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História De repente, escondidos. - Parte XI


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Naruto não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Oh, Deus! Me perdoem pela demora.

Boa leitura!

Capítulo 11 - Parte XI


A Hokage andava de um lado pro outro e aquela tranquilidade de Kakashi a enervava ainda mais. Só sentiu o coração se acalmar, quando um dos ninjas encarregados das mensagens entrou em sua sala sem nem bater. Todos sabiam do apreço de Tsunade por Sakura e não demorou pra notícia da “fuga” dela se espalhar à boca miúda.

- Senhora, acabamos de receber uma mensagem de Suna. O Kazekage já foi informado da partida de Sakura pra lá e enviou um esquadrão da guarda pessoal pra encontra-la no meio do caminho.

Tsunade deu um aceno curto de cabeça, dando a entender que se retirasse. Só quando ele saiu, ela respirou fundo e se encostou na mesa, baixando os olhos pra que Kakashi não visse que estavam marejados. Ela só tinha tentado proteger Sakura, só isso. E agora, tinha a jogado em um risco imensurável. Não podia ficar se metendo na vida da menina, não era sua mãe, não era ninguém pra impedir nada. Sem contar que sabia muito bem que a volta de Naruto causaria isso.

- Tsunade, o que eu faço? – a voz mole de Kakashi não escondia que ele mesmo também estava preocupado. Afinal, além de conhecer Sakura à uma vida inteira, tinha feito a promessa de cuidar dela pra Naruto. Nem o jeito irritado da Hokage o intimidava.

Ela apertou a beirada da mesa, com força o bastante pra lascar a madeira, e o olhou.

- Eu te pergunto a mesma coisa, Kakashi. – saiu quase como um suspiro. Uma confissão. Um pedido de ajuda. – O que eu faço? Eu achei que estava protegendo a Sakura e olha só a confusão que se instalou...

Kakashi a olhou por um segundo e notou toda a preocupação em seu rosto. Notou, inclusive, alguma coisinha de arrependimento passando por ali. Deu um suspiro longo, daqueles cansados, que sempre dava e juntou o ar antes de falar. Também, falaria tudo. Se Tsunade estava dando liberdade, diria tudo o que pensava.

- Você sabe tão bem quanto eu que aqueles dois se amam desde sempre. – iniciou firme mas era uma história tão complicada, que cansava só de pensar. – Honestamente, eu acho que nem se a Sakura já tivesse se casado, isso impediria os dois de se reaproximarem.

No fundo, Tsunade achava a mesma coisa mas não tinha tido coragem de dizer em voz alta. Caiu sentada na cadeira e Kakashi fez o mesmo.

- Ele vai fazer ela sofrer... – murmurou baixinho e levantou os olhos pra ele. – O Naruto está idêntico ao Jiraya, Kakashi. Ele vai fazer a Sakura... a minha Sakura, minha menina, sofrer.

Kakashi negou com a cabeça em um movimento firme e Tsunade o olhou confusa.

- A Sakura vai sofrer se acabar se casando por pura pressão moral. – seu tom de voz era mais rígido e, apesar de respeitar a Hokage, ali eram duas pessoas falando sobre alguém que amavam. – Ela até se apaixonou pelo Gaara mas se não amasse o Naruto, não abriria mão da vida que planejou pra estar com ele. Eu sei disso, você sabe disso e eu acho até que o próprio Gaara sabe! – se exaltou e teve que recuperar o controle. – O Naruto não vai fazer ela sofrer, Tsunade. Aquele garoto é louco por ela desde que os dois eram só pivetes na minha tutela. Eu nunca vi o Naruto fazer um nada que a deixasse triste, ao contrário. Ele a fazia sorrir até quando era xingado.

Tsunade ouvia aquelas palavras pela primeira vez, apesar de saber de tudo isso por pedaços que tinha escutado aqui e ali. Mas só hoje estava tendo essa conversa direta com alguém que participou desse início. Sentia o coração se apertar a cada palavra de Kakashi e notou o momento em que ele arrumou a postura. Não era boba, sabia que ia vir coisa pesada dali.

- Você tem noção que o Naruto vai enlouquecer quando chegar e souber que a Sakura está em Suna, não tem? – sua voz tinha uma preocupação latente.

Ela engoliu uma saliva à seco. Não tinha pensado nas consequências disso.

- Oh, meu Deus... – murmurou, em choque. – Kakashi, aquele moleque vai começar uma guerra! – estava assustada.

Kakashi concordou com a cabeça. Conhecia tanto a personalidade de Naruto, quanto a profundidade do sentimento dele e, caso uma guerra se instalasse, sabia que tinha chances até de sobrar pra ele, levando em conta que tinha prometido cuidar de Sakura e tinha falhado. Aliás, não tinha tido nem chance de conversar com a menina.

Precisou pensar um momento mas nem com sua genialidade comum chegou à uma conclusão plausível. Tsunade andando de um lado pro outro também não ajudava em nada. Por fim, chegou à duas opções mas deixaria pra ela decidir o que achava melhor.

- Eu posso ir atrás da Sakura e tentar alcança-la ou eu posso ficar e esperar pra quando Naruto voltar.

Ela parou. Entendeu que essas eram, sem dúvidas, as únicas duas coisas a serem feitas e tentou agir do modo mais racional possível.

- A Sakura já está encaminhada e, a não ser que você seja mais rápido que o Quarto Hokage, dificilmente a encontraria antes do esquadrão de Suna. – falou em voz alta mas era quase como se estivesse se convencendo disso. Olhou pra Kakashi com a ordem. – Você fica. E tenta impedir o Naruto de fazer uma loucura quando ele chegar.

Kakashi concordou com a cabeça e se levantou pra sair. Ainda podia dizer mais mil coisas, que iam desde ela não se preocupar até culpa-la pelo que estava acontecendo, mas só saiu. Disse que estaria pela aldeia e que, quando Naruto chegasse, conversaria com ele. Tsunade assentiu e caiu sentada de novo quando Kakashi fechou a porta. Sozinha com seus pensamentos, chegou, ela mesma, à única solução que não teriam consequências catastróficas.

- Se você for mesmo terminar esse noivado, faça isso antes dele voltar... – murmurou, esperando que suas palavras fossem levadas pelo vento até Sakura.

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Ela voava pelos galhos, sentindo a exaustão invadir seu corpo. Já fazia algum tempo que Sakura não partia pra tão longe, sem contar que tinha saído direto da sala da Hokage e invadido a floresta, esperando que a raiva a impulsionasse pra onde queria ir. Não se preocupou com comida, com roupa, com nada. Só foi. E agora sentia os efeitos disso em sua carne cansada e faminta. Aos poucos, foi diminuindo o ritmo e pegando uma ou outra fruta pra comer. Só que, ainda assim, se preocupou. Os níveis de chakra já estavam baixos e, uma hora ou outra, ia acabar se machucando sério.

Foi uma péssima ideia se deixar levar pela emoção. Sempre criticou Naruto por isso e agora estava fazendo a mesma coisa. Ele era o passional, o que reagia, o que gritava antes de atacar. Se pegou sorrindo sozinha, pensando em como ele tinha mudado tanto e não mudado nada, ao mesmo tempo. O coração apertou, lembrando do teor da própria missão. Não queria magoar Gaara, ele tinha sido sempre maravilhoso pra ela. Mas se acabasse se casando, ficaria o resto da vida se sentindo incompleta. Era isso. Naruto a completava, sempre completou.

E todo o temor se concretizou ainda mais, personificado na figura de Kankuro que viu vindo ao seu encontro, lá longe. Era óbvio que Tsunade avisaria Suna de sua partida e era mais óbvio ainda que Gaara mandaria alguém de sua confiança encontra-la. O estranho era que ele mesmo não tivesse vindo. Pensou nisso e rapidamente chegou à conclusão de que ele não tinha ido de propósito. Sabia o motivo da ida dela e quis adiar pelo menos até que ela estivesse em seu próprio território. Dessa vez, sorriu por Gaara. A inteligência do Kazekage de Suna era absurda.

- Sakura, pelo amor de Deus! O que você tá fazendo? E sozinha, ainda? – a voz rouca de Kankuro a tirou dos próprios devaneios. Desacelerou até parar no galho em que ele estava e foi nesse instante que se permitiu cansar. A vista ficou turva por um instante e isso não escapou aos olhos capazes do “cunhado”. – O que foi? Não tá se sentindo bem?

Sakura negou com a cabeça e deu um sorriso amarelo.

- Cansaço... – murmurou e agradeceu minimamente quando ele estendeu água pra ela beber.

- Você ficou maluca, Sakura?! – Kankuro se abaixou ao lado dela e perguntou baixinho. – Você é noiva do Gaara! Sabe o risco que corre andando por aí sozinha. Sem contar o deserto. Você não conseguiria atravessar de jeito nenhum.

O tom dele era de uma preocupação paternal. Na verdade, Kankuro sempre agiu assim, como um irmão mais velho até dela. Agia com Sakura do mesmo jeito que agia com Gaara. E ela não tinha uma resposta viável a nenhuma dessas questões. Não se preocupou com a ideia de ser a noiva do Kazekage, muito menos com o deserto.

- Eu preciso falar com o Gaara, Kankuro. – disse com os olhos baixos. Não sabia até onde ele imaginava o teor dessa conversa. – E a Hokage não quis me disponibilizar um dos mensageiros dela.

- E então você achou que se viesse sozinha, por um caminho que mal conhece, seria melhor?! – se exaltou. – Tivesse mandado uma carta, um sinal de fumaça, sei lá! – encerrou, nervoso, passando a mão pelo rosto. Viu que a expressão de Sakura beirava à constrangida e então recuou. – Me desculpa, Sakura. É que eu me preocupo com você! E o Gaara, nossa... O Gaara quase teve um negócio quando soube que você tava vindo sozinha.

Dessa vez ela o olhou.

- Ele tá bravo comigo? – a voz saiu em um sussurro e Kankuro se compadeceu desse sentimento dela.

- Não, Sakura. Ele tá preocupado. – respondeu gentil, com um sorriso manso. – Vem, vamos acabar de chegar. – a amparou com a mão e pediu à um dos guardas que fosse procurar algo pra ela comer. Estava bem óbvio pra ele que Sakura tinha mais que cansaço.

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Quando Sakura entrou no prédio do Kazekage, o coração batia uma e falhava duas. A última vez que tinha estado ali, sentia uma felicidade tão plena que agora estava até culpada de não ter o mesmo sentimento. Da última vez que andou por aqueles corredores, vinha em busca daquele que era seu amor e agora, ia até ele pra acabar com tudo que tinham.

Parou na frente da sala de reuniões e bateu. Um dos assessores a atendeu e disse que chamaria o Kazekage. Gaara não tardou a sair pra encontra-la. A expressão dele foi de um alívio imenso ao vê-la ali, sã e salva. Fechou a porta atrás de si e trouxe Sakura pra um abraço que, pra ele, tinha gosto de saudade.

- Nossa, rosinha... Não faz mais isso, meu amor. Você quase me mata de preocupação! – disse em sofrimento, mas genuinamente feliz por tê-la em seus braços. Pegou o rosto de Sakura com as duas mãos, encontrando os olhos como sempre faziam quando se viam depois de muito tempo afastados. – Eu tô doido de saudade de você, Sakura. – confessou baixinho e ela fechou os olhos, sentindo as palavras de Gaara entrarem pelos seus ouvidos. – E eu também tô doido de vontade de saber o que fez a minha linda atravessar esse espaço todo pra vir até mim.

Dessa vez, os olhos de Sakura se abriram instantaneamente. Ficaram quase arregalados e esse movimento fez Gaara recuar. Se ele tinha alguma dúvida do motivo de Sakura ter ido até Suna, sumiu nesse instante. Ele soltou seu rosto, baixou as mãos e deu um sorriso amarelo ao vê-la tentar balbuciar qualquer coisa que não saía.

Decidiu adiar o inevitável mais uma vez.

- Eu não posso falar com você agora, rosinha. Vai descansar, comer alguma coisa, toma um banho e mais tarde a gente se encontra, tudo bem? – disse se afastando, com o sorriso que ela tanto gostava e abriu a porta. Ainda com meio corpo pra fora, chamou baixinho. – Janta comigo?

- Claro. – foi a primeira vez que Gaara ouviu a voz de Sakura desde que ela tinha entrado em seu campo de visão. Saiu da sala de novo e, passando por cima de tudo que o apavorava, juntou os lábios aos dela. Talvez por impulso ou por puro reflexo, Sakura correspondeu à esse beijo casto, levantando as mãos devagar, como se fosse tocá-lo. Era o normal, era o que sempre fazia. Dessa vez, deixou as mãos no ar, sem coragem de tocar Gaara. E ele notou isso. Encostou as testas, a olhando tão profundamente quanto podia.

- Mais tarde, meu amor. Mais tarde a gente conversa sobre tudo o que está te incomodando. – se afastou sem olhá-la e voltou pra reunião em que estava.

Sakura se viu sozinha naquele corredor imenso, sem saber o que fazer. Tinha vontade de chorar, vontade de gritar e, não podia negar que uma parte dela queria muito enterrar o que sentia por Naruto e se entregar de novo à Gaara. Mas não conseguia. Até esse beijo que tinha dado, esse rápido selar de lábios, lhe parecia incorreto.

Ela se sentia incorreta. Suja. Traidora. Alguém que magoa os outros. Por um segundo, se permitiu escorregar por aquela parede antiga, cheia de rachaduras, e chorar baixinho. Gaara era bom demais pra ela e ela só estava ali pra destruí-lo. Ele se preocupava, a amava, a queria bem. E ela só tinha tido coragem de cruzar todo esse terreno pra poder acabar com todo esse carinho. Por um período curto, Sakura só lamentou, ali, sentada no chão.

Depois pensou em Naruto. Em como ele já a tinha feito sofrer, em como era difícil confiar no que ele lhe dizia quando voltou. Mas também pensou no seu sorriso e, mais uma vez, se viu sorrindo também. Eles eram fogo, alma, paixão. Ela e Gaara era o correto, o adequado, o polido. Com ambos tinha paixão, mas Naruto... Naruto foi o primeiro amor. Gaara foi o primeiro homem e, nem assim, isso conseguiu apagar o que sentia pelo amigo. Iria magoar o noivo? Claro. Mas não podia ela mesma se magoar mais. Amava Naruto o bastante pra abrir mão de tudo o que achava correto e confortável. Só implorou aos céus, em pensamento, que as coisas não se tornassem mais confusas do que já estavam.

Se levantou e foi seguir o conselho de Gaara. Precisava mesmo de um banho e, definitivamente, comeria alguma coisa que não fosse só uma fruta. Fez tudo isso e foi tratada como um verdadeira princesa, afinal, era a noiva do Kazekage que entrou pedindo uma roupa qualquer ou algo pra comer. Ali, ela era tão importante quando jamais pensou. Sakura sabia que o relacionamento com Gaara sempre a levaria em outro nível, mas tinha planejado levar a vida mais comum que podia em Suna. Era óbvio que algumas coisas seriam mais elaboradas, como a função dela no hospital ser de destaque, mas ainda assim, tratava todos como iguais. Como irmão shinobis, aliados de sua aldeia.

O tempo passou e nada dele vir encontra-la. Sakura sabia o motivo disso e, cansada como estava, pensou até se não seria melhor adiar essa conversa pro dia seguinte. Se reprovou em pensamento. Não precisou que as palavras de Tsunade chegassem até ela pra saber que precisava resolver essa questão antes de Naruto retornar pra Folha. O conhecia bem demais pra saber que ele não reagiria bem se soubesse que ela tinha ido à Suna e, se cismasse que ela tinha fugido pra estar com Gaara, aí sim que ninguém o impediria de ir até lá tirar satisfações. Como sempre, quando precisava pensar ou conversar com alguém que a confortasse, Sakura foi até o cemitério. Era com a vovó Chiyo que encontrou sua paz em todas as vezes que esteve lá. Sentava ao pé da lápide e passava horas, as vezes em silêncio, as vezes conversando com o vento barulhento de Suna. Foi sua primeira amiga e sempre se sentia bem ao estar lá com ela, mesmo que fosse de modo metafórico.

Fez a mesma coisa. Contou ao vento o que sentia, o que sentiu e o que deduzia que ainda iria sentir. Chorou as mágoas, pediu conselhos e, de alguma forma, sentiu o coração se abrandar. Como sempre que conversava com a vovó Chiyo, se sentia capaz de fazer qualquer coisa. E ficou ali, sentada, vendo a areia cortar o céu, sorrindo pequeno, tempo o bastante pra que as obrigações do Kazekage terminassem e ele viesse ao seu encontro.

Gaara se aproximou devagar, admirando a tranquilidade de Sakura sentada naquele chão. Ela não notou sua presença até que ele estivesse próximo o bastante. O sol já tinha se posto há muito tempo e, ainda assim, sua presença imponente dava à ela a impressão de uma sombra.

Mas não resistiu à retribuir o sorriso que ele lhe dava enquanto se aproximava. Era tudo tão confortável, tão comum, que parecia que nenhum dia havia se passado desde a última vez que esteve ali.

- Eu sabia que te encontraria aqui. – Gaara disse mansinho, se sentando ao lado dela. Estendeu o braço sobre os ombros de Sakura, pra encaixá-la em seu peito, como sempre fazia. E ela cedeu. Cedeu à um último carinho que fosse, antes de abrir mão de tudo isso. – Você sempre vem falar com a senhora Chiyo quando precisa entender alguma coisa em seu coração.

Ao ouvir isso, Sakura deu um sorriso pequeno. Gaara a conhecia mais do que ela mesma. Passou horas conversando com uma lápide e com o vento, achando que contava algo ou que pedia conselhos e, no fundo, ele tinha razão. O que ela ia fazer lá, era tentar entender as coisas.

Só que, dessa vez, não tinha entendido. Ou tinha. Só não tinha conseguido pensar na melhor maneira de fazer o que tinha ido até Suna pra resolver. Partiu do princípio do curativo. Era melhor arrancar de uma vez.

Juntou o ar e se afastou do seu peito. Mas Gaara não permitiu nenhuma das duas coisas. Quando Sakura tentou ficar de frente pra ele, a puxou de volta e manteve em um abraço apertado, apoiando o rosto no topo de sua cabeça. E antes que ela começasse a dizer qualquer coisa, resolveu ele mesmo falar.

- Eu sei o que você veio fazer aqui, rosinha. – sua voz estava embargada de uma emoção imensa e Sakura resolveu não dizer nada, apenas ouvir. – Na verdade, desde que eu vim de Konoha, tenho me preocupado com cada mensagem que recebo, e que uma delas me dissesse exatamente o que a Tsunade me informou. Que você tava vindo pra cá e sozinha. – dessa vez seus braços não conseguiram mantê-la com ele e Sakura se afastou pra olhá-lo. A expressão de Gaara era de uma tristeza imensa, apesar do sorriso pequeno que ele mantinha ao olhá-la. – Eu torci tanto pra você não vir, Sakura...

Os olhos dela baixaram imediatamente e, como sempre fazia quando Sakura baixava a cabeça, Gaara ergueu, delicadamente, seu rosto com a ponta dos dedos em seu queixo. Quando encontraram os olhares, ele tinha uma expressão mais séria.

- Não abaixe a cabeça, Sakura. Por enquanto, você ainda é minha noiva e a minha mulher não baixa a cabeça pra ninguém, nem pra mim. – seu tom era aquele de sempre, que a colocava nos eixos e dava a segurança de que nada, nem ninguém, os destruiria.

A não ser ela mesma.

- Gaara... eu... – começou a falar, mas sentia as palavras fugindo de sua boca de um jeito absurdo. O cansaço acumulado no corpo, a incapacidade de raciocinar, os olhos dele incisivos, o silêncio de Gaara, que sempre lhe disse tanto, tudo isso colaborava pra que ela não conseguisse formular nenhuma frase e abrisse e fechasse a boca, tentando explanar o que sentia através de murmúrios confusos.

Mais uma vez, ele resolveu tomar o controle da situação.

- Você se lembra do que me disse na primeira noite que passamos juntos? – apesar de sério, sua voz estava mais gentil que nunca, e Sakura o encarou. Lembrava de tudo, mas o que isso tinha a ver com o que diria agora? – Lembra ou não?

- Não sei. Talvez. – mas a verdade é que estava confusa. Gaara abriu mais o sorriso e deu uma risada quase ácida.

- Você me disse que confiava em mim pra não deixar ninguém nos separar. – seus olhos verdes brilhavam de modo absurdo e Sakura engoliu uma saliva à seco. Realmente tinha pedido isso, mas muito de falar o que falou, era por puro despeito de ter esperado Naruto tempo demais e ter perdido parte desse mesmo tempo sem se entregar completamente à Gaara. – Você disse que queria ser minha pra sempre e pediu pra que eu nunca me separasse de você. Você lembra disso, Sakura?

Ela deu um aceno curto com a cabeça, os olhos tremulando e a boca completamente seca. A força de Gaara a intimidava, apesar de saber que ele jamais a colocaria em nenhuma situação complicada.

- E você lembra o que eu te respondi? – ele se aproximou dela, pegando suas mãos com uma delicadeza que a fez lembrar de seus primeiros encontros, onde ele era paciente e gentil. Aliás, como ele sempre foi com ela.

- Sim... – respondeu baixinho, perdida entre os olhos dele, que foram a primeira coisa que a prenderam. – Você disse que destruiria o mundo se alguém me afastasse de você. E que me amava...

Gaara confirmou com a cabeça, se aproximando ainda mais dela. Uniu as testas e seu sorriso era o mais tranquilo que podia ter.

- E você também disse que me amava, rosinha... – disse baixinho, vendo os olhos dela se fecharem. – Disse que só eu podia te fazer feliz. – se afastou, pegando o rosto dela com as duas mãos, como tinha feito mais cedo. Sakura abriu os olhos pra encontra-lo a observando de perto. – O que mudou isso, meu amor?

Pra essa pergunta ela tinha a resposta na ponta da língua.

- Naruto.

Gaara tentou esconder o desagrado ao ouvir aquele nome e, apesar de manter o sorriso, todo o resto do seu rosto era irritado.

- Você me prometeu, Sakura. Me prometeu que não iria se envolver com ele. – por mais que soubesse que isso aconteceria, Gaara queria culpa-la por não ter sido honesta antes. Por tê-lo dado esperanças que fizeram com que ficasse apreensivo todo esse tempo. E a expressão dela era tão culpada quanto poderia ser. – Você não cumpriu sua promessa, não é?

- Eu não dormi com ele, Gaara. – era o máximo que podia dizer, até porque isso era a verdade mais pura. – Mas eu não consegui não me aproximar dele de novo.

Não que mudasse muita coisa, mesmo porque Gaara se sentia mais traído por saber que ela tinha se apaixonado de novo por Naruto do que pela transa que podiam ter tido, mas respirou fundo e tentou manter a calma. Soltou as mãos de Sakura e se sentiu levemente satisfeito ao ver que ela não gostou disso.

- Eu cumpro as minhas promessas, Sakura. – disse firme, a encarando. – E eu prometi pra você que não deixaria ninguém nos afastar. A não ser que seja você que queira isso, rosinha. - o tom mais manso a fez recuar. Os olhos tristes de Gaara também eram uma tentação ao seu coração. – O que você quer, meu amor? Quer um tempo pra pensar? - era a sua chance. Sakura balançou a cabeça, negando imediatamente. – Você quer terminar o nosso noivado, é isso?

Quando dito com todas as letras, ela sentiu o peso. Olhou Gaara com os olhos arregalados e viu que, dessa vez, os verdes dele estavam marejados. Ele não chorava. Quase nunca chorava. E agora estava fazendo isso por culpa dela. Sentiu os próprios olhos arderem e a primeira lágrima escorreu sem controle nenhum. Ao ver Sakura chorando, o coração de Gaara se apertou imensamente e ele, por puro instinto, se aproximou, pra acolhê-la em seus braços, como sempre fazia.

- Não chora, minha rosinha... – disse baixinho, com o rosto apoiado no topo da cabeça dela. – E não me abandona, por favor... – dessa vez, as lágrimas sem controle escaparam de seus olhos. – Fica aqui comigo uns dias, você vai se lembrar que a gente foi feito um pro outro...

Aquele pedido, aquele tom de voz, aquela dor, tudo invadiu o coração de Sakura com uma potência que não conseguia mensurar. Não conseguiu dizer nada e muito menos negar. Devia isso à Gaara. Devia à ele pelo menos um término decente, onde conseguisse explicar, com todas as palavras, o porquê de estar abrindo mão de tudo. Quem sabe, em um ou dois dias, ele aceitasse isso melhor, sem choro, sem dor, sem sofrimento desnecessário.

Se rendeu.

Sabia que seria pior se fizesse isso, mas pelas suas contas, tinha um tempo antes de Naruto voltar. Se tudo desse certo, de acordo com seu plano, se resolveria com tranquilidade com Gaara, voltaria pra Konoha e ainda conseguiria espera-lo chegar nos portões da aldeia.

Deu um suspiro fundo e, dentro do peito dele, respondeu ao pedido.

- Eu fico, Gaara. Mas como sua amiga. – disse e o olhou pra ver se ele tinha entendido que isso significava não se envolverem romanticamente.

Gaara concordou com a cabeça. Já tinha a conquistado uma vez, faria isso de novo. O sorriso brotou dos lábios dele e Sakura acompanhou. Vê-lo sorrir ainda a fazia sorrir.

- Eu te amo de todo jeito, rosinha. E eu tenho certeza que em poucos dias você vai se lembrar disso também. 



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