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História Dear Danger - Capítulo XXIII


Escrita por: Srta_Lightwood

Notas do Autor


Olá~

Meus cupcakes, como vocês estão?! Senti falta de vocês! Gente, graças a Deus que as provas acabaram e estou quase (até me dói dizer isso) de férias.

Consegui fazer um capítulo relativamente grande, expondo tudo o que eu queria de uma vez por todas. Daqui para frente pretendo fazer mais capítulos assim.

Uhul, alguém reparou na capa nova? Nossa, as minhas habilidades artísticas são um máximo. Na hora que descobri o Photoscape, foi só jogar um filtro em cima da imagem e ba dum tss. O processo durou alguns minutos... para baixar o aplicativo, porque para descobrir como usava foi trash (「• ω •)「 ashuashuashua

O próximo não tem data prevista.

Boa Leitura.

Capítulo 28 - Capítulo XXIII


Fanfic / Fanfiction Dear Danger - Capítulo XXIII

Capítulo XXIII

 

  Esteve negando a realidade todo esse tempo, usurpando sua veracidade e pondo-lhe um véu, assim não se depararia com ela tão facilmente.

   Não podia mais.

   As pessoas ao seu redor provavam que a história que ouvia era verdadeira, e quanto mais tentava contrariar, o esforço tornava-se inútil, pois seus argumentos haviam escasseado, e cercara-se fielmente a essa teia inusitada, embolando-se mais e mais nela.

   Começou a raspar as unhas umas nas outras, ponderando se devia ou não abrir a boca. Thalia queria explicações, os caçadores; a si mesma, e Annabeth apenas queria pôr um fim em tudo aquilo.

   Respirou fundo, mas antes que pudesse se pronunciar, Mina Jun explanou:

   - Deve ser novo para você – começou – mas não estamos aqui por acaso. Para provar quem somos e o que somos, trouxemos uma coisa.

   Do bolso esquerdo da jaqueta, retirou uma pedra dourada e ovalada, um sulco em seu centro indicava que sua origem era de mãos humanas, e não fazia parte da natureza.

    Franziu o cenho, perguntando-se quais outros objetos interessantes a garota revelaria.

   - Isto – ela apontou-a para Annabeth – é a Amaurita, a Pedra da Verdade.

   - Mais comumente conhecida como detector de mentiras – Lee sussurrou, rindo da própria piada.

   - Ela pode te indicar se estou mentindo ou não. Se estou, ela me eletrocutará. Caso contrário, emitirá uma luz brilhante. Veja bem. – Ela apertou os olhos e arfou, parecendo saber que levaria um choque. – Lee e eu somos namorados.

  A Amaurita produziu um ruído, e espasmos elétricos percorreram toda a distância entre os dedos até o pescoço da asiática, fazendo-a reprimir um grunhido, as pálpebras fortemente cerradas.

   O barulho parou e ela soltou o ar antes preso, aliviada. Com certa dificuldade, voltou a falar.

   - A pedra identificou a mentira, pois eu e Lee somos irmãos. Teste-a – jogou-a para Annabeth, que a agarrou desajeitadamente.

   - Como faço? – Perguntou.

   - Apenas diga algo. Recomendo que seja verdade – tossiu um pouco, aliviando o ardor na garganta – senão ela lhe eletrocutará até a morte.

   - Quê?!

   - Calma, é brincadeira – ela riu, de repente fechando a expressão – mas vai doer.

   Ok, o orifício anal trancou.

  Fitou o teto, indagando o que poderia dizer para a pedra. Se parasse para analisar a situação, era até engraçado pensar que falaria com uma pedra, se o medo de levar um choque não lhe assustasse. Pensou em algo que realmente poderia acabar com suas dúvidas, e desatou a falar:

   - Isso – e tratou de diminuir a voz – é um sonho.

 Uma dor lancinante subiu-lhe o braço, como se houvessem respingado óleo quente em sua pele. Largou a pedra instantaneamente, dando um passo para trás, praguejando, e sendo amparada por Thalia.

   - Caracoles, como – arfou – você aguentou isso?

   - Costume – Mina deu de ombros.

   Tudo era real.

   Precisava testar mais uma vez então, antes que Mina ousasse pegá-la, apanhou-a e disse, em alto e bom som:

   - Eu sou uma Visionária.

   Silêncio.

   Por dois segundos, achou que nada aconteceria, mas então a pedra começou a brilhar, seus olhos se arregalaram, e teve certeza de ter visto seu reflexo nela.

   - Então isso...

   - Sim... – Lee aquiesceu, desenhando círculos invisíveis no cós de seu jeans.

   Annabeth jogou o corpo no sofá, uma das pantufas se desvencilhou de seu pé, contente, e foi parar do outro lado.

   - Está bem, vou contar a vocês – esfregou o braço, a ardência diminuindo aos poucos. – Comecei a perceber que tudo o que eu sonhava, acontecia. Ao relar em objetos, podia ver pelo que eles passaram, pelas mãos de quem foram segurados, e quais fins levariam... se assim posso dizer. – Lembrou-se do abajur. – Acontecimentos como os – travou a língua. Não poderia mencionar Percy, pois o mesmo poderia ser alvo das pessoas a sua frente, já que sua espécie era o principal motivo de suas caçadas - ... de um dia. – Estreitou os olhos. Não contaria uma mentira, apenas omitiria alguns fatos. – As tatuagens dos caçadores. É como se já as tivesse visto, mesmo antes de Thalia e Quíron revelarem as suas.

   Percebeu a mudança repentina no semblante dos irmãos, e empertigou-se, umedecendo os lábios de nervosismo.

   - Você disse... Quíron? – Mina indagou.

   - Sim.

   - Como o conhece?

   - Bom, ele é meu chefe – coçou a nuca.

   A garota torceu o nariz, parecendo não ter gostado da informação.

   - Ele não é muito respeitado entre os velhotes. Vovó acha que ele se aliou aos Não Mortos no passado.

   Aquilo a surpreendeu. Quíron, um caçador, se aliando a vampiros? Talvez fosse por isso que a relação entre ele e Percy fosse boa.

   Quem era a “vovó”?

   - O mesmo jeito de sempre de se referir aos seus superiores – a Grace revirou os olhos, entediada. – Quíron nunca se aliaria com estes seres imundos, não mesmo. – Ela sentou-se, mexendo nos bótons da jaqueta preta.

   Sinceramente, ela precisava lavar aquela jaqueta.

   Annabeth engoliu em seco. Pelo comentário, Thalia não sabia quem Percy era, e nem do relacionamento dele com Quíron.

   Mina Jun prosseguiu:

   - A Sensibilidade já foi ativada – volveu-se ao irmão, lançando-lhe um olhar num misto de irritação e preocupação. – Falta pouco para notarem a sua existência.

   Lee comprimiu os lábios, assentindo.

   - Quem perceber? Além de vocês, lógico – tentou ironizar, embora a expressão de Lee a perturbasse.

   - Os Sub-Humanos.

   - Quem são estes? – A loira olhou para a amiga, buscando uma resposta, mas esta apenas desviou o olhar.

   - Sub-Humanos são os Guardiões dos primeiros descendentes... mas não são mais chamados dessa forma, não depois da Idade das Trevas.

   - A Guerra do Apocalipse – Thalia fitou um ponto qualquer, sua frase flutuando no ar e ecoando no cérebro da Chase.

   Mina Jun meneou a cabeça, tentando afastar algum pensamento indesejado.

   - São mais conhecidos como Seres da Noite. E eu lhe garanto, você não vai querer encontrar com um deles. Nós viemos aqui justamente para te levar para um lugar onde eles não a encontrarão. Estará segura conosco.

   A garota deu um passo e estendeu-lhe a mão.

   Thalia empertigou-se, levantando-se e dirigindo-se até o quarto. Quando retornou, trouxe consigo alguns papéis, que jogou para que a asiática os pegasse.

   - Ora, sua...!

   - Veja isto – a morena gesticulou para as folhas cinzas e desbotadas, que Annabeth logo reconheceu como sendo as de um jornal.

   - Eles estão aqui? – A mais nova arregalou os olhos, lendo as frases grifadas com marca texto, esquecendo que em segundos queria enfiar tudo goela abaixo da morena.

   - Não consegui encontrá-los. Isso está me estressando.

   - A famosa Thalia Grace se estressando por causa de uns vampirinhos? – Esboçou um sorriso de escárnio. – “Não conseguir” não parece estar no seu vocabulário.

   Thalia se irritou, respirando fundo para não socar o rostinho perfeito da mais nova.

   - Seres da Noite? – Annabeth franziu o cenho. – Quem são?

   Mina dobrou os papéis e guardou-os no bolso.

    – Eles são o motivo de sairmos para caçar. São a nossa presa.

   Annabeth não conseguia nem imaginar o quão assustadores os Guardiões poderiam ser.

 

[...]

 

   - Eu espero que saibas o que estás a fazer... – o homem de grandes orbes rubros murmurou, afastando os galhos daquela imensa trepadeira. Seu traje o camuflava no escuro da noite, o sobretudo longo e aveludado lhe impelia um ar rústico, juntamente com as luvas de couro e o chapéu que pendia para um lado. Sua pele pálida tremulava com a luz da lua, e a excitação que sentia era deveras. Se Joseph falhasse, não teriam outra oportunidade.

   - Quer calar a boca por um momento?! Raios! – O outro estrilou, puxando o capuz de sua capa marrom e cobrindo a cabeça. Não era a primeira vez que fazia isso, era experiente, e se Edward não colaborasse ele mesmo lhe arrancaria a cabeça.

   Estavam há uma semana sem comer, suas habilidades diminuíam com o tempo, e os caçadores estavam em suas colas.

   Edward saltou para um galho alto e se escondeu entre as folhagens, analisando os cidadãos lá embaixo, naquela pequena vila. A residência mais próxima era simples, muros constituídos de pedras caiadas em branco, assimétricas, a porta de madeira puída e gasta, de aparência frágil, cairia com uma simples brisa. Através das janelas de vidro, uma luz amarelada alumiava o interior, deixando transpor as sombras dos móveis de madeira velha. Uma família, composta de dois filhos e os pais, desfrutava de um jantar despojado, embora os sorrisos naqueles rostos simples brotassem em profusão a medida que a conversa gostosa fluía entre eles.

   Infelizmente, eram visados por aquelas criaturas ali fora, de pele pálida e sede insaciável.

   - A Organização está na nossa cola, sabes que devemos ser cautelosos... – instruiu Edward do topo da árvore.

   - Eu sei, eu sei... – Joseph respondeu lacônico. Cogitava a possibilidade de cometer um assassinato.

  Certificando-se de que a região era segura – ah, que ironia – levantou-se e massageou os pulsos, dirigindo-se à pequena casa, onde o destino das pessoas já estava traçado. Não importava quantas vezes fizesse aquilo, todas pareciam a primeira, deixando-o animado e sorridente, principalmente por conta do cheiro de sangue cada vez mais perto. Os olhos brilhavam no tom escarlate, a língua produzia um estalido conforme umedecia os caninos a mostra.

   Pigarreou, deu dois pulinhos e bateu à porta.

   Que sorte a sua, a criança curiosa foi a primeira a abrir. Será que não a ensinaram que com estranhos não se conversa?

   - Olá – ela sorriu bondosamente, os cabelinhos cacheados e sedosos estendiam-se sobre o couro cabeludo uniformemente, aplicando-lhe um ar angelical que irritava Joseph. Seres perfeitos e puros como aqueles o enjoavam, pois pareciam revelar-lhe a impureza de sua alma.

   Se tivesse uma.

   Era um Sub-Humano e seu dever era ser superior àquelas criaturas.

   Pobre seja, seu ego ainda o mataria.

 Talvez os Seres da Noite não compreendessem mais o verdadeiro motivo de sua existência. Assim como os primeiros descendentes, afundavam na decadência precoce. Nasceram para proteger os humanos, e a eles foi atribuído o nome de “Guardiões”. Se não fosse pela misericórdia dos deuses, eles não estariam na Terra.

   - Boa noite, pequenino -  Joseph sorriu, sentindo as orelhas afinarem e as unhas crescerem. – Seus pais estão?

   - Sim. O senhor quer falar com eles? Estão bem ali... – o garotinho virou-se e apontou com o dedo gorducho o interior do casebre.

   - Stephen? – Uma voz feminina ecoou lá dentro. – Stephen, meu filho, com quem está falando? - Seus passos ficaram mais próximos. O Não Morto agarrou a criança, colocando-a em seu colo.

   Achando que fosse uma brincadeira, Stephen comemorou: “Upa! ”.

   A mãe alcançou a porta e, encontrando-a aberta, estranhou. Saiu procurando pelo filho, e quando se deu conta do sumiço, voltou correndo para dentro, gritando o nome do marido.

   Um vento frio arrepiou-lhe os cabelos da nuca, sentiu o estômago se contorcer com a visão em sua frente. Colocou as mãos na boca, o ácido gástrico subindo por seu pescoço, junto com a comida ingerida alguns minutos antes.

   - O que...? – Soltou um grito agudo, e o vampiro praguejou, soltando um muxoxo.

   - Por isso não gosto de mulheres, são muito escandalosas – acariciou os cachos da criança inerte em seu colo, sem vida e lívida. Os demais naquela mesa encontravam-se na mesma situação, os corpos sobre os pratos e o líquido vermelho colorindo suas vestes.

   - Seu monstro! – Berrou, apanhando o objeto mais próximo e o jogando contra a criatura. As lágrimas ameaçavam cair, mas o que sentia era ódio puro, e se pudesse, arrancaria ela mesma a cabeça daquele ser repugnante. Margareth pôs-se a correr, seu objetivo era alcançar um botão vermelho atrás do único quadro na casa. Avistando o quadro, afastou-o bruscamente, e quando estava para apertar o botão, um vento gélido levantou seus cabelos, e ela foi lançada para trás com brutalidade.

  Chocou-se contra a parede, e sua respiração falhou. Era difícil executá-la, e acreditava que tivesse fraturado boa parte de suas costelas. Cuspiu sangue, uma dor descomunal apoderando-se de seu corpo, seus braços tremiam, mas precisava chegar ao botão, pois assim poderia mandar um chamado aos caçadores. Se morresse, levaria aqueles indivíduos junto.

   Fincou as mãos no assoalho e começou a se arrastar até o outro lado, o esforço enfraquecendo-a cada vez mais. Em todo o trajeto, seu rastro de lágrimas mostrava o sofrimento, e a única pergunta que seu cérebro podia formular era “Por quê? ”. Rezou para todos os deuses, se existisse algum, para que a ajudasse naquele momento, que a desse forças para pelo menos alcançar o botão e morrer de consciência limpa. Pediu perdão por não ter dado condições melhores aos seus filhos, por tê-los feito viver na pobreza, quando opulência era o que aqueles anjinhos mereciam. Entretanto, suplicou que, onde quer que sua família estivesse, se juntasse a eles. Margareth arfava, e sua respiração saia pela boca. Embora pranteasse, fora uma das melhores mães que seus filhos poderiam ter, e com certeza encontraria com eles onde quer que estivessem, mesmo que ela não soubesse disso agora.

   - Aonde pensa que vai? – Sentiu um peso em suas costas e urrou de dor. De soslaio, viu outro homem, os olhos menos brilhosos, e se estivesse certa, podia ter certeza de que, ao invés do assassino, este demonstrava uma tristeza profunda no olhar. – Joseph, já disse para parardes com isto, não faças dessa forma – lamentou, todavia, não parecia querer soltá-la. Agachou-se e acariciou-lhe as madeixas castanhas.

   - Não enche, almofadinha – resmungou Joseph.

   Quem sabe, pensou Margareth, o tal Joseph poderia ajudá-la? ...

   - Por... favor – tossiu, sujando as vestes dele com seu sangue. Ele não pareceu se importar.

   - Eu adoraria ajudá-la, jovem dama, mas tens de compreender o nosso lado... – retirou o cabelo dela do pescoço, deixando a pele morena exposta. – A vida não é fácil, principalmente para aqueles que já não a possuem mais. – Suspirou pesadamente. - Que ironia – encostou o nariz na pele quente, aproveitando aquela temperatura. – Que os deuses a protejam, jovem dama.

   A última coisa presente naquele vilarejo, no norte da Europa, foi o pranto proferido por lábios miseráveis.

   Margareth pôde se juntar à sua família.

 

 

 

   As luzes das outras casas começaram a acender, olhares curiosos surgiam nas janelas à procura dos barulhos externos. O que estaria abalando a tão pacífica vila?

   Uma alma bem-aventurada alertou a Organização, e os caçadores estavam a caminho.

   Joseph e Edward se espreitavam pelas sombras, almejando as próximas vítimas. Depois de cem anos sem chamarem a atenção, os vampiros de todo o mundo saiam para a caçada, incentivados por uma estranha energia.

   A jornada que faziam era para as terras americanas, atraídos, inconscientemente, para um ponto específico do continente onde a energia se concentrava.

   Cem anos haviam se passado desde o último sinal de mudança. Um Ciclo terminava, e outro se iniciava. Quando isso acontecia, os Sub-Humanos se agitavam, durante um dia suas forças e sede aumentavam. Talvez fosse esse o dia.

   O marco de início de um Ciclo se dava pela alteração cósmica dos mundos, afetando principalmente a Terra. E os Não Mortos mais antigos, aqueles que viveram com os primeiros descendentes, sabiam que o indivíduo que mudaria a história havia chegado para manter o equilíbrio entre os dois mundos. Por isso mesmo Visionários deviam ser exterminados, pois representavam uma ameaça: os primeiros descendentes não poderiam voltar a subjugá-los.

   A Organização sabia dessa mudança, por isso devia supervisionar os Visionários que apareciam a cada cem anos. Não deixariam que outra catástrofe, como a Idade das Trevas, ocorresse novamente.

   Enquanto isso, regiões alheias no planeta mandavam seus chamados ao instituto, que por si só poderia estar em qualquer lugar. Todos que sabiam de sua existência nem sequer conheciam seu paradeiro.

  Ter ciência da presença desses seres era algo sigiloso, portanto eram poucas as exceções. Margareth era uma delas. Então, muitos dos olhos que se esgueiravam naquele descampado, faziam um esforço a mais para compreender os acontecimentos.

    Na casa de Annabeth Chase, os caçadores sentiram suas tatuagens arderem, e a inquietação os invadia aos poucos.

 

 

[...]

 

 

   A mulher de longos cabelos negros ajustava seu coldre na cintura, guardando suas armas, Rose e Blood, em seus respectivos lugares. O metal negro de Blood reluzia límpido, refletindo a imagem de sua portadora. Fazia tempo que não recebia uma notificação direta de um de seus clientes, e estava ansiosa para se aventurar numa caçada. Após ter abdicado de seu cargo oficial no instituto, viveu de forma autônoma, cobrando preços abusivos para proteger seus clientes contra os Sub-Humanos. Apesar de ser uma mercenária, seu trabalho não se restringia a só isso, adorava flores, e abrira sua própria floricultura na cidade.

   Calçou as botas de couro, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo alto, expondo a sua tatuagem. Adorava deixá-la assim, livre, pois recordava-se de sua autarquia, além de adorar esfregá-la nos antigos companheiros de trabalho. Que vida melhor ela teria a não ser essa?

   Passou o seu batom mais escuro, vestiu seu casaco e saiu da sua mansão.

   Ninguém desconfiava como uma florista pudesse ter tanto dinheiro. Várias floriculturas?

   Silena não via a hora de arrancar algumas cabeças.

 

[...]

 

   Os três se entreolharam enquanto Annabeth terminava de relatar distraidamente.

   Thalia foi a primeira a se mover.

   - Annabeth, vá se vestir, nós iremos partir agora – incutiu, levantando-se e rumando para a cozinha, onde pegaria alguns mantimentos para a viagem.

   - O quê?! Não posso sair desse jeito! – Ralhou, passando as mãos nos fios loiros.

   - Sabe, Annie – a morena comprimiu os olhos, já estava começando a se irritar com a amiga – tá na hora de você ser mais proativa, acordar e sair dessa sua zona de conforto. – Guardou uma barra de chocolate no bolso. – Não me obrigue a atirar em você – virou-se de costas e Annabeth contemplou o arco que aparecera.

   Thalia não faria nada, mas isso não a impediu de rir nervosamente e sair correndo para o quarto.

   - Vocês sabem o que a presença dela significa – a morena murmurou e, embora todos ali já soubessem a resposta, manteve o olhar fixo nos Gemini. – Tenho certeza de que vocês sentiram suas tatuagens. Eles estão atacando.

   - Essa época é sempre um problema – bufou Mina, massageando as têmporas.

   - “Época”? Falou a velha dos 900 anos nas costas – debochou, rindo minimamente.

   - Convenhamos, sei mais coisa sobre esse período que vocês dois juntos – disse. Fez uma careta ao sentir as tatuagens arderem novamente. – Droga, precisamos ir – praguejou.

   Annabeth voltou e, sem mais delongas, saíram do apartamento 232.

 

 

 

   Rumaram até o aeroporto. Os Gemini comentavam o quão fácil fora trazer a Chase junto, achavam que ela fosse espernear, xingá-los e até amaldiçoá-los. Ela fora condescendente, e talvez a ânsia de descobrir mais sobre si mesma tenha a incentivado a segui-los.

   Annabeth perguntara duas vezes onde a tal Organização ficava, e nas duas vezes não obteve resposta alguma, sendo apenas repreendida por dizer aquele nome em lugares públicos.

   - Então como devo chamá-la? – Perguntou, já querendo fazer um teriyaki* com aqueles dois.

   - Chame-a de Lar dos Velhinhos – Lee riu, sendo acompanhado por sua irmã. Thalia apenas revirou os olhos.

   Annabeth suspirou e fitou suas mãos. Não conseguia se imaginar tão importante como eles alegavam. Pelo que entendera, os caçadores a manteriam por perto por precaução, para evitar algo parecido com a “Idade das Trevas”. Uma ideia brotou em seu cérebro.

   - Idade das Trevas tem alguma coisa relacionada a Idade Média?

   Mina Jun mirou-a de soslaio, abrindo um sorriso de canto. 

   - Da onde você acha que surgiu esse nome?! – Voltou-se para frente, a expressão tornando-se séria novamente. – Foi um período bem ruim. Muitas mortes aconteceram. – Meneou a cabeça, permitindo-se sorrir minimamente. – Não se preocupe, tudo o que você precisa saber virá com o tempo.

  - Ou quando ela chegar no instituto – Thalia colocou outro pedaço de chocolate na boca, recebendo um olhar atravessado da asiática. – Vou comprar as passagens – disse se afastando. Annabeth nem tinha percebido que chegaram ao aeroporto.

   - Vamos nos sentar – incutiu Lee, enquanto disputava com a irmã por um assento.

   A loira achou aquilo desnecessário e aconchegou-se num banco qualquer. Deu uma última olhada para eles e vasculhou por um livro na mochila. Apanhou-o e começou a lê-lo. Ao virar a página, acabou por se cortar. Comprimiu o corte com um lenço que tinha e decidiu ir até o banheiro.

   Levantou-se, mas de repente sua visão ficou turva, as pernas bambearam e não conseguiu ouvir mais nada ao seu redor. Era muito estranho, como se estivesse dentro d’água. Tentou pedir ajuda, mas sua voz não saia.

   Estava se afogando.

   A última coisa que sentiu foi o gelado piso contra suas pernas ao estatelar-se contra o chão. Perdeu o sentido de tudo, e apagou.

   Os Gemini pararam o que estavam fazendo ao escutar um baque, indo em direção à loira. Thalia logo os alcançou.

   - O que vocês fizeram?! – Vociferou, afastando-os da amiga. Eles pareciam assustados.

   - Nós não fizemos nada! – Responderam em uníssono.

   A morena emudeceu quando reparou nos olhos opacos e abertos de Annabeth. Sua pele estava fria e nem um músculo se movia.

   O desmaio, corpo inerte e frio, olhos esbugalhados...

  - Não é possível – ela colocou a mão na testa da loira, medindo a temperatura. Quem sabe sua hipótese estivesse errada. Entretanto, a pele de Annabeth estava tão gélida quanto o próprio gelo. – A alma dela migrou... – concluiu, erguendo-a com esforço, se preocupando com os olhares curiosos ao redor.

   - A Metempsicose? – Mina Jun exclamou, arregalando os olhos. – Mas é impossível, ela nem mesmo...

   - Cale a boca e me ajude a tirá-la daqui – ralhou, lançando-lhe um olhar ameaçador. Eles a carregaram para um lugar afastado e, quando já estavam sozinhos, Mina Jun voltou a tagarelar:

   - Como é possível... ela nem deve ter chego no estágio de Telepatia! – Arfou, colocando as mãos nos joelhos.

   - Não sabemos se chegou ou não! – Rebateu a morena. – Está mais do que claro que é a Metempsicose!

   Pelas histórias que sempre ouviam, um Visionário passava por quatro estágios até atingir os portões mentais, na plenitude de seus poderes. O primeiro era chamado de Sensibilidade, onde as primeiras visões apareciam; o segundo, Telepatia, tornando-os capazes de se comunicar através da mente, o terceiro, a Metempsicose, que era a migração da alma, o quarto e último: Previsão, onde todos os outros três estágios se englobavam.

   O terceiro estágio só ocorria por dois motivos: porque o Visionário queria ou por estar fortemente ligado a alguém.

  A questão é que a última pessoa a se sentar onde Annabeth se acomodara, exatamente naquele banco daquele aeroporto, é aquele que, atualmente, exerce a maior ligação emocional com ela.

   Sua alma foi em busca de Perseu Jackson.

 


Notas Finais


Yo~
*teriyaki: é um tipo de molho japonês.
Espero que tenham gostado. Tivemos muitas revelações, tava na hora né (~ ˘ ▽ ˘) ~
Que isso, Annie, tá pulando fase? u.u

Desculpem qualquer erro.
Até o próximo (¯ ▽ ¯) /


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