa certa a ser feita.

Levantei-me e coloquei um dos olhos sobre o olho mágico, podendo enxergar o olhar castanho e sereno de Justin, o mesmo que vi a algumas horas antes enquanto cantava os parabéns para mim.

Girei com cautela a maçaneta e lentamente abri a porta, encarando os olhos  negros de Justin.

- Elisa o que aconteceu aqui? - Justin me olhou perplexo quando viu o sangue do nariz que escorria até a região do pescoço e em seguida apontou para o quarto que estava completamente revirado. - Me diz Elisa! O que aconteceu aqui?

- E-eu  não sei, você surtou. Acordei enquanto me espancava. Você iria me matar Justin, pude sentir isso... - meus olhos se encheram de lágrimas enquanto pude ver Justin colocar a mão sobre os fios loiros.

- Chegou a hora. Você não pode mais ficar aqui, elas querem você agora Elisa. Vem, nós precisamos sair daqui. - Senti as mãos de Justin me puxar e o segui até o elevador. Justin apertava freneticamente o botão do elevador enquanto gotas de suor rolavam sobre sua testa.

- Pra onde você está me levando Justin?  - Senti as mãos de Justin empurrar minhas costas no momento em que o elevador abriu.

Aquele era o último andar do prédio. Não haviam quartos ali e nem luzes, tudo estava escuro e ninguém ocupava aquela parte do hotel. Aquilo era assustador.

- Ei, o que está acontecendo? Justin eu estou com medo. - Eu sussurei quando senti a mão de Justin se desgrudar da minha e me senti sozinha em meio à tudo aquilo.

- Segura isso aqui. - Justin me entregou uma chave e eu percebi que estávamos dentro de uma sala, assim que ele acendeu a única vela que havia ali.

- Justin,  porque você está fazendo isso? Por favor, não me deixe aqui sozinha. - Eu já soluçava, imaginando o que poderia estar rondando a mente de Bieber.

- Eu sinto muito, sinto muito...

- Justin, não me deixe aqui sozinha, por favor. - Eu sentia as lágrimas que escorriam em meu rosto e misturavam-se com o sangue. Eu estaria sendo abandonada mais uma vez.

- Você sempre esteve lá, mesmo quando ninguém mais se importou você estava lá para me ajudar. Eu não posso mais deixar que façam mal a você. Eu fui o seu demônio por muito tempo, mas a partir de hoje eu quero ser o seu anjo. Eu não estou lutando apenas contra mim mesmo, há algo muito maior acontecendo e mesmo com todas as explicações você nunca entenderia. Eu só pesso que você confie em mim apenas uma vez. Escuta, se daqui a dez minutos ou a qualquer hora da madrugada eu vim aqui e mandar você abrir a porta, não abra, você está me ouvindo? Não abra em hipótese alguma essa porta. Eu vou gritar, eu vou te amedrontar, eu vou dizer coisas repugnantes e assustadoras mas em hipótese alguma abra a porta. Coloque esses fones de ouvido, tampe os ouvidos com as mãos, cante, mas não ouça absolutamente nada do que eu vou dizer. Lembre-se, aquele não será eu, eu vou estar ali dentro em algum lugar, mas não vou ser capaz de tomar posse do meu próprio corpo. Não acredite em minhas mentiras, não ouça as cantigas que eu vou cantar. Só feche os olhos e se esconda. Quando você ouvir minha voz você vai saber que sou eu, mas enquanto houver dúvidas não abra, pois meus demônios estarão te esperando do outro lado da porta.


Notas Finais


ESTOU REESCREVENDO DARK HUT.

Se você ainda não começou a ler/não terminou eu indico que espere a reescrita terminar para prosseguir.

E se você já leu tudo eu recomendo você ler denovo depois da reescrita, 2bjs.

15/07/2019.


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