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História Dear Danger - Capítulo XXX - Extra: The Dark


Escrita por: Srta_Lightwood

Notas do Autor


OLÁ SEUS PROJETOS DE PUDINS ALADOS, TUDO BEM COM VOCÊS???


E AI, COMO FOI O NATAL? COMERAM MUITO? ENGORDARAM? CADÊ MINHAS BOLOTINHAS???

Então, não tem muito o que comentar sobre o capítulo. É o passado do Nico. Eu recomendo que leiam com a soundtrack que estará nas notas finais.

Prepare-se, está melancólico.


Bom, beijão no coração :*

Boa Leitura <3

Capítulo 38 - Capítulo XXX - Extra: The Dark


Fanfic / Fanfiction Dear Danger - Capítulo XXX - Extra: The Dark

 

Capítulo XXX – Extra: The Dark

 

“Você nasceu um herói, por que quer se tornar um escravo?”

 

 

       - Essa criança está amaldiçoada, Maria! – O homem robusto e alto, trajando fraque, ajeitou o charuto embaixo dos bigodes ásperos.

      A moça convivia com aquela sentença todos os dias, marcada em seu ventre como uma maldição que não podia ser evitada. Seus pais haviam se adaptado à ideia maluca de que seu filho era um demônio, supostamente por não aprovarem o pai. Não entendia muito bem o porquê daquelas injúrias serem dirigidas para si, afinal, sempre se contentou com o que tinha, nunca, em hipótese alguma, havia desrespeitado seus pais, havia sido uma boa filha. Então por que tinha que passar por aquilo? Por que em plenos vinte e seis anos ela morava com os pais? Mas ela era a herdeira. Herdeiros têm de morar com os pais.

    Tentou repassar os últimos meses em sua cabeça, buscando por algum erro que possa ter acarretado naquela discussão. Se lembrava do parque, do castelo, da varanda de sua casa, dos passeios, dele, dos documentos que assinara, da sua profissão, dos diários que escrevera, dos livros que lera, das refeições que provara, dos sorrisos que dera, dos abraços, das saídas escondidas à noite, de seus pais a pegando no flagra, da bronca que levara, das lágrimas que derramara. Da noite que tivera.

    Da gravidez que descobrira.

    Da proibição em se aproximar do palácio.

    Dos sustos.

    Da barriga que ainda não crescera.

    Da filha bastarda que era.

   Sobre o pano macio do vestido, seus dedos brincaram com o umbigo, descrevendo círculos como se tocasse o que estava lá dentro. A barriga parecia um pequeno caroço, não havia se desenvolvido ainda, mas já amava deveras a criatura que ali se encontrava. E por isso mesmo não podia conter o choro.

    Viver naquela casa se tornava cada vez mais complicado, principalmente quando se sentia como o principal motivo das desgraças da família.

    - Me perdoe... – Sussurrou, o rosto enterrado entre os cabelos negros e opacos, ainda pedindo para que os pais reconsiderassem seu singelo pedido.

    - Nós te avisamos muitas vezes para não se envolver com o diabo! – Vociferou o pai, as veias saltando do pescoço como se fossem criar vida e esbofetear a filha ali mesmo.

    - Eu sei... – sussurrou novamente, os olhos fechados, com medo da resposta que receberia.

    Lá fora uma tempestade ruía no telhado, os galhos das árvores açoitavam as janelas e o vento produzia sons melancólicos. E a chuva disfarçava a garoa que Maria fazia.

    A mulher mais velha, recostada em um móvel antiquado, que de nada ornava com a sala - estava ali por conta do apreço e mal gosto - mantinha a expressão inalterada, mas em seus olhos o lampejo de condolência que queria transmitir. Escondida, não tinha coragem suficiente para opor-se ao marido e ajudar a filha, pois via o ato como uma parte necessária da evolução e aprendizado da garota, mas talvez Owen tivesse ultrapassado os limites. Encontrava-se entre um passo para mudar o futuro, mas permanecia estacionária, vendo o presente passar por seus cílios.

    Sequer um dos dois notava sua presença, e se o fazia, a ignorava.

    - Você desobedeceu nossas ordens. – Cada pausa entre uma tragada e outra do charuto levava um tempo gigante para Maria, principalmente quando se via as horas tão de perto, o relógio há poucos metros de si. - Não aceitaremos nada que venha desse ato irresponsável.

    Uma tragada, uma baforada.

    O bigode grisalho raspava a superfície dos lábios.

    - Trate de se livrar dessa coisa.

    Coisa.

    Coisa.

  Maria estacou. Os olhos pequenos se arregalaram e ela virou o rosto vagarosamente para o outro, descrente. Talvez tivesse escutado errado, pois não conseguia acreditar que seu pai dissera aquilo. Não tinha como ser verdade.

    - O que você disse?

    Owen pareceu momentaneamente abalado pela expressão da mais nova, mas logo retornou à postura austera e rigorosa. Passara dos limites? Acreditava que não. Tudo que fazia era para o bem de sua filha, mais nada. Educá-la era um favor que ainda realizava, senão ela seria do mundo. Não hesitaria em afirmar que sua filha estava, aos poucos, se desvirtuando...

    - Você me escutou. Livre-se dessa coisa ou nunca mais volte para cá.

    Entender a situação era o que ela menos fazia. O que uma criança que mal havia nascido representava? Por que recebia tanto ódio se não tinha feito nada?

   Há minutos se sentia a pessoa mais humilhada e deprimida da face da Terra, mas agora era totalmente diferente. Sabia exatamente de onde aquela sensação vinha, de defesa, repulsa, que se preparava para despejar no mais velho. Não chorava mais, suas lágrimas secaram. Era definitivamente uma mãe defendendo seu ninho.

    - Eu sempre... – levantou-se, passando os pulsos nas pálpebras úmidas. – Sempre... fui uma boa filha. – Sorriu, mas não era de felicidade. Era um sorriso cínico, lambuzado de mágoa. – Sempre obedeci suas ordens, seus desejos, nunca o contradisse. Mamãe bem sabe disso, não é verdade? – Voltou-se para a mulher no canto. Ela permaneceu muda. – Afinal, mamãe também faz isso. Ela nunca recusa, nunca se opõe.

   Os dedinhos, onde no anelar se notava um delicado anel de prata, repuxaram a saia branca da moça, numa forma de buscar conforto. Seu peito se contraia mais e mais, numa mistura de tristeza e raiva, as palavras eram pesadas e carregadas de angústia. Não parecia real. Não queria crer que era real. Nunca cogitou a possibilidade de algo assim ocorrer consigo mesma.

    Gostaria de perguntar qual era o problema dolorosamente gigantesco que aquele ser poderia trazer aos seus futuros avós. Mas se lembrou que não havia um.

    - Vocês me mandaram ao castelo como camareira... quiseram me trocar pelo ouro de um burguês..., porém, não o quiseram, pois sabiam como os enxergariam dali em diante. Luxo, imagem, parceria... casas grandes, estofados brilhantes, plumas, cigarros, pérolas, rubis... dinheiro... O que mais vocês querem? Onde está a filha de vocês agora? Vocês me reconhecem? Vejam o meu rosto. Conhecem esses traços?

    Inspirou tentando manter a calma. As mãos já tremiam e a cabeça latejava.

    - Ela não existe, não é? Só precisam de uma herdeira. Porque sabem que se não tivessem uma, toda sua riqueza desapareceria. Onde está o quarto da primogênita? Será que ela dorme no sótão? Que piada! – Soltou uma exclamação. – Ela deve estar lá agora, se divertindo com o resto do queijo dos ratos. Com a poeira do assoalho. Com a faixa de luz que incomoda seus olhos. Com as roupas puídas que costuma vestir.

    Fitou seu vestido gasto e sujo.

    - Não é verdade? – Acrescentou, sorrindo.

    A família que ali residia não podia bem ser chamada de família. A palavra nunca era dirigida à garota senão em situações como aquela, para discutir ou quando ela se tornava objeto de seu capital. Não se cumprimentavam, não sorriam. Anotavam, encadernavam, rabiscavam, assinavam documentos, fumavam, bebiam, regurgitavam, se mascaravam.

   - O meu filho não tem nada a ver com isso – Incutiu. – Ele não irá estragar a vida de vocês – seu tom aumentava consideravelmente – ele não será um estorvo.

    Fungou.

    - Nós não seremos um estorvo. – Se corrigiu. - Obrigada por tudo que não fizeram. – Curvou-se, os lábios trêmulos, o choro preso na garganta.

    Recompôs-se e seguiu para a porta de saída, apenas ela e a criatura dentro de si.

    Ninguém a impediu.

 

[...]

 

    Antes de toda a situação acima se realizar, a garota a qual citamos vivia de forma caótica e categórica. Trabalhava de camareira para o castelo da família real, sua obrigação acabava se restringindo a arrumar a bagunça que os três grandes faziam, embora ela realmente não fosse obrigada.

    Seus pais eram ricos, porém nunca perdiam a oportunidade de enaltecer sua opulência. Ou até mesmo fomentá-la. A garota morava com eles, obviamente, só que no sótão do casarão, onde fazia companhia aos ratos e às constantes teias de aranha.

    Durante as refeições, raras eram as vezes em que permitiam a presença da filha na sala de jantar. Apenas quando alguém muito importante os visitava, um barão, um conde talvez... e conversavam, confabulavam tão verdadeiramente quanto os mais sábios dos mentirosos.

    Fora era filha, dentro...

   Palavras não eram proferidas a não ser que ordenassem. Sorrisos não eram vistos senão tingidos de ouro. Abraços não eram trocados se não houvessem olhos vigiando.

    A infância não foi normal para Maria, seu dever era uma obrigação, suas notas eram razões, seus esforços eram piadas. Não tinha amigos, não podia ter. Passou a vida toda tendo tudo ao mesmo tempo que não tinha nada.

  A garota trabalhou desde os quinze anos no castelo dos Jackson’s. Sua rotina era escola, trabalho e casa. Havia camareiras suficientes no local, porém, sem mesmo ter ciência disso, os então antes rei e rainha concordaram em abrigá-la, oferecer-lhe uma oportunidade. Eles sabiam só de olhá-la o que se passava com sua vida miserável, portanto, não a questionavam. A única maneira de ajudá-la era permitindo que labutasse por conta própria.

    Entretanto, Maria apegou-se deliberadamente aos três grandes. Eram garotos engraçados e brincalhões e, em especial, um deles lhe chamava a tenção. Ele era quieto e pouco se manifestava, os cabelos negros caídos para a frente contrastavam com a pele esquálida, solitário, triste, deprimido, preferia se afastar do que manter proximidade. Talvez a vontade de o amparar a tenha feito notá-lo, tinha uma tristeza dentro dele que não deveria existir.

   Vagarosamente, os dois se aproximaram, por insistência dela, é claro. Qualquer relacionamento era proibido dentro do castelo, mas não se importavam, contanto que pudessem ficar juntos.

    E de repente, ela e ele andavam lado a lado em uma trilha pedregosa.

    Apesar de não demonstrar, o garoto de orbes foscos pouco a pouco se remodelava ao encantos e apreços de Maria.

    Certa vez, dentro da grande biblioteca, ele folheava um livro pequenino de capa branca, lombada dourada e fitilha vermelha. A fita escorregava por entre as páginas enquanto ele as virava. Maria espanava os móveis e o mirava de soslaio, os dois sozinhos no cômodo. Para ela, Hades nunca lhe daria atenção, mesmo que sempre tentasse obtê-la. Mal sabia que enquanto ela não olhava, quem fazia o processo era ele.

    - Venha cá.

    A voz dele ressoou baixa e autoritária, seu coração se enregelou no peito. Nunca haviam trocado sequer uma palavra antes. Por isso mesmo, alteou as sobrancelhas em sinal de dúvida.

    - Eu? – Quase se atrapalhou com o espanador, chocando-o contra seu cabelo.

    Ele não a respondeu, apenas soltou um suspiro e continuou a fitá-la. Sentia-se um tanto encabulada e privilegiada pelo momento, embora não conseguisse se mover por conta da surpresa.

   Levantando-se lentamente, os olhos ainda cravados nela, Hades deu batidinhas na mão esquerda com o livro. Em pé e tão próximo, a garota podia notar o quão alto e bonito era. Os fios do couro cabeludo levemente encaracolados e pretos como carvão dançavam de maneira engraçada em frente aos olhos delicados e foscos, a boca de um tom pastel a intrigava, como se a forçasse a quebrar aquela pequena distância.

    Pouca luz incidia sobre o local, e Maria bem compreendia o porquê. Porém, os raios que ainda entravam pareciam pigmentar os orbes alheios de várias cores, ora de um amarelo fraco, ora de um castanho escuro, ora de um preto fosco. Era tão bonito e ao mesmo tempo tão sinistro.

    - Só nós estamos aqui.

    Ela até gostaria de ter feito uma piadinha do tipo, “tirando as bactérias e os ácaros”, mas se conteve, porque o rubor tomou-lhe a face.

    Aquiesceu e obedeceu.

    - O que há em mim que tanto me observas?

    Foi sua vez de engasgar e virar um tomate. Inventou alguma desculpa, se abanou com o espanador, sujando o avental com o pó, e tentou sair pela porta, afirmando que havia se esquecido de algo.

    - Não há nada para fazer, fique aqui comigo por enquanto.

    Ele havia segurado seu pulso no pedido.

    E ela ficou.

    Não disseram nada um para o outro, pois nada mais era suficientemente agradável do que o silêncio que proporcionavam.

 

[...]

 

   

    Dois meses depois, enjoos e tonturas tomaram posse de seu corpo. Já era uma garota frágil, embora com boa saúde. Náuseas, cólicas, dores abdominais. O primeiro desmaio foi a deixa para que a contratassem um médico. Maria desconfiava de todos aqueles sintomas, o que sinalizavam, pois se comprometera por duas vezes com o filho do meio. Não permitiu que a notícia se espalhasse pelo castelo, pediu para que os irmãos do rapaz a ajudassem, sem que revelassem a ele o ocorrido. Assim o fizeram.

    O médico em questão apontou os sintomas como gravidez. Estava na hora de contar aos seus pais.

    Como farei isso?

    Em Transilvânia, poucas eram as pessoas que conheciam o segredo daquela família filantrópica que era o eixo de toda a região. Os mais íntimos e empregados deviam conhecê-lo a fim de manter fidelidade aos seus senhores/amigos. Os pais de Maria sabiam, e por isso acreditavam tê-los na palma da mão. Eram idiotas e egocêntricos suficiente para achar que poderiam mandar no fulcro da sociedade europeia. Como descobriram é um mistério, talvez tenham visto o primogênito caçando na floresta.

    E a decisão de contar a Owen e Margareth tornava-se cada vez mais um desafio, Maria não tinha certeza de sua escolha e nem como o fato seria abordado por eles. Encontrava-se receosa e temerosa, escolhia cuidadosamente suas falas, treinando em frente ao espelho todos os dias. Quando finalmente o momento chegou, aconteceu exatamente aquilo postulado anteriormente.

    Após Maria ter abandonado sua morada, rumou até o castelo. Buscou pela ajuda de Hades, e a teve. Infelizmente, a criança não seria bem vista pelo povo, então a manteram escondida. Com o passar do tempo, o rapaz se mostrou distante e quase ausente, estava difícil aturar a rotina sem ele para apoiá-la. Seu comportamento mudou da água para o vinho.

    Dois anos se passaram.

    Então a notícia do desaparecimento de Zeus chegou.

  Maria estranhou o comportamento do amado, ele aparentava júbilo pelo ocorrido. Vez ou outra o pegava rindo sozinho ou rasgando as coisas do irmão quando ninguém estava por perto. Todos os livros e enciclopédias que Zeus tinha foram empilhados nos fundos e queimados pelas chamas negras de Hades.

    Ele estava frio e inclemente.

    Como todo “casal”, ambos tiveram uma conversa. Embora tenham se amado, o rapaz se mostrou bruto e insensível, e depois da descoberta do segundo filho, tornara-se praticamente impossível viver no castelo.

    Durante a última noite que tiveram, Maria o presenteou com um gracioso anel de rubi que guardava de recordação, talvez a única coisa que tenha trazido consigo de casa e a única herança. A garota pensou que com aquela joia, Hades permaneceria atado a ela pela eternidade. Assim como alianças.

    Porém, a ironia era que se tratava de um único anel. Para ela, Hades seria sempre seu, mas ele nunca a teria verdadeiramente. O filho do meio havia mudado, estava ambicioso e narcisista, não tinha expressões que não fossem a de desprezo. Era rude consigo e mal lhe dirigia a palavra.

    Então os ataques às províncias começaram.

    Pessoas eram encontradas mortas sem um pingo de sangue, os moradores não entendiam o que acontecia, portanto, foram se fechando e deixando o medo tomar conta de si. A garota precisou se afastar depois daquele incidente...

 

 

 

 

 

 

   

 

    ... onde quase fora eliminada por aquele que amava.

 

 

 

 

[...]

 

    Alguns anos depois

   

    Veneza, Itália, 1960.

 

    - Fica quieto, pirralho! – Bianca deu um tapa na cabeça de seu irmão.

    - Aí, não me bate! – Choramingou, levando as mãozinhas até os fios macios. – E eu não sou um piolho!

    - Pirralho. É sim pronto e acabou, agora fecha a boca se não a mamãe vai nos ouvir!

    O garoto fez um bico e continuou com barulhinhos irritantes até perceber que aquilo podia sim chamar atenção de sua mãe.

   Os dois desciam as escadas da casa como dois minis espiões vestindo pijamas estampados e pantufas fofinhas. A chupeta de Nico, de alguma forma, em momentos antes, se prendera em seus cabelos bagunçados, e agora chacoalhava toda vez que o menino pisava no próximo degrau. As chuquinhas de Bianca balançavam afobadas, pendiam para baixo de maneira desengonçadas como se houvessem sido presas às pressas. Ambos estavam ansiosos para botar o primeiro plano em ação. Considerando a grandiosidade dele, não podiam falhar, já que o bem-estar de sua mãe estava em jogo.

    Chegando no final da escadaria, Bianca se voltou ao pequeno, olhou para os lados, e depois ditou:

    - Olha, você vai e pega a farinha na dispensa e

    - O que é despensa?

    - Dispensa. É o armário onde a mamãe guarda comida.

    - Ah sim.

    - Então, você vai lá e pega a farinha – ela juntou as mãos indicando o caminho da cozinha – eu pego os ovos e o açúcar.

    Ele assentiu, os olhinhos vidrados na irmã como se ela fosse a deusa da sabedoria culinária.

    - Ah! – Bianca bateu com o punho fechado na outra mão. – Pega o leite também, ‘tá? Você sabe o que é fermento?

    Nico piscou.

    - Não.

    - ‘Tá, eu pego também. Vai bem rápido, a gente tem uma hora até a mamãe acordar.

    - ‘Tá bom! – Saiu correndo atabalhoadamente até a cozinha, a fralda com que costumava dormir grudada no cos da calça.

    Maria estava dormindo naquele momento, e as crianças imaginaram que seria uma boa ideia preparar o seu café da manhã, já que era seu aniversário e sairia muito cedo para o trabalho. Os dois ficariam com a babá, a D. Matilde, mas ela era a bruxa encarnada, o quanto pudessem suspender o tempo com a mãe era muito melhor do que ficar com aquela velha rabugenta. Muito raramente ela demonstrava um nível de simpatia, com maior frequência quando os pequenos estavam dormindo. Chegava às 8h00 da manhã e saia às 18h00 da tarde, quando Maria retornava, praguejando para os quatro ventos que odiava aqueles pirralhos endiabrados enquanto tentava tirar o chiclete do cabelo ruim. O relacionamento dela com a mãe deles era até bom, desconsiderando que a mulher agia feito a rainha da Inglaterra quando Maria não se encontrava em casa. Se empolgava com os móveis caros, com a decoração graciosa e com a louça de porcelanato. Duas ou três vezes rachara um pires e botara a culpa nos meninos.

    Bom, era uma rotina diária.

    Nada conseguiria estragar a felicidade e determinação de ambos ali, quase tão intensos e verdadeiros quanto um desejo de Natal.

   Nico tratou de apanhar tudo o que viu pela frente e, claro, aquilo que julgava essencial para tornar  aquele o melhor café-da-manhã da história dos melhores cafés-da-manhã.

    Com os bracinhos miúdos, juntou os ingredientes, até um pote indescritivelmente interessante de azeitonas e os colocou na pia, ao lado de uma cumbuca vermelha que Bianca escolhera. Enquanto isso, ela media cautelosamente a quantidade necessária de leite para os waffles, uma xícara, ela pensava, não podia passar disso.

    - Então a gente começa primeiro com a farinha? Não, ovos... – Bateu o indicador e o dedo médio na testa, duas vezes, numa série de três tempos. – Isso, ovos. Vou colocar tudo de uma vez.

    - O que ocê tá aendo? – As palavras saíram emboladas por conta da chupeta.

    - A massa dos waffles.

    Apesar de pequeno, Nico era um menino um tanto quanto esperto, talvez até um pouco mais desenvolvido que os garotos de sua idade, embora ainda tivesse dificuldade em várias coisas, como controlar sua língua. Pirralho mais dedo duro da face da Terra.

    Palavras de D. Matilde.

   Ele não conseguia enxergar muito bem o que a garota fazia com todos aqueles ingredientes, era mais baixo que o balcão e os ombros dela atrapalhavam sua visão. Porém, o pouco que distinguia era a poeira da farinha subindo fazendo sua irmã virar o rosto para espirrar. O leite respingava para os lados quando ela despejava na xícara, Bianca parecia estar lutando com um guerreiro imbatível, gosmento e grudento, tamanha sua concentração.

    Com toda aquela manifestação, o pequeno se esquecera que o dia seguinte seria o seu aniversário, com direito a diversos doces e um bolo grande especialmente seu.

    - Pode pegar aquela colher para mim? – Sem olhar, ela apontou para o objeto de inox em cima da mesa. Logo o garoto voltava com a colher e uma cadeira a fim de alcançar a vasilha vermelha.

    - Obrigada – ela afagou seu cabelo e deu um sorrisinho, voltando ao que fazia. – O que acha de colocarmos sorvete nos waffles?

    - Aham – ele assentiu, frenético.

    - Certo, certo. – Sorriu. – Fique de olho aqui, vou lá ver se tem.

    - Tá.

    Enquanto ela vasculhava pelo sorvete na geladeira, Nico contemplava a massa líquida com fascinação, como se fosse a gororoba mais impressionante da sua vida. A textura viscosa o impelia a dedilhar o contorno daquilo disfarçadamente, mesmo que corresse o risco de ser pego. Porém, aquela cor pasteurizada dava-lhe uma certa vertigem, definitivamente não combinava em nada com o vermelho berrante da tigela. Nico tinha que deixá-los mais harmoniosos, prato e refeição tinham de se unir numa beleza só, segundo seus próprios fundamentos. A cor branca lhe cairia bem, mas não conhecia nada que pudesse embranquecer aquela coisa gosmenta.

    Olhou os ingredientes em cima da pia e estalou os dedinhos quando viu o pó branco da farinha, tinha uma mínima ideia sobre o que fazer, aquilo de certo tornaria a gororoba mais atraente e Bianca não ficaria brava, pensou, afinal, ela gostava de coisas bonitas.

   Agarrou o saco e virou o conteúdo inteiro na vasilha. Nem sequer se surpreendeu com os pingos que voaram felizes para seu cabelo e nem do pó que grudou em seu rosto, parecia uma gueixa em treinamento. Um waffles humanoide.

    Achou também que seria uma boa ideia mexer com a colher, pois a massa estava dura e grossa, os movimentos poderiam torná-la mais macia. Ele forçou mais o objeto contra aquilo, furando-o afobadamente, enquanto apertava a chupeta contra os dentes. Passou a segurar a colher com as duas mãos, forçando a massa a girar. Girou com tanta força que os armários se sujaram com os respingos, e ele só parou quando não sentiu mais nada entre suas mãos.

    - AI!

    Nico congelou.

    A colher voara bem na testa da mais velha, deixando um belo de um galo.

    - Ou, ou...

    Tinha fogo nos olhos dela.

    - Nico Di Ângelo...

    - DESCULPA – Ele berrou, erguendo os braços, a chupeta escorregando e se chocando com o chão.

    1, 2, 3, 4...

   Ela contava para se acalmar, caso contrário, lançaria aquele pote na cabeça dele. Bianca era uma pessoa muito paciente com os demais, porém, quando se tratava do irmão, era como se todo aquela técnica de mantra que praticava fosse para o ralo, a paciência se evaporava completamente, com muito, mas muito esforço, ela conseguia se controlar.

   É um pouco esquisito, sim, de fato, mas quantas não são as crianças que não aguentam seus irmãos mais novos? Quem sabe até mais velho.

   A garota, antes de sua mãe contratar a bruxa – vulgo D. Matilde – para tomar-lhes conta, cuidava de Nico enquanto ela trabalhava. A mulher aprendera a construir a própria riqueza (era o que Bianca pensava), já que não tinha ninguém para suportá-la.

   Após ter sumido, Maria vagou com a filha pequena e a recente gravidez pelas províncias vizinhas em busca de ajuda. Não tinha muito dinheiro, porém aquele pouco seguiu para a hospedagem de sua nova família em um cortiço mixuruca. Nesse interim, procurou emprego, e com muito custo, finalmente encontrou um em uma loja de charutos. Não ganhava muito, mas o suficiente para financiar sua estadia no cortiço.

   Com o decorrer dos meses, viu sua barriga crescer e se tornar visível nas vestes pequenas.

  Encontrar locais com trajes baratos era quase uma raridade, agradecia pelas roupas usadas que recebia de seus vizinhos condescendentes.

   Como não podia estudar a filha, comprava-lhe material necessário para fazê-lo em casa, a educando da melhor maneira possível. Os seus luxos eram poder descansar de domingo à tarde tomando Tuica*, embora fosse de variado teor alcoólico, se contentava em apenas umedecer os lábios com a bebida, e observar a menor decorar a casa com os origamis recém-criados.

   Bianca e seu futuro filho cresciam de maneira surpreendentemente rápida. Se desse à luz à outra menina, chamar-se-ia Micaela, e se fosse menino; Nico.

  O mais interessante é que “Nico” era uma marca de panetone que gostaria muito de provar, mas nunca pôde. O nome soava extremamente bem aos seus ouvidos, então foi amor à primeira vista. E, de fato, a cegonha lhe concedeu um menino.

   A vida no cortiço não era lá grande coisa, entretanto, era muito melhor que a de antigamente, e embora quisesse dar tudo aquilo que não teve aos filhos, aquele era o seu limite.

  Certo dia (e ela se lembraria muito claramente se ainda estivesse viva), recebeu uma ligação da delegacia da província onde morava. Seus pais haviam falecido e ela era a única herdeira conhecida. Não que eles houvessem lhe deixado a herança por escrito, não havia sequer nenhum registro de uma suposta filha no cartório ou um possível parente vivo. Mas a questão é que, após contestada a morte misteriosa do senhor e da senhora Owen, a equipe de detetives – naquela época, quase uma equipe forense – descobriu a filiação que os ligava.

    Maria recebeu a herança, vendeu a casa e quitou, com o dinheiro das joias de sua falecida mãe, a dívida com o dono do cortiço. A venda lhe rendeu uma boa quantia, a qual utilizou para a construção de uma nova, onde reside atualmente. Abandonou a loja de charutos e desenvolveu seu próprio mercado com uma confeitaria que, posteriormente, se tornou muito famosa.

    - Tudo bem, tudo bem – Bianca frisou, sorrindo de maneira paranoica.

    Nico achou que sua morte estava próxima.

    O som pesado dos passos da irmã começou a provocar pane em seu cérebro, podia sentir o coração vibrar conforme o atrito ente o chão e o sapato. Talvez não tenha sido uma boa ideia acrescentar coisas na receita, se a garota chegasse a ver, estaria frito. Seria, verdadeiramente, seu último dia na Terra.

    Jesus, Maria, José.

    Pensou.

    O que o salvou foi o barulho nas escadas.

    Os dois arregalaram os olhos enquanto fitavam a porta da cozinha.

    - A mamãe tá vindo – Bianca moveu os lábios sem mexer o rosto. – Se esconde.

    Correram para trás do balcão derrapando pelo piso branco.

    - Não se mexe – ela sussurrou e virou o rosto devagar. – Ela pod-

    E aí ela viu a bagunça que Nico tinha feito, principalmente o estado de seu rosto.

    - O QUÊ VOCÊ FEZ? – Foi o grito mais baixo de toda a sua vida.

    - Bianca? – A voz sonolenta de Maria a fez se calar. Ela coxeava por entre os móveis como se fosse cego em tiroteio, inebriada pelo sono. – Nico? O que aconteceu aqui? – Pegou a colher gosmenta no chão. Aproximando-se da pia, visualizou um caderninho onde costumava marcar as receitas que gostava, aberto na página dos waffles.

    Passeou o olhar pelos ingredientes e não pôde conter o sorriso, logo acompanhado de uma risada melodiosa.

    A bundinha do Nico estava para fora do balcão.

    Segurou a barriga enquanto se encostava na mesa, rindo descontroladamente. Ela era meio doida, mas saudável.

    - Vocês dois, podem sair daí – chamou em uma voz autoritária, fechando a cara e fazendo a expressão mais séria possível.

    Os dois tremeram até os cabelos.

    Eles pararam em frente a ela e se entreolharam, talvez pensando em como iriam se despedir um do outro ou em quem botariam a culpa. Tinham apenas alguns segundos para pensar. Porém, por conta do estado de Nico, a mulher não conseguiu mais segurar o riso, parecia uma foca com os olhos esbugalhados, rosto vermelho e risada do tipo limpa-vidro.

    - Deixa eu adivinhar – ela inspirou com dificuldade, soltando uns barulhinhos parecidos com o de um porco. – Esse waffles são para mim?

    Estavam envergonhados pela situação, mas murmuram um “hum”, as pantufas pareciam mais interessantes.

    - Vocês queriam me presentear?

    Assentiram.

    Maria apanhou um guardanapo no balcão e se agachou na altura de Nico para limpá-lo.

    - Vocês já são meu presente. – Apertou-lhes o nariz. – Eu amo vocês.

    Nico e Bianca esqueceram que estavam prestes a brigar. Também resolveram deixar de lado a recente bagunça do cômodo. Estavam contentes porque mamãe os amava. Eles conseguiram fazê-la rir.

    - Mas eu estou com fome – fungou, assoprando alguns fios da testa do menor. – Então vamos continuar com os waffles.

 

[...]

 

Dia seguinte

 

    Aquele era o aniversário de Nico Di Ângelo. O garoto corria pela casa tropeçando nos tapetes feliz da vida, seria a sua primeira festa de comemoração. Se sentia mais velho e maduro, embora ainda fosse um pirralho de cinco anos – o que equivalia a uma idade avançada para meio-sangues.

    Haviam bexigas coloridas espalhadas e fitilhos azuis pendurados no teto. A porta da frente estava decorada com pisca-piscas, embora não fosse Natal. Os sofás tinham sido empurrados para as paredes e agora Nico desfrutava de um largo espaço para brincar. Seus carrinhos jaziam empilhados na prateleira ao lado do toca-discos, onde uma melodia alegre soava. Bianca e Maria terminavam os últimos preparativos, forrando as mesas com toalha branca e decorando com pequenos vasos de Begónia.

    Tinha tudo para ser perfeito.

   Todavia, Maria não continha a sensação estranha que ruminava em seu peito. Sorria, claro, mas por obrigação. Não conseguira dormir a noite toda, pois Hades aparecia em seus sonhos. Era como se estivesse prevendo alguma coisa.

    Está tudo bem, Maria, nada vai acontecer

 

    Algum tempo depois, os convidados começaram a chegar. Nico, com seus sapatos lustrados, camisa social e bermuda, parecia um pequeno burguês, os cabelos penteados com gel para o lado lhe acrescentavam uma graça delicada e fofa. As mãozinhas cruzadas atrás das costas e os olhos focados na porta, aguardando por seu querido primo Perseu Jackson. Tinha vergonha dos tantos beijos que recebia daquelas velhas grudentas, mas adorava os presentes que recebia. Às vezes se sentia faminto e tentado a beliscar um doce, mas se mantinha fiel à sua posição. Queria contar as novidades a Percy, como estava crescendo rápido e como estava indo bem na escola. Talvez o mais velho lhe contasse as histórias dos seus super-heróis favoritos. Gostava dele, era gentil consigo, achava engraçado o fato de sempre ter de procurá-lo, pois desaparecia constantemente, como um esconde-esconde particular.

   Gostava de pensar que ganharia muitos presentes. Tinha o hábito de colecionar bottons. Será que ganharia esse ano? Suas lancheiras ficavam super maneiras com os acessórios, também curtia jogá-los para cima como moedas e pegá-los no ar.

    Sua irmã estava bonita em um vestido bordô decorado com rosas brancas e casaco caramelo, as madeixas estavam presas em um rabo de cavalo alto. Nos pés, um sapato estilo boneca.

    Sua mãe então, puxa, estava um espetáculo com o vestido de bolinhas e o colar de flor vinho.

    Finalmente, tia Sally entrou com seu filho, sorrindo e abraçando os parentes. Percy parecia, no mínimo, entediado, segurando um pacote grande cor pastel. Quando Nico o viu, saiu em disparada e abraçou o garoto, assustando-o momentaneamente.

    - Peeeeercy!

    - Nico!

    Percy segurava a testa do menor, mantendo distância.

    - Deixa eu te abraçar, Peeeercy!

    - Nico, não vai dar, estou um pouco... Ahn, resfriado.

    - Mas você nunca fica gripado – Nico alteou as sobrancelhas.

    - Por isso mesmo, é um caso estranho – Percy assentiu, convicto do que falava.

    - Ah, tá.

 

 

   A festa se resumiu em muitas brincadeiras e um Nico chorão correndo atrás do primo que se escondia. Maria continuava preocupada, a sombra dele continuava lhe perseguindo para todo lado. Não conseguia entreter os convidados, tampouco tomar conta das crianças, devido a esse pensamento que lhe perturbava: Hades a encontraria.

    Estava na cozinha jogando os copos descartáveis em um saco plástico quando aquela sensação retornou. Meneou a cabeça e deu palmadinhas no peito para se distrair. Amarrou o saco e o depositou dentro de uma lixeira, logo indo à varanda a fim de descansar.

    Sentando-se aos pés de uma cerejeira, deixou que a brisa fresca acariciasse seu rosto, fazendo-a sorrir. Agora que parava para pensar, tinha uma vida boa, filhos maravilhosos e uma bela casa. Nunca fora muito de acreditar em suas capacidades, mas em momentos como esse, criava um pouco de esperança em si própria.

    Era uma maneira de não pensar no passado.

   Pensava em como contaria para seus filhos que eles não eram crianças normais e se de fato os contaria. Não demoraria muito para que percebessem as mudanças em seus corpos, como eram mais desenvolvidos e ágeis que os demais. Nico era jovem em demasia para assimilar e Bianca não acreditaria em si, provavelmente por conta de seu gênio forte. Não sabia se era uma boa ideia.

    A escola onde estudavam não tinha ciência dos acontecimentos da família Di Ângelo, porém, como a diretora também era uma Não - Morta – muito gentil por sinal – Maria era capaz de manter o segredo a sete chaves.

    Deu um suspiro e recostou a cabeça no tronco fino da árvore. Seus olhos se perderam no pequeno jardim dos fundos, sua mente já não queria mais formular pensamentos. Talvez devesse apenas esperar que o destino decidisse por si só.

    Foi uma escolha errada.

    Hades apareceu por entre as cerejeiras, sua sombra funesta mortificava o gramado verde e vívido, seu sobretudo esvoaçava com o vento.

    Ele estava horrível.

    Não havia nada de bom emanando dele. Maria o encarou, imóvel e assustada ao mesmo tempo.

    Lentamente, o observou retirar algo do dedo indicador e jogar próximo aos seus pés, desaparecendo logo em seguida, como se nada tivesse acontecido.

   

___

 

    “- Sally, você precisa sair daqui! - Maria disse, pegando a mão da cunhada entre as suas. Seu tom de voz era grave e prudente, e constantemente fitava a porta, como se uma assombração fosse sair dali a qualquer instante. – Hades, ele... ele descobriu. Não estamos mais seguras! Ah, Sally, por favor, proteja o Percy. – A mulher aquiesceu, estupefata, seu coração já se enregelava no peito. Suas expressões saiam de modo automático, não conseguia raciocinar direito. ”

    Imediatamente correra até onde a cunhada estava e lhe alertara. Não estavam mais seguras. E quando Percy apareceu dentro do quarto onde conversavam, com o joelho manchado de sangue, Maria só conseguiu pensar no vermelho do anel de rubi que Hades abandonara na varanda. E aquilo significava uma coisa: ele voltaria para pegá-lo.

 

[...]

 

    Sally e Maria se conheceram acidentalmente na confeitaria. Bom, nada acontece por acaso, quem sabe fosse o destino querendo unir aquelas pobres almas. Se tornaram companheiras e amigas, fiéis uma à outra. Periodicamente descobriram a verdade que as rodeava, quem eram e a verdade sobre a família de cada.

    Dois meses após Sally ter se mudado, Hades retornara a casa de sua antiga mulher. Não há o que relatar senão catástrofe. Os espíritos de quem vos falo já padeceram há muito tempo. Cabe, portanto, a mim ditar laconicamente o que se sucedeu.

    O filho do meio ouvira sobre a profecia e, relembrando-se de seu filho, partiu a sua procura. Cada centelha que pudesse destruí-lo tinha de ser evitada.

    Primeiro foi a filha, a pálida prole descansou sobre a relva colorida de carmesim.

   Depois veio a mãe, a bela donzela, insistente ao seu ninho, não permitiu que lhe tirassem o segundo filho. Não se sabe o motivo de Nico não ter sido morto, e sim, controlado, posteriormente. Talvez Hades já soubesse da existência de um sobrinho e usaria o pequeno para encontrá-lo.

    Maria se agarrava a Nico como um macaco se agarra a sua mãe.

    “Está tudo bem, Nico”.

    Ela sorrira.

    “Eu te amo, meu filho”.

 

    Nico convulsionava de dor, não se sabia de onde ela vinha. Do seu pequeno coração ou de seus arranhões.

    Nico nunca mais voltou para casa... já Hades, bom...

    O anel não estava mais lá.

 

 

 

 


Notas Finais


Yo~

MÚSICA: https://www.youtube.com/watch?v=Aly8mmRsFuQ

*Tuica: é uma bebida de variação no teor alcoólico muito comum na Romênia. É um aguardente de ameixa, normalmente só é consumida antes da refeição e em pequenas doses por ser forte.


Então, pesado, não?
Eu amo o Nico criança hahahaha Tadinho, nem sabe que o Percy o evita, friendzone é uma coisa de doido kakakakaka
Desculpem qualquer erro, ok?

Farei o possível para postar rápido. Porém tenho um recado para dar, DEAR DANGER ESTÁ CHEGANDO NA RETA FINAL! Isso mesmo, DD está perto do final! Mas, calma, ainda tem bastante capítulo. Mas tá perto.


Muito obrigada pelo amor e carinho que têm pela história e por mim <3 Amo vocês <3


Beijokas nos alvéolos pulmonares :*



Arrivederci.


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