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História Dark Hut - Hora de Recomeçar


Escrita por: Aninha86

Notas do Autor


Ooooi brigadeiros! Como cês tão?
Antes de começar esse capítulo, quero dar alguns recadinhos - que eu sei que quase ninguém vai ler - mas vamos lá.

➡ Ninguém comentou nada sobre isso, mas é algo que está me incomodando. Eu escrevo TODOS os capítulos no meu bloco de notas. Eu sei, isso é estranho, mas eu realmente não consigo fazer isso em outro lugar. Eu edito todos os capítulos sozinha, não tenho ajuda do titio World para isso, então, eu não uso o travessão.
Não achem que eu não sei usá-lo, eu sei, mas no bloco de notas não tem o travessão, apenas o hífen (-)

➡ A nossa histórinha vai finalmente andar, como eu disse no capítulo anterior. A linha de tempo pode ficar mais rápida, já que já estamos no capítulo 40.

➡ Devido a algumas coisas que acontecerão na história, a linha temporal de DH está em Janeiro de 2018. Vocês irão entender, no momento certo.

➡ Aquele mesmo bla, bla, blá de perdoar os erros ortográficos, PLEASE.

➡ O final feliz, ou nem tão feliz assim, está próximo 💙

➡ Boa leitura, meus amores.

Capítulo 40 - Hora de Recomeçar


Fanfic / Fanfiction Dark Hut - Hora de Recomeçar

Ponto de Vista Elisa:

Janeiro.

Os fogos coloridos iluminavam cada canto do quarto amarelado.

Da varanda do oitavo andar, era possível ver toda a euforia que acontecia lá embaixo, nas ruas largas e frias da cidade de Michigan. Ao meu lado, Justin sorria enquanto estendia sua taça de vinho para cima, esperando que minha taça fosse ao seu encontro, brindando o início de mais um ano.

A véspera de ano novo era uma data importante para todos que de alguma forma, enfrentaram momentos ruins ao longo do ano que se passou. Aquela noite era a última noite do ano para agradecer ao ano que se foi e desejar boas vibrações, para o próximo que viria.

Eu tinha muito o que agradecer, de certa forma.

Estava viva e isso era com certeza, o maior milagre que dois mil e dezessete poderia me reservar. Estava bem, sem machucados e de uma pequena forma, feliz.

A felicidade e a paz que meu peito não sentiam à mais de um ano, estava presente outra vez.

A sensação do peito apertado e da saudade ainda estava presente, pensando em como minha família e meus amigos estariam celebrando o dia de ações de graça, ou se de alguma forma, realmente estariam celebrando por algo. Observando Justin bebericar o líquido vermelho, eu sei que fiz o certo e acredito fielmente nisso.

Foi difícil imaginar me despedir dele, quando Justin cogitou a idéia de me enviar novamente para a Califórnia. Por mais que a saudade e o medo me corroa todos os dias, eu sei que da Califórnia nunca poderia acompanhar o progresso de Justin, aqui em Michigan. Eu tive que lutar contra muitas coisas para continuar aqui, inclusive com Justin, que nunca acreditou ser uma boa idéia me deixar ficar. Eu sei que é. Eu posso sentir seu olhar diferente, assim como seu sorriso.

O começo de mais um ano me trazia esperança de dias melhores, ao lado de Justin.

Sei o quanto foi difícil fazê-lo acreditar em mim e no quanto seria melhor manter-me ao seu lado. Por isso, não posso demonstrar o contrário agora.

Quase um mês depois, Justin está começando a familiarizar-se com a cama e deixou o antigo banheiro, de lado. É seu peito que procuro á noite quando algum pesadelo com Chaz me ronda e é seu conforto que está ali, sempre me esperando.

Os remédios têm sido administrados todos os dias e a cada novo dia que surge, eu vejo mais brilho e mais sinceridade nos olhos de Justin.

Ele sorri quase sempre, depois que eu o contei o quanto gostava daquele sorriso. Aquele mesmo sorriso que fazia o meu universo inteiro parar e o meu coração correr acelerado.

- Um brinde! - Justin sorriu, batendo lentamente nossas taças. - Esse ano vai ser melhor, eu prometo.

- Para nós dois. - Eu sorri, selando nossos lábios.

Justin entrelaçou as mãos nos meus cabelos ruivos e puxou-me mais para perto, entreabrindo os lábios e iniciando um beijo calmo. Suas mãos apertaram levemente minha cintura, enquanto finalizava o beijo com alguns selinhos.

- Eu preciso descer, estão me esperando para buscar a nossa ceia. - Justin sorriu tímido, enquanto a ponta dos seus dedos acariciavam meus lábios.

- Te espero aqui.

Justin saiu apressado, olhando as horas no relógio de pulso prateado.

Meus olhos correram pelas paredes amareladas do quarto enquanto tudo parecia girar, dentro da minha mente.

Eu fechei os olhos, sendo preenchida por lembranças vazias da minha família, que não via à mais de um ano. A saudade encheu meu peito de dor, enquanto uma lacuna de solidão foi aberta.

Todas aquelas memórias me invadiram e inesperadamente as lágrimas passaram a brotar dos meus olhos.

Eu sentia a culpa me invadir por cada instante que eu pensava que á essa hora eu poderia estar com cada um deles, feliz e celebrando a noite de ano novo. Mas no fundo eu também sabia, que á essa altura, Justin já estaria atrás das grades, acusado de tortura, sequestro e cárcere privado. Se os outros casos fossem investigados, com certeza a pena seria triplicada por ocultação de cadáver e por inúmeros assassinatos. Justin não suportaria lidar com tanta pressão. E eu não posso, em hipótese alguma, permitir que seu progresso seja em vão. Eu preciso permanecer firme, por mim e por Justin.

Ouço a maçaneta girar e limpo delicadamente as lágrimas que rolam pelo rosto pálido, evitando que manchas vermelhas denunciem meu choro excessivo de segundos atrás.

- Olha só pra isso! - Justin disse entusiasmado, segurando um carrinho com quatro bandeijas e eu arqueei as bochechas, forçando um riso.

- Oh céus! Meia noite! Feliz Ano novo, Justin! [...]

Justin sorria enquanto encarava meus olhos.

- Justin, para com isso. - Eu revirei os olhos, tampando seu rosto com as mãos.

- Eu gosto de te olhar, aliás, você é linda. - Justin retirou minha mão de seu rosto e sorriu para mim, de forma gentil.

- Essa é a primeira vez ... - Eu sorri, fechando os olhos e aproveitando aquela mágica sensação. - A primeira vez que diz que sou linda sem ironia, ou sem estar malditamente possuído. Isso foi sincero, Jus ... - Justin concordou com a cabeça, passando os dedos lentamente por meus fios alaranjados.

- Acho que temos algum sinal de melhora aqui, está sendo lento, mas as coisas estão caminhando. - Justin sorriu, se levantando e arrumando os pratos em cima do carrinho. - Vou levar os pratos para a cozinha do hotel, já devem ser umas duas horas da manhã, nem devem haver mais funcionários no andar de baixo.

- Você quer ajuda? Eu pod... - Antes de eu conseguir me pronunciar, senti a dor embrulhar todo o meu estômago e a sensação de queimação invadir minhas narinas, sendo seguida de um vômito extenso que me fez correr até o banheiro e ajoelhar-me em frente a privada.

A sensação de fraqueza invadiu meus ossos quando tentei me levantar e logo senti as mãos de Justin me amparar, enquanto ele tentava me manter em pé.

- O que aconteceu? Elisa, fala comigo. - Justin deu dois tapas leves na minhas costas quando percebeu que eu me engasguei, com meu proprio vômito. - Ei, calma. Respira devagar, mantenha a cabeça para cima. Não força, senão vai machucar a sua garganta. Você está melhor? - Justin abriu a torneira da pia, quando percebeu que eu havia posto para fora tudo aquilo que havia me feito mal. - Lava o rosto, deixa que eu levo as louças lá pra baixo.

- O que tinha nessa comida? - Eu saí do banheiro, passando a mão sobre os lábios. - Cruzes, que gosto horrível.

- Peru, batatas, arroz grego, pimenta ...

- Que merda! Sou alérgica á pimenta! Achei que aquele sabor era de páprica. - Eu me sentei na cama, tentando normalizar meu coração que batia tão acelerado. - Posso descer com você? Não quero ficar aqui sozinha. [...]

- Esse lugar está uma bagunça, os funcionários vão sofrer quando voltarem. - Eu fiz uma careta, jogando os restos de comida no balde de lixo da cozinha.

Justin estava do outro lado do saguão, fumando um cigarro enquanto olhava as ruas pela porta de vidro do hotel.

Enquanto jogava os restos de comida, cantava baixinho uma música que ouvia Shawn cantar todas as vezes que iria entrar em campo. Aquela era sua música de sorte, como ele mesmo dizia.

Distraída, dançando lentamente a música de Shawn, senti quando - durante a coreografia - arremessei involuntariamente meus pés sobre uma grande porta branca, que em instantes se abriu pela força dos meus pés, sobre ela.

Um ruído baixo, mas constantemente assustador foi ouvido e a porta se entreabriu, me dando uma pequena visão do que havia do lado de dentro.

A ponta dos meus dedos tocaram a superfície da porta e eu a empurrei lentamente, até ter a visão completa do lugar.

Era um lugar escuro, completamente isento de iluminação. A única fonte de luz que o lugar tinha era através da cozinha suja e bagunçada do hotel. Eu dei dois passos em direção ao lugar e pude sentir o cheiro forte se instalar em minhas narinas.

O lugar era semelhante ao subsolo abandonado do hotel, mas esse lugar  era ainda mais sombrio, já que era um lugar desativado bem ao lado da cozinha principal. Haviam caixas de papelão empoeiradas e algumas caixas maiores, cobertas por lençóis. Enquanto encaminhava meus pés para dentro e olhava fixamente para a frente, não notei a presença de uma boneca de pano ali, que estava ao meu lado.

Seus olhos saltados para fora e sua expressão malditamente perversa, fez meu espanto vir à tona e meu coração acelerar-se, além do normal.

Senti quando um prato escorregou das minhas mãos e espatifou-se em inúmeros pedaços, no chão.

Ouvi o grito de Justin do outro lado do saguão e apenas permancei estática, quando notei que as mãos da boneca de aproximadamente um metro e meio, estavam envolvidas por um cobertor branco, completamente sujo de sangue.

Ouvi os barulhos dos passos se aproximando de mim e logo, percebi que eu não era a única a respirar naquele local. Meus olhos não eram direcionados a nenhum lugar, a não ser o cobertor forrado de sangue.

- Vamos sair daqui. - Senti a mão de Justin tocar meus ombros e senti o ódio percorrer cada veia do meu corpo.

- Você tem alguma coisa haver com isso, não tem, Justin? - Meu corpo foi virado, ficando frente à frente com Bieber.

As lágrimas começaram a se acumular nos meus olhos e o nó passou a se formar em minha garganta. Eu não podia acreditar, já haviam se passado dois meses desde que Justin havia iniciado o tratamento. Ele havia mentido, a expressão de espanto o denunciou. Justin não estava limpo a dois meses, como me fez acreditar. Ele havia matado alguém, bem debaixo do meu nariz! Eu queria mata-lo agora.

- Me deixa explicar. - Justin encarou meus olhos, enquanto acompanhava com o olhar as lágrimas que passaram a escorrer sobre ele.

- EU CONFIEI EM VOCÊ!  EU ACHEI QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO PROGRESSOS, SEU CRETINO! - Eu me sentei no  chão, segurando com forças meus cabelos. - SABE O QUANTO EU PERDI, PRA ESTAR AQUI? POR ACREDITAR QUE VOCÊ QUERIA MUDAR? JUSTIN VOCÊ É UM IDIOTA,UM BABACA QUE SEMPRE FODE COM TUDO! - Lágrimas brotaram dos meus olhos enquanto eu batia minha cabeça na parede, me martirizando por confiar tanto em Justin durante os últimos meses.

- Para Elisa, chega! - Senti suas mãos levarem minha cabeça até seu peito, quando Justin sentou-se ao meu lado. - Escuta, eu estou limpo, eu juro! Isso faz tempo, faz muito tempo! Eu não menti para você, eu não menti.

- Somers está aqui, não está?

Eu fitei seus olhos, quando minhas memórias me lembraram das fotografias que Justin havia escondido na mochila. Na foto de Charles, Justin ressaltou que seu corpo estava escondido no hotel. O odor que exalava do local e o sangue aglomerado no cobertor, só podiam pertencer à ele.

- Está. Vamos embora Elisa, eu não quero mais me envolver nisso. - Justin tentou puxar minhas mãos, mas eu me soltei do seu aperto.

- Nós não podemos ir, Justin. Ele está aqui, está preso à esse hotel. É por isso que eu tenho pesadelos com ele frequentemente. Você precisa tirar ele daqui, Bieber. Só assim ele vai sair dos meus sonhos.

Justin coçou a nuca e eu tenho certeza que a resposta negativa rondou sua mente, por diversas vezes. Justin andou de um lado para o outro, até dar sua resposta final.

- Só dessa vez, tá legal? Eu não posso me envolver diretamente com isso denovo, entendeu?

Eu apenas assenti, seguindo os passos de Justin.

Bieber caminhou por alguns metros, até chegar em uma pequena vala, que já estava aberta.

- Isso era pra mim? - Eu perguntei, quando Justin se abaixou para pegar algumas ferramentas que estavam dentro da vala.

Justin levantou o olhar, me encarando profundamente. Aquela mesma sensação de medo percorreu minha espinha e eu me arrependi mentalmente por ter tocado nesse assunto.

- Não faça perguntas que você não aguentaria ouvir a resposta, Elisa.

Justin se concentrou na vala á sua frente, ignorando minha presença ali. Aquilo com certeza não era algo na qual Justin ficava a vontade. Ao lado da vala vazia, havia um cova, que Justin começou a cavar continuamente. Ele não olhava em meus olhos e nenhuma palavra se quer deslocava-se dos seu lábios.

Ele estava sério, frio, como o mesmo Justin de meses atrás.

Seus pés passaram a se movimentar e eu percebi que Justin estava claramente ancioso, á medida que os restos mortais de Chaz, eram expostos.

- Segura pra mim. - Justin colocou a enxada nas minhas mãos e abaixou-se, cavando ali com as próprias mãos.

Alguns ossos começaram a ficar expostos e Justin continuou, retirando-os da cova e os colocando em cima do cobertor, sujo de sangue.

O odor forte passou a exalar quando a cabeça de Charles foi retirada da cova. Todo seu corpo estava em um avançado processo de decomposição e a gordura e a carne ali quase já não existia, grande parte havia sido consumida pelos vermes.

O embrulho começou a ficar intenso em meu estômago e em questão de instantes eu estava de joelhos sobre o chão, vomitando mais uma vez tudo o que eu havia ingerido durante a ceia, e a essa altura, meu estômago não continha mais nada, além de água.

- Oh, droga!  - Gritei, assim que vi que havia sujado parte dos meus saltos.

- Está vomitando denovo? Acho que você está com algum problema. - Justin disse calmo, enquanto quebrava os ossos da perna do cadáver, para caber dentro do cobertor ensaguentado. Aquilo era medonho. Justin manuseava os ossos com tanta praticidade e calma, que eu jamais diria que aquilo eram ossos humanos. Era bizarro.

- Problema tem você, que meche com isso como se fosse a coisa mais normal do mundo. Justin, são ossos humanos! - Eu disse óbvio, como se de certa forma tentasse fazer Justin enxergar a real situação de tudo aquilo. Coisa que não aconteceu, já que o loiro pasou a rir de mim e de todo o meu estado deplorável.

- Uma hora você acostuma. - Justin disse, simples. - Tá legal, agora eu vou carregar esse cobertor até a porta da saída e você abre pra mim as portas que dão acesso ao jardim dos fundos. Lá tem alguns arbustos e ninguém desconfiaria. Ele não está mais no subsolo, vai estar em um jardim. Está melhor pra você?

- Eu não sei se isso é diferente ou não. Mas um jardim com flores, me parece melhor do que uma cova no subsolo de um hotel.

Justin sorriu e balançou negativamente a cabeça.

Era aquilo que estava me prendendo a Chaz, eu podia apostar que era.

Com Charles finalmnete enterrado no lugar que deveria ser, Justin e eu subimos o elevador, nos preperando para dormir, logo depois de um banho  relaxante e uma noite de sexo selvagem.

As dores no meu abdômen e as pontadas na cabeça ainda estavam presentes, mas eu tentei adormecer, na esperança de que no dia seguinte as coisas estivessem melhores. O peito de Justin estava ali,como na maioria das noites e juntos, nós adormecemos.

Ponto de Vista Justin:

O barulho ecoava do banheiro e mesmo com a sensação das minhas pálpebras pesadas, eu abri os olhos, tendo a visão de Elisa curvada sobre a pia, enquanto tentava controlar a ânsia presente na garganta.

Eu me levantei, caminhando até ela. Seu rosto pálido e as olheiras em baixo dos seus olhos denunciavam que ela havia ficado sem dormir, durante a noite toda. Segurei seus fios ruivos no topo de sua cabeça, não permitindo que ela os sujasse.

- Ei, tem algo de errado com você,  está passando mal desde o começo da semana, Liz.- eu chamei sua atenção pra mim, enquanto Elisa se sentava ao meu lado, na cama.

- Está tudo bem Justin, ou é algo que o hotel está servindo, ou você envenenou minha comida. - Elisa sorriu, prendendo o cabelo em um coque frouxo. - A comida e a cena que eu vi ontem foram bem fortes, dá um tempo pro meu organismo se acostumar com tanta coisa.

- É serio, Liz. Você não está legal. Vou buscar algo pra você na farmácia.

- Jus, não precisa!

Ouvi Elisa gritar assim que cruzei pela porta, seguindo em direção à farmácia. Eu sabia que ela estava mal e eu não iria deixa-la naquele estado.

Ponto de Vista Elisa: 

O gritou foi completamente em vão. Bufei ao ouvir o bater da porta. Ele havia ido, Justin é mais teimoso do que uma mula.

Desde o começo da semana tenho sentido inúmeras pontadas na cabeça e como se não fosse o suficiente, passei sentir dores nas costas e ânsias de vômito. Sinto meu corpo inteiro doer e algo me diz que eu não estou completamente bem.

Faz muito tempo que eu não me consulto com algum especialista e eu não faço nem idéia de como minha saúde está. Eu espero que algo nesse hotel esteja me fazendo mal, porque pegar alguma doença nessas condições seria desastroso, já que nem ao hospital eu posso ir.

Sinto meu corpo estranho e cada dia mais inchado, em determinados pontos.

Me lembro que aos seis anos, minha mãe descobriu um mioma em seu útero. Ela tinha enjoos frequentes e dores abusivamente intensas na cabeça. Ela não deixou nada bom para mim quando foi embora, então espero que sua herança não ressurja agora, em forma de uma doença.

Ouço a maçaneta girar e automaticamente me levanto, dizendo a Justin que me lembro de algo parecido que minha mãe tinha, quando eu era criança.

- Jus, eu acho que já sei o que pode ser, minha mã... - Meu corpo automaticamente paralisou e minha boca instantâneamente se calou.

A adrenalina percorreu cada veia do meu corpo e eu senti o medo misturar-se à ela, acelerando covardemente as batidas do meu coração.

O homem à minha frente sorriu, um sorriso vil, carregado de ironia e misturado ao puro sarcasmo.

O desgraçado apontava uma arma para minha cabeça, enquanto passava lentamente a língua nojenta sobre os lábios rosados.

 - Estava falando com alguém, docinho? - Ele perguntou, analisando com os olhos o redor do quarto. - Fica quietinha que eu só vim pegar algumas coisas. Me disseram que aqui tem muito dinheiro e algumas jóias.

Eu não me pronunciei, muito menos me movimentei. Qualquer movimento minimamente suspeito poderia me render uma linda bala no meio do crânio.

O homem deu passos curtos, apontado seu calibre 38 para todas as direções.

- Olha o que temos aqui ... - O homem segurou um elástico recheado com notas, que encontrou em cima do guarda-roupa. - Eu sei que tem mais, seja boazinha, diga onde seu namoradinho esconde o resto.

- Eu não sei de nada, eu juro. - Droga, minha voz saiu mais trêmula e aguda do que o normal. Eu estava nervosa, ele sabia disso.

O homem revirou algumas roupas e jogou ao chão alguns objetos, encontrando mais alguns maços de dinheiro. Ali havia muito, era notório. Depois de pegar o dinheiro o homem virou-se, caminhando até mim.

- Eu sei sobre as jóias e sei que você também sabe. - Ele sorriu com a frase idiota que pronunciou.  - Você escolhe, eu posso arrancar essa informação de outra forma, mas não tenho certeza de que você iria gostar. - Ouvi seu hálito podre bater contra meu nariz, enquanto ele sussurrava. Não, eu não iria gostar.

- Eu já disse que eu não sei de nada ... - Em uma tentativa estúpida e falha, eu tentei retirar o revolver das mãos do homem, mas ele foi mais ágil, acertando uma coronhada na minha cabeça.

Ponto de Vista Justin:

O inverno daquela cidade era algo que realmente me atraia.

Saindo da farmácia com os remédios de Elisa nas mãos, eu parei em uma floricultura. As rosas daquele lugar eram sem sombras de dúvidas, encantadoras. Faria bem a Elisa receber rosas perfumadas depois de tanto enjoo e mal estar.

Depois de apertar o número oito do elevador, senti minhas mãos transbordarem suor.

Eu nunca dei flores a uma mulher, não enquanto ela ainda estava viva e isso me assusta categoricamente. Vai dar tudo certo, Justin, são só flores. Para tudo á uma primeira vez.

Depois de chegar ao oitavo andar, respirei fundo algumas vezes, antes de girar a maçaneta e entrar, com as flores tampando meu rosto.

Todo o ar de romantismo, ou seja lá que droga eu estava tentando fazer, foi a lona, quando entrei e me deparei com a cena.

Roupas e objetos estavam jogados ao chão, enquanto Elisa estava sobre a cama, desmaiada. Um homem alto, estava encima dela, enquanto tentava abaixar a calça jeans que ela vestia.

 Naquele momento tudo foi à órbita, incluindo meus pensamentos. Senti o ramo de flores e a sacola de remédios escorregarem dos meus dedos, quando me encaminhei para cima do homem.

Eu prometi a ela, eu sei disso. Mas a vendo naquele estado, eu mandei ir à merda qualquer promessa ou juramento que eu tenha feito algum dia.

O homem tentou agarrar seu revólver que estava ao lado do corpo da minha garota, enquanto tentava sair de cima dela.

O ódio corroeu meu corpo quando segurei na ponta dos dedos a faca de trincheira que estava no criado-mudo, ao lado da minha cama. O homem tentou reagir, mas foi falho quando finquei a faca diretamente em seu pescoço, criando um corte tão fundo que era possível ver sua traquéia. 

 Oh céus, me perdoe.

Eu sei que prometi. Sei que tudo o que Elisa está fazendo é por mim, por nós, mas eu não suportei, foi mais forte do que eu.

Eu fui fraco.

Era como se minhas mãos tivessem ganhado vida própria e instintivamente eu passei a esfaquear todo seu corpo, fazendo com que o sangue fosse respingado sobre mim.

Oh, merda! Aquela sensação estava de volta, aquele prazer instigante, aquela adrenalina. 

Tudo estava de volta.

O homem que já estava sobre o chão tentou falar, mas ele não foi capaz, já que o ar não passava pela sua garganta.

Por causa do ferimento, o sangue espirrava pela sua artéria, na frequência da pulsação do seu coração.

Enquanto seu sangue espirrava sobre minha roupa, eu mantinha a mesma sequência de retirar a faca de seu abdômen e enfia-la novamente.

Os flashbacks passaram a me envolver e um filme rodou minha mente. Como aquilo era excitante e prazeiroso. Me lembro de cada rosto, cada cova, cada sessão de tortura e cada sangue que escorria enquanto eu fumava um charuto, ou tomava alguns goles de whisky.

Me lembro da cabana e de todas as mulheres que arrastei comigo até lá. Cada grito, cada pedido de socorro e o quanto eu sorria vendo aquilo. Era indescritível. O quanto usei e descartei cada uma, chegava a ser cômico.

Aqui, sentado no chão enquanto eu esfaqueio um homem desconhecido, eu me lembro da primeira vez que vi essa garota, e o quanto ela mecheu comigo.

Seu jeito saliente de me ignorar me fez querer conhecer mais dela e hoje, estou a mercê de tudo o que ela deseja.

Me lembro do quanto me sujeitei para ter essa garota comigo e do quanto me transformei desde que seus fios alaranjados me encontraram. O quanto eu mudei, o quanto eu sinto orgulho de mim.

Mas que droga eu estou fazendo?

Olho para o homem ao meu lado. O sangue não emana mais de sua traquéia e seu coração já parou a algum tempo. Elisa vai acordar e vai se deparar com tudo isso, mais uma vez. Tudo isso porque eu fui fraco e fiz tudo aquilo que eu jurei que nunca mais faria.

Eu sei que ela pode acordar e eu posso alegar que foi tudo em legítima defesa. Mas no fundo, bem lá no fundo, eu sei que gostei e me senti feliz em cada facada que dei sobre seu abdômen. Toda aquela maldita sede por sangue não podia voltar, não agora que eu estava finalmente limpo e que Elisa estava acreditando fielmente em mim.

No fundo, eu sentia que aqueles míseros cinco minutos em contato com o sangue me fizeram regredir tudo aquilo que as conversas e os remédios me fizeram progredir durante dois longos meses de tratamentos intensivos.

Meus demônios haviam dado sinais claros dentro de mim e por mais que eu quisesse ignora-los, eu sabia que eles estavam fortemente aguçados, ali dentro.

Me levantei rapidamente, vendo Elisa desmaiada sobre a cama. Dei dois tapas leves em seu rosto e chacoalhei seus ombros, esperando sua reação.

Elisa abriu os olhos lentamente, enquanto analisava o terrível estado em que o quarto se encontrava.

Eu a explicaria tudo com calma e tentaria convencer a ela e á mim mesmo que aquilo não foi uma recaída, foi apenas uma legítima defesa.

 É. Foi legítima defesa, Justin. Você ainda está bem. Espero que sim, realmente espero que não tenha sido uma maldita recaída. Eu não sei se posso me erguer novamente, caso isso ocorra. [...]

- Eu não quero fazer isso, Justin. Nós dois sabemos que não é preciso. - Elisa revirou os olhos, balançando a cabeça negativamente. - Os remédios serão suficientes para tudo voltar ao normal. - Ela estava tentando convencer a si mesma disso.

- Pode não ser nada, mas não custa tentar, a farmacêutica mandou eu trazer, só por precaução.

- Eu mandaria ela ir à merda. - Elisa revirou os olhos e bateu a porta do banheiro, se trancando lá logo em seguida.

Elisa ainda estava chateada com tudo o que havia acontecido mais cedo e mesmo depois de limpar todo o quarto e pedir ajuda a um faxineiro para levar o corpo do homem para o subsolo, a garota ainda não queria olhar diretamente para mim.

Ela chorou por horas desde que descobriu que eu havia o matado, com mais de cinquenta facadas. Eu sei que parte da sua confiança sumiu, eu entendo, mas eu a prometi que eu não vou regredir e vou seguir firme com o meu tratamento.

Quero ser outra pessoa e eu sinceramente acredito que isso já está acontecendo.

Elisa destrancou a porta e pude ver que a maçaneta foi girada lentamente. A garota colocou um pé para fora e logo depois, seu corpo.

Ela caminhava lentamente.

Sua boca estava entreaberta e seus olhos estavam cobertos por lágrimas. Seu rosto estava pálido e suas mãos tremiam muito. Elisa segurava algo nas mãos e o levantou lentamente, enquanto mantinha os olhos em mim.

Ela estava apavorada, eu podia sentir aquilo.

Senti um frio estranho tomar conta do meu organismo e percebi Elisa procurar as palavras certas, antes de continuar.

Ela gaguejou algumas vezes, antes de realmente dizer algo com sentido.

Sua mão direita foi levantada, revelando o objeto azul, com duas listras vermelhas. 

- Justin, estou grávida. 


Notas Finais


ESTOU REESCREVENDO DARK HUT.

Se você ainda não começou a ler/não terminou eu indico que espere a reescrita terminar para prosseguir.

E se você já leu tudo eu recomendo você ler denovo depois da reescrita, 2bjs.

15/07/2019.


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