História Dear Rabbit - O começo do fim

Dear Rabbit- Cap 08 – O começo do fim

As palavras de Hanji rondavam sua mente, o tornando alvo de si mesmo. Ele não queria machucar Levi, não queria ser tão mal quanto o outro fora consigo, mas ao que parece, sua biologia o impossibilitaria de ser diferente. Ele acabaria avariando Levi, involuntariamente. O que restava a se fazer era torcer para serem melhorias boas e que Levi fosse beneficiado e não prejudicado, caso contrario, Eren se sentiria um lixo. Antes era perigoso para si, agora ele era pior, ele era o causador do perigo.

-Querido, não se martirize!- Hanji o abraçou.- Se você aprender a controlar seu novo corpo, vai poder proteger o Levi e torná-lo Ainda mais forte!- falou tentando me acalmar, mas seriamente eu não sabia o que fazer. Meu instinto me dizia para ir até Levi, e ata-lo de uma vez, mas eu temia que as coisas piorassem. 

-Não sei o que fazer...- falei sério, lágrimas estavam ameaçando cair de meus olhos.- Eu não quero fazer o mesmo que ele me fez! 

Hanji suspirou.- Levi nem sempre foi alguém fácil, longe disso. Mas ele se preocupa com você... Vocês devem conversar, colocar os pingos nos Í’s.- falou seria.- Só vocês dois podem resolver essa situação! 

Fiquei refletindo sobre o que ela disse, e era verdade, somente nós poderíamos resolver esse assunto. Me sentia um lixo, a única pessoa que eu realmente amei está em perigo por minha causa, mas ao mesmo tempo tenho gana de rir. O destino age de uma forma complexa e de certa forma hilariante, quem diria que o humano fraco seria a maior ameaça ao invencível Lobo? 

-Vou conversar com ele.- falei inserto. Estava cansado, queria dormir e me livrar dos problemas nem que fosse somente por uns instantes. 

-Va dormir, deixe as coisas acalmarem...- Hanji me levou até a porta.- Querido, não apresse as coisas. Vocês têm uma vida pela frente! 

-Eu sei, é isso que me preocupa!- falei sorrindo triste. Segui até o quarto, onde sabia que Levi estaria. 

Quando abri a porta eu esperava que ele estivesse dormindo no décimo terceiro sono, porém o moreno não parecia nada bem. Ele estava se mexendo demais, quase se contorcendo na cama. Sua boca soltava alguns barulhos incoerentes, como se tentasse falar mas não conseguisse. 

Automaticamente, me aproximei de seu corpo. Coloquei uma mão em sua pele, sentindo o ardor me atingir. Ele estava com febre. -Levi!- chamei, chacoalhando seu corpo. 

Seus olhos abriram minimamente, comprovando que o menor não dormia. Não sabia o que fazer, se devia movê-lo até Hanji ou trazê-la aqui. -Vou buscar a Hanji! 

Assim que me pronunciei e me virei para me afastar dele, senti uma mão me agarrando o pulso.-Huumm...- ouvi seu suspiro. 

-O que foi,  Levi?

-Dói!- senti a dificuldade que ele teve para conseguir se pronunciar. Eu não sentia sua dor, o que era estranho, já que estávamos marcados. Eu deveria senti-la! 

- o que dói?- perguntei aflito. Seus dedos apertavam com força meu braço, como se quisesse ter certeza que eu não fugiria a qualquer momento. 

-Faz... parar!- pediu, vi uma lágrima escorrer de seus olhos, o que me chocou. Levi não é alguém que chora com facilidade, ligar para Hanji seria o melhor a se fazer! 

-Ok! Eu vou ligar para a Hanji!- falei apressado, pescando o celular no bolso.- Ela vai saber o que fazer!- meu pânico estava estampado na minha voz. As feromônas que Levi lançava no ar me confirmavam sua dor, mas eu não sabia a intensidade, eu não sentia! 

-Rápido!- ordenou. 

Disquei rapidamente o número da mulher, que atendeu no terceiro toque.- Eren? 

-Hanji, tem que vir ao meu quarto!- falei aflito.- É o Levi! – a mulher nem respondeu, desligou na minha cara. Porém eu sabia que ela já devia estar correndo a caminho daqui. -Ela está vindo!- falei tentando passar tranquilidade pra ele. 

“Me deixe assumir!” Ouvi aquela mesma voz em minha mente “eu posso ajudá-lo!”, como deixar que algo que eu nem sei o que é tomar o controle? “Somos um só, Eren! Não seja estupido!” Eu não sou estupido! Só não tem sentido deixar você assumir o meu corpo! “Se não me deixar assumir eu vou tomar o controle! Já fiz antes, posso fazer de novo!” Fez antes? “Quem você acha que quebrou as barras?” Foi você? “Sim, fui eu. Não temos tempo para isso! Temos que ajudá-lo logo!” Quando eu quiser voltar, você vai me devolver o controle sem reclamar! É pegar ou largar! “Feito!” 

Senti uma dormência momentânea, e em instantes era como se eu estivesse vendo um filme com óculos de realidade virtual, eu via as coisas, mas não era eu a mover o meu corpo. Era estranho... 

Vi o outro “Eu” se aproximar de Levi, que parecia se acalmar. -Vai ficar tudo bem, Levi!- ouvi a minha voz ser dita, porém era diferente. Mais grossa e rouca. 

Vi a porta se abrir furiosamente é uma Hanji descabelada entrar com uma mala de medico, trazendo qualquer coisa que pudesse ajudar Levi. ela se aproximou do corpo de Levi olhando o menor. Parecia analisá-lo. -A mudança já começou! – falou com medo. – não era pra ter começado Ainda! 

-Se acalme Hanji!- ouvi minha voz novamente. – Ele vai conseguir!- eu parecia calmo, como se soubesse o que fazer. – Ele vem sendo preparado pra isso desde criança!

-Do que está falando Eren?- perguntou assustada com a “minha” fala. 

Um balançar de cabeça e algo em meus olhos fez ela dar um passo para trás.- Nós trocamos pra eu poder ajudar o Levi!- falou. 

-Trocaram?- perguntou assustada. – isso é impossível! 

-Não, só é muito exaustivo.- falei. – agora me deixe ajudá-lo, depois poderá fazer suas perguntas!- falou sério. Meu corpo se moveu até onde Hanji estava e estendeu um braço. – quero que injete sangue meu no corpo de Levi. Isso vai acelerar o processo de cura, aumentando as chances dele! 

-Tem certeza? 

-Não, mas é a única coisa que pode ajudá-lo.- foi a primeira vez que vi medo em sua voz. – se ele não tiver auxílio pode não conseguir! 

-ok!- Hanji pegou uma seringa da maletinha e espetou no meu braço. A dor não veio. Vi o sangue sendo tirado de mim, uma seringa completa. E em seguida sendo injetado no moreno, que em um primeiro instante pareceu aê acalmar, para em seguida ter quase uma convulsão, seu corpo parecia arder demasiado. A ponto de me permitir sentir pela marca.  

Minha mandíbula foi travada, vi meu corpo indo em direção ao de Levi tentando o manter o mais parado possível. Vi meu rosto se aproximar de seu ombro e então meus dentes cravarem ali, o sangue tingiu a camisa dele. Me permitindo saber que tinha atingindo um ponto profundo em sua pele. 

-meu veneno vai ajudar... garantir que a transformação ocorra.- falou simples. 

-transformação?

-sim, o que você chamou de “evolução”- falou simples. 

-pode ser passado pelo veneno?- perguntou animada 

- o veneno que fica em minha boca serve pra acelerar o processo de cura de vocês, aliado ao meu sangue deve ajudar a criar um processo evolutivo mais efetivo em Levi, visto que ele é marcado com Eren!- falou de forma incrivelmente racional. 

Levi estava parando de me mover, ele estava terrivelmente quente. Eu conseguia sentir sua dor pela marca, o que significa que deve continuar tão intensa quanto antes. 

Senti uma tontura e então o meu corpo voltou a me obedecer. Ele vai ficar bem? “Sim, a marca não está passando nenhum sentimento de perda ou de medo”. 

Olhei para Hanji. – ele disse que o Levi vai ficar bem!- falei confirmando que havia voltado a mim, já que a moça me segurava para não cair em cima de Levi. 

-Wow, isso é muito estranho!- falou animada.- É como uma segunda personalidade, mas você é consciente dela! 

-Não sei explicar, isso não tinha acontecido antes!- falei a verdade, sai de cima do corpo do menor que já parecia mais calmo. -Melhor deixarmos pra conversar amanhã!

-certo, mas eu vou querer saber tudo! Tudo mesmo! Principalmente, como vocês trocam!- falou me dando um beijo na bochecha e saindo do quarto. 

Me deitei ao lado de Levi, tentando manter a temperatura de seu corpo mais controlada, com a troca que ocorre naturalmente Entre peles. “Quero que tente uma coisa, Eren” hum, o que? “Quero que se imagine soltando um perfume, uma fragrância que acalme, ao ponto de fazer alguém dormir!” Fiz o que me foi pedido. 

Imaginei que estava em um enorme campi de flores azuis, que soltavam um cheiro  característico agradável. Vi animais correndo em volta das plantas, eles pareciam cansados, diminuíam seus ritmos paulatinamente, conforme o perfume aumentava, até estarem completamente deitados e roncando no chão. “Abra os olhos!” Fiz o que me foi dito e abri. Levi dormia tranquilamente em meus braços, sua febre Ainda estava incrivelmente alta, mas ele não se debatia mais. 

O que foi isso? “É o que os lucanos soltam, feromônios! Mas os nossos são muito mais fortes!” Como isso é possível? “Por sermos o que a Hanji disse, uma evolução.” Como sabe de tantas coisas? “Por que eu cresci com você Eren! Conforme você crescia, eu também me fortalecia. Fui aprendendo a viver e descobrindo o que podíamos fazer, sem que você ou os outros percebessem”. 

Era muita informação, estava confuso. “Nós sempre estivermos juntos, mas os medicamentos me inibiam. Só tive força suficiente pra me mostrar quando vocês acasalaram” você estava lá? Perguntei sentindo vergonha. “Não se envergonhe, eu sempre estive lá” falou me mandando imagens vergonhosas de minha vida, imagens íntimas. “Eu não tinha força pra falar com você, quando estava consciente.” 

Isso explica muitas coisas, como machucados e cansaços extremos. “Sim, era eu... aprendendo.” 

Quero que me ensine tudo que sabe! “Eu vou... aos poucos.” Temos que por um nome em você, ou será muito complicado dialogar sobre você! “O que acha de Luca?” Luca? De Lucano? “É, é fácil de lembrar!” Eu gosto. “Vai ser Luca então!” 

Meu corpo estava pesado, eu sentia que o sono estava se apostando de mim também. “Você tem que descansar, o nosso corpo não está acostumado com as trocas, Ainda mais com a transformação.”. Aceitei seu conselho e me permiti dormir.