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História Dark Hut - Dias cinzas


Escrita por: Aninha86

Notas do Autor


Oi brigadeiros 🍫❤! Trouxe esse capítulo só pra vocês entenderem um pouco sobre a história de Justin e o que aconteceu na vida dessa pessoinha! Beijos!

Capítulo 4 - Dias cinzas


Fanfic / Fanfiction Dark Hut - Dias cinzas

Ponto de Vista Justin:

Já estava anoitecendo e uma grande bagunça se formava na casa ao lado.

Estou nessa cabana velha à pouco mais de três semanas e não sei por mais quanto tempo posso viver aqui.

O lugar tem um cheiro forte de mofo e ouço barulho de ratos que caminham nas madeiras do velho forro, a casa é cercada por galhos e árvores e se assemelha muito à um lugar abandonado. Sua pintura já não transmite mais a cor e a cada passo que dou, suas madeiras rangem como se fossem ceder.

Desde que fugi da última clínica tenho vivido neste lugar imundo.

Esse não tem sido um bom ano considerando que só nesse período já fui preso duas vezes e estou foragido de uma penitenciária psiquiátrica de Nova Jersey á um mês, porque fugi assim que fui diagnosticado com transtorno de personalidade antissocial.

Tudo foi de mal à pior quando acionaram o protocolo de segurança e um dos psiquiatras que cuidavam do meu caso me encaminhou pra ala de segurança máxima depois que matei a amante de um agente penitenciário e mandei o resto cadavérico dentro de uma caixa de presente para sua esposa. Desde então a minha internação dentro da unidade virou um inferno.

Na maioria dos dias quando acordo e me encaro no espelho do banheiro eu não concordo com todos os diagnósticos feitos até hoje.

Foram muitos laudos e exames que me levaram a receber o diagnóstico de louco. Há dias que eu acordo me sentindo uma pessoa absolutamente normal e com a mesma sanidade da mãe de família que passa o dia cuidando das crianças, ou do pai que busca o filho no fim da tarde do colégio. Há dias que eu realmente me sinto como uma pessoa comum.

Mas há dias que assim que eu abro os olhos eu já sinto que é um dia cinza. Ah, os dias cinzas... esses dias são verdadeiros tormentos e passam tão lentos quanto uma tartaruga correndo uma maratona.

Os dias cinza me fazem perder toda a esperança que um dia já tive na minha sanidade mental. Os dias cinzas incendeiam em mim a parte mais suja e perversa do meu próprio eu.

Os dias cinzas me fazem ter medo de mim mesmo.

Fugir da clínica sozinho e conseguir refúgio na Califórnia não foi algo fácil, já que não tenho amigos, família ou conhecidos na cidade - ou em qualquer lugar do mundo - e os colégios recusam-se a aceitar novos alunos no meio do semestre. De qualquer forma eu sabia que deveria frequentar um colégio, pois não é todo dia que um assassino e doente mental consegue se matricular em uma escola de classe média alta.

A pequena polícia local jamais desconfiaria de um louro bem arrumado trajando o uniforme do time de basquete.

Tive sorte por Ryan Butler - meu melhor  e único amigo - ter contatos que conheciam o diretor do colégio e mesmo relutante ele me disponibilizou uma vaga.

Ryan me mantinha informado de como andavam as investigações em Nova Jersey e pelo que soube ainda não tive minhas imagens divulgadas no jornal. Justin Bieber é um nome relativamente comum por aqui e a Califórnia parecia ser o melhor lugar para estar.

Da grande janela empoeirada pude ver que a casa foi tomada por várias garotas e muitas garrafas de vodka. Era uma pena como acabava a noite de garotas bêbadas que resolviam voltar pra casa sozinhas.

Era estrondoso o barulho que a casa do coreano emitia. 

Garotos bêbados discutiam e entonavam as vozes de modo que todos os olhares eram voltados a eles. Em frente à casa as garotas viravam litros de bebidas e dançavam ao som da música alta.

Pude sentir uma forte dor na cabeça e uma tontura me fez revirar os olhos.

Me deitei lentamente no pequeno sofá que ficava ao lado da janela e tentei dormir, esperando que quando acordasse, toda aquela confusão já tivesse chegado ao fim.

Acordei cerca de duas horas depois com um vento forte que entrou pela janela e fez os pêlos do corpo arrepiar. Me levantei a fim de fechar as cortinas e voltar a dormir, mas algo me chamou atenção.

Era uma garota. Uma bela garota que estava sentada no último degrau da entrada da casa de Milan. Seus cabelos agora estavam molhados pela forte chuva que caía, seu vestido preto deixava transparecer seu farto par de seios e suas coxas eram lindamente expostas.

Ela tinha um semblante triste e parecia chorar, o que tornava toda a cena medonhamente mais excitante.

Me veio na memória imediatamente Melissa Spellman, a última garota com quem me encontrei em Nova Jersey.

FLASHBACK ON*

- Me solta Justin! Me solta, por favor! Eu não aguento mais... - Ela gritava compulsivamente, tentando se soltar das cordas que a prendiam na cadeira. Seu rosto era marcado por um grande corte que ia da parte inferior dos olhos até o queixo. Seu nariz tinha uma grande camada de sangue seco e um de seus olhos estava fechado, após o último soco que dei antes dela desmaiar.

Ela estava suja e fedia por conta dos três dias que estava presa ali.

FLASHBACK OFF*

Melissa não me deu escolhas.

Ela era uma prostituta barata com quem Ryan Butler teve algumas noites e após receber algumas cápsulas de cocaína contou ao delegado tudo que havia observado durante as noites que passou com ele.

Spellman denunciou todos os esquemas de tráfico, lavagem de dinheiro, fraude, extorsão e sugeriu que Butler estava envolvido com participação direta em pelo menos oito dos doze assassinatos que haviam acontecido naquele mês.

A polícia de Nova Jersey já desconfiava que Ryan tinha envolvimento com alguns crimes que haviam acontecido na região, mas até então não tinham indícios que pudessem o criminar. Por sorte, consegui pegar a vagabunda dias antes dela dar a segunda parte do depoimento e a polícia precisou arquivar o caso alegando falta de provas.

Ryan sempre foi o meu melhor amigo e meu companheiro. Ele é a única pessoa que eu tenho no mundo.

Nos encontramos depois que eu fugi de casa e o encontrei em cima de uma árvore, depois de ser espancado pela mãe que estava alcoolizada.

Minha mãe nunca me procurou desde que fugi de casa... na verdade, nunca foram meus pais. Minha mãe teve uma hemorragia grave durante o parto e morreu alguns minutos depois de me dar à luz. Meu pai foi embora alguns meses depois e desde então fui criado por um casal de vizinhos que me espancavam todos os dias e me obrigavam a trabalhar na serralheria falida da família. 

Fugi de casa no dia do meu aniversário de onze anos, depois de ganhar uma bela surra de presente. Nesse dia meu pai chegou em casa de madrugada, estava zangado por ter perdido todas as apostas que fez no cassino da cidade e disse ter sido culpa minha, já que ele apostou no número onze,  o mesmo número da idade que eu completava.

Naquele dia ele perdeu mais de seiscentos dólares e eu perdi um pedaço da minha infância. 

Após sentir a dor da cinta em minha pele várias vezes, eu decidi que aquele era o último dia que alguém me feriria.

Aquela seria a minha última surra.

Por volta de três horas depois, enquanto o porco dormia no sofá da sala eu enfiei uma faca em seu peito e a puxei, fazendo com que rasgasse seus órgãos um a um, e o vi agonizar lentamente até a morte.

Eu me lembro de sentir o pavor e o medo atravessarem as minhas veias. Eu fiquei totalmente estático enquanto via o sangue jorrar das suas artérias. A cor era de um vermelho intenso. Eu ouvi gemidos de dor. Eu ouvi o som da justiça. Eu senti êxtase.

Não demorou nem quinze minutos para a sensação de alívio e o sentimento de felicidade aparecerem. Eu estava livre. As sessões de tortura nunca mais fariam parte da minha vida e agora eu poderia dormir em paz, sem medo de ser acordado durante a noite com as agressões que me traziam tanto medo.

Eu senti o gosto de matar alguém pela primeira vez. E eu gostei. Ah, eu gostei muito. Foi uma das melhores sensações que eu já senti na minha vida. Eu senti prazer em olhar o sangue que escorria pelos meus dedos e pingavam no carpete bege.

Eu senti prazer e aquele foi o início de todo o fim.

Enquanto minha mãe drogava-se pelas esquinas e oferecia seu corpo em troca de uma seringa de heroína ou uma pedra de crack eu ateei fogo em toda a casa, pondo fim à todo vestígio de crime que poderia ter ocorrido naquele local.

Aos onze anos eu não fazia idéia de incendiar a casa me livraria do reformatório, mas senti prazer em ver o meu cativeiro pegar fogo e incendiar todos os móveis juntos com o corpo daquele verme.

Fiquei parado admirando a chama vermelha e quente queimar toda casa, até o pessoal do resgate chegar. 

Eu vagava sem direção, sem abrigo, sem família e àquela  altura o sentimento de culpa novamente se alastrou dentro de mim. Eu tentava segurar as lágrimas que insistiam em cair e caminhava com a cabeça abaixada, com medo de descobrirem que eu era a criança que pôs fogo no pai e na casa onde morava.

Depois de chorar por horas eu adormeci embaixo de uma árvore no meio da mata, desejando que aquele fosse meu último dia de vida.

Acordei ao amanhecer com algo caindo sobre minha cabeça e pude ver um garoto latino da mesma idade que eu, em cima da árvore.  Ele tentava pegar algumas frutas sem sucesso, o que me fez gargalhar.

Ele, assim como eu, estava fugindo de casa e desde que nos encontramos a primeira vez, soubemos que era só aquilo que precisaríamos,  um ao outro.

Eramos nós dois contra o mundo.

Para sobreviver noós roubavamos algumas casas que ficavam perto da mata, comíamos as frutas que as árvores nos proporcionavam e por vezes matamos alguns animais pequenos.

A fome, o medo e o ódio já não nos permitia mais sentir. Com o passar dos anos nós nos tornamos imunes à compaixão, amor ou afeto.

O amor enfraquece as pessoas.

Nós tínhamos que ser fortes. 

Depois de viver por alguns meses na mata nós fomos encontrados por um grupo de lenhadores e fomos encaminhados para um orfanato no centro de Nova Jersey, mas alguns meses depois nós conseguimos fugir.

Matei a segunda pessoa aos dezesseis anos, depois de ficar muito chapado. Era uma garota com quem eu saia às vezes e vi ela beijando um cara na saída de uma boate.

Senti uma ira lasciva me corroer e sem pensar nas conseqüências joguei sua cabeça contra a parede diversas vezes, até seu corpo não esboçar mais nenhuma reação. Conclui que ela estava morta e ao contrário do medo que senti na primeira vez que tirei a vida de alguém, o sentimento que me consumia era o de êxtase e paz.

Me desprendi de meus pensamentos e percebi que olhava para a garota á muito tempo.

Ela olhou em direção à velha cabana, eu  fitei meu olhar sobre ela e ela desviou, olhando algo que estava no chão. Rapidamente apertei o interruptor e deixei que a escuridão tomasse conta daquele velho lugar.

Ao perceber que a cabana estava escura ela se levantou e entrou para dentro da casa de Milan. Por alguns minutos pensei que não veria mais a garota essa noite.

Devo tê-la assustado.

Um vulto me chamou a atenção e eu me surpreendi vendo a mesma sair pela porta da frente da casa, segurando um celular e caminhando em direção a rua que agora estava completamente deserta.

Era uma bela noite para ter uma companhia como ela.

Me apressei em trocar de roupa, pegar a caminhonete de Ryan e ir de encontro com ela.

Talvez seja o meu dia de sorte.



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