O Mau humor de Natsu estava no ápice. Odiava quando as coisas saíam fora do que havia planejado. Sendo um feriado, aproveitou para virar a noite jogando, indo se deitar às 4 horas da manhã. Só não foi até as 6 horas porque seu melhor amigo mandou uma mensagem dizendo que queria mostrar algo para ele às 7 horas da manhã. Ou seja, teria que descansar somente por 3 horas até ver o que Gray queria. Se fosse algo idiota, com certeza o estrangularia. Sabendo que não iria conseguir dormir direito graças ao compromisso de última hora, decidiu colocar um episódio de alguma série qualquer. Optou por "You", já que sua companheira de banda estava sempre o infernizando para assistir, dizendo que a personalidade do protagonista lembrava a dele. Após ver a primeira temporada inteira, fez uma nota mental para abaixar o salário da tecladista. Ele e Joe Goldberg não tinham nada em comum, a não ser o péssimo gosto por loiras. Bufou, revirando os olhos, finalmente se levantando. Tomou um banho rápido, vestiu uma camisa branca sobre um casaco preto e branco da Adidas, uma calça da mesma marca e tênis também na cor vermelha. Desceu as escadas, preparou um café da manhã quase completo com panquecas e torradas para as irmãs quando acordassem. Após tomar um bom gole da bebida fumegante, dirigiu-se para a praça onde iria encontrar o amigo. Assim que chegou, sentou-se, olhando o céu ainda dourado, as nuvens banhadas em laranja graças ao sol distante atrás das montanhas, enquanto a imensidão azul se tornava mais clara pouco a pouco. Fechou os olhos, aproveitando a brisa. Estava um clima tão perfeito que não se conteve em tirar um maço de cigarro do bolso e acendê-lo. Puxou a fumaça tóxica para seus pulmões e, logo em seguida, soltou pela boca, prestigiando a vista enquanto apreciava o dia. Escutou uma voz familiar lhe dar um "sermão".
— Mal amanheceu e já está fumando? Isso vai te matar um dia, sabia, "chefinho"? — Em tom de deboche, Sorano o cumprimentou, sentando-se ao seu lado, arrancando uma risada irônica. Estendeu sua caixa para a amiga, que aceitou a droga, acendendo um maço para si própria.
— Yukino vai te matar se souber que você ainda fuma. — Os olhos verdes analisaram a garota de cima a baixo. Ao contrário dele, ela usava um top azul, calças legging pretas e tênis da mesma marca famosa a qual vestia.
— Se meu barco afundar, o seu também afunda! — Ameaçou, enquanto olhava ao redor para ver se avistava Gray.
— Mas fala sério... O que é que ele quer mostrar às sete horas da porra da manhã? Ele te disse algo? — Reclamou, virando-se para olhá-la. Ela apenas balançou a cabeça e riu. Adorava ver o rosado estressado.
— Apenas disse que era uma surpresa e queria nossa opinião. — Ela respondeu, jogando o cigarro no lixo, ganhando um resmungo do líder da banda. Não era nenhuma surpresa ela estar ali. Além dele próprio, Sorano Agria havia se tornado alguém importante tanto em sua vida como na de Gray. A questão é que ambos tinham química no palco, e isso acabou seguindo para fora dele também. Sempre que podia, provocava os dois por causa da amizade deles.
— Finalmente! — Glorificou, levantando-se e jogando o cigarro no lixo ao ver o carro Nii-san Leaf prateado estacionando à frente deles. Ambos andaram em direção ao veículo, adentrando-o. A Tecladista sentou-se na frente, enquanto Dragion ficava na parte de trás.
— Bom dia! — Gray exclamou animado. Usava uma camisa regata preta, acompanhada por uma calça de moletom cinza e tênis da Adidas.
— Dia! Seria bom se não tivesse acordado às sete horas para ver o que vossa senhoria quer mostrar. Sabia que existe uma coisa no celular chamada câmera? — Natsu resmungou, cruzando os braços, arrancando uma risada gostosa dos dois sentados na frente.
— Caralho, você acorda às seis horas para ir correr de segunda, quarta e sexta porque hoje é diferente?
— PORQUE HOJE É FERIADO, DEMÔNIO!
— Calma, calma, olha a pressão alta, fofo. Se continuar desse jeito, vamos ficar sem vocalista. — Ironizou, enquanto caçava alguma música para tocar no rádio do Fullbuster.
— Eu odeio vocês...
Demorou quase duas horas para finalmente chegarem ao local. Era bem afastado do bairro deles. O trio saiu do veículo e seguiram o Fullbuster em direção a um prédio. A estrutura do lugar era quadriculada em tom branco, uma enorme piscina enfeitava a área. Continuaram seguindo até vê-lo usar uma chave para abrir o lugar. O primeiro cômodo era uma sala de estar enorme, com um clima bem casual.
— Que lugar lindo, Tigrão! — Sora sorria abertamente, admirando cada móvel presente ali.
— Heh, valeu. E aí, o que achou, Natsu? — Os olhos azuis se viraram para o melhor amigo, que encarava cada ponto do prédio, soltando um suspiro como se algo o incomodasse.
— Diz pra mim que não é o que eu estou pensando...
— O que foi? — Os olhos castanhos da garota de cabelos prateados se focaram no guitarrista, que sorriu, tirando uma caixinha do bolso onde claramente havia uma aliança.
— Depois que finalizarmos o ensino médio, vou pedir à Juvia em casamento, e vamos morar aqui!
Gray exclamou com tanta animação que mal notou os olhos verdes do melhor amigo se revirando de forma entediada. A mão direita foi diretamente contra o próprio rosto, resmungando um palavrão.
— Puta que pariu, você só pode tá me zoando! — Pragmatizou, encarando o companheiro, que o encarou de volta.
— Caralho, cara, você não pode ficar feliz por mim uma vez?
— Olha, Gray, eu sei que estou sempre com a cara fechada, sempre sério, mas não quer dizer que não fico feliz pelos outros. Eu realmente fico feliz por suas conquistas, cara, nós temos uma banda, conseguimos fama juntos, você é meu melhor amigo, é meu irmão... Mas não é porque me importo com você que vou colocar um sorriso falso no rosto e fingir que não estou vendo um ato gigantesco de imprudência!
— Imprudência? Olha só quem fala!
A tensão no ar se instaurou. Não era a primeira vez que Sorano os via discutir, mas dessa vez era sério. Pretendia ficar fora, mas definitivamente o Dragion não pensava da mesma forma.
— Anjo, na moral, me dá uma ajuda aqui! — Ele suplicou, olhando para ela, que apenas deu de ombros. — Eu achei fofo, não entendo porque desse piti, Natsu!
— Obrigado, Sora. Sempre posso contar contigo. Esse cara aí vê o mundo negativo, nada pra ele tá bom!
— Ah, vai se foder... Não é questão de ver o mundo negativo, cara, é questão de ser realista... — Bufou, revirando os olhos e cruzando os braços. — E a realidade é que você e a Juvia não vão durar até o fim do ensino médio!
— Natsu! — Sorano exclamou, olhando para o moreno, que se aproximou do rosado, o encarando friamente.
— Ah, mesmo... E por que você pensa isso? Posso saber?
— Claro, eu te conheço desde criança, e é verdade que dentre nós dois você sempre teve mais experiência com mulheres. Mas, vamos combinar que, em compensação, eu sempre fui o mais sensato... — Sorriu de canto para provocá-lo. — Enfim, você e Juvia mal se veem. Disse que o sexo é mais frequente do que beijos e carícias, e ela passa mais tempo focada no teatro com o Lyon do que com você!
Ele foi direto, curto e grosso. Não se sentia no direito de se meter na vida dos amigos, mas precisava abrir os olhos do Fullbuster de que toda aquela situação era ridícula. Claramente, Gray ficou puto. Era visível, graças aos punhos cerrados, antes que ele pudesse xingar até a última geração dos Dragneel, o líder da banda foi mais rápido.
— Em contrapartida, ao mesmo tempo que ela está com Lyon, você está com a Sora.
E toda a raiva dele se dissipou, dando lugar a vergonha vinda da parte dos dois citados, que mais do que rápido protestaram.
— Ah, vai se foder! — Gritaram em uníssono, arrancando um riso de canto do Dragion.
— Eu tenho um namorado. Nós somos só parceiros!
— Uhum... não é o que fandom da banda acha. Inclusive, já vi várias fanarts do “Demônio e do Anjo”. Se não me engano, já vi até a Wendy lendo fanfics — Gargalhou, quebrando o clima tenso que havia se instaurado ali, dando lugar ao constrangimento dos dois membros da banda.
— Se eu estiver errado, eu banco o casamento inteiro de vocês. Mas, se eu estiver certo... Alerta de spoiler: Eu sempre estou! Vai tirar ela do contrato desse prédio, beleza? — Esticou a mão para apertar a do amigo, agilmente a apertou.
— Ótimo é um trato entre cavaleiros agora vamos comer porque eu to com fome! — Natsu finalizou a conversa fazendo sinal para saírem do prédio, ambos Guitarrista e Tecladista se encararam e riram seguindo o Dragion.
Fazia tempo que Erza não se sentia tão em paz como naquele dia. Achava que era saudade agindo; haviam se passado dois anos sem a presença de Lucy Heartfilia, e isso deixou o grupo desfalcado. Tê-la ali novamente, junto com as outras meninas, era satisfatório. Principalmente pelo fato de estarem na mansão Heart, jogando Banco Imobiliário. Levy já estava levando vantagem, como sempre. Quando jogavam, tomavam uma surra da Mcgarden, que saía na frente e conseguia as propriedades mais caras do jogo.
— Que novidade... estamos perdendo para a Levy, como sempre. — Juvia murmurou entediada, movendo seu peão em direção à propriedade da prima, fazendo uma careta engraçada. Todas estavam de pijamas, já que haviam passado a noite na casa da loira. Levy riu, dando de ombros, desacreditada por sempre sair ganhando.
— Meninas, vocês não bolam uma estratégia e me deixam comprar as melhores propriedades. É óbvio que vou vencer! — Mostrou a língua, aconchegando-se na cabeceira da enorme cama da melhor amiga.
— Ah, eu nem ligo pra isso. Fico feliz que vocês estão aqui. Até me esqueci que era feriado no país. — Lucy comentou sorrindo, logo após jogar seus dados. No entanto, o sorriso sumiu ao ver que seu peão havia parado na prisão. Suspirou desanimada; as poucas notas em sua mão esquerda mostravam que estava quase indo à falência.
— É normal, mas você ficou dois anos fora. Ainda bem que não vou ficar vegetando hoje. Toma! Seja rica! — Resmungou, entregando à prima todo seu dinheiro. — Ah, mesmo? E o que a senhorita vai fazer de tão importante assim? — Erza questionou, ainda continuando o jogo, girando os dados.
— Lyon e eu fomos chamados para conversar com um cineasta que está interessado em transformar nossa peça em filme! — Exclamou animada. A Heartfilia arqueou a sobrancelha, sem entender absolutamente nada.
— Oie, lembra que estou desatualizada? Podem me explicar?
— Lembra que eu comecei a fazer teatro? Então... fiz algumas audições nas férias de 2017, acabei conseguindo o papel que conta a história de um casal que mora em reinos diferentes. Juno, que é da realeza dos sete mares, está enfrentando uma crise pela poluição junto com sua mãe. As duas são atacadas por sua tia, que, no caso, é a vilã. Elas são dadas como mortas após uma emboscada, mas a princesa sobrevive. Porém, ela acaba indo parar no reino das terras gélidas, que é o reino do Príncipe Tristan. Ele vai ajudá-la a recuperar a memória, pois ela fica com amnésia, e a ensina a amar de novo! — Juvia dizia totalmente emocionada, o que já não era novidade para a prima e a cunhada. No entanto, a loira que ouvia tudo com atenção não podia deixar de se atentar aos detalhes.
— Fico feliz por você, mas... você disse que o Lyon foi chamado?
— Sim, ele faz o Tristan na peça!
— O seu cunhado? Você vai fazer par com seu cunhado?! — Erza só observou a indignação da loira, suspirando. Era sempre assim toda vez que esse assunto era mencionado; todos ficavam intrigados pelo fato da Fernandez fazer par com o irmão do seu namorado.
— Sim, porque você tá me olhando desse jeito? Vai falar que também não concorda?
— Não acha meio estranho você fazer uma peça romântica com o Lyon?
— Meu deus, até você, Lucy? Nós somos só amigos e parceiros de atuação. Por que todo mundo fica me enchendo com isso?
— Porque é um pouco estranho, vamos combinar... — Levy, que estava quieta, comentou, observando a garota de longos cabelos azuis. Juvia bufou indignada com a discussão.
— Tipo, não querendo te julgar nem nada, mas é estranho sim você cinematograficamente beijar o seu cunhado!
O silêncio reinou no local. Não era de hoje que Juvia escutava esse tipo de insinuação, principalmente do próprio namorado, que se incomodava com o “irmão” sendo seu parceiro de atuação e seu par romântico. Mas naquele dia, ela estava de saco cheio e não iria embora sem antes refutar quem estava enchendo seu saco.
— Lucy, sinceramente, estranho de verdade é o seu namorado e o cara que era o seu melhor amigo que não se suportavam, sendo amiguinhos de uma hora para a outra. Isso sim é estranho! — Alfinetou, olhando a anfitriã, que suspirou.
— Não posso discordar disso. Foi estranho mesmo, e ninguém sabe me explicar o motivo?
— Não, não sabemos, mas temos uma teoria de que o Natsu foi abduzido e trocado por ET. Ninguém muda daquele jeito.
Após dizer isso, Juvia e Levy riram. No entanto, Lucy e Erza ficaram caladas. Aquela piada não tinha graça para elas, principalmente para a Scarlet, que sabia o quanto o primo havia mudado desde que fora abandonado pelos pais.
— Bem... mudando de assunto, você avisou ao Gray? — A menor indagou, organizando as peças do jogo, já que haviam parado de jogar e, obviamente, Levy fora a vencedora.
— Não, eu até tentei conversar com ele depois da discussão que tivemos, mas não consegui. Ultear disse que ele acordou cedo e saiu de casa logo em seguida. — Revirou os olhos azuis, indo em direção à mochila que estava no canto, a colocando nas costas. — Ah... Lembrei. Ele comentou com o Gajeel que iria sair com o Natsu e a Sorano.
— Sorano, hein? Essa garota vive grudada no meu Gray
. Eu não gosto nem um pouco disso! — Juvia resmungou, mordiscando o lábio inferior, incomodada. A Scarlet revirou os olhos por tal reação. Era um tanto hipócrita da parte dela se sentir incomodada com Sorano, sendo que criticava o fato de Gray se sentir incomodado com Lyon. Certamente, ela não enxergava isso.
Lucy, que continuava sentada, descruzou as pernas, se encostando em sua cama, completamente perdida no assunto.
— Só conheço essa menina por comentários de terceiros. Ainda não tive a graça de vê-la. — Explicou, dando de ombros, fitando as amigas.
— Não está perdendo nada. Ela é apenas uma sanguessuga que se aproveita do fato de que estou boa parte do meu tempo longe do meu Gray-sama. Enfim, meninas... eu preciso ir! — Erza exclamou, se despedindo da amiga e da prima, caminhando em direção à saída. Assim que chegaram ao portão da mansão, cruzou os braços, fitando a cunhada.
— Pode falar.
— Eu vou ficar alguns dias fora, então queria te pedir para ficar de olho no Gray. Por fim, sabe... eu não confio naquela Sorano! — Ela exclamou, ganhando um suspiro da Scarlet, que apenas concordou meio relutante. Animada com a resposta, recebeu um abraço apertado da garota de cabelos azuis. Assim que a soltou, um carro preto do outro lado da rua buzinou. Conseguiu notar Lyon Vastia sentado no banco da frente, enquanto quem dirigia era ninguém menos que Bickslow, o professor de arte deles. Observou a azulada entrar dentro do carro, e logo depois partiram. Se vendo sozinha, a Scarlet retornou para dentro da casa da melhor amiga, se deparando com Levy, que se arrumava para ir embora também, a deixando confusa.
— Você também? O que é que tem de importante pra fazer hoje?
— E-Eu vou... sair com o Gajeel. Ele está enchendo meu saco, e decidi dar uma chance pra ele!
Os olhos castanhos piscaram, observando a azulada menor sorrindo de canto logo em seguida.
— Olha, Levy, é o melhor que você faz! — Erza dizia a observando. — Eu sei que o Gajeel é um imbecil às vezes. Vai por mim; conheço a criatura desde criança. Mas ele realmente gosta muito de você!
As maçãs do rosto da Mcgarden ficaram vermelhas ao ouvir tais palavras, olhando diretamente para a melhor amiga, que também sorria.
— Eu concordo. Ele é super gamado em você desde que o conheço. Ele te esperava sempre para estudarmos... — Comentou, abaixando a cabeça ao se lembrar que a sessão de estudos rolava na casa dos Dragneels.
— Tudo bem, eu vou fazer isso. Divirtam-se por mim. Mais tarde, eu digo como foi!
E assim a baixinha saiu da casa apressada. Um sorriso de canto esboçou os lábios da Heartfilia.
— Fico feliz que pelo menos nosso Gale ainda é o mesmo... Vai embora também ou vai ficar aqui comigo?
— Vou ficar!
E assim, as duas decidiram assistir alguma coisa. O importante para a Scarlet era passar o máximo de tempo possível com a amiga de infância, até enjoar da cara dela.
Natsu saboreava com fervor a torta de frango que havia comprado na Tartarus; sem dúvida alguma, era apaixonado pela comida de Sayla. Ao contrário de Sorano e Gray, que comiam normalmente, parecia que somente ele era apaixonado por certos tipos de comida que apenas aquele café oferecia.
— Ah é… cara, tem algo que preciso falar com você!
— Não!
Sorano piscou os olhos ao ouvir a resposta de imediato do Dragion, que nem deixou o amigo falar o que queria dizer.
— Como assim “não”?
— Não, oras! Eu tenho certeza que você vai me pedir algo idiota de novo.
— Idiota é o caralho. O que eu tenho pra te falar é importante! É sobre a Tia Layla, ela está procurando onde você mora!
— Layla? Ah é… verdade, a amiga de vocês voltou né? A loira que destruiu o coração do nosso líder! — Ela provocou, sorrindo de canto, piscando o olho para o rosado que bufou irritado. — Aliás, a Yukino está brava com você porque tratou mal a namorada do Sting e nem explicou pra ela o motivo por trás disso. Eu poderia até fazer isso, mas acho que o certo é você mesmo fazer.
— Primeiro: “Amiga de vocês” uma vírgula, ela é amiga deles. — Levantou o dedo indicador para enumerar suas respostas. — Segundo: Eu me resolvo com a Yuki depois… — Agora o dedo do meio se levantou. — E em Terceiro e último: Gray, você quer que eu faça o que? Não tem como impedir ela de descobrir onde eu moro, é questão de tempo. Sinceramente, eu não estou preocupado com isso. — Respondeu dando de ombros e finalmente se levantando.
— Vamos embora, quero pegar minha moto na sua casa!
E após o pedido, ambos retornaram para o carro do guitarrista e seguiram em direção à casa do Fullbuster. Logo após recuperar seu veículo, Natsu pilotou de volta para sua casa. Seu plano era dormir até pelo menos as 15h e depois ir se resolver com Yukino. Quando ela ficava brava, o ignorava por dias no Whatsapp, sendo assim, teria que ir até a casa dela para enfim resolver o dilema. Assim que chegou em sua residência, se jogou no sofá, olhando para o teto. Após escutar o barulho da porta, Meredy desceu as escadas, se sentando ao lado do irmão mais velho.
— Você foi aonde?
— Gray queria nos mostrar uma coisa… Porque?
— Nada, apenas fiquei preocupada. Você tem saído bastante ultimamente. Está se cuidando? Os olhos verdes miraram o mais velho, que arqueou a sobrancelha, observando a menor.
— Depende de como você define “se cuidando”.
A rosada suspirou, revirando os olhos já acostumada com a personalidade do irmão, mas ainda assim as respostas dele a desagradavam. Às vezes, era como se ele estivesse ligado no automático, apenas respondendo sem ouvir.
— Sua saúde, principalmente sua saúde mental. Você anda tomando seus remédios?
— Na verdade não… eu não posso tomá-los se eu fumar. — Respondeu, se sentando no sofá. A irmã do meio segurou sua bochecha, puxando-a em um beliscão, o fazendo resmungar.
— Você tinha dito que tinha largado o cigarro!
— Eu larguei, mas ainda fumo quando estou estressado. — Explicou, dando de ombros. Não é como se não ligasse para sua saúde. Claro que se preocupava em como estava; se ele não estivesse bem, obviamente não teria como cuidar das irmãs. Sua prioridade era sempre Meredy e Wendy; só depois pensava em si.
— E o que é que te deixa estressado afinal? — Ela questionou, deitando a cabeça na coxa do irmão, que sorriu minimamente, acariciando os cabelos rosados.
— Quer a lista em ordem alfabética ou cronológica?
— Eu quero por ordem de incômodo. — Ela riu, se aconchegando mais sobre o corpo do mais velho.
— Os Heartfilias estão de volta, a venda de drogas na região aumentou vou até precisar trocar o Romeo de colégio para deixar ele próximo de mim e não ficar sozinho do outro lado da cidade com esses traficantes de merda que andam querendo fazer dele um aviãozinho.
Os olhos verdes se arregalaram de surpresa com tanta informação que haviam recebido.
— Eu fiquei sabendo. A Ul chegou a comentar comigo que a Lucy e a Tia Layla estão de volta. Agora, sobre o Romeo, eu não estava sabendo… é por isso que ele trouxe os documentos dele ontem?
— É, vou transferi-lo para a academia. Vou aproveitar que ele e a Wendy estão passando o feriado com a Chelia e fazer isso de uma vez. Depois, eu vou precisar passar na casa da Yukino porque ela está bolada comigo. Sobre o retorno dos Heartfilias, mais cedo ou mais tarde, Layla vai nos encontrar, mas eu não me importo se você os quiser visitar. — Fez menção para se levantar, observando a menor sair de seu colo.
— Aliás, Jellal, Ultear e eu vamos para o cinema. Tudo bem né?
— É, tudo sim. Divirta-se! — Beijou a testa da irmã, indo em direção à saída.
Levy se encarava através do espelho, trajava suas novas roupas que havia comprado para o tal encontro. Definitivamente, não estava se sentindo bonita. Pensou diversas vezes em inventar uma desculpa qualquer para furar o compromisso com Gajeel, mas da mesma forma que a vontade de fugir lhe apertava o peito, a curiosidade, a ansiedade de ver se realmente levaria aquela “relação” a sério, um suspiro desanimado escapou de seus lábios. Se olhando novamente, trajava uma blusa roxa por cima de um colete branco; por baixo, uma saia preta, junto a sapatilhas lilases. Optou por deixar os cabelos soltos. A maquiagem que usava no rosto era leve, em tons de azul. Assim que se deu por vencida, pegou sua bolsa sobre a cama. Era o mais “linda” que ela poderia ficar. Pediu um uber, que a levou para o lugar onde encontraria o Redfox.
O parque Edolas era um dos pontos turísticos mais lindos de Magnólia, próximo ao pier. Conseguiu ver os brinquedos, principalmente a montanha russa que passava por cima do mar. Assim que pisou seus pés para fora do carro, andou a passos lentos pelo local, cheio de energia. Por ser um dia livre, muitas pessoas estavam por ali. Podia ver diversas crianças brincando com bexigas gordas enroladas nas mãos. Não pôde deixar de sorrir, aliviada ao notar que o parceiro ainda não estava ali. No entanto, seu alívio não durou muito tempo, pois a inconfundível risada do metaleiro chamou sua atenção.
— Gehehe achei você, baixinha!
Ela se virou para encará-lo, mas, assim que seus olhos o analisaram, soltou um riso nasalado, achando graça do que estava vendo. Ao invés de usar as clássicas roupas góticas, Gajeel usava uma camisa do personagem Scar de Rei Leão, coincidentemente uma das animações que mais amava. Uma calça jeans escura e tênis de marca completavam o look.
— Que roupa é essa? — Questionou, em meio a risadas. — Eu quis usar algo mais casual. Afinal, é um encontro. E aí, vamos?
Ela apenas confirmou silenciosamente, acompanhando o maior. Decidiram ir de primeira na montanha-russa, o que fez com que Levy esquecesse a vergonha que estava sentindo. Foi muito divertido ir no brinquedo com Gajeel. O que a surpreendeu, pois esperava que fosse ser algo mais forçado, já que ele insistia em sair com ela. Logo em seguida, pararam em uma barraca de prêmios, a tiro ao alvo, onde ele conseguiu ganhar para ela uma pelúcia de pinguim e um ticket que valia qualquer coisa comestível no local. Sendo assim, se dirigiram para uma barraca de doces, onde compraram dois crepes. Mesmo ainda receosa, tinha que admitir que o encontro estava realmente lhe agradando. Não era exatamente algo romântico, e isso a ajudava a ficar confortável ao lado do mais alto.
Após saborearem a massa francesa, os olhos vermelhos do baterista fixaram-se nela.
— E então… baixinha, vai me dar uma chance?
— Er… o que? — Levy se virou para olhá-lo, fingindo não entender o que ele estava falando.
— Você viu que estou falando sério sobre sair com você, não acha que mereço uma chance?
E ali estava novamente a pergunta que a aterrorizava. Não era como se não sentisse nada por ele, longe disso. Sabia que estava se apaixonando. O problema real é que não se achava digna. Como poderia simplesmente namorar alguém como ele? Que era um dos caras mais famosos de Magnólia, um astro do rock, e ela era apenas uma assistente de biblioteca. Ele merecia uma garota mais bonita do que ela.
— Olha ali! — Ela apontou para trás do moreno, que arqueou a sobrancelha sem entender o que ela queria lhe mostrar. — Baixinha, estou falando com você.
— Eu sei, mas é um cosplayer do Vegeta e está idêntico! — Ela apontou novamente, chamando totalmente a atenção do Redfox, que se virou bruscamente para olhar, não vendo absolutamente nada. Assim que se virou para dar uma bronca na garota, ela já não estava mais ali.
Levy correu o mais rápido que pôde. Sabia que demoraria para que ele a encontrasse, já que o parque era mais parecido com um labirinto. Assim que se afastou o máximo que pôde, encostou-se próxima a uma pilastra de costas para a roda gigante. Pegou o celular do bolso, já pronta para chamar o uber, quando sentiu o rosto ruborizar após alguém passar a mão em sua bunda. Se virou rapidamente, dando de cara com a pior pessoa que já teve o desprazer de conhecer: Maku Uchiyama, mais conhecido na região pelo apelido Midnight.
— Ora, ora, se não é a Julieta. Seu Romeu estava te esperando! — Ironizou, abrindo um sorriso malicioso. Os lábios estavam cobertos por um batom preto. Era um jovem muito magro e ligeiramente efeminado, com cabelo preto curto e espetado na parte superior, e cabelos brancos lisos e mais longos na parte inferior. Ele tinha longos fios de cabelo branco emoldurando os dois lados do rosto, com o fio direito, em particular, sendo adornado por cinco contas marrons.
Levantou a blusa da garota acariciando a barriga dela que se contorceu de medo, angústia e temor jamais imaginou aquele tipo de situação acontecer com ela.— Até que você é gostosinha, nerd. — Debochou, batendo no rosto da jovem como provocação e logo em seguida enfiou as mãos por dentro da saia da garota já imaginando que o pior fosse acontecer Levy tentou fugir mas ele era mais forte que ela, fechou os olhos com força horrorizada ao sentir os dedos dele tão próximos de sua feminidade quando alguém rapidamente acertou um murro no rosto de Maku o empurrando para trás a abraçando de forma protetiva.
Ninguém menos que Gajeel que estava com os punhos fechados enquanto lançava um olhar mortal contra o abusador.
Não era necessário palavras o Redfox estava muito mais do que pronto a dar a surra que Midnight merecia, mas logo recuou ao ver mais dois caras se juntarem. E ele, ninguém menos que Azuma, um homem alto e negro, e Sawyer, um repetente por isso tinha a aparência de ser o mais velho dali.
— Algum problema, Mid? — Azuma indagou, encarando mortalmente Gajeel, que suspirou.
— Nada! Eu não vou fazer nada com vocês, mas é por causa dela. Mas se tiver uma próxima… — Ameaçou, puxando a garota pela mão para longe daqueles idiotas. Assim que se afastaram da turma do Uchiyama, encarou Levy com pesar e seriedade. O mesmo se curvou perante a garota, que se assustou com o movimento dele.
— Me perdoe, baixinha… Ninguém deveria passar por isso que você passou, mas saiba que eu estou aqui. Se quiser, podemos ir agora denunciá-lo!
— V-Você não tem culpa… Eu que fui uma idiota e fugi de você. — Ela se lamentou, balançando a cabeça, finalmente encarando o maior. — Gajeel… Por que você se interessa por mim? Eu sou feia, desinteressante, sou baixinha e despeitada. Por que é que você se apaixonaria por alguém assim? Você é um astro do rock, pode ter qualquer garota que quiser!
Os olhos castanhos fitavam os olhos vermelhos com angústia. O mesmo sorriu, levando o polegar grande ao rosto da garota para limpar as lágrimas que teimavam em cair.
— Sim, e eu quero você… Levy Mcgarden Fernandes é a garota que pegou no meu pé desde que comecei a estudar na Academia. Você pegou no meu pé todos os dias para que eu estudasse e passasse de ano. Se estou no último ano do ensino médio, é graças a você e ao Natsu de antigamente que me passava cola, mesmo eu infernizando ele. Não te acho feia, muito pelo contrário, considero você alguém maravilhosa. Eu não ligo se você é pequena e eu sou alto, se você tem peitos pequenos, como sempre reclama. É a mais inteligente da nossa turma; até mesmo o Natsu admite isso. E, para mim, você é a garota mais bonita que já vi na vida. É por isso que eu queria uma chance! — Tentou segurar a mão da garota, mas não concluiu o ato, com receio dela se esquivar.
As íris castanhas brilhavam pelas lágrimas. As bochechas estavam levemente coradas, e o sorriso mais lindo que o Redfox já vira estava desenhado nos lábios dela.
— E-Eu gosto de você também! Por mais que seja péssimo nos estudos, cabeça dura e um idiota, sei que é esforçado, engraçado e muito leal. — Se aproximou dele, relutante, abraçando o “gigante”. E antes que o baterista pudesse reagir, seus lábios foram tomados pela azulada. Aquele beijo tinha sido tão inesperado, mas ao mesmo tempo tão esperado, que Gajeel apenas retribuiu, demonstrando com todo seu coração o quanto era apaixonado por aquela garota.
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