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História Deixe que nosso amor os mate! - Eu vi a face do Diabo, e ela era linda


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 21 - Eu vi a face do Diabo, e ela era linda


Fanfic / Fanfiction Deixe que nosso amor os mate! - Eu vi a face do Diabo, e ela era linda

“Peguei a mão dele e nós andamos através das sombras da morte

E então eu tentei me lembrar de todos os conselhos que o meu professor me disse

E todas as almas perdidas dizem

Todos os dias eu acordo

Todos os dias eu acordo sozinha

(Me mate! Apenas me mate!)”

 

 

- A-ahh… - sorri, desconcertada - Você achou!

- Ele caiu perto de mim na explosão, que sorte, huh? - olhou-o, parecendo interessado.

- Bem, agora que você já usou ele para fazer o que devia, você podia entregar para Joh… - estiquei minha mão para pegar o celular do Sr. C, mas ele o distanciou no mesmo instante.

Afundando-se no estofado, olhou mais intrigado para o celular, franzindo o cenho enquanto mexia na tela. Encolhi-me perto de um dos capangas, tentando não parecer preocupada com a situação. Esperei impaciente, batendo os saltos contra o chão do carro, enquanto via as ruas negras cada vez mais próximas do nosso ninho.

Lembro-me que quando o vi pela primeira vez, ao me resgatar em Belle Reve, foi como um sonho, ele deveria estar morto, mas não estava e isso me deixou realizada! Me perguntei, por muitas vezes, como era se perder e tentar se encontrar. Mas a linha... Aquela que ninguém é capaz de cruzar… Eu ultrapassei e encontrei meu lar nos olhos de um assassino. É surreal, eu sei, mas quando estou com ele, sei que estou andando com a morte. E ninguém tem o sorriso que ela tem. É alucinante e psicótico, completamente psicotrópico e viciante, faz tudo parecer nada, e nada parecer que é tudo. É além de uma brincadeira mal intencionada ou um pesadelo criado pelo Espantalho, mas mesmo assim, de qualquer modo, parece uma coisa incrível de se pensar, ainda mais quando se tratava Dele, eu o amava, muito mais do que eu podia imaginar. Então talvez seja por isso, que em meio a tanto amor que lhe entreguei, eu tenha me destruído, esperando dar até a última gota de mim.

Já esteve diante da grandeza? Não digo de um Atleta ou de um Ídolo, mas sim de alguém que mudou o mundo e cuja presença nunca será esquecida…? Eu estive diante desta grandeza, tão magnífica, capaz de me deixar aos seus pés… Talvez seja por isso que me entreguei sem hesitar… E talvez seja esse motivo que eu me entregaria todas as vezes que fosse possível…

Assim que chegamos no Túnel do Amor, fiz questão de ir na frente, subindo as escadas para a ponte.

- Harleeeey… - ouvi-o me chamar.

O Sr. C decidiu ficar na parte de baixo da ponte enquanto eu subia. Tudo parecia igual, a não ser pelos enormes tanques que cobriam o túnel no lugar dos trilhos do minúsculo rio. A borda transmitia uma cor verde fluorescente, que era de fácil acesso quando atravessado sobre tábuas de madeira, em meio a correntes.

- Harleeeeeey... - cantarolou o Senhor C, subindo as escadas.

Desamarrei as botas e as joguei para longe assim que eu vi que seus capangas não estavam por perto. Na verdade, estranhamente só existia nós dois em uma imensidão mórbida e rústica. Abri o zíper da jaqueta, arrancando o hot pants, ficando apenas com a calcinha e a camiseta.

- Você pediu uma reforma enquanto ficamos fora? - perguntei, arqueando uma sobrancelha.

- Pensei que ficaria melhor assim. 

- Hoje foi um dia longo, não foi amor? - murmurei ao vê-lo frente a mim, o olhar sombrio e duvidoso.

Adorava vê-lo assim.

As coisas realmente mudaram.

Ele esqueceria de tudo. Talvez ele nem ao menos tenha encontrado a foto no celular de Johnny Johnny. Talvez ele a tenha apagado e eu estava com essa ideia maluca na cabeça.

- Ah, mas o que é isso, bolinho? - questionou, se aproximando de mim com cautela, apoiado na bengala - Tem algo no seu rosto.

- Tem...? - toquei na minha bochecha direita, sentindo a quentura da pele.

- Sim, deixe-me tirar para você.

Não consegui enxergar o seu punho até senti-lo bater contra o meu rosto, jogando-me contra o muro da ponte. A dor lancinante fez com que eu espremesse meus olhos com força, enquanto sentia o sangue sair do meu nariz, e eu, sem hesitação, tentei limpá-lo.

- Mas… O quê…?

- Ah, não se preocupe, era só o resto da sua dignidade! HA-HA!

Ergui-me com dificuldades, procurando me segurar em algo, ainda sentindo a dor do impacto.

- Por quê? Eu…

- Shhhh... - ele se aproximou com rapidez, negando minhas palavras com o dedo indicador pressionando os meus lábios - Eu também senti muito a sua falta, docinho, imagino que poderia dizer isso. Mas acontece coisas na vida que são imperdoáveis.

O soco seguinte acertou meu esôfago, jogando-me novamente no chão, sem ar, desta vez, encolhida.

- Ai, ai, estou me sentindo tão liberto! - deitou-se ao meu lado, rindo ao me ouvir gemendo de dor - Nada de se encolher, amorzinho. Nunca te disseram que isso é falta de educação? HA-HA! - puxou uma faca do bolso de sua calça, colocando-a dentro da minha boca, pressionando a lâmina contra a lateral da minha bochecha, enquanto se apoiava no cotovelo. Seu timbre de voz mudara de uma forma aterradora - Nunca a impedi que tivesse um relacionamento à parte, o que me parece bem viável agora… Isso me lembra que poderíamos fazer um contrato o que acha?

- E meu nome vai ser Anastasia e o seu Christian Grey? - indaguei.

- Hehehe você sempre me faz rir, Harley, mas sabe, se aqui dentro existisse algo, isso com certeza seria bem pior do que eu planejo para você. Você é uma traidora de primeira e me sinto orgulhoso disso! Ah, sinto sim, é uma sensação gostosa que começa da barriga até a garganta, chamam isso de “Vontade de Vomitar”!.

Pulou para cima, pondo-se de pé no mesmo instante, segurando sua bengala.

- Senhoras e Senhores! - gritou, estendendo os braços - Vos apresento a infame Arlequina, o doce do meu dia, a coceira na minha virilha, a grandiosa traidora! HA-HA! Venham todos, respeitável público! Conheçam agora a apresentação mais esperada da noite, aquela que vai fazer vocês perderem suas cabeças, que vai fazer com que todos tenham uma dúbia sensação de claustrofobia! - agarrou-me por uma das chiquinhas, embolando-a nas mãos, ardendo meu couro cabeludo - Chamo de A Catarse!

Guinchando, tentei pressionar sua mão, tentando amenizar a dor.

- É muito atencioso de sua parte me colocar como o papel em destaque, Pudinzinho, mas quem sabe deixar isso para depois? - perguntei.

Chutei seu joelho, jogando-o no chão, expulsando sua faca para longe de sua mão e corri, sem notar que havia sinalizadores, e que eles impediam minha passagem adiante no túnel ou para baixo da ponte, apenas em direção às tábuas.

- Mas docinho, mal começou a festa! HA-HA!

Trêmula, avancei em direção às tábuas, procurando, de algum modo, uma saída, mas não existia nenhuma, tudo parecia apenas negro, roxo e verde, uma mistura aturdida que dizia que nada ali tinha escape.

- Parece que a Ace Chemical tem um novo sócio! - disse eu - Eles até fazem pronta entrega! Aposto que teve que assaltar um banco para conseguir pagar esses tanques!

- Eles são ótimos fornecedores!

Em meio ao escuro, pude ver o reflexo dos dentes metálicos, escancarados, num sorriso aberto, e logo após, conforme se aproximava, seu rosto surgia, seu corpo de peito nu e a calça relaxada do Arkham.

"Como nos velhos tempos", pensei ironicamente.

Ele ergueu a tela do celular, me mostrando a temida foto que tentei apagar. Minhas pernas estavam agarradas a cintura do Pistoleiro, enquanto ele beijava o meu pescoço, me pressionando contra a parede das escadarias no meio da missão.

- Não sabia que dormir com alguém te deixaria tão mal, você só transou comigo uma vez! - revidei - Ou foram duas? Não sei dizer! Mas foram poucas, muito, muito poucas.

- Mal? HAHA! Não me faça rir, pãozinho. A vida é um circo! O que se faz no circo? HA-HA! Não me sinto mal, me sinto realizado!

As sombras e a iluminação das correntes brincavam com a minha mente.

- Eu acho que você está furioso… Mas, é sério mesmo? - perguntei.

Sua sombra se balançava a minha frente, enquanto as tábuas tremiam abaixo dos meus pés.

- NÃO!!! - rugiu.

Uma corrente se enroscou em meu pescoço. A pressão diminuiu assim que, com um impulso, ele se jogou no abismo escuro com a outra ponta da corrente, impulsionando-me para cima, me deixando sem ar. Em desespero, eu arranhava o metal, sem notar que arrancava minha própria pele adormecida do pescoço. Minhas veias pulsam histericamente enquanto minha respiração parecia despencar drasticamente, tudo parecia se compactar num borrão escuro.

- O que foi Harley? Pensei que amasse o perigo! HA-HA!

A pressão no meu crânio foi se extasiando cada vez mais. Por pouco tempo pensei em ter visto mais vultos, mas a visão escureceu por longos minutos, o bastante para que eu não sentisse mais as minhas pernas.



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