História De Volta a Ação : O Irmão perdido... - Sentidos

Eu acordo, e tudo que consigo ver é uma imensidão, escura e sombria que certamente não demonstrava Liberdade, eu estava de olhos abertos mas, é como se não estivesse.

Eu não podia ver nada, mas, consigo sentir, e o que eu sinto é dor, a dor da última batalha, que da qual se bem me lembro, eu perdi.

E também sinto o chão abaixo de min, frio e desconfortante, e com certeza rochoso, e eu estava deitada por conta da dor.

E sinto também uma corrente em meu pescoço.

Caçadores tinham corretes iguais, lembro-me de quando eu e o Kion, patrulhamos uma vez em uma zona fora das Terras do Reino, quase fomos capturados, mas as correntes eram exatamente iguais a estas, de metal, sufocantes e portadoras de medo e desespero.

Ouço passos vindos de frente, e então ouço uma voz terrível e medonha, da qual eu reconheci.

-Olá...Fuli.

-Zira.

Digo em um murmuro, e levantando-me.

-Sabe, Kion fala muito de você...

Sinto sua aproximação.

-Ele parece realmente gostar de você. Talvez quando for necessário eu use isso em meu favor.

-Eu-

Eu ia falar algo em meu argumento quando sinto algo prendendo minha boca.

-Ah, sim eu já ia te dizer, você está de focinheira, sabe? Só por precaução. Você é alguém forte, Fuli,  persistente , claro, não muito Leal, mas-

-Está errada, a Fuli é um dos animais mais Leais que eu já conheci, ou até vou conhecer!

Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar, essa voz reconfortante, calma, firme... Afinal eu reconheceria a voz do Kion em qualquer lugar.  

-E certamente, a mais forte também.

Eu o ouço, mas não consigo vê-lo.

-Talvez nem tão forte assim, Kion.

Sinto uma dor insuportável em minha barriga.

-Uh.

Solto um grito abafado e caio no chão me encolhendo.

-Oque pensa que está fazendo?

Ouço Kion dizendo e levantando seu tom de voz, e sinto uma aproximação vindo para perto.

-Ensinando a ela uma lição, ninguém mexe com os exilados e sai impune.

         (Kion P.O.V. on)

Vejo Zira dando um chute na Fuli.

-Oque pensa que está fazendo?

Eu digo gritando com Zira, e a olhando nos olhos, como se eu estivesse desafiando-a, até que noto que estava chegando a esse ponto, e desvio minha atenção de volta a Fuli.

-Ensinando a ela uma lição, ninguém mexe com os exilados e sai impune.

Eu olho para Fuli, que estava desgovernada de para onde olhar, balanço minha pata a frente de seus olhos e nenhuma reação, como se ela não estivesse vendo movimento algum, a esta altura eu já estava começando a ficar preocupado.

Até que a vejo fora da sombras e não vejo cor em seus olhos que antes eram verdes, reconfortantes e com vida, mas agora eram cinzas, desesperadores e sem vida, e aquela foi a primeira vez em que vi medo nos olhos da Fuli.

-Ela está cega.

Eu murmuro.

-O que?

Ouço Zira dizer, ficando com raiva dela não se importar com isso.

-Ela está cega.

Eu grito, causando tremores na caverna, e começando a despertar um certo rugido de dentro de min, e ouvindo as palavras ecoarem na caverna como se fossem uma punição de tudo que eu fiz para chegar até aqui.

 Saindo de meus pensamentos ouço Zira dizer:

-Então, cumpri minha missão.

Ela disse se virando e saindo da caverna, me deixando sozinho, com mais raiva do que nunca, minha melhor amiga, minha amada estava cega, talvez até para sempre, e ela nem liga.

Volto minha atenção para Fuli.

-Calma Fuli, sou eu, Kion, você vai ficar bem eu prometo.

Eu digo me aproximando da Fuli e tentando causar conforto na guepardo, até que a sinto hesitar...

(Fuli P.O.V. on)

-Calma Fuli, sou eu, Kion, você vai ficar bem eu prometo.

Eu ouço meu melhor amigo dizer, como se aquelas fossem as palavras mais, reconfortantes que eu pudesse ouvir em toda minha vida.

Eu ia falar:

“Não, eu sei me cuidar sozinha Kion, e não preciso da sua ajuda e nem da sua promessa,”

Mas não era isso que eu queria dizer, não era isso que eu queria fazer, e pela primeira vez na vida eu me sentia verdadeiramente confortável e feliz ao lado de alguém.

Eu hesitei, mais cedi, ao abraço caloroso e reconfortante no estilo “animal”.

Então, ouvi alguém dizendo :

“Kion, Zira quer falar com você.”

Sinto um frio desconfortável, que significava que eu e o Kion estávamos nos separando do nosso abraço caloroso.

-Fuli, você vai ficar bem?

Eu ouvia Kion perguntar, mas é claro que não consegui vê-lo.

-Mas é claro que eu vou ficar bem.

Eu disse enquanto andava, até sentir uma parede em minha frente.

-Uh.

Eu disse num murmuro.

-Com certeza vai ficar bem, não é?!

Kion diz com um tom sarcástico e brincalhão,

até que eu escutasse passos saindo e ecoando na caverna, e então o silencio prevaleceu, me deixando sozinha apenas com meus pensamentos.

Então era isso, eu não conseguia ver nada, estava cega, indefesa, e pela primeira vez na vida eu senti que não podia correr o mais rápido possível dos meus problemas, e deixa-los para trás sem resolve-los.   

When you're caught in the undertow

Of life in general

Feels like there's not much left to lose

When you feel your life is full

Of things you'll never know

seems like there's not much you can do

Just don't let go, I'll pull you through

Quando você está preso no chão
Parece que não há muito a perder,

E quando você sente que sua vida está cheia,
de coisas que você nunca saberá para que servem
Parece que não há muito o que fazer

Apenas não deixe sua Liberdade ir embora, mesmo suando irônico.