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História Dark Hut - A Um Passo da Eternidade


Escrita por: Aninha86

Notas do Autor


Oooi brigadeiros!

Bom, é um capítulo bem grande, como vocês podem ver e antes, eu queria dar alguns recadinhos importantes.

➡ Desde quando eu comecei a escrever essa história, sempre deixei claro que nunca gostei de Clichês. Odeio escrever algo em que os leitores já imaginem o final. Não, isso não é comigo.

➡ Não vou dar spoilers, mas o foco principal (pelo menos para mim) nunca foi o casal em si, e sim a doença de Justin e tudo o que ela causou na vida dele. Eu amo esse casal, mas é uma história sobre "sociopatia" e não sobre um "romance", vocês souberam disso desde a sinopse.

➡ DH sempre teve seu final escrito, como já disse. Nenhum comentário influenciou em nada do que foi escrito aqui.

➡ Foi à base de muitos suspiros de tristeza e lágrimas que eu fiz esse capítulo, mesmo assim, estou feliz por ter tirado DH da lista de "Clichês".

➡ Desde já, eu sinto muito.

Capítulo 42 - A Um Passo da Eternidade


Fanfic / Fanfiction Dark Hut - A Um Passo da Eternidade

Ponto de Vista Elisa:

O ar me faltou e aos poucos, senti a inconsciência me levar. O aparelho celular caiu dos meus dedos e lentamente, a escuridão pairou sobre meus olhos. Eu podia ouvir barulhos distantes, mas tão destorcidos que assemelhavam-se a gritos repetitivos e estridentes. Minhas pálpebras pesadas faziam força para se fechar, enquanto eu tentava manter-me acordada. Eu tentei pedir ajuda, tentei de alguma forma reagir, mas minhas forças estavam indo embora.

Eu fui capaz de ouvir a porta ser aberta e logo, várias pessoas entraram por ela. Eu podia ver a sombra de suas botas, mas não fui capaz de ver seus rostos. Eu ouvi gritos e logo, um tiro foi desparado. Minha visão foi preenchida pelo vazio e imediatamente a inconsiência me levou. [...]

Tudo parecia girar, enquanto eu tentava localizar onde eu estava.

A sala era completamente branca e não havia sequer um objeto ali, a não ser a máquina que monitorava meus batimentos cardíacos. Eu encarei por algum tempo o teto, tentando encontrar respostas que me ajudassem a entender onde eu estava e o porque de estar ali. Eu analisei lentamente o meu corpo e aos poucos, os flashs de lembranças vieram ao meu encontro. Haviam curativos espalhados por todo o meu corpo, incluse na minha barriga. Foi aí que tudo ficou claro.

Os demônios. A briga. A escada. Meu filho.

Meu desespero veio à tona quando me lembrei da poça de sangue que se formou bem embaixo de mim, depois de cair de alguns degraus. Eu precisava de respostas, precisava saber se ainda existia alguém por quem eu teria que zelar, durante toda a minha vida. Eu precisva saber sobre meu filho.

Minha agitação fez os batimentos cardíacos acelerarem e em instantes, a máquina ecoou um barulho extenso, atraindo a atenção de um doutor que passava em frente à sala no momento.

Um homem negro, vestido de branco se aproximou e sorriu para mim.

- Fico feliz que você acordou, menina. - Ele sorriu e eu apenas encarei seus olhos, permitindo que ele apalpasse minha barriga.

- Eu fui sedada? - Eu perguntei, atraindo a atenção do doutor. Ele sorriu.

- Claro que não, gestantes não usam sedativos. - O doutor se virou para encontrar o gel e eu encontrei conforto em suas palavras.

Era real, ele ainda estava ali.

- Você vai sentir algo gelado, isso é normal. - O doutor passou o gel e eu me contorci, pela sensação um pouco incômoda. - Seu bebê é um guerreiro, Elisa. Ele sobreviveu por muito pouco. 

Eu assenti, me lembrando dos dolorosos minutos de angústia, que passamos juntos.

Um som ecoou do aparelho e preencheu toda a sala vazia. Era muito semelhante ao som que os cavalos emitiam, quando corriam. Aquele era o coração do meu filho, sendo ouvido pela primeira vez. Eu fechei os olhos, sentindo toda a paz me envolver em um manto.

- Você já está de seis meses, não cinco. Parabéns, é um garotão. - O doutor retirou o aparelho da minha barriga, me arrancando um suspiro frustado. Eu queria ouvi-lo mais um pouco.

- Onde eu estou? - Perguntei, enquanto o homem guardava os equipamentos. - Como eu cheguei aqui?

O doutor olhou em meus olhos, coçando a nuca e fazendo uma careta confusa, parecia não ser autorizado a me responder.

- Virão conversar com você, em breve.

- Sabe de alguma coisa? - Ele me olhou, como se não entendesse. - Quero dizer, aonde eu estava tinha um homem, Justin Bieber, sabe onde ele está?

- Em breve tudo será esclarecido, só descanse, você precisa de repouso. Foi uma situação delicada para ambos.

Eu assenti, repousando a cabeça no travesseiro. Meu filho estava bem e naquele momento, era tudo o que eu precisava. [...]

Três batidas na porta me despertaram de um cochilo rápido. Logo um homem entrou e eu sorri, ao ver o rosto familiar.

- Olá, Elisa. - Ele sorriu.

- Ryan? O que está fazendo aqui? - Eu perguntei, demorando algum tempo, até realmente entender.

- Eu sou dono daqui, Liz. - Minha expressão confusa o encarou.

- Precisamos conversar, Elisa. Esse é um distrito médico. Esse lugar é ultilizado para cuidar dos meus homens que foram feridos de alguma forma durante alguma ação. Eu não tive opções, não podia te levar para um hospital.

- E onde ele está? - Minha expressão se tornou séria.

- Amarrado. Você escapou por muito pouco, sabe disso, você e o bebê. Vocês tiveram sorte de eu ter aparecido, Elisa. Eu não sei se terão a sorte disso acontecer novamente.

- As identidades falsas... - Eu sussurrei, para mim mesma.

Por um momento minha mente raciocinou o único motivo de Ryan ir até o apartamento.

- Sim... Foi uma grande coincidência e eu temo que isso não se repita.

- Eu também, Ryan... Eu também. [...]

Ponto de Vista Justin:

Meus neurônios ferviam, enquanto eu tentava me desvencilhar das cordas que mantinham meu corpo preso à um ferro. Eu havia feito merda, eu sabia disso.

Pelo cheiro forte de hospital e as paredes sujas de tinta azul, eu sabia que estava no distrito médico de Ryan.

Um homem abriu a porta da sala e colocou ao meu lado um prato de comida e um copo de suco. Ele não olhou em meus olhos.

- Volta aqui seu imbecil e me tira daqui. Onde está a minha mulher? Eu preciso vê-la. - Eu rosnei, me lembrando do rosto familiar do serviçal.

- Desculpe senhor. Devo lhe manter ai até segundas ordens.

- Ah, sério? Então diz para aquele filho da puta me soltar logo, eu já estou bem.

- Sim senhor, eu darei o recado. - O homem anêmico pronunciou, me fazendo revirar os olhos pela formalidade.

Ryan sempre foi muito apegado com esse negócio de respeito excessivo e submissão extrema em relação aos funcionários. Sempre achei muita babaquice e viadagem misturadas.

O homem saiu, me deixando sozinho com meus próprios pensamentos. Minhas mãos doíam e acompanhavam a dor intensa da minha cabeça. Eu estava confuso e tentava me lembrar como cheguei até ali e o que fiz para Ryan me manter amarrado.

Meus braços e minhas costas doíam e provavelmente, eu estava ali a horas.

Soltei um suspiro frustado quando senti que a porcaria do nó não se afrouxava em nenhum momento. Algumas tentativas frustrantes depois, eu finalmente comecei a sentir o laço parar de apertar meus pulsos. Me remexi por mais algum tempo e logo eu estava livre, e pronto para interrogar Ryan sobre aquilo.

Me levantei com dificuldade, sentindo minhas pernas sofrerem por câimbras. Caminhei pelo extenso corredor e ao procurar Ryan com os olhos, eu ouvi sua voz ecoar de dentro de uma sala.

Me aproximei com cautela, tendo a certeza de que era sua voz que ecoava dali e, ao ouvir a voz de Elisa em conjunto, eu tive certeza de que sim, Ryan estava ali com ela. Eu coloquei a mão na maçaneta, pronto para gira-la, mas fui impedido quando ouvi o soluço de Elisa. Ela estava chorando. Mas por que?

- Eu sei que isso é difícil, mas não  sei se ele vai entender. - Entender o que? - Justin já perdeu tanto, Elisa. Eu não sei se ele conseguiria passar por isso denovo.

- Eu não sei se posso mais, Ryan. Os médicos disseram que foi por muito pouco que eles salvaram nosso filho e se na próxima vez... - Elisa parou de falar e pude ouvir o som de seu pranto. - Eu nunca me perdoaria se meu filho não sobrevivesse a mais um de seus ataques.

Minha mente entrou em colapso e por  um momento eu duvidei da minha própria capacidade. Eu a agredi? Eu realmente quase matei o meu filho? Oh céus, não. Isso não.

- Eu confiei tanto, eu acreditei tanto que dessa vez as coisas mudariam. Eu doei tudo de mim, para te-lo ao meu lado. Justin está sugando todas as minhas esperanças, a cada novo dia.

Nenhuma dor que eu já senti até hoje, se comparou àquilo. Eu havia fraquejado e eu sei que a arrastei até esse poço de sofrimento, junto comigo.

- Eu sei o quanto gosta dele, Elisa, mas sabe, eu preciso te dizer algo. - Ryan disse calmo, como se escolhesse as palavras corretas para prosseguir. - Eu o conheço desde muito novo, ele passou por tantas coisas... Sabe, esse garoto é muito forte, Elisa. As circunstâncias fizeram o Justin se adaptar ao sofrimento, entende? Ele tinha que ser forte diante de tanta crueldade, mas algo se perdeu durante o caminho. É como se uma parte dele tivesse sido arrancada, dia após dia e eu sinto lhe dizer, mas essa parte não vai voltar. Ela morreu, junto com aquela criança. Ele está tentando, eu sei disso, mas os demônios que o atormentaram por tantos anos, não irão sumir assim, nem com a maior dose de amor do mundo. Aquilo é quem ele é, faz parte dele, você entende? Elas podem ir, podem passar anos sem o atormentar mais uma hora ou outra, elas voltam e muito pior do que antes. Suas crises sempre vão existir, não importa o quanto ele tente, ou o quanto ele peça ajuda. Ele sempre terá que batalhar sozinho, na guerra do subconsciente dele. O Drew existe, mas será sempre acompanhado pela mente doentia de Bieber. Para ter a um, você precisa aceitar aos dois e eu não sei se você sobreviveria por muito tempo ao lado de Bieber. - Ryan parou, dando um intervalo para Elisa o escutar. - Eu sinto muito, mas ele nunca vai mudar, Elisa.

Eu ouvi os soluços de Elisa e minhas pernas imploraram para me tirar daquele lugar. Em meio à tanta verdade, eu só queria correr e me esconder em algum lugar seguro, onde eu pudesse ser livre da minha própria mente. Aquele lugar não existia, e essa era a pior parte da história.

 As lágrimas escorriam por meu rosto, enquanto minha mente me recordava sobre cada tentativa instantaneamente falha, de ser curado. Eu venho lutando contra isso à tanto tempo.

- Eu não posso mais fazer isso... - Elisa prosseguiu.

Minhas orelhas estavam encostadas na porta, enquanto eu podia escutar parte daquela conversa.

- Isso já faz tanto tempo que eu me acostumei com isso, mas eu não posso deixar o meu filho conviver com isso. Eu não consigo mais, por ele. Eu tentei ser forte Ryan, eu lutei tanto contra tantas coisas... Assim que eu sair daqui, eu vou conversar com Justin e...

- Você não vai conseguir, Elisa. - Ryan a interrompeu. - Quando estiver frente a frente com ele, toda a sua força vai se esvair e você vai acreditar nele novamente, assim como todas as outras vezes.

- Eu preciso tentar, Ryan...

E aquele foi o ápice para que eu saísse daquele lugar o mais rápido que eu podia, já não suportando mais ouvir aquela conversa.

Depois que um segurança de Ryan me informou o que havia ocorrido no apartamento, eu tive certeza de que ela estava desistindo. Sentado na calçada do distrito, eu deixava as lágrimas cristalinas molharem todo meu rosto. Meu coração estava tão apertado que todas as dores passadas se tornaram nulas, diante daquele sofrimento.

Eu estava perdendo a única coisa que dava sentido á toda a minha vida.  Elisa estava finalmente desistindo da nossa história e o sentimento de que ela estava fazendo o certo, só devastava o resto de mim.

Ninguém suportaria por tanto tempo, como aquela garota suportou. Eu nunca senti as mãos de ninguém me ampararem, como as mãos dela.

Eu estava perdendo os maiores presentes que um dia a vida poderia me dar e tudo isso, pela minha própria fraqueza.

Meu coração estava em luto, assim como todo o meu corpo. [...]

Ponto de Vista Elisa:

A conversa com Ryan foi agoniante, mas precisa. Milhões de pensamentos rondam a minha mente a cada instante e eu só penso em como seria viver sem ter Drew por perto, nos meus dias. Aquele sorriso me faria tanta falta, assim como aqueles olhares e a sua dramática preocupação excessiva.

Desde que inciei essa jornada, sempre pensei que seria melhor passar alguns minutos ao lado de Bieber e seus demônios, do que viver a eternidade sem Drew. Mas hoje, carregando um filho no ventre, eu sei que não posso arriscar a vida dele. Eu não sei como as coisas irão caminhar daqui pra frente e também não estou convicta de que meu coração será capaz de deixar Drew ir assim, mas eu preciso tentar, pelo pequeno mocinho que está sendo formado dentro do meu corpo. Ele precisa de mim agora e eu não posso po-lo em risco. [...]

Cinco dias haviam se passado e eu me preparava para ir embora do distrito médico. Durante todo esse tempo, Justin não veio me visitar e mesmo telefonando todos os dias, ele nunca me atende.

Em meio a alguns curativos, eu estou bem melhor do que quando cheguei aqui. Meu filho está bem e o doutor afirmou que nada havia o prejudicado. Eu chorei tanto quando soube disso.

Nas mãos, eu segurava a foto do primeiro ultrassom e um pequeno gravador, que continha o áudio do ultrassom do bebê. Eu sorri, enquanto lembrei do barulho que assemelhava-se a um cavalo cavalgando.

Na porta do distrito, Ryan me esperava.

- Não quer ir amanhã? - Ouvi ele perguntar pela quarta vez. - Você sabe que já está tarde, talvez ele nem esteja em casa. - Eu revirei os olhos, pela insistência de Ryan.

Eu estava tão anciosa para ver Drew mais uma vez, que não me importava muito se o relógio marcava ser quase onze horas da noite. Eu precisava mostrar as fotos do nosso filho para ele e já podia imaginar o seu sorriso quando escutasse o som do seu pequeno coração.

- Se você soubesse minha ansiedade, já teria me levado à tempo. - Eu sorri, segurando a foto nas mãos.

- Ele mal vai acreditar quando ver, Drew sempre gostou muito de crianças. Sempre foi um fascínio. - Ryan sorriu, balançando a cabeça.

O motorista abriu a porta do passageiro e acenou com a cabeça para que eu entrasse.

- Tem certeza que não quer que eu vá com você? - Ryan encostou a testa no vidro.

- Eu estou bem, Ryan, obrigado.

Eu acenei para ele, quando o carro estava prestes a dobrar a esquina. Eu estava tão feliz, que minhas emoções transbordavam para fora do peito. A luz de esperança ressurgiu, depois de um túnel tão sombrio.

Durante os dias que passei na clínica, pude me encontrar com um especialista psiquiátrico e depois de muita conversa, ele finalmente me disse que algo podia mudar.

A ciência explica os traumas que ocupam uma parte da mente de Justin e segundo o especialista, todos seus traumas são um tipo de mancha que se alojou em seu cérebro, depois de tantos anos. Acontece que a medicina avançada já disponibiliza intervenções cirúrgicas, capazes de retirar aquelas memórias de lá. Parece tudo muito complicado, mas é extremamente simples. Ocorre semelhante a uma lavagem cerebral, já que depois de duas intervenções, Justin estaria liberto de todas as memórias que faziam, de alguma forma, Bieber voltar.

Eu estava eufórica. A próxima missão era apenas convencer Justin, já que a cirurgia incluia alguns riscos, além de ter uma recuperação lenta e algumas vezes, dolorosa. Eu sabia que ele estaria apto á isso, independente das circunstâncias.

No fundo eu sei que Drew faria qualquer coisa para que nossa família tivesse paz...

Ponto de Vista Justin:

Eu vagava sem direção, enquanto minha mente estava em órbita. Eu podia ouvir o ecoar das buzinas, mas nada daquilo realmente me incomodava, mal sabiam eles que tudo o que eu queria era ser esmagado ali, bem diante daquela avenida.

Já haviam se passado cinco dias desde que Elisa estava internada, no distrito. Desde que tudo aconteceu, eu me tranquei no quarto e me fechei em uma bolha solitária de culpa e ódio.

Durante as noites mal dormidas, eu podia ter pequenos flashs do dia em que eu a machuquei, mas não consigo me lembrar de toda a cena em si.

A imagem do sangue manchando suas calças permanecem vivas e fortes dentro do meu subsconciente. Enquanto me rastejo de volta para o apartamento, sinto a heroína de algumas horas atrás fazer o efeito, em minha mente. Caminhando entre os carros, sinto as memórias me esfaquearem, me recordando de cada maldito dia em que eu a feri de alguma forma.

O céu está tão negro e tudo o que posso enxergar em meio à imensidão é a tristeza, que me mata lentamente.

Já é tarde e a lua já ocupou seu lugar no céu.

Abro a porta do apartamento e olho em volta do mesmo. Está tudo tão vazio, tudo tão quieto. O cheiro de Elisa não está sobre o ar e por um momento eu me lembro de que nunca mais estará.

Me sento no sofá, acariciando com a ponta dos dedos o porta retrato, a foto foi tirada a quinze dias atrás, na varanda do lugar. Elisa sorria para a câmera, enquanto acariciava a barriga grande e redonda. Seu sorriso estava tão lindo e eu me lembro de cozinhar para ela, depois das poses para a câmera. Ela odiou minha comida, como pode se notar. Nós gargalhamos muito depois de perceber  que eu havia esquecido de pôr o sal em tudo e ainda por cima, deixei todas as comidas queimarem. O teto ficou completamente  preto e nós passamos duas horas o esfregando, até a mancha finalmente sair.

Aquela garota era tão incrível. Eu nunca pensei que me relacionaria com alguém, como aconteceu com ela. Minhas circunstâncias sempre me fizeram desacreditar de que um dia, eu conseguiria encontrar alguém tão interessante, quanto ela. Essa garota foi tão forte por tanto tempo, suportou coisas que a maioria das pessoas jamais cogitaria passar.

Ela é meu pedacinho do céu, aqui na terra. O meu porto seguro e o lugar onde eu finalmente encontro a paz. Ou parte dela.

Analisando a foto, posso ver uma cicatriz funda, no seu braço. Eu me lembro perfeitamente daquela noite. Eu a esfaqueei durante a madrugada, enquanto ela dormia. Elisa correu, mas meu espírito sanguinário foi atrás dela. Eu lembro de ouvi-la chorar a madrugada toda, trancada no banheiro, enquanto me pedia para parar. Eu não parei. Eu a aterrorizei durante toda a madrugada, batendo na porta e dizendo coisas que uma mulher jamais deveria ouvir. Eu sei que a fiz ter sensações que ninguém jamais deveria sentir. Eu fiz. Foi mais forte do que eu e do que qualquer sentimento que eu nutria por ela.

Eu matei uma parte dela naquele dia, e fui matando dia após dia, durante cada sessão de tortura.

Ela tentou fugir por algumas vezes, eu sei disso. Ninguém gostaria de passar a eternidade ao meu lado. Foi quando ela se entregou. Foi quando ela cometeu o maior erro da sua vida, me amar. Ela desistiu de tudo o que mais acreditava amar, para tentar cuidar de um doente mental.

Ela conseguiu, Elisa curou parte de mim. Mas há coisas que nem mesmo o tempo é capaz de reverter. Coisas que aconteceram a tanto tempo que formaram uma ferida podre e infecciosa, que nunca vai ser capaz de se fechar.

Eu tentei ser forte e seguir meus planos de dar um futuro melhor à Elisa, mas depois de tantas recaídas, eu me acostumei com a idéia de não ser possível.

Eu lutei tanto contra mim mesmo, que eu sinto que todo o meu corpo e a minha mente estão tão feridos, que eu não consigo mais fazer isso. Eu não consigo vencer essa guerra.

Em meio à tanta desilusão de um futuro melhor, eu me tornei neutro diante á tanta dor. É como se todo o meu sofrimento tivesse calejado minha mente e agora, é tudo uma questão de tempo para as coisas irem desabando. Eu me perdi em meio à tanta frustação e me rendi á ideia de que realmente, nossos destinos estão traçados desde o início. Por azar, alguém fez a brincadeira idiota de me acorrentar a uma vida onde eu fosse a marionete que sempre sofresse algo no final. Não importa o que isso seria, eu sempre me foderia no final do quadro. Eu estou cansado de tudo isso. Farto de ser sempre o impecilho. Eu destruí tantos sonhos e tantas oportunidades que minha garota tinha de ser alguém. E eu sei que as coisas não deveriam ser assim.

Eu não posso permitir que o final feliz dela, seja na verdade, tão triste quanto o meu.

Há um mundo tão bonito lá fora, com tantas chances, mas ela não pode vê-lo, pois Elisa está aprisionada ao meu mundo, onde só á tristeza e recaídas contínuas. A esperança dela me manteu forte por tanto tempo mas hoje, eu sei que isso não é o suficiente. Ela precisa de alguém que seja o seu abrigo e que a ajude todas as vezes que ela cair. Ela precisa ser cuidada, e não cuidar intensamente durante a vida toda. Ela precisa viver, precisa resgatar o que lhe roubei por tanto tempo.

Em hipótese alguma, eu aceitaria que a lembrança do meu filho sobre sua infância, fosse marcada pelas agressões do pai que não tinha a capacidade de manter-se equilibrado mentalmente. Eu nunca me perdoaria se algum dia, eu preenchesse as memórias do meu filho com o sangue que escorreu de sua mãe, depois do pai acerta-lhe com uma facada.

Diferente de mim, sua infância será carregada com lembranças boas e sempre que se lembrar de algo da infância, ele vai sorrir.

Eu preciso me concentrar em cuidar disso, é o maior ato de amor que eu faria por ambos.

Deixando o porta retrato de lado, eu caminho até a varanda, analisando a lua.

Eu sinto meu peito apertar-se tão forte, que é como se alguém estivesse o esmagando, com as próprias mãos.

O medo do amanhã e a incerteza de uma melhora, me faz sentir borboletas no estômago.

Talvez teria sido mais fácil interromper tudo aquilo no começo, mas sempre foi a esperança de um amanhã melhor, que me permitiu deixar as coisas caminharem até aqui.

Olho para a lua uma última vez, antes de entrar e me sentar à mesa, de frente para um papel.

Mil pensamentos rondavam minha mente enquanto eu, apenas escrevia sobre as linhas vazias tudo o que me consumia.

Eu havia deixado um gravador ao lado do papel e aquele seria o momento perfeito para utiliza-lo. Apertei o botão e comecei meu discurso, me lembrando dolorosamente de cada nome.

Após mencionar um a um, eu senti a calmaria se instalar em meu peito. A decisão que tomei a dois dias atrás estava sendo concluída, passo a passo.

Uma ligação foi feita e eu encarei o celular, por alguns segundos.

Uma crise de choro me invadiu, borrando um pedaço do papel, mas eu respirei fundo algumas vezes, me lembrando de cada um dos motivos.

Eu caminhei até o banheiro, mordendo o lábio inferior no caminho, nervoso com o silêncio agozinante que o apartamento tinha.

Ali, ao lado da banheira e da janela, havia uma corda, posicionada a três dias. O laço já estava feito, exatamente com a medida do meu pescoço.

Eu coloquei um banco e subi lentamente, encarando o nó pela última vez. Por mim, por Elisa, pelo meu filho. Pela nossa família.

Eu encaixei meu pescoço ali e chutei o banco para longe, sentindo o tranco da corda sobre o meu pescoço. O oxigênio passou a me faltar e o desespero pelo ar me corroeu, eu tentei me desvencilhar da corda, mas àquela altura, já era muito tarde.

Eu fui perdendo a consciência lentamente, enquanto senti minhas veias respiratórias serem fechadas, uma à uma. Eu pude ouvir os sons descompensados do meu coração, lutando pela própria vida.

 O desespero cessou e tudo o que eu pude ver foi a imensidão azul e a calmaria, que por muito tempo meu espírito desejou.

Ponto de Vista Elisa:

Enquanto o elevador se dirigia ao sexto andar, eu sentia a ansiedade sobre mim. Eu balançava as fotos do feto entre meus dedos, enquanto contava os andares, até finalmente chegarmos.

Eu coloquei a mão sobre a maçaneta e a girei lentamente, esperando encontrar Drew deitado no sofá, como de costume. Ele não estava lá.

Eu percorri meus olhos no interior do apartamento e tudo o que pude ouvir foi o silêncio, que pairava sobre cada canto. Justin não devia estar em casa.

Eu subi as escadas lentamente, me dirigindo até o meu quarto, onde esperava anciosamente para tirar um cochilo que compensaria todas as noites mal dormidas, naquele distrito.

Um banho morno me parecia uma excelente opção, parar retirar todo o estresse que meu corpo sentia. Eu abri a porta do banheiro com a ponta dos dedos e todo o meu ar faltou, quando eu vi a cena á minha frente.

Minhas pernas não movimentaram-se, minhas cordas vocais não emitiram nenhum barulho e a única coisa que eu senti foram as lágrimas, descendo continuamente ao longo do meu rosto.

Por um momento eu só desejei que tudo aquilo fosse uma brincadeira de mal gosto,  ou um sonho bem profundo, daqueles que eu nunca mais gostaria de voltar à sonhar, mas notei ser muito mais do quei isso quando notei seu corpo inteiro estar roxo e inchado.

Eu corri até onde Justin estava, ao lado da banheira. A corda estava presa ao teto e em um ato de desespero eu segurei suas pernas, tentando levanta-lo para que o ar pudesse ser puxado para dentro dos seus pulmões.

Meus estímulos contínuos foram miseravelmente falhos, enquanto eu percebia seu corpo gelado permanecer estático.

A cada tentativa, eu sentia seu corpo ser chocado contra minha barriga, mas naquele momento, a esperança de salva-lo, era maior do que tudo.

- Reage Drew, reage. Não me deixa aqui sozinha, por favor. Me escuta, não vai embora assim, eu preciso ter você comigo... Nosso filho precisa de você, nossa família precisa ter você aqui. Reage Justin, reage, respira por favor. Não me deixa ... Não me deixa ... - Eu gritava, enquanto tentava levantar suas pernas e retirar seu pescoço do nó grosso que o envolvia. 

Meus soluços ecoaram pelo banheiro, enquanto eu tentava de alguma forma, salva-lo.

- Não vai embora, por favor... - Eu me sentei no chão, colocando as mãos sobre a testa, sentindo as lágrimas quentes molharem todo meu rosto.

Eu estava tão abalada naquele momento, que a minha mente não era capaz de raciocinar absolutamente nada. Ele havia partido, ele havia me deixado da forma mais cruel possível.

Naquele momento todo o meu chão caiu, me deixando completamente desamparada.

Aquele olhar castanho que eu tanto amava, nunca mais seria visto novamente, ele havia ido embora, levando com ele a maior parte de mim. Uma lacuna havia sido feita dentro de mim e nem todo o tempo do mundo, seria capaz conserta-la. Meu coração despedaçou-se ao ver ele ali, sustentado por uma corda, e nada, seria capaz ajuntar todos os cacos.

Ao olhar para o lado do corpo de Justin, eu pude ver um papel dobrado, e meu estômago revirou-se quando li meu nome, escrito nele.

Era uma carta. A carta da despedida que não aconteceu pessoalmente, da despedida que eu não tive a oportunidade de dar. A carta do fim.

Eu segurei o papel nas mãos, sentindo as lágrimas escorrerem enquanto acompanhava cada palavra da letra arredondada.

"  Querida Elisa,

Espero que pare pra me escutar por alguns instantes, escute o que eu tenho para dizer. Talvez não faça nenhuma diferença, mas talvez revire a sua cabeça do avesso. Estou desistindo dessa nossa história que de tão complicada, deu nó. Eu quis, quis muito que desse certo, acho que nunca quis tanto algo, como eu quis você. Mas eu desisto.

Você não entende, eu já deveria ter tomado essa decisão á muito tempo.

Talvez por medo, eu decidi continuar nosso relacionamento pra frente com a esperança que tudo desse certo, juro que tentei todos os dias para que desse certo, mas não foi o suficiente.

Você não merece apenas tentativas.

Eu tenho lhe tirado muito tempo e eu não valo sua noites em claro, nem as suas lágrimas. Eu fui melhor com você do que com qualquer outra pessoa e não há companhia no mundo, que eu desejasse mais que a sua. Mas eu só queria te lembrar que de todas as coisas do mundo, eu só queria ter ficado. Eu tentei, eu me importei, mas não era  pra ser e eu não posso mais te fazer sofrer.

O dia amanheceu escuro. Talvez ele tenha acompanhado o meu próprio luto. Luto da minha alma que aos poucos foi se perdendo, durante o caminho. 

Todo a minha mente estava em negação e por algum tempo, eu me recusei acreditar que o meu destino estava completamente traçado. Sinto culpa por ter sido assim, raiva do meu próprio corpo, parece que minha fé, aos poucos se perdeu e com o tempo, eu entendi que a fórmula mágica da paz não existia, todos os meus demônios permaneceriam aqui e eu teria que ser forte, dia após dia.

Afinal, como você pode fugir de algo que está dentro de você?

Eu deveria ser forte, deveria ter aprendido a lidar com isso, mas ... eu não consigo.

Acredite em mim, estou melhor do que estive em toda a minha vida. Eu encontrei a paz, eu encontrei tudo o que procurei durante tanto tempo.

Eu estou bem, só que agora em segundo plano, em uma daquelas constelações que tem desenhada no quarto do bebê.

Não chora, não adianta sacolejar o meu corpo, eu estou morto!

Seca suas lágrimas e explica pro nosso filho que seu pai agora é um anjinho no céu, nunca deixe que a percepção de fantasia dele se vá, só porque meus pais destruíram a minha quando eu tinha mais ou menos cinco anos, quando as torturas começaram.

Sabe... Se eu te falasse metade do que está preso dentro de mim, você choraria.

Por longos anos eu tentei me esconder de mim mesmo, tentei mostrar ao meu subconsciente que eu estava sendo prisioneiro da minha própria mente. Eu tentei, eu te juro que por diversas vezes eu tentei mudar, mas vi meu fracasso vir á tona em cada tentativa miseravelmente falha.

Eu me tornei dormente perante as cores do mundo. Essas pessoas me feriram de uma tão  forma bruta...

Quando me enternaram naquela clínica psiquiátrica eu surtei, eu não queria ser curado, não queria passar por todo aquele tratamento doloroso á base de milhões de especialistas e remédios. Eu não queria aquilo. Eu sofreria por tanto tempo pra quê? Quando eu saísse dali eu não teria ninguém para me ajudar, ou para dizer que estava tudo bem, não teria ninguém para me confortar quando a ansiedade e o pânico me encontrassem, eu estaria sozinho novamente e a única que estaria comigo seria minha mente, minha mente doente e perversa.

Hoje eu sinto que as coisas poderiam ser diferentes, eu sei que eu conseguiria, os remédios e os doutores me ajudariam, eu teria a você para estar ao meu lado.

 Mas sabe de uma coisa? Eu tive medo, eu senti pavor em imaginar uma recaída, eu tive medo da minha mente não suportar e a insanidade tomar conta de mim e se... em um momento de fraqueza eu ferisse você, ou pior, se eu ferisse meu filho? Como eu viveria com isso? Eu não pude arriscar, não pude por em risco a vida de vocês. Eu não podia.

Eu fiz uma escolha por mim, fiz uma escolha por nós.

E hoje, depois de tudo o que aconteceu eu posso lhe dizer que encontrei a resposta para a pergunta que você me fez durante tanto tempo. Porque você? 

Porque elas sempre souberam que você seria minha salvação, elas sabiam que o que eu sinto por você, me libertaria da prisão que elas formaram em minha própria mente e por mais que hoje eu não esteja mais com você, elas estavam certas, seu amor foi a minha libertação.

Eu nunca soube lidar com isso, pois eu nunca tive um contato direto com esse sentimento, via muitas coisas em filmes e ouvia sobre isso em músicas, mas antes de você chegar, eu nunca soube o que de fato seria o amor. Mas hoje eu sei e finalmente posso dizer. Eu te amo!

O amor me curou da minha doença, ele me salvou das correntes que eu mesmo criei, ele me libertou da minha própria mente. Me fez enxergar algo muito além de tudo o que eu aprendi na minha vida.

Eu não vou estar com você todos os dias e não vou ser capaz de demonstrar o que eu sinto por você ao longo dos anos. Eu não vou estar aí para dizer que depois dos trinta anos você continua linda e nem para dizer que está tudo bem quando a numeração do jeans aumentar. Eu sinto muito por isso.

O amor não salvou meu corpo, mas foi capaz de salvar minha alma, que vai estar sempre ao lado de vocês.

No seu abraço eu encontrei a paz e a calmaria que durante anos meu corpo tanto ansiou.

Eu vou estar ao seu lado em cada instante, em cada respiração, todos os momentos que olhar para nosso pequeno quero que se lembre que de alguma forma, eu vou estar ali ao seu lado, ele vai ter uma parte de mim. A melhor parte.

Hoje eu sei que o amor é sacrifício, o amor é renúncia e por mais que tudo isso machuque, devemos saber que nem todo sofrimento é eterno. Hoje estou em outro lugar, mas deixei a melhor parte de mim sobre seus cuidados.

Eu espero que ele tenha os olhos da mãe e os tão incríveis fios ruivos pelo qual sou tão fascinado. Que ele tenha sua alegria e seja amoroso como você. Que de mim ele pegue apenas a coragem e que diferente de mim, ele se torne um homem íntegro e que eu possa sentir orgulho em saber que ele não se tornou como eu. Vou estar presente em todos os sorrisos e daqui vou protege-lo todas as vezes que você brigar com ele.

Não chora, eu posso ouvir seus soluços daqui. Tenha calma, você é muito mais forte do que acredita ser.

A polícia chegará dentro de alguns  minutos, eu providenciei a denúncia antes de tudo acontecer. Eles te levarão para casa, cuidarão de vocês dois. Dentro do gabinete do banheiro, dentro de uma caixa de madeira haverá um gravador, entregue à eles. O depoimento detalhado estará lá, juntamente com a confissão de todos os crimes. Há uma mala de dinheiro na primeira gaveta do guarda-roupa e isso será capaz de cuidar de vocês dois por um longo período.

Eu preciso que seja forte, preciso que faça isso por ele.

Eu fiz o que devia, disse o que precisava dizer, não a mais nada a se fazer, depois de tantas recaídas, eu estou desistindo e colocando o fim aonde não teve um começo.

Se importa se eu ir sem avisar? É que eu nunca fui bom com despedidas.

Acredite em mim, há cor lá fora. Essa tempestade passa, por mais que pareça interminável. Um dia toda esse ferida vai ser cicatrizada, eu prometo.

Um beijo, seu Drew."


Depois de ler toda a carta, minha mente parou para raciocinar. Ele realmente havia partido, para sempre. Meu coração estava sangrando, e por mais que o tempo passe, ele permaneceria assim, jorrando sangue. Não havia nada no mundo que me doesse mais do que ver seu corpo suspenso e a carta manchada pelas suas lágrimas. Eu estava em um luto eterno. Um luto tão cruel que por um momento parecia que eu estava lindando com o meu próprio fim. De certo era. O fim da família que eu idealizei, o fim da vida que por tantas vezes nós sonhamos. Ele havia partido e por mais que eu o sacudisse, ele nunca voltaria para acariciar minha barriga, ou para dizer que eu estava linda.

Ele havia me deixado e eu só pedia aos céus, para que eu pudesse ir com ele. Aquela dor era muito mais do que um dia eu sonhei suportar. Eu não estava conseguindo e podia sentir toda a minha força ir embora, junto a ele.

Dentro daquele gravador deveria ter algo, alguma chance de traze-lo, alguma forma de me mostrar que aquilo era uma brincadeira. Meu Deus, está doendo tanto. Isso precisa ser uma brincadeira. Eu me arrastei até o gabinete branco, retirando o gravador dali.

Toda aquela dor não poderia ficar pior e eu apertei o botão que dava início à uma confissão. Minhas lágrimas vieram a tona quando escutei sua voz rouca, falar novamente. Aquela era a última vez, eu nunca mais o ouviria.


O artigo 65, inciso III, alínea D, do código penal, dispõe que a confissão espontânea do crime é circunstância que reduz a pena, porém eu já não me importo mais com isso, pois o inferno é eterno e nada do que eu fizer, diminuirá minha sentença.

Eu sou Justin Bieber, o mesmo "loiro encapuzado", ou segundo o jornal Internacional, o "Maníaco da Califórnia". O mesmo que executou dezenove jovens ao longo de vinte e dois anos, o mesmo que abusou sexualmente de Katlyn Mendison e Clark Davison e as despejou em um aterro sanitário.

O mesmo autor da execução da striper Beatrice Rachid da boate da Califórnia, cuja mesma teve seus órgãos espalhados na floresta.

O mesmo que espancou até o óbito e enterrou em seu quintal Jadison Morgan, o coreano da rua 25.

O mesmo que assassinou as irmãs Zafir após uma noite de muito sexo, álcool e drogas, o mesmo que as enterrou em um canteiro próximo a prefeitura da cidade, onde ninguém jamais desconfiaria.

Senhoras e Senhores, Justin Bieber é o mesmo que sequestrou, torturou e assassinou friamente Shawn Mendes em uma cadeira elétrica.

O mesmo que fincou uma faca na cabeça de Cameron Dallas até a morte e como eu poderia esquecer? O mesmo que aos doze anos, esfaqueou e ateou fogo em seu pai adotivo, Lionel Jeffrey.

Justin Drew Bieber, o mesmo que torturou Vivian MacLaine, Lorena Thompson, Audrey Hepburn, Tauane Visconti e Alikia Santoro, cinco garotas de programa após uma rave e enterrou os corpos no quintal de uma casa abandonada, de número 643, na rua 90.

O mesmo que sufocou  Alexis Jones até a morte, com um balde de água fervente, por causa de trinta e dois dólares.

O mesmo que torturou e assassinou Tina Lee, durante uma madrugada fria, na cidade da Califórnia.

O mesmo que assassinou as adolescentes Mirian Blanco e Guadalupe Spielberg, enquanto chupavam um picolé na varanda de casa e as despejou em sacos plásticos que foram depositados junto às frutas estragadas de final de feira.

O mesmo que assassinou com três tiros no  peito Cristian Rodríguez, após uma briga de bar e se desfez de seus restos mortais no rio de Oregon, na Califórnia.

O mesmo que seria condenado á cadeira elétrica, caso confessasse todos os seus crimes.

O mesmo que esfaqueou até a morte Charles Sommers, enquanto tentava abusar sexualmente de Elisa Mayer.

Eu sou Justin Bieber, o mesmo que esconde em seu quarto de hotel o caderno que abriga todos os seus homicídios, assim como o horário que foram cometidos e o local onde os corpos permanecem escondidos.

O mesmo que cometeu o genocídio contra mulheres da cidade da Califórnia.

Eu sou Justin Bieber, o mesmo que possui uma mochila onde estão arquivadas todas as fotos  tiradas antes, durante e após os assassinatos, dando detalhes claros de todos os crimes cometidos até o dia de hoje.

Eu sou Justin Bieber, o mesmo que cometeu suicídio após sequestrar e manter uma garota em cárcere privado.

O mesmo que causou a própria morte após não ser capaz de completar a execução de Elisa Mayer.

 Eu sou Justin Bieber, o maníaco da Califórnia e esse é o meu depoimento. "

Eu tentei me fazer de forte, mas antes do gravador parar de reproduzir a voz de Drew, eu já estava abraçada ao seu corpo, pedindo para que ele me ouvisse.

Eu ouvi um barulho no andar de baixo e logo, ouvi passos rápidos e descompensados virem até mim.

Era Ryan e agora, ele lutava para me tirar de perto do corpo gelado de Justin.

- Elisa, ele já se foi. Ele não está mais aí, não é ele.

- Ele me prometeu que nunca iria me abandonar, Ryan. Ele prometeu. - Eu senti Ryan abraçar meu corpo por trás, enquanto eu tentava me agarrar às pernas de Justin.

- Ele deixou uma mensagem gravada pra mim, Liz. Ele quis assim, ele sabia o que estava fazendo, foi por vocês. A polícia está vindo, precisamos sair daqui... - Ryan me puxou pela cintura, mas meus braços rodearam as pernas suspensas de Drew.

- Me deixa ficar com ele, Ryan. Eu preciso sentir ele mais um pouco, por favor... Você disse que não iria me deixar, é injusto você estar aí e eu continuar aqui. Eu não vou conseguir viver com isso... eu não vou. Volta Drew, nosso filho precisa de você aqui. É um menino, nosso bebê é um menino, Justin...

Aquela dor me consumia e parecia esmagar todos os meus órgãos. Meu peito apertava-se e eu tentava a todo custo limpar as lágrimas, que desciam em um turbilhão de emoções.

Nada, nunca, vai se comparar ao que eu estava sentindo.

A sensação de estar sendo destruída a cada milésimo. Ele estava me matando, aos poucos, a cada segundo que eu via seu corpo sendo segurado pela corda.
Todos os meus sonhos haviam sido destroçados ali, junto a ele. Ele não matou somente a si mesmo, ele me matou também. 

- Não me deixa ... - Eu sussurrei, me entregando á dor e sentindo Ryan me puxar para longe do banheiro.

Eles poderiam me levar para qualquer lugar, agora não fazia mais diferença.

Eu já estava morta por dentro, assim como ele.


Notas Finais


ESTOU REESCREVENDO DARK HUT.

Se você ainda não começou a ler/não terminou eu indico que espere a reescrita terminar para prosseguir.

E se você já leu tudo eu recomendo você ler denovo depois da reescrita, 2bjs.

15/07/2019.


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